O Reino Fungi possui organismos eucariontes e heterótrofos que podem ser uni ou pluricelulares. Atuam como decompositores e são encontrados em ambientes úmidos ou aquáticos.
Os organismos do Reino Fungi (ou “Reino dos Fungos”) são essenciais para a manutenção dos ecossistemas. Além de atuarem como decompositores, muitas espécies são ainda importantes fontes de nutrientes dentro das cadeias alimentares.
Nesta aula de Biologia, você irá estudar os quatro filos mais conhecidos do Reino Fungi: Zygomycota, Ascomycota, Basidiomycota e Chytridiomycota. Bora revisar?
Características do Reino Fungi
Os integrantes do Reino Fungi são extremamente biodiversos. Para você ter uma ideia, estima-se que existam mais de 1,5 milhão de espécies de fungos.
Contudo, por dificuldades de classificação e por poucos cientistas estudarem esse Reino, estima-se que apenas cerca de 5% desse montante esteja oficialmente descrita.
Dentro do Reino Fungi encontramos organismo eucariontes com células revestidas por uma parede celular de quitina. Boa parte das espécies é pluricelular. Entretanto, também há muitas espécies unicelulares, como as leveduras.
Os fungos são, em geral, encontrados em ambientes terrestres úmidos ou aquáticos, sendo mais diversos nas regiões quentes do planeta.
Esses organismos são todos heterótrofos e atuam principalmente como decompositores. Mas também podem ser simbiontes, como as micorrizas e líquens, e parasitas.
Zigomicetos ou Filo Zygomycota
Representantes dos zigomicetos
Este grupo do Reino dos Fungos possui pouco mais de mil espécies descritas, sendo a mais conhecida o mofo ou bolor negro de pão (Rhizopus stolonifer).
Características gerais dos zigomicetos
Os zigomicetos são fungos bastante simples que apresentam hifas cenocíticas. Nesse sentido, queremos dizer que entre as células que formam suas estruturas filamentosas (chamadas de hifas), não há separação.
Ou seja, é como se a hifa desses fungos fosse uma grande célula polinucleada.
São, em geral, encontrados nos solos úmidos, decompondo material animal ou vegetal. Bem como algumas espécies que parasitam animais e plantas.
Segundo estudos recentes, esse grupo de fungos possui origem polifilética. Em outras palavras, isso quer dizer que eles não possuem um ancestral em comum. Dessa maneira, é possível que em breve sejam divididos e distribuídos em filos menores.
Reprodução dos zigomicetos
Uma característica importante é a reprodução do Reino Fungi. Nesse sentido, a reprodução dos zigomicetos é bem característica: eles formam estruturas reprodutivas chamadas de zigósporos ao longo de seu ciclo de vida. Os zigósporos são formados após a conjugação de duas hifas haploides.
Logo depois da união dos núcleos dessas duas hifas, o zigósporo “germina” e passa a produzir esporos através de meioses em uma estrutura apical chamada de esporângio.
Como resultado, esses esporos fazem diversas mitoses originando as hifas de um novo fungo.
Ascomicetos ou Filo Ascomycota
Representantes dos Ascomicetos
Dentro desse filo de fungos há mais de 32.000 espécies descritas. Entre as espécies de ascomicetos, destacam-se:
A espécie Saccharomyces cerevisiae
É um fungo unicelular conhecido popularmente como levedura. As leveduras são aeróbios facultativos. Nesse sentido, realizam fermentação alcoólica em ambientes de baixa oxigenação.
Por conta disso, essas leveduras são amplamente utilizadas pelos seres humanos na fermentação de pães e de bebidas alcoólicas.
Na imagem acima há várias células de leveduras aglomeradas. É possível notar que há algumas células com brotos, realizados por essas células como reprodução assexuada.
As espécies de fungos do gênero Tuber
São conhecidas popularmente como trufas. As trufas são fungos muito apreciadas na alta gastronomia. Elas crescem em simbiose com a raiz de algumas árvores, como os carvalhos.
Seus corpos reprodutivos, que ficam sob o solo a uma profundidade de aproximadamente 20 cm, são utilizados para dar sabor a diversos alimentos. Um quilo desse fungo pode chegar a custar mais de R$ 30.000,00.
Bolores de pão do gênero Neurospora
São muito utilizados como modelos celulares em estudos genéticos.
Algumas espécies do gênero Penicillium
São utilizadas na produção do antibiótico conhecido como penicilina. Esse antibiótico tem uma grande importância científica, já que além de ser largamente utilizado no tratamento de várias infecções, a penicilina foi o primeiro antibiótico da história.
Além disso, alguns fungos classificados dentro do gênero Penicillium são utilizados para dar sabor a queijos, como o roquefort e o camembrert.
Filo Ascomycota
Podemos citar ainda dentro do Filo Ascomycota uma série de espécies que parasitam plantas e causam destruições em lavouras, de amendoim, milho e nozes, como as do gênero Aspergillus.
Quando ingeridos ou inalados, esses fungos podem ser extremamente tóxicos, pois produzem um grupo de substâncias chamadas de aflatoxinas, capazes de provocar câncer nos seres humanos.
Claviceps purpúrea
Por fim, podemos citar ainda os parasitas de planta da espécie Claviceps purpúrea. Esses fungos, quando ingeridos ou inalados, podem causar um sério envenenamento conhecido como ergotismo.
Nesse sentido, uma pessoa terá confusão mental, alteração do ritmo cardíaco e a da pressão arterial, espasmos, desmaios, coma e morte.
Na década de 1940, foi descoberto que o esporão-do-centeio possui uma substância alucinógena que é utilizada até hoje na produção da droga ilícita que conhecemos como LSD.
Características dos Ascomicetos
O grupo dos ascomicetos é um grupo de fungos monofilético. Isso quer dizer que as características das espécies desse grupo levam os cientistas a acreditarem que todas pertencem a um único ramo evolutivo, com um único ancestral comum.
Dentro do Filo Ascomycota encontramos tanto espécies unicelulares, como as leveduras, como também espécies pluricelulares, como os bolores e as trufas. Nas espécies pluricelulares há a formação de um emaranhado de hifas, conhecido como micélio.
Nos ascomicetos pluricelulares as hifas são septadas, ou seja, possuem uma divisão entre uma célula e outra. Contudo, apesar de terem essa divisão, não ficam completamente isoladas, uma vez que geralmente há poros nos septos. Através desses poros, as células conseguem trocar substâncias rapidamente.
Reprodução dos ascomicetos
Como falamos, a reprodução no Reino Fungi é bastante interessante. Assim, a principal característica dos ascomicetos é a formação de estruturas reprodutivas chamadas de ascos, durante seus ciclos de vida.
Os ascos são estruturas reprodutivas formadas por pequenas bolsas nas pontas de hifas e são formados a partir da fusão de duas hifas haploides.
Após a fusão das hifas, o núcleo diploide no interior dos ascos sofre meiose e, em seguida, sucessivas mitoses. Essas divisões formam esporos haploides, chamados de ascósporos.
Esses ascósporos, por sua vez, são dispersados e, ao encontrarem ambientes favoráveis, dão origem a novas hifas.
Em algumas espécies de ascomicetos pluricelulares, pode ocorrer a formação de uma estrutura vegetativa chamada de ascoma. Essa estrutura envolve conjuntos de ascos e podem ter formato de taças ou de elevações com um pequeno poro no topo por onde saem os ascósporos.
Basidiomicetos ou Filo Basidiomycota
Representantes dos Basidiomicetos
Há cerca de 2500 espécies de fungos classificados como basidiomicetos. Dentro desse grupo estão os fungos que conhecemos popularmente como cogumelos e orelhas-de-pau. Veja a seguir algumas espécies bem conhecidas.
Algumas espécies de basidiomicetos são amplamente consumidas como alimentos. Além de muito saborosos, esses fungos são ricas fontes de proteínas e outros nutrientes.
Dentre as espécies de basidiomicetos mais consumidas estão as do gênero Agaricus, conhecidas popularmente como cogumelos-paris ou champignon. Além disso, temos a espécie Lyophyllum shimeji, conhecida popularmente como cogumelos shimeji. Bem como a espécie Lentinula edodes, conhecida popularmente como shitake.
Reino Fungi e os fungos tóxicos
Há também muitas espécies de basidiomicetos que podem ser extremamente tóxicas para os seres humanos, como algumas espécies do gênero Amanita.
A mais famosa delas talvez seja o cogumelo da espécie Amanita muscaria. Esse cogumelo vermelho com pintinhas brancas aparece em várias mídias da cultura pop, como o jogo “Super Mario” e na animação “Alice no país das maravilhas”.
Olha só a imagem. É tão fofinho! Mas, não se engane! É extremamente tóxico. Pessoas que ingeriram esse cogumelo relatam alucinações e a sensação de parecer estar crescendo.
Esses relatos foram utilizados como inspiração para o cogumelo do jogo Super Mario, onde o personagem “cresce” ao capturar cogumelos e para cenas do filme de Alice no País das Maravilhas.
Esse cogumelo, além de ser muito belo, possui substâncias psicoativas e alucinógenas para seres humanos. Dessa forma, é muitas vezes ingerido em chás com objetivos psicodélicos. Todavia, se ingerido de maneira inadequada, pode causar séria intoxicação.
Além disso, há ainda algumas espécies de basidiomicetos que são parasitas de vegetais, como certas espécies de cerais e café. As doenças causadas por essas espécies são popularmente conhecidas como ferrugens e causam sérios danos às lavouras.
Características dos Basidiomicetos
Dentre todas as espécies do Reino Fungi, os basidiomicetos talvez sejam os mais populares. Isso se deve, principalmente, a seus corpos reprodutivos, conhecidos como basidiocarpos. Como você viu acima, além de muito bonitos, os basidiocarpos são amplamente utilizados como alimento.
Assim como os ascomicetos, os basidiomicetos possuem hifas septadas, com poros que facilitam a passagem de substâncias entre as células.
Entretanto, há uma particularidade interessante nas hifas desses fungos: em certas formas do seu ciclo vital, podem ser formadas hifas dicarióticas. Ou seja, hifas em que encontramos dois núcleos dentro da mesma célula.
Ciclo reprodutivo dos basidiomicetos
As hifas vegetativas dos fungos basidiomicetos são, em geral, hifas haploides. Quando germina, o basidiósporo, muitas vezes, dá origem a hifas com vários núcleos. À medida que crescem, septos surgem separando os núcleos, formando hifas com apenas um núcleo.
Quando estão maduras, as hifas de um organismo/ linhagem podem se fundir a outras, formando hifas dicarióticas (com dois núcleos). A partir de então, começa uma multiplicação dessas células, formando os corpos reprodutivos chamados de basidiocarpos, que muitas vezes chamamos de cogumelos.
Nos basídios, ocorre a fusão desses núcleos. E, em seguida, ocorre a meiose e a produção dos esporos.
Quitridiomicetos ou Filo Chytridiomycota
Representantes dos quitridiomicetos
Neste grupo estão pouco mais de 800 espécies de fungos. Entre essas espécies, podemos destacar a Batrachochytrium dendrobatidis. Essa espécie de fungo parasita anfíbios e é apontada como um dos fatores da diminuição de populações desses animais.
Características dos quitridiomicetos
Nesse grupo são encontradas as espécies mais primitivas de fungos, com uma grande diversidade morfológica e ecológica. Sendo assim, encontramos várias espécies que se apresentam com formas unicelulares durante todo o seu ciclo de vida, e muitas outras que formam hifas cenocíticas.
Muitas espécies de quitridiomicetos agem como decompositores, mas há também muitas espécies de parasitas. Assim como a espécie citada acima, que parasita anfíbios, e a espécie Rhizophydium sphaerotheca, que parasita algumas espécies de algas.
Reprodução dos quitridiomicetos
Boa parte das espécies de quitridiomicetos são aquáticas. Por conta disso, é comum que essas espécies produzam esporos que possuem flagelos, utilizados no deslocamento dessas células. Esses esporos são chamados de zoósporos.
Resumo sobre Reino Fungi:
Exercícios sobre o Reino Fungi
Por fim, teste os seus conhecimentos com os exercícios abaixo.
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