Animais no espaço, ditaduras na América Latina, o Muro de Berlim, as guerras do Vietnã e do Afeganistão, e muitos outros fenômenos se manifestaram pelo globo neste período de constante alerta nuclear e disputas entre Capitalismo e Comunismo.
Logo após a Segunda Guerra Mundial, quando o Eixo (Alemanha, Itália e Japão) foi derrotado pelos Aliados (Inglaterra, França, EUA e URSS, principalmente), deu-se início a uma nova disputa. Tratava-se da conhecida Guerra Fria, que adquiriu esse nome pelo fato das duas principais potências envolvidas (EUA e URSS) nunca entrarem em confronto armado direto.
As duas nações tinham projetos políticos completamente distintos e ambas saíram da Segunda Guerra com elevada influência. Logo, a disputa girou em torno da hegemonia política global.
O caminho encontrado pelos dois países para atingir esse objetivo foi o aumento da sua zona de influência no cenário internacional. Isso acabou significando a formação de dois blocos: um a favor do capitalismo e outro pró-socialismo.
Conflitos durante a Guerra Fria
Por mais que não tenha existido um confronto bélico direto entre as potências, incontáveis conflitos entre nações menores acabaram eclodindo ao redor do mundo em virtude da ampliação das zonas de influência.
Alguns mais conhecidos foram a Guerra do Vietnã (1959-1975), a Guerra das Coreias (1950-1953), a Revolução Cubana (1959) e a Guerra do Afeganistão (1979-1989).
Podemos encaixar aqui o processo de independência de nações africanas e asiáticas, como também a instalação de ditaduras na América Latina e em outros continentes.
Resumo sobre A Guerra Fria
Veja agora com o professor de história Eduardo Volpato, o Dudu de Florianópolis, do canal do Curso Enem Gratuito, a cronologia e os principais episódios da Guerra Fria, e das ameaças de um conflito nuclear liderado pela URSS, no bloco comunista, e pelos EUA, no bloco capitalista:
Além das guerras indiretas, as disputas no campo científico, intelectual, esportivo e artístico também marcaram o período.Figura 2: Retrato de Joseph Stalin, chefe de Estado da URSS entre 1922 e 1953. Fonte: http://twixar.me/vCm1.
Zonas de influência e tensão nuclear
Ao fim da Segunda Guerra, a primeira postura dos Estados Unidos foi realizar uma política de contenção do socialismo na Europa. Isso se deu por meio da reconstrução dos países afetados pelo conflito. Enquanto isso, a URSS, que estendeu seus domínios até Berlim, tentava se reerguer.
Primeiro tentou-se financiar essa reconstrução através dos acordos de Bretton Woods, quando foram criados o Banco Mundial e o FMI. Ambos os órgãos eram responsáveis por coordenar os empréstimos internacionais na Europa e garantir a implementação da agenda liberal, adotando o dólar como padrão monetário.
Esses acordos foram insuficientes no seu objetivo a curto prazo, e logo os EUA desenvolveram o Plano Marshall, que incentivava a reconstrução acelerada dos países por meio de cooperação mútua entre os afetados. É desse contexto que nasceu a União Europeia.
A URSS teve mais sucesso na disputa por zonas de influência no Oriente. Os soviéticos conquistaram aliados armando grupos ao seu favor no Vietnã, Coréia, Angola, Moçambique, Mali, Síria, entre outros. A China aderiu ao socialismo em 1949, com Mao Tsé-Tung, mas chegou a entrar em conflito com a URSS na década de 60.
Os dois blocos construíram alianças militares com seus aliados como forma de impor sua autoridade a nível global. No caso do bloco capitalista, a aliança foi a Organização do Atlântico Norte (OTAN), e no bloco socialista foi o Pacto de Varsóvia.Figura 3: Zonas de influência durante a Guerra Fria. Fonte: http://twixar.me/4dG1
Sem dúvida, uma das conquistas mais importantes para os soviéticos foi a aliança com Cuba, ocorrida logo após a revolução liderada por Fidel Castro. A ilha caribenha está localizada a menos de 200 km de distância dos EUA, e tal proximidade geográfica foi central num dos momentos de maior tensão do período: a crise dos mísseis, em 1962.
Esse episódio ocorreu quando o governo estadunidense divulgou a informação de que havia mísseis instalados em Cuba ameaçando os EUA.
Por duas semanas o mundo viveu com medo de uma guerra nuclear que pudesse devastar a vida no planeta. O fim do episódio ocorreu com o acordo que estabelecia que os EUA não iriam invadir a ilha e retirariam seus mísseis na Turquia.
É a partir deste período que os estadunidenses passam a investir cada vez mais no controle político da América Latina, incentivando a instalação de ditaduras de segurança nacional, como foi o caso brasileiro.
Corrida espacial
Uma das dimensões da polarização política a nível global mais intensas foi a corrida tecnológica/espacial. Logo após os soviéticos conseguirem desenvolver bombas atômicas como as que os EUA lançaram contra o Japão, a corrida armamentista por si só era insuficiente.
Além disso, não demorou para que o mundo inteiro passasse a temer a destruição do planeta com uma possível guerra nuclear. Conquistar o céu e o espaço tornou-se tão importante quanto ter armas de destruição em massa.
Inclusive, tanto a corrida armamentista como a espacial estavam ligadas pelo desenvolvimento tecnológico, que foi constantemente adaptado de um setor para o outro.Figura 4: Cadela Laika, no assento da sonda Sputnik 2. Ela foi a primeira cadela a ir para o espaço, mas não resistiu a viagem. Fonte: http://twixar.me/4Cm1
Entre os momentos de maior importância nesta história estão o lançamento dos programas Sputnik, Apollo e Voyager, que foram lançamentos de sondas com animais e a própria ida do homem ao espaço. Os soviéticos foram os pioneiros na corrida espacial, com Yuri Gagarin como o primeiro homem a ver a terra do espaço, e com o lançamento do primeiro satélite artificial, o Sputnik.
O grande feito dos estadunidenses veio depois, em 1969, quando Neil Armstrong pousou na Lua. Além dessas conquistas, a disputa tecnológica promoveu o desenvolvimento de ferramentas que hoje fazem parte do nosso cotidiano, como o micro-ondas e a internet.
Afrouxamento da disputa na Guerra Fria
A partir da década de 70, a situação tornou-se um pouco mais tranquilizadora. Por conta de um movimento liberalizante interno, iniciado ainda no governo de Nikita Kruschev, a URSS foi enfraquecendo gradualmente. Em 1985, durante o governo de Mikhail Gorbachev, essa liberalização foi potencializada numa política denominada Glasnost (termo russo para “transparência”).
Junto com a mudança iniciou-se a Perestroika, que era uma reformulação da agenda econômica que diminuía o papel de ação do Estado nesse setor.
A queda do Muro de Berlim: 1989
Outro fator que contribuiu para a desestabilização da URSS foram as denúncias dos crimes contra a humanidade cometidos no período Stalinista. Durante o governo de Jimmy Carter, a política externa dos EUA se aproveitou das denúncias para criticar o bloco rival e, para evitar contradições, começou a se afastar das ditaduras na América Latina.
O fim da Guerra Fria foi marcado pela queda do Muro de Berlim, em 1989, que reunificou o território alemão que estava separado desde o fim da Segunda Guerra Mundial, e pela dissolução da própria URSS em 1991.
Seu fim ocorreu pela combinação de vontades reformistas de autoridades internas e pelo movimento de independência de países que estavam sob o controle soviético.
Mikhail Gorbachev renunciou no Natal daquele ano, confirmando o fim da URSS e pondo fim à concorrência contra o capitalismo.
A Invasão da Ucrânia em 2022
Um ponto de tensão tardia, vinculado à Guerra Fria, explodiu em 24 de fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu militarmente a Ucrânia, país vizinho ao Leste. A Ucrânia estava anexada à URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, criada pela Rússia comunista em 1922.
Porém, com o esfacelamento do comunismo russo e da URSS em 1991, a Ucrânia fez um plebiscito aproado por 80% da população, e declarou a independência da Rússia. As tensões duraram 30 anos, com a Rússia pressionando a Ucrânia para permanecer alinhada.
Porém, as opções políticas e diplomáticas dos ucranianos foram se orientando mais para a Comunidade Europeia que para a Rússia. Temendo perder o país fronteiriço para a Aliança do Tratado do Atlântico Norte – OTAN, a Rússia invadiu a Ucrânia, que resistiu e não se rendeu.
A comunidade internacional reunida na ONU condenou a Rússia, e os países da Comunidade Europeia, e mais Estados Unidos, Japão, Canadá e Inglaterra declararam um boicote financeiro, portuário e aéreo à economia russa, pressionando para o fim da invasão.
Veja com o professor Dudu Volpato, do canal do Curso Enem Gratuito, uma abordagem com a perspectiva histórica das raízes do confllito.
Muito completo este resumo do professor Eduardo Volpato. Vale a pena ver de novo, com calma, parando e anotando para compreender todas as dimensões da Invasão da Ucrânia pela Rússia.
Exercícios sobre a Guerra Fria
Para terminar, resolva os exercícios sobre a Guerra Fria selecionados pela equipe do Curso Enem Gratuito!
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Pergunta 1 de 10
1. Pergunta
(UCB DF/2019)
Nos anos de 1960, enquanto Cuba mobilizava as atenções no Ocidente, outro conflito bastante violento desenvolvia-se no Oriente. O sudeste asiático vivera, desde o século 19, sob colonização europeia. Franceses impunham-se sobre a Indochina (Camboja, Laos e Vietnã). Em 1954, na Conferência de Genebra, o Vietnã tornou-se livre, mas foi dividido em dois países: norte e sul.
CAMPOS, F.; PINTO, J. P.; CLARO, R. Oficina de história. 2. ed. São Paulo:
Leya, 2016, com adaptações.
Em relação às forças internas e externas que disputavam o poder no Vietnã, assinale a alternativa correta.
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Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(UEL PR/2019)
Analise o mapa a seguir.
Como base no mapa e nos conhecimentos da geopolítica mundial no século XX, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir.
( ) O término da Segunda Guerra Mundial inaugurou o período denominado Guerra Fria marcado pelo confronto ideológico entre a URSS e os EUA, gerando diversos conflitos por disputas de territórios.
( ) Fidel Castro se aproximou do bloco socialista, do qual nasceu um plano que levou a uma das maiores crises políticas da Guerra Fria: o conflito entre a União Soviética e os Estados Unidos (1962), designado como a Crise dos Mísseis em Cuba.
( ) A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) é uma aliança militar fundada no princípio da segurança coletiva com o objetivo de manter a paz entre os países membros e a democracia dentro deles.
( ) A corrida armamentista constitui-se em uma característica secundária deste período, já que a questão central da geopolítica, pós Segunda Guerra Mundial, foi a disseminação da organização espacial mundial multipolar.
( ) A designação de “fria” vinculou-se a um período geopolítico no qual se destacava a abstenção das superpotências nos conflitos militares nas áreas periféricas do mundo, de forma que os norte-americanos e os soviéticos se desvincularam de guerras localizadas em outras partes do mundo.
Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta.
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Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(UNITAU SP/2019)
“O risco de uma guerra europeia, embora bastante exagerado, não era de todo inexistente. Stalin contemplou a possibilidade de um ataque – à Iugoslávia, não à Alemanha Ocidental –, mas abandonou a ideia diante do rearmamento ocidental. E, assim como o Ocidente se confundiu diante do propósito soviético na Coréia, Stalin – aconselhado pelos serviços de inteligência sobre a rápida escalada militar dos EUA – supôs, equivocadamente, que os norte-americanos tinham as suas próprias intenções agressivas em relação à esfera soviética no Leste Europeu. Mas, nenhuma dessas suposições ou erros de cálculo era evidente à época, e políticos e generais faziam o melhor que podiam, baseando-se em informações limitadas na análise de precedentes.”
JUDT, T. Pós-guerra: uma história
da Europa desde 1945. Rio de Ja-
neiro: Objetiva, 2008, p. 164.
O final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) não assegurou o estabelecimento de uma ordem internacional pautada na confiança e na cooperação. As décadas seguintes ao último conflito mundial integram o período conhecido como Guerra Fria. Dentre diversos fatores, a desconfiança entre as duas superpotências do período relacionava-se à
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Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(UERJ/2019)
O cartaz acima foi utilizado como instrumento de propaganda do Plano Marshall, principal iniciativa dos Estados Unidos para a reconstrução dos países aliados após a Segunda Guerra Mundial.
Considerando a imagem e seu contexto histórico, um objetivo do governo estadunidense ao implementar esse plano foi:
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Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(UniCESUMAR PR/2019)
Na década de 1960, o mundo se viu na iminência de uma guerra de proporções jamais vistas, principalmente em razão da utilização de armamento nuclear. O evento que marcou esse embate foi
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Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(UFRGS/2019)
Observe a figura abaixo.
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo, referentes à chamada “Corrida Espacial” do período da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética.
( ) A União Soviética foi o primeiro dos dois países a lançar um satélite artificial ao espaço, o Sputnik I, em outubro de 1957.
( ) Ambos os países, entre 1972 e 1975, participaram de uma missão espacial conjunta, o Projeto Apollo-Soyuz, que resultou em um voo orbital combinado em 1975.
( ) Os Estados Unidos foram o primeiro dos dois países a enviar um voo tripulado ao espaço, em 1961, sendo seguido pela União Soviética somente dois anos depois.
( ) Os soviéticos, em 1970, conseguiram enviar um voo tripulado à Lua, liderado por Yuri Gagarin, logo após a chegada dos norte-americanos ao satélite.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
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Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(PUCCamp SP/2019)
As noções de colonialismo, imperialismo, dependência e interdependência, assim como as de projeto nacional, via nacional, capitalismo nacional, socialismo nacional e outras, envelhecem, mudam de significado, exigem novas formulações. Na medida em que se desfazem as hegemonias construídas durante a Guerra Fria, declinam as superpotências mundiais, envelhecem ou apagam-se as alianças e acomodações estratégicas e táticas sob as quais se desenhava o mapa do mundo até 1989, quando caiu o Muro de Berlim, o emblema do mundo bipolarizado.
Simultaneamente, começam a emergir novos polos de poder, revelam-se os primeiros traços de outros blocos geopolíticos, manifestam-se as primeiras acomodações e tensões entre os estados-nações preexistentes, bem como entre os que se formam com a desagregação da Iugoslávia, Tchecoslováquia e União Soviética.
(Disponível em: IANNI, Octávio. A era do globalismo.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999. p. 12)
O Muro de Berlim, mencionado no texto, foi construído
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Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(ENEM/2018)
Os soviéticos tinham chegado a Cuba muito cedo na década de 1960, esgueirando-se pela fresta aberta pela imediata hospitalidade norte-americana em relação ao processo social revolucionário. Durante três décadas os soviéticos mantiveram sua presença em Cuba com bases e ajuda militar, mas, sobretudo, com todo o apoio econômico que, como saberíamos anos mais tarde, mantinha o país à tona, embora nos deixasse em dívida com os irmãos soviéticos – e depois com seus herdeiros russos – por cifras que chegavam a US$ 32 bilhões. Ou seja, o que era oferecido em nome da solidariedade Socialista tinha um preço definido.
PADURA, L. Cuba e os russos. Folha de São Paulo, 19 jul.
2014 (adaptado)
O texto indica que durante a Guerra Fria as relações internas em um mesmo bloco foram marcadas pelo(a)
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Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(ENEM/2016)
A charge faz alusão à intensa rivalidade entre as duas maiores potências do século XX. O momento mais tenso dessa disputa foi provocado pela
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Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(ENEM/2014)
Nos quadrinhos, faz-se referência a um evento que correspondia a um dos grandes medos da população mundial no período da Guerra Fria. Durante esse período, a possibilidade de ocorrência desse evento era grande em função do(a)
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Sobre o(a) autor(a):
Os textos acima foram preparados pelo professor Angelo Antônio de Aguiar. Angelo é graduado em história pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestrando em ensino de história na mesma instituição e dá aulas de história na Grande Florianópolis desde 2016.
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