semana do cinema

Será que a Semana do Cinema cumpre o desafio do Enem de democratizar a cultura?

Descubra como a Semana do Cinema 2025 facilita o acesso à cultura, tema já abordado pelo Enem, e impacta economia e inclusão social.


Você se lembra do Enem de 2019? A redação, que abordava a democratização do acesso ao cinema, colocou um holofote sobre um problema que vai muito além das salas de exibição: a desigualdade social. Afinal, a cultura é um direito de todos, mas a realidade brasileira não é bem assim.

E mesmo que o tema não volte a cair na prova (porque temas não se repetem nas provas do INEP!), é essencial analisar as medidas tomadas pelo poder público e as mudanças que aconteceram desde que o assunto ganhou destaque. Até porque, quando algo vira tema de redação, significa que é um problema reconhecido pelo governo e que está no radar para ser resolvido.

O que é e como funciona a Semana do Cinema?

É nesse cenário que a Semana do Cinema entra em cena. A iniciativa, organizada pelas maiores redes do setor privado, busca tornar o cinema acessível, cumprindo uma função que se alinha aos objetivos de políticas públicas de cultura. No entanto, ao oferecer essa acessibilidade por tempo limitado, a campanha acaba expondo a barreira que milhões de brasileiros enfrentam no dia a dia. Para muitas pessoas, só com ações como essa é possível ter acesso a lazer e cultura.

O evento acontece na próxima semana, de 28 de agosto a 3 de setembro. Durante esses dias, as salas de cinema oferecem ingressos a um preço único e super acessível: apenas R$10 para sessões convencionais, um valor bem menor que a média nacional. Além disso, a campanha também traz combos promocionais de pipoca e refrigerante para deixar a experiência completa e ainda mais em conta.

O evento é uma iniciativa das grandes redes de cinema, organizada pela FENEEC (Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas) e pela ABRAPLEX (Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex).

A origem do projeto

A ideia da Semana do Cinema não é nova. Ela foi inspirada na “National Cinema Day”, que acontece nos Estados Unidos. A primeira edição por lá foi em 2022, reunindo mais de 8 milhões de pessoas. No Brasil, a primeira edição ocorreu em setembro do mesmo ano e foi um sucesso imediato, provando que o público brasileiro estava sedento por essa oportunidade.

Os números mostram que a estratégia funciona muito bem:

  • Aumento de 148% na frequência na edição de 2023, comparada com o fim de semana anterior.
  • Mais de 20 milhões de pessoas já foram aos cinemas, somando todas as edições.

Esses resultados reforçam uma constatação importante: o preço é uma das maiores barreiras para a população. A redução para R$10 atrai um público massivo e prova que o acesso à cultura está diretamente ligado à questão econômica. Além de encher as salas de cinema, o evento também impulsiona a economia, fortalece o setor audiovisual e gera um impacto positivo em toda a cadeia, do funcionário da bomboniere aos distribuidores de filmes.

O direito à cultura no Brasil

Nossa Constituição, lá de 1988, é bem clara: o direito à cultura é para todos os brasileiros. O Artigo 215 garante que o governo deve assegurar “o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional”. Em tese, isso transforma a cultura em um direito fundamental. Na prática, porém, a história é bem diferente.

A Semana do Cinema escancara desigualdades que vão muito além do preço do ingresso. A falta de acesso é um problema complexo e cheio de barreiras, como mostram dados preocupantes:

  • Acesso físico: mais de 90% dos municípios brasileiros não possuem cinema, teatro ou museus. As poucas salas de cinema, cerca de 200 no total, estão concentradas em grandes cidades e áreas mais ricas. Reforçando: a Semana do Cinema é inútil para quem mora em um lugar sem cinema.
  • Frequência: apenas 13% dos brasileiros vão ao cinema ao menos uma vez por ano. Em outras áreas, os números também são críticos: 92% da população nunca pisou em um museu e 78% nunca viu um espetáculo de dança.

Esses números mostram que, embora o preço seja um fator enorme, a barreira também é territorial e estrutural. Milhões de brasileiros simplesmente não têm acesso físico a uma sala de cinema, mesmo que o ingresso fosse de graça. Nesse contexto, iniciativas como a Semana do Cinema, que dependem do setor privado e não do governo, funcionam como um paliativo. Elas não resolvem o déficit de infraestrutura, mas expõem um paradoxo: enquanto as políticas públicas não dão conta, o setor privado tem preenchido a lacuna.

Isso nos leva a uma questão importante: será que essas ações do setor privado podem servir de inspiração para políticas governamentais mais amplas e eficazes?

O cinema como ferramenta educacional

Além de ser uma fonte de entretenimento, o cinema é um poderoso agente de transformação social. Como vimos, a BNCC b já reconhece seu valor educativo, mas seu potencial vai muito além da sala de aula. Ele pode ser usado para:

  • Educar para a cidadania: Filmes que abordam temas como direitos humanos, meio ambiente, diversidade e história geram debates e conscientizam o público sobre questões sociais. Ao assistir a uma história diferente da sua, o espectador desenvolve empatia e pensamento crítico.
  • Valorizar a identidade cultural: O cinema nacional tem um papel fundamental na valorização da nossa cultura, história e diversidade. Filmes brasileiros levam para as telas narrativas locais que muitas vezes são ignoradas pela mídia tradicional. A Semana do Cinema, ao atrair um público maior, pode incentivar as pessoas a consumirem mais filmes nacionais, fortalecendo nossa indústria e identidade.
  • Fomentar a indústria criativa: A indústria cinematográfica é um motor econômico. Aumentar a frequência nas salas de cinema impulsiona toda uma cadeia produtiva, que inclui roteiristas, diretores, atores, técnicos, distribuidores e produtores. O fortalecimento dessa indústria gera empregos e movimenta a economia, além de criar oportunidades para novos talentos.

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Autor(a) Luana Santos

Sobre o(a) autor(a):

Luana Santos - Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, é redatora com foco em educação, produção de conteúdo para o Enem e vestibulares. Atualmente, integra a equipe da Rede Enem, onde cria materiais informativos e inspiradores para ajudar estudantes a alcançarem seus objetivos acadêmicos. Ama café, livros e uma boa conversa sobre educação.  

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