Você consegue diferenciar um sonho da realidade? Como você consegue provar que realmente existe? Essas foram indagações que o filósofo francês René Descartes fez séculos atrás e que o Enem adora colocar em suas questões. Vamos descobrir as respostas?
Como é possível ter certeza das coisas? Em que devemos acreditar? Foram essas inquietações que levaram o filosofo francês René Descartes a meditar por muito tempo em busca de respostas.
Quem foi René Descartes
René Descartes foi um filósofo francês (1596-1650) que pregava a autonomia do sujeito, como era comum em sua época. A partir do pensamento dedutivo, ele conseguiu provar a nossa existência.
Depois disso, todo o pensamento foi influenciado por suas ideias. O Iluminismo, principal corrente filosófica do século XVIII, foi fortemente influenciada por Descartes.
As principais ideias de René Descartes
Descartes viveu durante o Século XVII, uma época de forte ceticismo oriundo da Filosofia do Renascimento que gerou rápidos avanços na ciência e culminou no declínio da Filosofia Escolástica.
Nessa época, a autonomia do sujeito pensante estava em alta por causa do crescente movimento humanista. Esses elementos deixaram as pessoas um tanto quanto descrentes das certezas de outrora.
Nessa onda de incertezas, Descartes inspirou-se nas ideias de Francis Bacon, que havia constituído um novo método para conduzir experimentos científicos por meio da observação e do raciocínio dedutivo.
O francês partilhava dessa empolgação em relação ao fim do ceticismo. Isto é, Descartes pôde vislumbrar a possibilidade de trazer de volta as certezas em relação ao mundo que foram abaladas pela Filosofia do Renascimento, abrido caminho para o Iluminsmo que viria a seguir.
O que é o Iluminismo
Veja com o professor Felipe de Oliveira, do canal do Curso Enem Gratuito, uma síntese sobre o pensamento Iluminista:
Meditações e Matemática na filosofia de Descartes
Em sua obra intitulada Meditações, Descartes vai se aventurar nos domínios da Metafísica a fim de comprovar a possibilidade de um conhecimento verdadeiro, ainda que partindo das mais céticas posições.
Uma das frases mais famosas de René Descartes é a seguinte: “Devemos investigar que tipo de conhecimento a razão humana é capaz de atingir, antes que comecemos a adquirir conhecimento sobre as coisas em particular”.
Curiosamente, essa obra é escrita em primeira pessoa, isso porque Descartes queria que seus interlocutores trilhassem o mesmo caminho que ele havia percorrido ao escrever a obra. Desta maneira, o leitor seria coagido a assumir o ponto de vista do filosofo francês. Aliás, isso lembra bastante o método utilizado por Sócrates quando convencia seus interlocutores.
A dúvida metódica de René Descartes
Para obter sucesso nessa empreitada em busca da verdade, Descartes fez uso de uma ferramenta que chamamos de Dúvida Metódica.
Ela parte do pressuposto de que tudo que existe e pode ser contestado deve ser deixado de lado. Ou seja, qualquer dúvida que possa surgir em relação à veracidade de algo significa que deve ser ignorado.
Basicamente, esse processo da Dúvida Metódica funcionava assim: Descartes sujeitava suas certezas a uma porção de questionamentos céticos. Em outras palavras, ele fazia várias perguntas acerca das coisas e tentava respondê-las.
Ele levou tão a sério essa linha de pensamento que acabou por duvidar da sua própria existência! Algumas de suas reflexões a respeito do mundo ganharam bastante notoriedade, dentre as contestações mais famosas temos:
“Como é que eu posso saber que o mundo não passa de uma ilusão?”
“Como eu posso saber se não estou sonhando?”
Esses temas são bem recorrentes e abordados ainda hoje, alguns exemplos disso são os filmes Matrix (1999) e A Origem (2010).
Essa incerteza vem da ideia de que nós contamos com nossos sentidos para conhecer o mundo. Ora, esses sentidos podem nos enganar. Logo, não posso confiar em meus sentidos. Essa alegação é fundamental para entendermos o Racionalismo Cartesiano, uma vez que ele faz frente ao Empirismo.
O Empirismo é a corrente filosófica que se baseia nos sentidos (na observação do mundo por meio deles) para conhecer o mundo. Todavia, se eu (assim como fez Descartes) perceber que os sentidos podem me enganar, então todo o meu conhecimento de mundo é uma enganação.
Gênio Maligno
Para ajudar em sua busca pela verdade e eliminar os conhecimentos falsos, René Descartes criou uma ferramenta que ele batizou de Gênio Maligno. Imagine que exista um gênio que está constantemente ao seu lado tentando te enganar. Assim sendo, sempre que estava em dúvida a respeito de algo, Descartes se indagava: será que o gênio pode estar me enganando a respeito disso?
Sempre que a resposta fosse sim, o francês deixava de lado essa crença pois ela era duvidosa. Não podendo ter certeza a respeito de nada ele caiu numa espiral cética infinita que quase pôs fim a sua Meditação em busca da verdade.
Contudo, é de Descartes que estamos falando. O filósofo vai, então, se apegar em algo que não poderia ser duvidoso, um fato solitário que deveria ser verdade: sua existência. Vamos lá descobrir se a gente existe mesmo?
Já sabemos que um Gênio Maligno me faz acreditar em coisas falsas, então não há nada que eu possa ter certeza. Todavia, quando eu afirmo que eu existo, não posso estar errado a respeito disso. Ainda que o Gênio esteja me enganando eu preciso existir para que ele me engane. Portanto, se eu penso na possibilidade de ser enganado, logo eu existo!
Essa reviravolta é bem bacana de ser lida na obra, visto que Descartes narra todo drama e até um leve desespero que ele passou até conseguir uma reles certeza.
Descartes e o Racionalismo
Pode parecer estranho um único argumento ser tão importante assim. Mas, é sobre essa certeza que Descartes, ao longo de suas Meditações, constrói seu raciocínio. Ele é o alicerce do Racionalismo Cartesiano.
Bom, se considerarmos que os sentidos nos enganam, daí para você chegar a uma conclusão verdadeira é preciso algo a mais que os sentidos. O Racionalismo Cartesiano é justamente esse processo que você acompanhou até agora. Isto é, por meio da razão a gente criou todo uma Lógica para elucidação de um problema sem contar com nossos sentidos, mas nos apoiando na Razão.
Racionalismo é, então, a corrente filosófica que se apoia na razão em detrimento dos sentidos na busca pela verdade. Assim sendo, a razão é a fonte de todo do conhecimento verdadeiro e autônomo aos sentidos.
Agora que você já conhece René Descartes, tem algo que pode lhe deixar com a pulga atrás da orelha. Dentro dessa lógica de Descartes, a ideia do “Penso, Logo Existo” contém uma premissa oculta: algo que está pensando, existe.
Imagina só alguém que pensa bastante, tipo o Bruce Wayne, o Macaco Louco, o Tony Stark ou mesmo o Cebolinha com seus planos infalíveis. Essa galera toda aí existe? Essa é uma das críticas feitas ao Racionalismo Cartesiano.
Aula em vídeo
Em seguida, veja a aula em que o professor Ernani Júnior da Silva fala de maneira objetiva das principais ideias de René Descartes:
Questões sobre René Descartes
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1. Pergunta
(Unesp SP/2021)
Texto 1
Nos últimos tempos, reservou-se (e, com isso, popularizou-se) o termo fake news para designar os relatos pretensamente factuais que inventam ou alteram os fatos que narram e que são disseminados, em larga escala, nas mídias sociais, por pessoas interessadas nos efeitos que eles poderiam produzir.
(Wilson S. Gomes e Tatiana Dourado. “Fake news, um fenômeno de comunicação política entre jornalismo, política e democracia”. Estudos em Jornalismo e Mídia, no 2, vol. 16, 2019.)
Texto 2
As vacinas foram os principais alvos de fake news entre todas as publicações monitoradas pelo Ministério da Saúde em 2018. Cerca de 90% dos focos de mentiras identificados pelo órgão tinham como alvo a vacinação. Reconhecido internacionalmente, o programa de imunização brasileiro viu doenças como sarampo e poliomielite voltarem a ameaçar o país em 2018 após os índices de cobertura vacinal caírem em 2017.
(Fabiana Cambricoli. “Ministério da Saúde identifica 185 focos de fake news e reforça campanhas”. https://saude.estadao.com.br, 20.09.2018. Adaptado.)
Os textos tratam de uma prática que é contrária ao princípio da fundamentação racional sustentado por Descartes, que propôs a
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Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(ENEM MEC/2021)
A filosofia é como uma árvore, cujas raízes são a metafísica; o tronco, a física, e os ramos que saem do tronco são todas as outras ciências, que se reduzem a três principais: a medicina, a mecânica e a moral, entendendo por moral a mais elevada e a mais perfeita porque pressupõe um saber integral das outras ciências, e é o último grau da sabedoria.
DESCARTES, R. Princípios da filosofia. Lisboa: Edições 70, 1997 (adaptado).
Essa construção alegórica de Descartes, acerca da condição epistemológica da filosofia, tem como objetivo
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Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(UFPR/2020)
Nas primeiras linhas das Meditações Metafísicas, Descartes declara que “recebera muitas falsas opiniões por verdadeiras” e que “aquilo que fundou sobre princípios mal assegurados devia ser muito duvidoso e incerto”.
(DESCARTES, R. Meditações Metafísicas, In: MARÇAL, J. CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (org.) Antologia de textos filosóficos, Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 153.)
A fim de dar bom fundamento ao conhecimento científico, Descartes entende que é preciso:
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Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(ENEM MEC/2020)
Na primeira meditação, eu exponho as razões pelas quais nós podemos duvidar de todas as coisas e, particularmente das coisas materiais, pelo menos enquanto não tivermos outros fundamentos nas ciências além dos que tivemos até o presente. Na segunda meditação, o espírito reconhece entretanto que é absolutamente impossível que ele mesmo, o espírito, não exista.
DESCARTES, R. Meditações metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).
O instrumento intelectual empregado por Descartes para analisar os seus próprios pensamentos tem como objetivo
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Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(UFU MG/2020)
René Descartes (1596–1650) pode ser considerado o pai da filosofia moderna, pois, em vários aspectos, permitiu uma visão crítica da filosofia medieval, especialmente no que se referia à possibilidade do conhecimento da natureza. Seu livro O discurso do método é um marco para esse ponto de virada filosófica e coloca, em destaque, a importância da dúvida metódica para a investigação científica.
Nesse sentido, essa dúvida cartesiana implicava
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Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(ENEM MEC/2019)
TEXTO I
Considero apropriado deter-me algum tempo na contemplação deste Deus todo perfeito, ponderar totalmente à vontade seus maravilhosos atributos, considerar, admirar e adorar a incomparável beleza dessa imensa luz.
DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
TEXTO II
Qual será a forma mais razoável de entender como é o mundo? Existirá alguma boa razão para acreditar que o mundo foi criado por uma divindade todo-poderosa? Não podemos dizer que a crença em Deus é “apenas” uma questão de fé.
RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
Os textos abordam um questionamento da construção da modernidade que defende um modelo
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Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(ENEM MEC/2015)
Após ter examinado cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir e ter por constante que esta proposição, eu sou, eu existo, é necessariamente verdadeira todas as vezes que a enuncio ou que a concebo em meu espírito.
DESCARTES, R. Meditações. Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
A proposição “eu sou, eu existo” corresponde a um dos momentos mais importantes na ruptura da filosofia do século XVII com os padrões da reflexão medieval, por
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Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(UEL PR/2011)
O principal problema de Descartes pode ser formulado do seguinte modo: “Como poderemos garantir que o nosso conhecimento é absolutamente seguro?” Como o cético, ele parte da dúvida; mas, ao contrário do cético, não permanece nela. Na Meditação Terceira, Descartes afirma: “[…] engane-me quem puder, ainda assim jamais poderá fazer que eu nada seja enquanto eu pensar que sou algo; ou que algum dia seja verdade eu não tenha jamais existido, sendo verdade agora que eu existo […]”
(DESCARTES. René. Meditações Metafísicas. Meditação Terceira, São Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 182. Coleção Os Pensadores.)
Com base no enunciado e considerando o itinerário seguido por Descartes para fundamentar o conhecimento, é correto afirmar:
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Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(ENEM MEC/2014)
É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida.
SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).
Apesar de questionar os conceitos da tradição, a dúvida radical da filosofia cartesiana tem caráter positivo por contribuir para o (a)
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Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(Unesp SP/2017)
Todas as vezes que mantenho minha vontade dentro dos limites do meu conhecimento, de tal maneira que ela não formule juízo algum a não ser a respeito das coisas que lhe são claras e distintamente representadas pelo entendimento, não pode acontecer que eu me equivoque; pois toda concepção clara e distinta é, com certeza, alguma coisa de real e de positivo, e, assim, não pode se originar do nada, mas deve ter obrigatoriamente Deus como seu autor; Deus que, sendo perfeito, não pode ser causa de equívoco algum; e, por conseguinte, é necessário concluir que uma tal concepção ou um tal juízo é verdadeiro.
(René Descartes. “Vida e Obra”. Os pensadores, 2000.)
Sobre o racionalismo cartesiano, é correto afirmar que
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Sobre o(a) autor(a):
Os textos e exemplos acima foram preparados pelo professor Ernani Silva para o Blog do Enem. Ernani é formado em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista. Ministra aulas de Filosofia em escolas da Grande Florianópolis. Facebook: https://www.facebook.com/ErnaniJrSilva
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