A República Juliana: a história de Anita e Giuseppe Garibaldi

Em julho de 1839, uma parte do exército farroupilha partiu do Rio Grande do Sul e conquistou a cidade de Laguna, em Santa Catarina. O comandante da operação foi o marinheiro italiano Giuseppe Garibaldi. Ali ele conheceu e se apaixonou por Anita. Saiba como tudo aconteceu.

Anita de Jesus Ribeiro da Silva tinha 18 anos quando aconteceu a Tomada de Laguna. Ela morava na cidade e já tinha ideais republicanos. Também havia sido casada e abandonada por um sapateiro que se tornou soldado monarquista.

Após conhecer Giuseppe Garibaldi, que tinha 32 anos, ela se engajou na causa da República Juliana e participou de combates contra as forças imperiais em defesa da cidade. 

Quando as forças do Império retomaram Laguna, no final de 1839, Giuseppe e Anita partiram para a região da Serra Catarinense, onde ela acabou capturada pelo exército imperial durante a Batalha de Curitibanos. 

Anita conseguiu fugir a cavalo,  reencontrou Garibaldi e ambos foram para o Rio Grande do Sul. Quando a Guerra dos Farrapos se encaminhava para o fim, em 1841, Garibaldi e Anita se mudaram para o Uruguai.

Em 1847, já com três filhos, eles partem para a Itália, onde Giuseppe se torna general e comandante vitorioso na Guerra pela Unificação da Itália. 

Anita morreu em 1849 e ficou conhecida como “a heroína de dois mundos”, sendo homenageada tanto na Itália, quanto no Brasil. 

Resumo sobre a República Juliana

Veja com o professor de historia Felipe Carlos de Oliveira, do Curso Enem Gratuito, como foi o contexto histórico da Tomada de Laguna e da República Catharinense.   

Estes episódios do resumo acima ficaram marcados como uma contestação ao Império, e pelo deslocamento dos revoltosos gaúchos da Revolução Farroupilha para o Estado de Santa Catarina, com a adesão de catarinenses contrários à monarquia.

Contexto histórico da República Juliana

Giuseppe Garibaldi construiu no Rio Grande do Sul duas embarcações destinadas a fazer a Tomada de Laguna. Ele transportou os barcos por terra, num trecho de 60 quilômetros, utilizando duas imensas carretas puxadas por 100 juntas de bois.

Em seguida, ele navegou pelo Rio Capivari em direção à Foz do Rio Tramandaí. Dali, seguiu até atacar e dominar Laguna, surpreendendo a Marinha Imperial.

Após dominar a cidade, ele e o general David Canabarro, um líder Farroupilha, fundaram a República Catarinense, em 29 de julho de 1839. 

A Revolução Farroupilha

A Revolução Farroupilha foi deflagrada pelos criadores de gado de corte no Rio Grande do Sul. Eles reclamavam dos elevados impostos cobrados pelo Império, que deixavam o produto gaúcho mais caro que o charque importado do Uruguai e da Argentina.

Também havia motivos políticos, como a forma de escolha dos presidentes de província, como eram chamados os governadores da época. Os líderes do Rio Grande do Sul discordavam do pleito, que era realizado diretamente pelo governo central do Império, no Rio de Janeiro.

Uma vez iniciada a Revolução Farroupilha, os navios do Império bloquearam os portos gaúchos, impedindo a saída de cargas de charque. Nesse contexto, o estado de Santa Catarina tomou parte no conflito, já que os gaúchos buscavam outros portos para exportar o charque.

O primeiro movimento de expansão da Guerra dos Farrapos foi a tomada da cidade de Lages, na serra catarinense, em 1838. A chegada dos rebeldes gaúchos ao porto de Laguna ocorreu em 1839. 

O primeiro grande feito histórico de Garibaldi foi que, para escapar do cerco da marinha imperial, ele comandou o transporte dos barcos por terra. Com isso, conseguiu surpreender as forças do império e conquistou a cidade de Laguna, em 22 de julho de 1839, a bordo do Seival.

Em Santa Catarina também existia um movimento político contra o Império, tanto por gaúchos que haviam se deslocado para o estado vizinho desde o início da Guerra dos Farrapos, quanto por uma discussão regional sobre os ideais republicanos, originando o movimento separatista.

Outros fatores que reforçaram a posição catarinense contra o Império eram a limitação comercial nos portos catarinenses e o recrutamento forçado de homens da população local para integrar as tropas do imperador. 

A República Juliana conseguiu resistir por três meses e tentou fazer a expansão em direção à capital da Província. Mas, as tropas do Império bloquearam o acesso dos revoltosos, que foram derrotados na região do Morro dos Cavalos, no atual município de Palhoça. 

Forçados a retornar para Laguna, os membros da tropa rebelde ficam cercados pelas tropas do Império, mas conseguiram escapar subindo a serra catarinense e recuando para Lages. Por fim, retornaram para o Estado do Rio Grande do Sul.

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