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Por que estudar as listas de leitura dos vestibulares 2025 faz a diferença na nota

Descubra como estudar as listas de leitura dos vestibulares 2025 e transformar cada obra em repertório para arrasar na redação e nas provas.


As listas de leitura dos vestibulares de 2025 deixaram de ser apenas uma obrigação acadêmica. Elas representam um recurso estratégico para quem deseja conquistar a aprovação. As universidades reúnem títulos que ampliam o repertório cultural, abordam diferentes períodos literários e inserem discussões atuais sobre identidade, desigualdade e transformações sociais.

A diversidade de gêneros confirma essa tendência. Além de romances consagrados, surgem crônicas, coletâneas de contos, prosa poética e até álbuns musicais. Essa variedade exige leitura atenta, interpretação profunda e capacidade de relacionar cada texto ao contexto histórico e aos debates contemporâneos.

O objetivo desse texto é transformar a leitura obrigatória em um diferencial competitivo, fornecendo elementos para interpretar as questões, construir argumentos sólidos e utilizar os textos como repertório sociocultural. Bora começar?

O que mudou?

As listas de obras exigidas nos vestibulares de 2025 evidenciam mudanças significativas na forma como as universidades compreendem a literatura no processo seletivo. As escolhas indicam uma orientação pedagógica voltada para a diversificação temática, a representatividade e a ampliação do conceito de texto literário, aspectos que dialogam com a realidade social e cultural contemporânea.

A análise das listas revela três tendências principais:

Inclusão como política pedagógica e reparadora

A presença de escritores negros e de literatura africana consolida-se como um traço recorrente nas listas de 2025. Essa inclusão cumpre uma função pedagógica e sociocultural, ao trazer para o centro do debate acadêmico narrativas que refletem experiências de grupos historicamente invisibilizados na história literária brasileira.

Exemplos relevantes:

  • UFPR: reúne a clássica obra Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, um registro autobiográfico da vida na favela, e O sol na cabeça, de Geovani Martins, que apresenta contos sobre a juventude nas periferias urbanas. Ambas proporcionam reflexões sobre desigualdade social, preconceito e exclusão.
  • Unicamp e UFN: incluem Olhos d’água, de Conceição Evaristo, cuja produção se baseia no conceito de escrevivência — a escrita como expressão das vivências da população negra, especialmente das mulheres.
  • Unicamp: incorpora Niketche – Uma História de Poligamia, da moçambicana Paulina Chiziane, obra que aborda relações de gênero, poligamia e tradição em sociedades africanas.

Essa tendência desloca o foco tradicional de autores exclusivamente brasileiros e europeus, introduzindo perspectivas que dialogam com questões raciais, identitárias e históricas. Para o estudante, isso implica a necessidade de compreender não apenas os aspectos formais das obras, mas também os contextos sociais e culturais que as originam.

Pluralidade de gêneros e ampliação do conceito de literatura

As listas de 2025 também se caracterizam por uma diversificação de gêneros, superando a predominância do romance e da poesia clássica. Algumas universidades adotaram propostas inovadoras, como:

  • UEL: incluiu o álbum Cabeça Dinossauro, do grupo Titãs, exigindo análise das letras, da linguagem musical e do contexto histórico da década de 1980, marcado por críticas sociais e políticas.
  • Unicamp e UFN: selecionaram obras como Prosas seguidas de odes mínimas, de José Paulo Paes, e As mentiras que os homens contam, de Luis Fernando Veríssimo, ampliando o espaço para prosa poética e crônicas.

Esses gêneros demandam abordagens específicas:

  • A crônica, geralmente breve e com linguagem acessível, apresenta uma crítica sutil ao cotidiano, exigindo sensibilidade para identificar a ironia e os implícitos.
  • A prosa poética, por sua vez, articula recursos líricos e reflexões filosóficas, requerendo leitura interpretativa atenta e compreensão de ambiguidade.

Com isso, o vestibular passa a avaliar a capacidade de interpretar múltiplas linguagens e formatos culturais, uma competência cada vez mais valorizada no ensino contemporâneo.

O encontro entre cânone e produção contemporânea

Outro ponto relevante é a combinação de obras clássicas e recentes, permitindo às bancas criar questões que explorem relações intertextuais e a evolução temática ao longo do tempo.

Exemplos:

  • Fuvest e UERJ: mantêm títulos canônicos, como Quincas Borba, de Machado de Assis, essencial para a compreensão do Realismo brasileiro.
  • UFPR: inclui O drible, de Sérgio Rodrigues, romance contemporâneo que dialoga explicitamente com Dom Casmurro, também de Machado, explorando temas como ambiguidade e memória.

Esse recurso não é meramente comparativo, mas busca avaliar a capacidade do candidato de identificar continuidades, rupturas e referências literárias. Por exemplo:

  • A leitura de O drible ganha profundidade quando associada aos questionamentos machadianos sobre traição e subjetividade;
  • A análise conjunta de Quarto de despejo (1960) e O sol na cabeça (2018) permite observar a permanência e as mudanças nas representações da favela e da desigualdade social.

A integração entre obras clássicas e contemporâneas reforça a ideia de que a literatura deve ser entendida como um sistema dinâmico, em que diferentes períodos dialogam entre si, e não como um conjunto isolado de textos.

Como estudar essas obras sem surtar?

A aprovação nos vestibulares não depende apenas do cumprimento da lista obrigatória, mas da adoção de métodos estratégicos que articulem a literatura com outras áreas do conhecimento e com as exigências das provas discursivas e objetivas.

Faça um cronograma inteligente

A gestão do tempo é a base de uma preparação eficiente. Como as listas costumam ser extensas, recomenda-se a elaboração de um cronograma de leitura progressivo, distribuindo as obras ao longo do ano. A antecipação é um diferencial: a UFPR, por exemplo, divulgou sua lista com nove meses de antecedência, possibilitando um estudo planejado.

  • Alternância entre períodos literários: intercalar clássicos e obras contemporâneas contribui para evitar saturação e reforçar a compreensão das diferenças estéticas e temáticas entre escolas literárias.
  • Divisão por gêneros: romances, contos, poesias e crônicas demandam abordagens distintas; a organização deve considerar essa diversidade.

Leia com atenção (e com um lápis na mão)

O simples consumo de resumos não supre as exigências das provas, que avaliam interpretação, análise crítica e intertextualidade. A leitura deve ser ativa e reflexiva, incluindo:

  • Anotações sistemáticas sobre enredo, personagens, narrador, temas centrais, estilo e figuras de linguagem.
  • Construção de mapas conceituais para relacionar obra, autor, contexto histórico e movimentos literários.
  • Associação interdisciplinar: compreender que a literatura não é isolada. Por exemplo:
    • Poema sujo (Ferreira Gullar) exige o entendimento do exílio e da repressão durante a Ditadura Militar.
    • A vida não é útil (Ailton Krenak) e Quarto de despejo (Carolina Maria de Jesus) permitem análise sob perspectivas sociológica, histórica e filosófica.

Essa abordagem amplia o repertório e prepara o candidato para questões interpretativas complexas.

Transforme a literatura em repertório para a redação

As obras literárias obrigatórias são fontes legítimas de repertório sociocultural para sustentar a argumentação na redação, atendendo às exigências das bancas por referências consistentes e contextualizadas.

  • Temas universais e permanentes (poder, opressão, desigualdade, identidade, violência) devem ser identificados e articulados ao debate social contemporâneo.
  • Exemplo prático: O conto da aia (Margaret Atwood) foi base para a redação da UERJ em 2025, demonstrando a importância dessa conexão entre leitura e produção textual.
  • A habilidade de extrapolar o enredo, identificando reflexões sociais, filosóficas e políticas, é um indicativo de maturidade intelectual valorizado pelas bancas.

Autor(a) Luana Santos

Sobre o(a) autor(a):

Luana Santos - Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, é redatora com foco em educação, produção de conteúdo para o Enem e vestibulares. Atualmente, integra a equipe da Rede Enem, onde cria materiais informativos e inspiradores para ajudar estudantes a alcançarem seus objetivos acadêmicos. Ama café, livros e uma boa conversa sobre educação.  

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