Raízes: tipos de raízes, estrutura, características e funções

As raízes são, em geral, estruturas subterrâneas. Elas fixam o vegetal ao substrato e permitem a absorção de água e nutrientes.

As raízes são órgãos vegetativos aclorofilados (sem clorofila) e, em geral, são subterrâneas. Elas têm como função fixar os vegetais ao substrato, absorver sais minerais e água e ainda podem armazenar substâncias energéticas.

O que são raízes

Confira agora com a professora Claudia Aguiar, do canal do Curso Enem Gratuito, uma introdução completa sobre o que são as raízes:

Crescimento das raízes

Como dito acima, em geral as raízes são órgãos subterrâneos. Assim, esses órgãos vegetativos geralmente apresentam um geotropismo positivo e um fototropismo negativo.

Ou seja, isso quer dizer que elas tendem a crescer em direção aos solos (geotropismo positivo) e contrárias à luz (fototropismo negativo).

Algumas raízes, como veremos a seguir, podem ser aéreas, ou seja, crescerem acima dos solos. Ainda assim, elas apresentarão geotropismo positivo, crescendo na mesma direção da aceleração da gravidade.

raízes de arvore
Fotografia das raízes de uma árvore. Fonte da imagem: Getty Images Pro.

Morfologia externa

Coifa

A coifa é uma estrutura de proteção encontrada na extremidade das raízes. Ela impede que as delicadas células do meristema primário sejam lesionadas ao se atritarem com o solo. Além disso, a coifa também dificulta a herbivoria e a ação de microrganismos.

Essa estrutura, que forma uma espécie de dedal na ponta da raiz, é originada de um tecido meristemático primário, o caliptrogênio. A coifa é formada de várias camadas vivas parenquimáticas, sendo que as camadas mais externas vão morrendo à medida que a raiz cresce e penetra no solo.

Nesse sentido, essas camadas vão descamando sendo substituídas por camadas inferiores. As células da coifa produzem um polissacarídeo chamado de pectina. A pectina é hidrofílica e forma uma espécie de gel na ponta da raiz. Assim, a presença da pectina na coifa facilita a absorção de água do solo.

Região lisa

A região ou zona lisa localiza-se logo acima da coifa. Ela protege o meristema primário que se encontra mais internamente na raiz. Por conta disso, essa região é também chamada de zona de crescimento ou alongamento, uma vez que há constantes mitoses nessa região, aumentando o número de células.

Zona pilífera

A zona pilífera é assim chamada porque é uma região onde se desenvolvem muitos pelos absorventes. Nesse sentido, esses “pelos” aumentam a área de contato da raiz com o solo, ampliando a área de absorção.

Zona suberosa

A zona suberosa é uma região onde a raiz tem uma casca mais densa. Formada por células cujas paredes celulares são adensadas por suberina. Nessa região, localizam-se as ramificações da raiz, chamada de raízes secundárias.

estrutura das raízes
Desenho esquemático demonstrando as regiões de uma raiz. Fonte da imagem: https://slideplayer.com.br/slide/10526716/

Tipos de raízes

De acordo com a estrutura apresentada, dividimos as raízes em dois grandes grupos: axiais e fasciculadas.

Raízes pivotantes ou axiais

As raízes axiais são também chamadas de raízes pivotantes.

Elas são caracterizadas pela presença de uma raiz principal, mais desenvolvida, que possui ramificações secundárias.

As raízes pivotantes estão presentes principalmente nas angiospermas eudicotiledôneas. Por conta da sua estrutura mais robusta, as raízes axiais possibilitam uma maior sustentação e fixação da planta.

raízes pivotantes
Fotografia de uma raiz pivotante. Observe que podemos distinguir uma raiz principal, mais espessa e longa que as demais. A partir dessa raiz central, surgem várias raízes secundárias. Fonte da imagem: https://www.biologianet.com/botanica/raiz.htm

Raiz fasciculada

As raízes fasciculadas são também chamadas de raízes cabeleiras.

Elas são assim chamadas porque são constituídas de várias ramificações com comprimento e espessura semelhantes. Além disso, é comum que essas ramificações surjam todas de um mesmo ponto. Nesse sentido, não é possível observar uma raiz principal.

Por fim, esse tipo de raiz é encontrado principalmente nas angiospermas monocotiledôneas.

raízes fasciculadas
Fotografia das raízes fasciculadas de cebolinhas. Observe que não é possível distinguir uma raiz principal, já que todas parecem ter comprimento e espessura semelhantes. Fonte: DAPA Images.

Especializações das raízes

As raízes podem ter especializações que oferecem adaptações à diferentes condições ambientais.

Adventícias

São aquelas que a planta produz a partir do caule, ou até mesmo das folhas (como no caso das begônias).

adventicias
Fotografia das raízes adventícias de Pandanus tectorius. Observe que as raízes surgem a partir do caule da planta. Fonte da imagem: Dariolopresti Canva Pro.

Raízes tabulares

Também chamadas de raízes suporte, se desenvolvem em várias direções, muitas vezes quase paralelas aos solos, fornecendo uma estrutura de sustentação consistente para plantas arbóreas.

raízes tabulares
Fotografia das raízes de uma árvore do gênero Ficus. As raízes aqui retratadas são do tipo tabular, fornecendo estabilidade à planta. Fonte da imagem: Getty Images.

Tuberosas

São raízes que armazenam grande quantidade de amido (carboidrato de reserva energética dos vegetais). Como exemplo de vegetais com raízes tuberosas podemos citar a mandioca e a batata-doce.

cenouras tuberosas
Fotografia de várias cenouras. As cenouras são raízes tuberosas. Fonte da imagem: Pexels.

Respiratórias

Elas também são chamadas de pneumatóforos e são comuns em plantas de solo alagadiços e com baixa oxigenação. Elas têm suas extremidades voltadas para fora do solo. Nessas extremidades encontramos muitas pneumatódios (aberturas respiratórias) que possibilitam trocas gasosas. Os mangues, plantas arbóreas típicas de manguezais, possuem pneumatóforos.

pneumatoforos
Fotografia de pneumatóforos de mangues. Fonte da imagem: Getty Images.

Aéreas

Elas são encontradas em plantas epífitas, como as orquídeas. Nessas plantas é comum que encontremos uma estrutura na raiz chamada de velame. O velame é derivado da epiderme e sua função é absorver umidade do ar.

raízes de orquideas
Fotografia de raízes de orquídeas. As raízes das orquídeas são raízes aéreas. Fonte da imagem: Getty Images.

Sugadoras

Elas também são chamadas de haustórios. São encontradas em plantas parasitas, como o cipó-chumbo, cujos haustórios penetram no caule de plantas hospedeiras até atingirem o floema para roubarem seiva elaborada.

Morfologia interna das raízes

Os tecidos vegetais presentes nas raízes normalmente não apresentam clorofila, uma vez que o fato de estarem abaixo dos solos, impedem o recebimento de luz e, consequentemente a fotossíntese.

Assim como os caules, as raízes apresentaram meristemas e tecidos permanentes. Contudo, se distinguem dos caules pelo fato de não possuírem nós e entrenós e também por não possuírem folhas ou gemas.

Nas extremidades da raiz há a presença do meristema primário, cujas células indiferenciadas irão realizar o crescimento longitudinal da raiz e também originar os tecidos permanentes. Além disso, nas raízes também encontramos os meristemas secundários (felogênio e câmbio) realizando o crescimento transversal do órgão.

Bem como ainda encontramos o xilema e o floema, assim como tecidos de sustentação e revestimento.

Estrutura primária

As células que surgem no meristema primário da raiz vão se afastando dessa região à medida que novas mitoses formam novas células. Ao mesmo tempo, essas células vão se diferenciando, formando novos tecidos.

Dessa maneira, ao fazermos um corte transversal na zona pilífera de uma raiz, encontraremos uma região com tecidos já diferenciados, que chamamos de estrutura primária de uma raiz. Assim, nessa estrutura podemos distinguir três regiões:

a) Epiderme:

Tecido de revestimento do vegetal composto por células vivas. Nela encontramos os pelos absorventes, que ampliam a capacidade de absorção da raiz.

b) Córtex:

O córtex está localizado no interior da epiderme. É composto de muitas camadas de células que formam o parênquima cortical. Essas células podem ser ainda pouco diferenciadas, formando uma massa homogênea parenquimática, ou podem constituir diferentes tecidos, como o colênquima e o esclerênquima.

c) Cilindro central:

O cilindro central é composto principalmente por vasos condutores. Dessa maneira, nesse estágio inicial de desenvolvimento, os vasos condutores encontrado no cilindro central são chamados de protoxilema e protofloema.

Na região mais externa do cilindro central há uma região chamada de endoderme. Na endoderme encontramos células justapostas com um espessamento em suas paredes celulares. Esse espessamento forma as estrias de Caspary, que impedem a passagem de substâncias por entre essas células.

Dessa forma, para que substâncias entrem para a região central da raiz, terão que passar por dentro das células da endoderme, que irão selecionar as substâncias que estão passando.

Entre os tecidos de condução está o câmbio, meristema secundário responsável pela formação dos vasos condutores.

Por fim, envolvendo os vasos condutores há uma camada de tecido chamada de periciclo. O periciclo é a região responsável por dar origem às ramificações das raízes.

Monocotiledôneas

Nas monocotiledôneas, o meio do cilindro central é preenchido por células parenquimáticas, formando uma medula. Assim, os vasos condutores se organizam em volta dessa medula, próximos às bordas do periciclo.

raíz de monocotiledôneas
Desenho esquemático demonstrando um corte de uma estrutura primária da raiz de uma monocotiledônea. Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/10526716/
Eudicotiledôneas

Já nas eudicotiledôneas, o protoxilema ocupa o meio do cilindro central, formando uma estrutura em cruz, cujas pontas encostam no periciclo. Enquanto que o protofloema se encontra entre os braços dessa cruz.

raiz de eudicotiledôneas
Desenho esquemático da estrutura primária da raiz de uma eudicotiledênea. Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/10526716/

Estrutura secundária das raízes

Nas eudicotiledôneas lenhosas, como as árvores e os arbustos, as raízes terão um crescimento em diâmetro, aumentando a sua espessura. Esse crescimento é formado pelo meristema secundário. Mais especificamente pelo câmbio e pelo felogênio.

Assim, as células presentes no câmbio irão se diferenciar externamente em floema e internamente em xilema. Já as células do felogênio externamente formarão o súber (casca da raiz) e internamente formarão a feloderme, constituída de células vivas. Por fim, o conjunto formado pelo súber, pelo felogênio e pela feloderme forma a periderme da raiz.

O Reino Vegetal

Videoaula sobre a história das plantas – Veja o Reino Vegetal no resumo de botânica para o Enem:

Exercícios

Por fim, resolva os exercícios que selecionei para você. Bons estudos!

1 – (UNIOESTE PR/2020)    

A raiz emerge da semente em germinação, permitindo à plântula fixar-se no solo e absorver água e sais minerais. É CORRETO afirmar que:

a) as raízes tuberosas, como as da mandioca, cenoura, batata inglesa e cebola, armazenam reservas nutritivas, principalmente na forma de grãos de amido que são utilizados pela planta durante a floração e formação de frutos.

b) o câmbio vascular e o felogênio são estruturas constituídas por células meristemáticas e são responsáveis pelo crescimento em extensão das raízes e também pela formação de raízes laterais.

c) além da fixação e absorção, as raízes também realizam a condução e armazenamento de substâncias e, diferentemente de outras partes da planta, não sintetizam hormônios.

d) a região de meristema radicular é caracterizada pela ausência de divisão celular.

e) os meristemas subapicais são caracterizados pela atividade mitótica de suas células e estão protegidos pela coifa.

2 – (UECE/2017)

As raízes das angiospermas podem apresentar especializações que permitem classificá-las em diversos tipos. É correto afirmar que as raízes

a) escoras apresentam um revestimento chamado velame, uma epiderme multiestratificada.

b) respiratórias ou pneumatóforos são adaptadas à realização de trocas gasosas que ocorrem nos pneumatódios.

c) tuberosas possuem o apreensório para se fixarem ao hospedeiro e de onde partem finas projeções, os haustórios.

d) sugadoras armazenam reservas nutritivas, principalmente o amido, e por isso apresentam grande diâmetro.

3 – (UFV MG/2014)

As plantas são organismos pluricelulares, autotróficos, eucariontes e formados por um conjunto de tecidos e órgãos, como o caule, as raízes e as folhas. Sobre as raízes, assinale a alternativa INCORRETA:

a) Existem diversos tipos de raízes, como as pivotantes, fasciculadas, respiratórias, raízes-escora e tuberosas, sendo que essas últimas, como a mandioca, a beterraba e a cebola, acumulam material nutritivo.

b) Plantas que permanecem em solos encharcados podem morrer por falta do gás oxigênio disponível para as células de suas raízes.

c) As raízes são os órgãos que fixam a planta ao solo e dele absorvem água, sais minerais e oxigênio, sendo esse último necessário à respiração das células que as constituem.

d) Nas raízes de muitas plantas podem ser encontradas hifas de fungos, formando uma associação mutualística, denominada micorriza, importante e benéfica para ambos os organismos.

4 – (UEM PR/2013)

A raiz é um órgão vegetal geralmente subterrâneo, especializado na fixação da planta e na absorção de água e de sais minerais. Sobre esse órgão, é correto afirmar que

01) existe, em sua extremidade, uma estrutura em forma de cone, chamada de coifa ou caliptra, responsável pela absorção de água.

02) as raízes fasciculadas, ou em cabeleiras, desenvolvem-se na camada mais superficial do solo e, por isso, são úteis contra erosão.

04) a epiderme é caracterizada por células que possuem estrias de lignina e suberina, chamadas estrias de Caspary.

08) plantas parasitas apresentam raízes do tipo haustórios, que absorvem a seiva de seus hospedeiros.

16) raízes tuberosas apresentam grande importância econômica por fazerem armazenamento de amido; dentre elas, destaca-se a batatinha, também conhecida como batata inglesa.

GABARITO: 

  1. E
  2. B
  3. A
  4. 10

Sobre o(a) autor(a):

Juliana Evelyn dos Santos é bióloga formada pela Universidade Federal de Santa Catarina e cursa o Doutorado em Educação na mesma instituição. Ministra aulas de Ciências e Biologia em escolas da Grande Florianópolis desde 2007 e é coordenadora pedagógica do Blog do Enem e do Curso Enem Gratuito.

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