Construção e queda do Muro de Berlim

O muro de Berlim foi construído em 1961 e só foi derrubado em 1989. Durante esse tempo, separou a Alemanha Oriental socialista da Ocidental capitalista. Saiba mais!

Diversos muros ainda separam populações e países ao redor do mundo. Mas, em 1989, um muro específico atraía a atenção de todos. Venha conhecer mais sobre a história do Muro de Berlim nesta aula do Curso Enem Gratuito!

Contexto de construção do Muro de Berlim

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que nesta aula focaremos especificamente em eventos que estão diretamente ligados ao muro de Berlim, principalmente no que diz respeito à sua queda. Entretanto, uma rápida explicação sobre as causas que levaram à sua construção se faz necessária.

Como ressaltamos na aula sobre divisão da Alemanha, o país estava dividido em 4 zonas de influência administradas pelas potências vencedoras da 2ª Guerra Mundial (URSS, EUA, França e Grã-Bretanha). Berlim, que fica no nordeste do país, estava situada na zona soviética, mas a própria cidade também foi dividida pelas mesmas potências.

Com o aumento de tensões da Guerra Fria, a União Soviética procurou se blindar das investidas ocidentais e capitalistas. A construção do muro foi a materialização desta política de contenção e uma tentativa de impedir que indivíduos do lado oriental migrassem sem autorização para a Alemanha Ocidental, proibição já existente em 1952.

Muro de Berlim com grafites
Fotografia do muro de Berlim em 1986. Autoria de Thierry Noir. Fonte: https://cutt.ly/hfDLzun.

A queda do muro de Berlim ocorreu em 9 de novembro de 1989, em um contexto de crise política e econômica da URSS. Naquele mesmo ano, outros Estados do bloco de influência soviético realizaram revoltas e depuseram seus governantes. Em 1991, a própria Rússia, Ucrânia e Bielorússia (atual Belarus) saem da URSS. Com isso, em dezembro finalmente ocorre o fim da União Soviética.

Vítimas do muro

A construção do muro iniciou em 13 de agosto de 1961, a mando da República Democrática Alemã (RDA, ou DDR no original), a gestão socialista da Alemanha Oriental. Naquele mesmo ano, Ida Siekmann torna-se a primeira vítima fatal na tentativa de atravessar o muro.

Ela pulou da janela do seu prédio para o lado ocidental na véspera de seu aniversário, pois a porta de seu prédio havia sido bloqueada. Günther Litfin, foi a segunda vítima, mas sua morte teve uma conotação bem menos “acidental”: ele levou um tiro atrás de sua cabeça ao tentar atravessar o muro no mesmo sentido.

Muro de Berlim - beijo de irmãos
“No bloco oriental, parte do cerimonial diplomático envolvia o ‘beijo de irmãos’, símbolo da solidariedade entre os países comunistas. A cena de um beijo entre os líderes Brejnev, soviético, e Erich Honecker, da Alemanha Oriental, foi transformada em um painel no muro de Berlim na East Side Gallery. Abaixo da imagem, lê-se “Meu Deus, me ajude a sobreviver a esse amor letal””. Legenda e imagem disponíveis em: LIEBEL, Vinicius. Os Alemães. São Paulo: Editora Contexto, 2018.

Circulação entre os dois países

Com o passar dos anos, houve progressos e reveses no que diz respeito a circulação entre os dois países. Em 1963, por exemplo, habitantes de Berlim Ocidental obtiveram o direito de visitar pessoas do outro lado do muro. Contudo, em 1968 os alemães ocidentais passaram a precisar de vistos para poder entrar em Berlim Oriental.

A partir da década de 1970 há uma maior reaproximação. Em 1971, por exemplo, são liberadas 5 linhas telefônicas entre a cidade de Berlim Ocidental e Berlim Oriental. Dois anos depois é permitido um maior fluxo para os alemães ocidentais. Em compensação, no ano seguinte o muro é reforçado com arame farpado. Em 1989 há uma última vítima das tentativas de travessia, o jovem Chris Gueffroy, de 20 anos.

Derrubada do muro de Berlim
O fim do Muro, Novembro de 1989, de ullstein – AKG Pressebild.

A queda do muro de Berlim

Uma crise econômica e política se abate sobre o partido comunista em Moscou. O então líder da União Soviética, Mikhail Gorbatchev, inicia uma série de reformas internas e revê posturas externas. Tais reformas visavam uma maior flexibilização das ações individuais dentro do próprio país e aproximação com países do ocidente. Assim, Gorbatchev esperava impedir um agravamento dos problemas.

O jornalista John Simpson, da BBC, não só cobriu a queda de diferentes regimes socialistas no leste europeu naquele momento como também vivenciou a queda do muro de Berlim. Em suas palavras:

“A maioria das pessoas acreditava que o bloco soviético duraria para sempre. No entanto, ele desabou feito um castelo de cartas. A única coisa que permaneceu foi o medo de intervenções russas”.

Johh Simpson, 2019.

A migração de pessoas do lado oriental para o lado ocidental engrossou em muito no ano de 1989. Somente nos últimos 5 dias antes da queda do muro, mais de 45 mil pessoas realizaram essa travessia.

É, então, no dia 9 de novembro de 1989 que Günter Schabowski, o secretário de Comunicação do Comitê Central do Partido Socialista Unitário, anuncia de maneira genérica que estava permitida a saída de pessoas do país.

Naquele mesmo dia, dezenas de milhares de pessoas se dirigiram ao muro e começaram a derrubá-lo, sem que os soldados disparassem contra eles. Famílias e amigos separados pelo muro durante anos puderam, no fim das contas, se reencontrar. Era o fim do muro de Berlim.

Queda do muro de Berlim
Imagem: AP/EMPICS. Retirada do livro: TAYLOR, Frederick. O Muro de Berlim (13 de agosto de 1961 – 9 de novembro de 1989). Lisboa: Editora Tinta da China, 2007.

Vídeo

Revise o conteúdo deste texto com este vídeo da BBC Brasil sobre o Muro de Berlim:

Exercícios sobre o muro de Berlim

.

Texto escrito com a ajuda da cronologia organizada pela Deutsche Welle: Disponível em < https://cutt.ly/YfLC3X4>, acessada em 21 de setembro de 2020.

Sobre o(a) autor(a):

Os textos acima foram preparados pelo professor Angelo Antônio de Aguiar. Angelo é graduado em história pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestrando em ensino de história na mesma instituição e dá aulas de história na Grande Florianópolis desde 2016.

Compartilhe: