Latitude e longitude: entenda os paralelos e meridianos

Qual será a importância da latitude e da longitude em nossas vidas? Quais as relações das coordenadas geográficas com a esfericidade da Terra? Leia a aula a seguir e fortaleça seus conhecimentos sobre esse tema muito presente no Enem e vestibulares!

Para começar a falar em latitude e longitude, é fundamental que tenhamos conhecimento de uma das grandes comprovações científicas de todos os tempos: a Terra não é plana.

Embora 50 anos tenham se passado desde o lançamento da Apollo 11, e mais de 500 anos após a circum-navegação de Fernão de Magalhães, muita gente tem adotado o modismo conspiratório de que a Terra não seria um globo.

De fato, a Terra não é uma esfera perfeita, pois tem o diâmetro equatorial levemente maior do que o diâmetro polar. Ou seja, cerca de 0,3% maior do que o diâmetro polar – isso sem mencionar as diferenças no relevo. Por isso, temos a Terra representada pelo elipsoide de revolução e pelo geoide.

Latitude e longitude

Dito isso, podemos avançar para a compreensão de que o globo terrestre é usualmente representado com uma rede de linhas imaginárias que o dividem.  São essas linhas que nos permitem localizar qualquer ponto em na superfície do planeta.

Elas constituem dois tipos de coordenadas: a latitude e a longitude. As duas coordenadas, juntas, são denominadas de coordenadas geográficas.

As coordenadas geográficas

Um exemplo muito utilizado para fazermos uma relação e compreendermos a lógica das coordenadas geográficas são os planos cartesianos, tão comuns nos estudos de matemática.

Neles encontramos, no cruzamento das coordenadas x e y, a localização de um ponto específico. Numa esfera como a representação da Terra, temos um processo parecido, embora as coordenadas sejam medidas em graus.

Confira agora com o professor Raphael Carrieri, do canal do Curso Enem Gratuito, as Coordenadas Geográficas que permitem fazer o “mapa do mundo”:

Latitude

Como o nosso o planeta é considerado uma esfera imperfeita (por ser levemente achatada nos polos), temos como círculo máximo dessa esfera o Equador. Essa linha está situada a uma mesma distância dos dois polos e forma um plano perpendicular ao eixo imaginário da Terra, dividindo-a em dois hemisférios: Norte e Sul – setentrional ou boreal, e meridional ou austral, respectivamente.

Sendo assim, a distância de qualquer ponto na superfície terrestre, no sentido norte-sul/sul-norte, em relação à linha do Equador, é chamada de latitude. As latitudes são medidas em graus. Convencionou-se demarcar a linha do Equador como a latitude de 0°.

Por isso, os círculos da esfera em direção a cada um dos polos vão aumentando seus valores em graus até chegar ao máximo de 90°. A latitude de 90° ao norte, demarca o polo Norte, e a latitude de 90° ao sul, demarca o polo Sul.

Se traçamos 90 círculos equidistantes em cada hemisfério, do Equador ao polo, teremos 1° de distância entre cada um deles. Todos esses círculos são chamados de paralelos e, para uma melhor precisão, podemos subdividir as latitudes em diversos outros paralelos.

Cada grau possui sessenta minutos (60’), sendo que cada minuto, assim como na medida de tempo, possui sessenta segundos (60”). Dessa forma, podemos encontrar, por exemplo, qualquer localidade no sentido norte-sul/sul-norte (isto é, sentido latitudinal) entre os 90 círculos de que falamos acima.

Os trópicos

Para exemplificar essa subdivisão, vale a pena destacar os quatro principais paralelos depois da linha do Equador – e que você certamente já ouviu falar sobre. São eles: o trópico de Câncer e o círculo polar Ártico, no hemisfério Norte, e o trópico de Capricórnio e o círculo polar Antártico, no hemisfério Sul.

Os trópicos se distanciam 23°27’ (vinte e três graus e vinte e sete minutos) em relação ao Equador e sua importância está no fato de demarcarem o limite máximo onde os raios solares incidem verticalmente quando ocorre o solstício de verão nos dois hemisférios.

latitude - solstício de verão
Figura 1: À direita, representação do solstício de verão no hemisfério norte e à esquerda no hemisfério sul. Fonte: https://bit.ly/3bslsYp

Toda a região que se encontra entre os dois trópicos é chamada de zona tropical (ou intertropical). Ali, sempre, em algum momento do ano, os raios solares chegam a incidir perpendicularmente.

Ao norte do trópico de Câncer e ao sul do trópico de Capricórnio, os raios solares sempre incidirão na superfície terrestre de forma inclinada (oblíqua nas zonas chamadas temperadas e tangente nas frias zonas polares), não importa o período do ano. Por isso a zona intertropical é, em geral, mais quente.

Os círculos polares estão 66°33’ distantes da linha do Equador, ao passo que estão a 23°27’ dos polos. Eles demarcam um fenômeno muito interessante que ocorre nos solstícios. No dia em que ocorre o solstício de verão, essas áreas passam as 24 horas iluminada pelo sol. Isto é, 24 horas de fotoperíodo (iluminação solar).

As estações do ano

Já no solstício de inverno ocorre o oposto, nesse dia não há fotoperíodo. Ou seja, são 24 horas de escuridão. Conforme os dias vão passando, o fotoperíodo vai mudando aos poucos, resultado da associação entre a inclinação do eixo da Terra e o movimento de translação, que divide o nosso ano em quatro estações (confira as figuras abaixo).

Além dos solstícios, temos os equinócios (demarcando o início do outono e da primavera), que são os momentos em que o Sol, em seu movimento, incide diretamente no Equador, fazendo com que dia e noite tenham igual duração.

latitude - estações do ano
Figura 2 – Representação da ocorrência das estações do ano demarcadas pelos solstícios e equinócios. Fonte: https://bit.ly/2tNQb14.

Longitude

Conhecer somente a latitude de um ponto, porém, não nos basta para localizá-lo. Se buscarmos, por exemplo, um ponto 23°27’ ao sul do Equador, não encontraremos um local específico. Em vez disso, localizaremos diversos locais ao longo desse paralelo que dá uma volta inteira ao globo e que, se você tem boa memória, saberá que demarca o trópico de Capricórnio.

Por isso que, para a tarefa de encontrar um ponto com exatidão, necessitamos de uma segunda coordenada, a longitude. Para medi-la, utilizamos linhas que foram traçadas cruzando os paralelos – inclusive o Equador – perpendicularmente, denominadas meridianos.

Todos os meridianos têm o mesmo tamanho e convergem para os polos. Diferentemente dos paralelos, eles são semicircunferências. Portanto, todos eles dividem a Terra ao meio se somados ao seu meridiano oposto.

Os meridianos

Deste modo, houve a necessidade de convencionar qual seria o primeiro meridiano, que demarcaria 0° de longitude. Isso foi estabelecido em 1884, quando na Conferência Internacional do Meridiano, em Washington (EUA), os países participantes determinaram que a longitude principal seria demarcada pelo meridiano de Greenwich. Esse meridiano atravessa o Observatório Real de Greenwich, nas proximidades da cidade de Londres (Inglaterra).

Nesse caso, Greenwich, juntamente com seu antimeridiano (a 180° tanto a leste, como a oeste) passaram a dividir o globo terrestre em dois hemisférios: Leste ou Oriental e Oeste ou Ocidental.

latitude + longitude = coordenadas geográficas

Logo, a distância de qualquer ponto da superfície terrestre em relação ao meridiano de Greenwich tem o nome de longitude, variando de 0° a 180° para leste e para oeste.Figura :3 Comparação de latitude e longitude aos eixos x e y do plano cartesiano resultando na representação com a malha de linhas imaginárias das coordenadas geográficas. Fonte: https://bit.ly/3bzJMrB

Conforme já explicado, unindo latitudes e longitudes, temos as coordenadas geográficas e, para localizar com exatidão um ponto no território, indicam-se as medidas em graus (°), minutos (‘) e segundos (“).

Portanto, se eu pedir para você encontrar, por exemplo, um ponto de coordenadas 22°54’42” Sul e 43°13’49” Oeste, não será uma tarefa difícil. Com uma pesquisa na internet (para facilitar) você logo descobrirá que ali está o famoso Estádio do Maracanã, na cidade do Rio de Janeiro. O que também pode ser feito, é claro, consultando um mapa oficial que contenha as coordenadas.

Norte, Sul, Leste, Oeste

Veja agora a Rosa dos Ventos, que definem os Quatro Pontos Cardeais. Foi a partir deste código que “ir e voltar” ficou mais fácil para os navegadores da antiguidade.

Exercícios:

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Referências:

LUCCI, Elian A.; BRANCO, Anselmo L.; MENDONÇA, Cláudio. Geografia geral e do Brasil: ensino médio. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. Geografia geral do Brasil, volume 1: espaço geográfico e globalização: ensino médio. 3. ed. São Paulo: Scipione, 2016.

O formato da Terra. Por Prof. Fernando Lang da Silveira (UFRGS). <https://www.if.ufrgs.br/novocref/?contact-pergunta=o-formato-da-terra>. Acesso em: 20/01/2020.

A “ciência” da Terra plana. Por Guilherme Eler. <https://super.abril.com.br/ciencia/a-ciencia-da-terra-plana/>. Acesso em: 20/01/2020.

Sobre o(a) autor(a):

O texto acima foi preparado pelo professor João Marcelo Vela para o Curso Enem Gratuito. João é licenciado e mestre em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Dá aulas de Geografia e Filosofia em escolas da Grande Florianópolis desde 2015, além de atuar como articulador de Ciências Humanas. E-mail para contato: [email protected]

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