Reprodução sexuada: características e classificação

Na reprodução sexuada ocorre a mistura de material genético de dois indivíduos. Você conhece as características desse tipo de reprodução? Não? Então, vem com a gente revisar biologia para o Enem!

A reprodução é uma característica inerente a todos os seres vivos. Através dela, as características hereditárias são transmitidas de geração em geração e as espécies conseguem se manter no planeta.

Tradicionalmente, dividimos os processos reprodutivos em dois grandes grupos: reprodução sexuada e reprodução assexuada. Essa divisão leva em consideração os resultados genéticos gerados em cada tipo de reprodução.

Nesta aula de Biologia remos estudar as características da reprodução sexuada, assim como suas vantagens e desvantagens. Fique com a gente e revise a reprodução sexuada para mandar bem no Enem e nos vestibulares!

O que é reprodução sexuada?

A reprodução sexuada é um processo reprodutivo em que há a mistura de material genético de dois indivíduos. Sendo assim, ao contrário do que acontece na reprodução assexuada, os indivíduos gerados não são geneticamente iguais a um de seus progenitores. Mas sim resultado da combinação do material genético de ambos.

Resumo sobre Reprodução Sexuada

Veja agora com a professora de biologia Juliana Evelyn Santos, do canal do Curso Enem Gratuito, uma introdução básicda sobre a Reprodução Sexuada. E, no final da aula escrita, veja também uma introdução sobre a Reprodução Assexuada.

Características da Reprodução Sexuada:

Nesse tipo de reprodução, em geral, há a participação de células especiais que chamamos de gametas. Essas células transportam parte do material genético dos indivíduos envolvidos na reprodução e permitem sua combinação.

Por conta dessa característica, dizemos que a reprodução sexuada é uma reprodução gâmica.

Vantagens

Como você acabou de ver, na reprodução sexuada os indivíduos-filhos se formam a partir da combinação de material genético de seus progenitores. Assim, a cada geração, diferentes materiais genéticos são recombinados para a formação de novos indivíduos.

Dessa maneira, nas populações em que esse tipo de reprodução acontece, a variabilidade genética é grande. E isso é um fator extremamente importante para a adaptabilidade de uma espécie a determinado ambiente.

Isso porque quando há variabilidade genética, há uma maior probabilidade de que algum ou alguns indivíduos de uma população sobrevivam a uma mudança no ambiente.

Uma vez que são variados, é provável que nem todos os indivíduos de uma população sejam afetados por essa novidade ambiental.

Exemplo de vantagem da reprodução sexuada

Para você entender melhor, vamos pensar em um exemplo. Em Nairóbi, no Quênia, os cientistas descobriram há mais de 10 anos um grupo de cerca de 200 mulheres que trabalham como profissionais do sexo.

Essas mulheres, infelizmente, se expõem recorrentemente à ISTs (Infecções Sexualmente Transmisssíveis), como a Aids. Porém, para a surpresa dos pesquisadores, o vírus HIV não consegue se proliferar no organismo dessas mulheres.

Após investigar seus hábitos, os pesquisadores descobriram que elas provavelmente possuem alguma característica genética que possibilita esse tipo de imunidade específica. Percebe onde eu quero chegar?

A população humana é afetada em peso pelos vírus HIV, mas, por conta da nossa alta variabilidade genética gerada pela reprodução sexuada que praticamos, há grupos que são naturalmente imunes ao vírus HIV.

Caso não houvesse tratamento e o vírus HIV efetivamente matasse todos os seus portadores, ele poderia exterminar os seres humanos se todos nós fôssemos suscetíveis. Mas, a nossa variabilidade nos ajuda a resistir enquanto espécie.

genética e reprodução sexuada
Imagem 1: Na imagem vemos diversas fotos de seres humanos de diferentes etnias. Através dela podemos nos remeter à enorme diversidade humana gerada, entre outros fatores, pela mistura genética possibilitada pela reprodução sexuada.

Desvantagens da reprodução sexuada

Você provavelmente sabe o quanto é custoso conseguir um/a crush para chamar de seu/sua. Isso envolve um enorme gasto de tempo e energia para que você conquiste a pessoa por quem você se interessa.

Mas, você não é o/a único/a na fila do pão. Todos os seres vivos que realizam reprodução sexuada enfrentam o mesmo problema: o dispendioso processo de encontrar um parceiro sexual.

Sendo assim, podemos dizer que a principal desvantagem do processo de reprodução sexuada é justamente o fato de que há um grande gasto de energia e tempo para a procura de um parceiro.

Dessa maneira, as espécies que praticam reprodução sexuada reproduzem-se com menos frequência e produzem menor número de descendentes do que aquelas que fazem reprodução assexuada.

Conceitos relacionados à reprodução sexuada

A grande maioria das espécies de seres vivos que conhecemos realizam reprodução sexuada. Sendo assim, da mesma maneira que temos uma enorme biodiversidade, temos também uma grande variedade de estratégias reprodutivas.

A seguir você irá estudar uma série de termos e conceitos que são utilizados para classificar diferentes características do processo de reprodução sexuada.

Classificação quanto à fecundação

Fecundação é o nome que damos à união do gameta masculino com o gameta feminino. É esse processo que permite a mistura de material genético de dois indivíduos. Ela pode ocorrer de duas maneiras:

Fecundação externa

É o processo de união dos gametas que ocorre no ambiente. Para isso, os indivíduos que estão realizando a reprodução lançam seus gametas no ambiente em que se encontram e assim ocorre a fecundação.

Como os gametas são células delicadas que podem facilmente desidratar em ambiente terrestre, em geral os seres vivos que realizam fecundação externa vivem em ambientes aquáticos.

Como exemplos de seres vivos que realizam fecundação externa podemos citar os peixes ósseos e os anfíbios anuros, como os sapos e pererecas.

reprodução sexuada fecundação externa
Imagem 2: Na imagem acima podemos observar dois anuros copulando. O macho, menor e posicionado em cima da fêmea, massageia a parceira sexual para que ela libere os óvulos (que vemos como uma espuma branca abaixo dos animais). Em seguida, ele libera os espermatozoides sobre os óvulos para que ocorra a fecundação.

Fecundação interna

Na fecundação interna, a união dos gametas ocorre dentro do organismo de um dos indivíduos envolvidos na reprodução. Essa característica facilita a reprodução sexuada em ambientes terrestres, uma vez que não permite que os gametas fiquem expostos ao ambiente e desidratem.

Como exemplos de seres vivos que realizam fecundação interna podemos citar os peixes cartilaginosos, os répteis, as aves e os mamíferos.

fecundação interna
Imagem 3: Na imagem acima você pode observar duas moscas Drosophila melanogaster copulando. Os insetos machos, em geral, possuem uma estrutura de exoesqueleto chamada edeago que permite o macho deposite os espermatozoides dentro da fêmea.

Classificação quanto às gônadas

Monoicos

São considerados monoicos os seres vivos que possuem os dois sexos em um mesmo organismo. Ou seja, um mesmo organismo possui tanto gônadas masculinas quanto femininas.

Esses seres vivos são também chamados de hermafroditas. São exemplos de seres vivos monoicos as minhocas e a maioria das plantas gimnospermas.

imagem de um lírio rosa, considerado um ser vivo de reprodução sexuada e monoico.
Imagem 4: Na imagem acima podemos ver um lírio rosa. No centro das suas pétalas estão a parte masculina e feminina da flor. Sendo assim, podemos dizer que o lírio é um organismo hermafrodita ou monoico.

Dioicos

São chamados de seres dioicos aqueles que possuem os sexos separados. Ou seja, um organismo é somente fêmea OU somente macho. Como exemplo de seres dioicos podemos citar todas as aves e mamíferos, como os seres humanos

pavão
Imagem 5: Na imagem acima podemos observar um pavão macho e um pavão fêmea. Como possuem sexos separados em organismos diferentes, podemos dizer que os pavões são seres dioicos. Outro fator interessante a ser notado através dessa imagem é que a fêmea é bastante diferente do macho. Chamamos isso de dimorfismo sexual.

Classificação quanto ao tipo de desenvolvimento:

Essa classificação é utilizada para classificar os animais e o modo como se desenvolvem ao longo do seu ciclo vital.

Desenvolvimento direto

Dizemos que um animal possui desenvolvimento direto quando os filhotes possuem anatomia semelhante a dos pais, precisando apenas crescerem para se tornarem adultos.

Sendo assim, não passam por estágios intermediários de forma corpórea, como larvas e ninfas. Esses seres vivos podem também ser classificados como ametábolos, pois não sofrem metamorfoses ao longo da via.

São exemplos de seres vivos com desenvolvimento direto os répteis, as aves e os mamíferos.

Desenvolvimento indireto

Um animal realiza desenvolvimento indireto quando seus filhotes são diferentes dos adultos, passando por diferentes formas corpóreas para finalizar seu desenvolvimento. Dentro do desenvolvimento podemos ainda diferenciar dois grupos:

Hemimetábolos

Os hemimetábolos são seres cujos filhotes ou ninfas possuem corpo semelhante ao dos adultos, porém sem algum órgão ou com órgãos pouco desenvolvidos. São exemplos de seres hemimetábolos os gafanhotos e as libélulas.

Na imagem há uma ninfa de gafanhoto com a cabeça laranja e o corpo listrado de amarelo e preto. Ela está sobre algumas folhas verdes. Note que as asas do animal são muito pequenas, pouco desenvolvidas, caracterizando o estágio de ninfa. Imagem extraída de: https://www.insetologia.com.br/2016/12/ninfa-de-gafanhoto-zoniopoda-em-minas.html
Holometábolos

Os seres holometábolos são aqueles cujos filhotes nascem completamente diferentes dos adultos. Por isso, passam por drásticos processos de metamorfose. Em geral, os filhotes de desenvolvimento holometábolo são lagartas ou larvas, que posteriormente passam pelo estágio de pupa ou casulo para somente então virarem adultos.

São exemplos de seres holometábolos as borboletas, as moscas e os mosquitos.

estagios de uma borboleta
Imagem 7: Composição fotográfica onde são mostrados os diferentes estágios de desenvolvimento de uma borboleta: lagarta, pupa e adulto.

Classificação quanto ao tipo de desenvolvimento embrionário

Ovíparos

São os seres vivos cujos filhotes têm seu desenvolvimento embrionário dentro de ovos colocados no ambiente. Esses ovos são formados dentro da fêmea (ou hermafrodita) após a fecundação interna.

São exemplos de seres ovíparos todas as aves, muitos artrópodes, a maioria dos répteis e alguns peixes cartilaginosos.

Ovulíparos

São animais cujos filhotes se desenvolvem em ovos formados no ambiente. Para isso, esses ovos são formados através de fecundação externa.

São exemplos de seres vivos ovulíparos os anuros, como os sapos e as pererecas e todos os peixes ósseos.

Ovovíviparos

São animais cujos filhotes se desenvolvem em ovos, porém esses ovos ficam retidos dentro do corpo da mãe. Esses ovos não trocam nutrientes com o organismo materno e ficam em seu interior até a sua eclosão.

São exemplos de ovovivíparos algumas espécies de répteis e de peixes cartilaginosos.

Vivíparos

São animais cujos filhotes se desenvolvem no interior do útero materno. Para isso, há a formação de anexos embrionários que permitem a troca de substâncias, como nutrientes e gases, entre o organismo materno e o do filhote.

São vivíparos a maioria dos mamíferos.

Tipos especiais de reprodução sexuada

Agora que você já se familiarizou com as principais características e conceitos da reprodução sexuada, veja alguns tipos especiais de reprodução sexuada que podem aparecer no Enem e nos vestibulares:

Conjugação

A conjugação é um processo de mistura de material genético realizado por bactérias. Para isso, duas bactérias constroem entre si uma ponte citoplasmática chamada de píli sexual.

Essa estrutura permite a troca de pedaços de DNA entre as duas células, aumentando a variabilidade genética das populações envolvidas. Porém, esse processo em si não gera descendentes. Para produzir novas bactérias, após a conjugação, as bactérias envolvidas podem realizar cissiparidade.

píli estabelecidos entre bactérias
Imagem 8: Fotomicrografia produzida a partir de microscópio eletrônico de varredura e colorida artificialmente. Nela podemos observar os píli estabelecidos entre bactérias.

Neotenia

Na neotenia ocorre reprodução sexuada entre indivíduos imaturos, como uma larva. Alguns anfíbios urodelos são capazes de realizar neotenia.

axolote e reprodução sexuada
Imagem 9: Os axolotes são salamandras capazes de realizar neotenia.

Poliembrionia

Ocorre quando um zigoto (célula resultante da fecundação) sofre mitose e, ao invés de suas células ficarem juntas formando um único embrião, acabam se separando, formando dois ou mais.

Esse fenômeno dá origem aos gêmeos idênticos ou univitelinos (monozigóticos), que possuem o mesmo material genético. Sendo assim, os indivíduos gerados a partir desse processo serão clones e, por consequência, terão o mesmo sexo.

Poliovulação

Ocorre quando uma fêmea produz mais de um óvulo em seu ciclo reprodutivo. Isso produzirá um desenvolvimento de embriões múltiplos que na espécie humana conhecemos como gêmeos bivitelinos ou dizigóticos.

Esses gêmeos, apesar de terem sido gestados na mesma gestação, não são idênticos. Como foram formados por óvulos e espermatozoides diferentes, eles terão também genomas diferentes.

Resumo sobre reprodução Assexuada

Entenda mais sobre a reprodução Assexuada agora,  assistindo à videoaula abaixo!

Exercícios sobre Reprodução Sexuada

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Sobre o(a) autor(a):

Juliana Evelyn dos Santos é bióloga formada pela Universidade Federal de Santa Catarina e cursa o Doutorado em Educação na mesma instituição. Ministra aulas de Ciências e Biologia em escolas da Grande Florianópolis desde 2007 e é coordenadora pedagógica do Blog do Enem e do Curso Enem Gratuito.

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