Movimentos sociais clássicos e contemporâneos

Você sabe o que é um movimento social? Você já participou de alguma manifestação política? Confira esta revisão de Sociologia para o Enem e entenda a importância dos movimentos sociais como agentes de transformação das sociedades!

Os movimentos sociais, no sentido amplo de ações coletivas transformadoras, estiveram presentes em todas as sociedades humanas, desde as mais remotas até as nações modernas do mundo atual.

Neste post vamos ver que os movimentos sociais são importantes para a Sociologia porque são agentes do processo histórico no qual todos estamos inseridos. Vamos definir o que são movimentos sociais e distinguir entre os clássicos e os novos movimentos sociais.

O que são os movimentos sociais?

Os movimentos sociais podem ser definidos como ações coletivas de caráter político e cultural que possibilitam diferentes formas de organização da população.

Algumas teorias sobre o tema apontam que as características principais dos movimentos sociais são:

  • possuir identidade;
  • ter algum opositor;
  • articular-se em um projeto de vida e de sociedade;
  • contribuir para organizar e conscientizar a população;
  • apresentar suas demandas a partir de práticas de mobilização;
  • e por fim, ter certa continuidade ou permanência.
MST, Sebastião Salgado, movimentos sociais
Ocupação de terras do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST). Foto de Sebastião Salgado.

Para a Sociologia, a análise dos movimentos sociais oferece uma importante chave teórica para entender a ação coletiva e as transformações sociais.

Os movimentos sociais exploram novas alternativas, mudam a linguagem de uma época e são um sinal de transformação na cultura política das sociedades.

Movimentos sociais clássicos (Séculos XIX e XX)

Os clássicos movimentos proletários se desenvolveram como respostas à estrutura socioeconômica da segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX.

Historicamente, a desigualdade social gerou indignações, expressas de diversas formas, seja como rebeliões e motins espontâneos, seja como revoltas e movimentos políticos organizados.

Com o avanço histórico do capitalismo emergiram movimentos sociais clássicos formados pela luta dos trabalhadores urbanos e rurais, baseados na sua condição de classe.

Os principais exemplos são as organizações de operários, como os sindicatos, que se utilizavam da greve como sua principal arma.

Greve geral de 1917 - movimentos sociais
Sindicatos promovem greve geral em São Paulo no ano de 1917.

Os novos movimentos sociais (a partir da década de 1960)

Nos anos 1960, surgiram outros tipos de movimentos sociais, em reação às transformações do próprio sistema capitalista global – os chamados “novos movimentos sociais”.

Sem deixar de lado a importância dos clássicos movimentos operários, outros tipos de identidades passaram a ser centrais para os novos movimentos sociais.

Assim, a partir da década de 1960 emergiram uma série de lutas por direitos civis e reconhecimento da diversidade cultural, tais como movimentos de mulheres, estudantes, gays, negros, indígenas, sem-terras, ambientalistas, pacifistas, imigrantes, consumidores, trabalhadores desempregados, entre outros.

Na América do Sul, os novos movimentos sociais lutavam por liberdade, direitos civis e resistências às ditaduras militares que se disseminavam pela região.

Passeata dos cem mil, movimento estudantil, ditadura militar, movimentos sociais
A “Passeata dos Cem Mil”, realizada em junho de 1968, no Rio de Janeiro, foi organizada pelo movimento estudantil e tinha como objetivo o fim da ditadura militar no país. Neste mesmo ano, em diversas partes do mundo, aconteciam uma série de protestos. O ano de 1968 ficou conhecido como uma data histórica para os movimentos sociais.

No Brasil, o ano de 1968 foi marcado por diversas formas de manifestações políticas contra a ditadura, tais como marchas, passeatas, festivais de música e atividades de organizações clandestinas.

Nas décadas seguintes, demandas de gênero, sexualidade, etnicidade, raça e território tornaram-se cada vez mais presentes. No Brasil, podemos notar que os movimentos sociais ganharam força com a redemocratização, a abertura política e garantia dos direitos civis.

Os novos movimentos sociais na era da globalização (a partir da década de 1990)

Na década de 1990, assistimos à intensificação do processo conhecido como globalização, que acarretou profundas transformações no próprio sistema econômico mundial.

Os novos movimentos sociais responderam a essas recentes transformações globais. A partir da década de 1990, passaram a se organizar através de redes virtuais e internacionais para fazer frente à globalização do sistema econômico.

Protestos junho de 2013, movimentos sociais
Organizados através da internet, protestos massivos tomaram as ruas de centenas de cidades brasileiras em junho de 2013

Para estudar os movimentos sociais contemporâneos, indico o documentário “Junho – O Mês que Abalou o Brasil”. O filme é dirigido por João Wainer, com relatos das manifestações de junho de 2013 no Brasil.

Videoaula

Para estudar mais sobre movimentos sociais, veja a aula:

Exercícios

Questões de Vestibulares:

1 – (UECE, 2017)

Os eventos narrados fizeram parte

a) da crise política que desencadeou a Revolução de 1930, responsável por acabar com a política dos governadores e estabelecer Vargas no poder.

b) do início da Revolta da Chibata, na qual os operários reagiram aos maus tratos que sofriam no cotidiano das indústrias paulistanas.

c) do movimento operário de tendência anarquista que se desenvolveu junto à industrialização e à imigração europeia para o Brasil.

d) do processo que desencadeou o estabelecimento do Estado Novo, após Getúlio Vargas acusar os comunistas de planejar um golpe de Estado.

2 – (ENEM 2016)

movimentos sociais - exercício

Para além de objetivos específicos, muitos movimentos sociais interferem no contexto sociopolítico e ultrapassam dimensões imediatas, como foi o caso das mobilizações operárias, ocorridas em 1979 na cidade de São Paulo. Nesse sentido, ao mesmo tempo em que lutavam por seus direitos, essas mobilizações contribuíram com o(a):

a) elaboração de novas políticas que garantiram a estabilidade econômica do país.

b) instalação de empresas multinacionais no Brasil.

c) legalização dos sindicatos no Brasil.

d) surgimento das políticas governamentais assistencialistas.

e) processo de redemocratização do Brasil.

3 – (ENEM, 2016)

Cúpula dos Povos começa como contraponto à Rio+20

Enquanto a conferência oficial no Riocentro, na Barra, é restrita a participantes credenciados, que só entram depois de passar por um forte controle de segurança, a Cúpula dos Povos é aberta ao público, em tendas ao ar livre no Aterro do Flamengo. Ela é aberta também às tribos e discussões mais diversas, em mesas de debate e painéis geridos pelos próprios participantes, buscando promover a mobilização social. Problemas ambientais, econômicos, sociais, políticos e de minorias serão discutidos no evento, afirma uma ativista norte-americana, em alusão ao movimento que ocupou Wall Street, em Nova York, no ano passado. (Disponível em: www.bbc.co.uk. Acesso em: 14 ago. 2012).

Uma articulação entre as agendas ambientalistas e a antiglobalização indica a

a) humanização do sistema capitalista financeiro.

b) consolidação do movimento operário internacional.

c) promoção de consenso com as elites políticas locais.

d) constituição de espaços de debates transversais globais.

e) construção das pautas com os partidos políticos socialistas.

4 – (ENEM, 2015)

Não nos resta a menor dúvida de que a principal contribuição dos diferentes tipos de movimentos sociais brasileiros nos últimos vinte anos foi no plano da reconstrução do processo de democratização do país. E não se trata apenas da reconstrução do regime político, da retomada da democracia e do fim do Regime Militar. Trata-se da reconstrução ou construção de novos rumos para a cultura do país, do preenchimento de vazios na condução da luta pela redemocratização, constituindo-se como agentes interlocutores que dialogam diretamente com a população e com o Estado.

GOHN, M. G. M. Os sem-terra, ONGs e cidadania. São Paulo: Cortez, 2003 (adaptado).

No processo da redemocratização brasileira, os novos movimentos sociais contribuíram para

a) diminuir a legitimidade dos novos partidos políticos então criados.

b) tornar a democracia um valor social que ultrapassa os momentos eleitorais.

c) difundir a democracia representativa como objetivo fundamental da luta política.

d) ampliar as disputas pela hegemonia das entidades de trabalhadores com os sindicatos.

e) fragmentar as lutas políticas dos diversos atores sociais frente ao Estado.

5 – (ENEM, 2009)

O ano de 1968 ficou conhecido pela efervescência social, tal como se pode comprovar pelo seguinte trecho, retirado de texto sobre propostas preliminares para uma revolução cultural: “É preciso discutir em todos os lugares e com todos. O dever de ser responsável e pensar politicamente diz respeito a todos, não é privilégio de uma minoria de iniciados. Não devemos nos surpreender com o caos das ideias, pois essa é a condição para a emergência de novas ideias. Os pais do regime devem compreender que autonomia não é uma palavra vã; ela supõe a partilha do poder, ou seja, a mudança de sua natureza. Que ninguém tente rotular o movimento atual; ele não tem etiquetas e não precisa delas”. Journal de la comune étudiante. Textes et documents. Paris: Seuil, 1969 (adaptado)

Os movimentos sociais, que marcaram o ano de 1968,

a) foram manifestações desprovidas de conotação política, que tinham o objetivo de questionar a rigidez dos padrões de comportamento social fundados em valores tradicionais da moral religiosa.

b) restringiram-se as sociedades de países desenvolvidos, onde a industrialização avançada, a penetração dos meios de comunicação de massa e a alienação cultural que deles resultava eram mais evidentes.

c) resultaram no fortalecimento do conservadorismo político, social e religioso que prevaleceu nos países ocidentais durante as décadas de 70 e 80.

d)tiveram baixa repercussão no plano político, apesar de seus fortes desdobramentos nos planos social e cultural, expressos na mudança de costumes e na contracultura.

e) inspiraram futuras mobilizações, como o pacifismo, o ambientalismo, a promoção da equidade de gêneros e a defesa dos direitos das minorias.

Gabarito:

1 – C

2 – E

3 – D

4 – B

5 – E

Sobre o(a) autor(a):

Luiz Antonio é formado em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB) e mestre em Sociologia também pela UnB. Atualmente é doutorando em Sociologia da Universidade de São Paulo (USP).

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