O salário dos presidentes: Lula realmente ganha pouco?
Comparação entre o salário de Lula e líderes mundiais, analisando benefícios, economia e contexto — um tema que pode cair no Enem.
Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o salário que recebe está entre os mais baixos do mundo entre líderes de governo. A fala não passou despercebida e abriu espaço para um debate que vai além de números: afinal, quanto ganham outros presidentes e primeiros-ministros pelo mundo? E como isso se relaciona com a economia e a política de cada país?
O tema é de interesse público não só pelo valor em si, mas pelo que ele representa. O salário de um chefe de Estado reflete, de certa forma, o peso que a sociedade dá ao cargo — e também pode revelar como o governo quer se posicionar diante da opinião pública.
Aqui, vamos muito além do valor bruto. Vamos comparar o salário de Lula com o de outros líderes, entender quais benefícios vêm no pacote e como esses números se relacionam com a realidade econômica de cada país. Isso porque, quando um presidente diz que ganha “não muito”, não está apenas informando: também está construindo uma narrativa política, seja para criar proximidade com a população, seja para responder críticas sobre gastos públicos.
O salário do Presidente Lula: quanto é e como ele mesmo o descreve
Atualmente, o salário bruto mensal de Lula é de R$ 46.366,19, o teto do funcionalismo público desde o início de 2025. Isso dá R$ 556.394,28 por ano.
Segundo o próprio presidente, depois de pagar cerca de R$ 27 mil em imposto de renda e R$ 4 mil de contribuição ao PT, sobra algo em torno de R$ 21 mil para despesas pessoais.
Há registros de outro valor, atualizado em dezembro de 2024, que indica R$ 44.008,50 por mês (R$ 528.102 anuais). Mas, para manter a consistência, aqui vamos usar o valor mais recente e oficial: R$ 46.366,19.
Convertendo para dólar, Lula recebe cerca de USD 6.205 por mês, ou USD 74.460 por ano.
O que vem junto com o salário
Além do pagamento mensal, o presidente conta com um pacote generoso de benefícios: moradia oficial em Brasília, contas de consumo (luz, água, internet) pagas pelo governo, plano de saúde e um cartão corporativo para despesas relacionadas ao cargo. Esses itens reduzem quase a zero os gastos pessoais diretos e aumentam muito o valor real da remuneração.
Como essa quantia é percebida
Para muita gente, R$ 46 mil brutos por mês é bastante dinheiro — ainda mais somando todos os benefícios. Mas Lula argumenta que, para um chefe de Estado, o valor não seria tão alto, especialmente quando comparado a executivos de empresas privadas ou líderes de países mais ricos.
Durante uma reunião com o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social e Sustentável (Conselhão), ele destacou que boa parte do que recebe vai para impostos e contribuições partidárias. Só que, mesmo com esse desconto de mais de 50%, é importante lembrar que, na prática, o presidente praticamente não tem gastos com moradia, transporte ou saúde.
Isso mostra que olhar apenas para o salário “líquido” pode ser enganoso. O valor total — salário + benefícios — é bem maior em termos reais, e o custo de vida pessoal do presidente é mínimo.
Comparando com outros líderes do mundo
Salários anuais brutos (em dólares)
Para deixar a análise mais clara, todos os salários foram convertidos para dólar (USD). Os valores a seguir, em geral, se referem ao salário bruto, sem considerar benefícios e descontos.
País | Líder | Salário Anual (Moeda Local) | Salário Anual (USD) |
---|---|---|---|
Brasil | Lula | R$ 556.394,28 | $74.460 |
EUA | Donald Trump | $400.000 | $400.000 |
China | Xi Jinping | ¥ 136.620 | $19.200 |
Alemanha | Friedrich Merz | € 362.268 | $391.249 |
Reino Unido | Keir Starmer | £ 167.000 | $212.090 |
Japão | Shigeru Ishiba | ¥ 40.490.000 | $257.597 |
França | Emmanuel Macron | € 192.468 | $207.865 |
Canadá | Mark Carney | CAD 406.200 | $296.526 |
Argentina | Javier Milei | ARS 57.420 | $57.420 |
Chile | Gabriel Boric | CLP 97.104 | $97.104 |
Colômbia | Gustavo Petro | COP 636.000.000 | $114.156 |
Índia | Narendra Modi | ₹ 1.920.000 | $23.132 |
Rússia | Vladimir Putin* | € 125.064 | $135.070 |
África do Sul | Cyril Ramaphosa | ZAR 17.818.466 | $963.160 |
*Salário declarado; pode incluir outras fontes de renda.
**Nota sobre os dados: No caso da Rússia, o valor usado para o presidente Vladimir Putin vem da renda declarada por ele — e isso pode incluir outras fontes além do salário oficial.
Para o Japão, apesar de alguns relatórios apontarem que o primeiro-ministro Ishiba ganharia ¥30,41 milhões em 2025, usamos aqui ¥40.490.000, que é a cifra mais citada como “salário oficial” e já convertida para dólares.
Na África do Sul, o valor do presidente Cyril Ramaphosa chama atenção: a estimativa mais recente é de ZAR 17.818.466, muito acima do que se reportava em 2022 (cerca de US$ 223.500).
As conversões de moeda para dólar foram feitas com base nas taxas aproximadas de 2025, usando dados disponíveis e conhecimento geral.
O peso dos benefícios
Em quase todos os casos, o salário é só a ponta do iceberg. Presidentes e primeiros-ministros recebem benefícios que, muitas vezes, superam em valor o próprio pagamento mensal: moradia oficial, transporte, equipe de segurança, viagens, saúde vitalícia… Em alguns países, como a China, o salário nominal é quase simbólico diante das regalias.
Colocando no contexto econômico
Para entender o que um salário desses significa, é preciso comparar com o PIB per capita (riqueza média da população) e com o custo de vida de cada país.
Exemplo: o salário de Lula equivale a 7,47 vezes o PIB per capita do Brasil, enquanto o de Biden nos EUA equivale a 4,49 vezes o PIB per capita americano. Isso significa que, proporcionalmente à renda média da população, Lula recebe mais que o presidente americano.
Na Colômbia, essa diferença é ainda maior: o presidente ganha mais de 16 vezes o PIB per capita do país. Já na China, Xi Jinping recebe apenas 1,39 vez o PIB per capita — mas, como vimos, isso não conta todo o pacote de benefícios.
Então… Lula ganha pouco?
Depende do ponto de vista.
- Em valor absoluto (USD), Lula está abaixo de líderes de países ricos, como EUA, Alemanha, Japão, Reino Unido e França, mas acima de outros, como China, Índia e Argentina.
- Proporcionalmente ao PIB per capita, Lula recebe mais que a maioria dos líderes de nações desenvolvidas listados aqui, mas menos que presidentes como o da Colômbia.
- Considerando benefícios, sua remuneração real é bem maior que o “líquido” que ele citou — já que o Estado cobre praticamente todas as suas despesas básicas.
Ou seja: a fala de Lula é parcialmente verdadeira se olharmos só para o salário em dólares, mas perde força quando analisamos o contexto econômico e os benefícios que vêm com o cargo.
Por que esse caso pode interessar a quem está se preparando para o Enem?
Pode parecer que falar de salário de presidente é só curiosidade de jornal, mas o tema tem tudo a ver com o que o Enem cobra. Esse tipo de discussão envolve economia, política, geografia e até interpretação de dados — exatamente o tipo de habilidade que o exame valoriza.
- Atualidades e interpretação crítica: Questões do Enem adoram pedir análise de falas de autoridades, relacionando o discurso com o contexto econômico e social. Aqui, a frase de Lula abre espaço para discutir narrativas políticas e percepção pública.
- Geografia e economia: Comparar salários entre países exige entender PIB per capita, câmbio e custo de vida — conceitos básicos em questões de geografia econômica.
- Matemática e raciocínio lógico: Converter moedas, calcular proporções (como salário em relação ao PIB per capita) e interpretar tabelas é treino prático para as questões que misturam leitura de gráficos com cálculo rápido.
- Sociologia e filosofia: O tema também pode render reflexões sobre desigualdade, função do Estado e como a remuneração de líderes expressa valores e prioridades de uma sociedade.
Ou seja, além de ser uma conversa sobre “quem ganha quanto”, esse assunto é um prato cheio para revisar conteúdos que caem direto na prova — e treinar aquele olhar crítico que o Enem tanto exige.