Entenda quem é Percival Everett, vencedor do Pulitzer 2025, e descubra por que suas obras podem cair no Enem.

No dia 5 de maio de 2025, o mundo da literatura ganhou um destaque importante: o escritor norte-americano Percival Everett venceu o Prêmio Pulitzer de Ficção, um dos mais prestigiados dos Estados Unidos, com o romance James. A obra é uma releitura crítica de As Aventuras de Huckleberry Finn, clássico de Mark Twain, agora contada sob o olhar de Jim, o escravizado que acompanha Huck em sua jornada.
Mas o que tudo isso tem a ver com você, estudante? A resposta é simples: essa vitória pode ser uma ótima oportunidade para ampliar o repertório cultural e se preparar melhor para questões de literatura, atualidades e redação no Enem. Vamos entender por quê?
O que é o Prêmio Pulitzer?
Pensa no Pulitzer como o “Oscar” da literatura e do jornalismo nos EUA. Criado por Joseph Pulitzer, ele reconhece, todo ano, produções de altíssima qualidade em diversas áreas — de reportagens a romances, poesias e peças de teatro.
Quando um livro ganha esse prêmio, é sinal de que ele traz algo muito relevante: um tema potente, uma escrita marcante e, muitas vezes, reflexões profundas sobre a sociedade. Por isso, acompanhar quem ganha o Pulitzer pode te ajudar a descobrir obras que são referência no mundo literário e que podem aparecer como tema de redação ou texto de apoio na prova do Enem.
Quem é Percival Everett?

Percival Everett é daqueles autores que não passam despercebidos. Nascido em 1956, na Carolina do Sul (EUA), ele cresceu em um ambiente marcado pelas tensões raciais do sul dos Estados Unidos — uma vivência que aparece com força em suas obras. Ao longo da carreira, publicou mais de 30 livros, entre romances, coletâneas de contos e poesia, sempre com uma escrita afiada, provocadora e cheia de personalidade.
Um ponto forte da sua obra é o modo como ele questiona representações simplistas da identidade negra na literatura. Em livros como Erasure e James, ele desmonta estereótipos e mostra personagens complexos, humanos e contraditórios. Essa postura crítica o torna uma figura essencial dentro da literatura contemporânea dos EUA — e uma excelente fonte de repertório para quem vai prestar vestibular.
Ou seja: conhecer Percival Everett é conhecer um autor que mistura literatura, política, história e filosofia em narrativas poderosas — e que pode te ajudar a pensar o mundo com mais profundidade.
James: por que essa releitura é tão importante?
James pega um clássico da literatura americana e vira a chave: em vez de acompanhar a história do ponto de vista de Huck, como no livro original de Mark Twain, o foco agora é em Jim, o homem negro escravizado que o acompanha. Com isso, Everett traz à tona temas como racismo, escravidão e liberdade, tudo com uma linguagem atual e uma crítica poderosa.
Essa obra é um prato cheio para pensar em intertextualidade (quando um texto conversa com outro), representatividade e revisão crítica da história — todos temas que podem aparecer tanto na redação quanto nas questões de humanas.
Por que ele pode ser cobrado no Enem?
O Enem não cobra autores por moda ou tendência — ele busca conteúdos que estimulem pensamento crítico, leitura contextualizada e repertório sociocultural. E é justamente por isso que Percival Everett merece sua atenção. Sua obra reúne várias características que combinam com os eixos temáticos mais recorrentes das provas, principalmente nas áreas de Linguagens, Ciências Humanas e Redação.
Veja por que ele pode (e deve!) aparecer no seu radar de estudos:
- Temas sociais urgentes: racismo estrutural, identidade, desigualdade, liberdade, exclusão… Esses são temas centrais nas obras de Everett e também muito explorados em questões do Enem e em propostas de redação. Ler suas histórias é uma forma de enxergar essas questões de maneira mais complexa e humana.
- Intertextualidade e releitura de clássicos: o Enem adora quando você consegue perceber como os textos dialogam entre si. Em James, por exemplo, Everett revisita um clássico da literatura americana — As Aventuras de Huckleberry Finn — e o reconta sob outra perspectiva, mostrando como novas vozes podem transformar completamente uma narrativa já conhecida. Essa habilidade de relacionar obras, contextos e pontos de vista é supervalorizada nas provas.
- Crítica à narrativa dominante: o autor provoca o leitor a questionar o senso comum e a pensar sobre quem escreve a história, quem é ouvido e quem é silenciado. Esse tipo de reflexão está totalmente alinhado com o que o Enem propõe: formar cidadãos conscientes e críticos.
- Versatilidade textual: como Everett mistura gêneros (romance, conto, ensaio, sátira), suas obras são ótimos exemplos para entender os efeitos de diferentes escolhas narrativas. Isso pode te ajudar a interpretar melhor textos nas provas objetivas e até a escrever uma redação mais criativa e bem estruturada.
- Atualidade e relevância cultural: o fato de ele ter vencido o Pulitzer recentemente já coloca seu nome em destaque no cenário internacional. O Enem costuma incluir textos de apoio atuais, especialmente quando se trata de autores que estão movimentando debates literários e sociais.
Dicas de leitura para quem está se preparando:
Se você está montando seu repertório literário para o Enem, incluir autores contemporâneos com impacto social é uma jogada inteligente — e Percival Everett é um nome de peso nesse cenário. Abaixo, selecionamos três obras que, além de provocadoras e bem escritas, dialogam com temas recorrentes nas áreas de Linguagens, Ciências Humanas e Redação. Vamos a elas:
Erasure (2001)

Esse é um dos livros mais conhecidos de Everett — e também um dos mais irônicos. Aqui, ele constrói uma crítica feroz à forma como a identidade negra é representada (e consumida) na cultura norte-americana. O protagonista é um escritor negro frustrado com as expectativas raciais impostas pelo mercado editorial, que acaba escrevendo uma paródia de um “romance negro típico” — e, para sua surpresa, faz enorme sucesso.
Por que ler?
Erasure é leitura obrigatória para refletir sobre estereótipos, mercado cultural, identidade e representatividade. Além disso, permite pensar sobre o papel da linguagem como ferramenta de resistência e questionamento — tudo isso com humor mordaz e crítica social. Ideal para enriquecer redações com temas culturais, raciais ou sobre liberdade de expressão.
So Much Blue (2017)

Diferente de outras obras mais satíricas, So Much Blue é um romance introspectivo e emocional. A história gira em torno de Kevin Pace, um pintor que guarda três grandes segredos, explorando ao longo da narrativa os temas de memória, culpa, silêncio e intimidade. O livro se passa em três tempos distintos e mostra como nossas escolhas e omissões moldam quem somos.
Por que ler?
É uma leitura rica para quem quer refletir sobre subjetividade, conflitos morais e o impacto do tempo nas relações humanas. Serve como repertório para temas de redação ligados a dilemas éticos, autoconhecimento, arte e memória — e também ajuda a desenvolver sensibilidade leitora e interpretação de textos mais sutis e psicológicos.
The Trees (2021)

Um dos romances mais impactantes de Everett, The Trees começa com uma trama policial: assassinatos misteriosos em uma cidadezinha do Mississippi, acompanhados de um detalhe perturbador — ao lado dos corpos das vítimas brancas, sempre aparece um cadáver negro que desaparece em seguida. Aos poucos, a narrativa se revela uma poderosa alegoria sobre racismo, linchamentos históricos e justiça racial.
Por que ler?
The Trees é leitura potente para refletir sobre violência racial, justiça histórica, memória coletiva e revisionismo crítico. A linguagem ágil e a mistura de gêneros (policial, humor ácido, crítica social) tornam o livro envolvente e ideal para pensar temas que envolvem direitos humanos, reparação histórica e relações raciais — todos muito recorrentes no Enem.
Dica final
Ler Percival Everett não é apenas entrar em contato com a literatura contemporânea — é exercitar o pensamento crítico, aprender a interpretar diferentes camadas de sentido e refletir sobre temas sociais com profundidade. Ao se preparar para o Enem, procure fazer uma leitura ativa: sublinhe ideias centrais, relacione com outras obras e temas e, sempre que possível, anote como aquele conteúdo pode aparecer na prova.