Sofistas: quem eram os primeiros filósofos

Você provavelmente conhece alguém metido a “sabichão”, certo? Desde a antiguidade tem gente assim. Os sofistas eram aqueles que de tudo sabiam e de tudo falavam. Quer saber mais? Vem com a gente revisar Filosofia Enem!

Na Grécia, em meados do século V a.C. um grupo de filósofos monetizou suas atividades e, com isso, levantaram polêmicas a respeito da função da Filosofia. Eles foram os Sofistas, uma galera considerada “malandra” pelos demais filósofos da época. Apesar disso, as ideias pregadas pelos Sofistas são tema recorrente do Enem e ainda hoje são muito usadas.

Quem eram os Sofistas?

Os Sofistas eram uma espécie de tutores ambulantes que percorriam as cidades ensinando a arte da retórica às pessoas interessadas. Porém, isso era feito mediante pagamento (eram “empreendedores”).

Eles se ocupavam de ensinar o que os gregos chamavam de Arete, isto é, a virtude. A principal finalidade de seus ensinamentos era introduzir o cidadão na vida política.sofistas e a retoricaFigura 1. Era comum os Sofistas viajarem em grupos pelas cidades gregas afim de realizar discursos e acalorados debates públicos, demonstrando sua retórica na expectativa de atrair estudantes. Em particular, nobres que pudessem pagar pelos estudos.

Todavia, só nos restou desses de seus ensinamentos alguns poucos fragmentos e tampouco algumas citações. Assim sendo, fica complicado entender certinho como esses caras pensavam. Ainda que, saibamos coisas importantes sobre a Filosofia dos Sofistas, a maior parte do conhecimento que temos sobre eles vem Platão e Aristóteles. Que, diga-se passagem, foram opositores dos Sofistas.

Por essa razão, antes de nos aprofundarmos nos Sofistas, vamos trocar uma ideia sobre o contexto histórico que estava rolando naquela época.

Contexto histórico do Sofismo

Athenas durante o século V a.C teve como governante um homem chamado Péricles. Durante seu regime, tivemos o auge da democracia ateniense.

O exercício da Democracia ateniense acontecia na Ágora. A Ágora era uma espécie de praça pública, onde se fazia a política por meio da argumentação e da retórica.

Essas duas artes eram muitos populares (ainda são) pois, a partir delas era possível convencer os outros de suas opiniões e ideias por mais estranhas, nefastas ou mentirosas que fossem. Soa familiar?a ágora em athenasFigura 2. A Ágora era o nome que se dava às praças públicas na Grécia Antiga. Nestas praças ocorriam reuniões onde os gregos, principalmente os atenienses, discutiam assuntos ligados à vida da cidade (pólis).

Para entender melhor, imagine que você está vivendo na Grécia antiga sem nosso Curso ou qualquer tipo de educação formal para te auxiliar. Como seria possível melhorar sua habilidade de argumentar? Como você, enquanto cidadão da Pólis, iria aperfeiçoar sua oratória? Você poderia contratar os Sofistas!

Introdução ao Sofismo

Para começar a sua revisão, veja esta aula da professora Paula Pille, do canal do Curso Enem Gratuito, com a Introdução  ao pensamento dos Filósofos Sofistas:

Muito bom este resumo da professora Paula Pille. Agora, bora prosseguir.

Os Sufistas na prática

As pessoas apelavam para os Sofistas na intenção de aprimorarem sua retórica para as dificuldades que enfrentariam na vida pública. Por isso os Sofistas não eram bem uma escola filosófica, era mais como uma “prática”.

Embora a democracia exista até hoje, vale lembrar que a democracia ateniense diverge bastante do conceito atual de democracia. Na Grécia, faziam parte da vida política apenas os cidadãos, isto é, os homens, maiores de idade possuidores de bens. Ser cidadão na Grécia era ser “playboy”, cheio da grana e do prestigio.

Pois bem, temos aqui uma “treta”, muito atual por sinal. Veja só: toda essa necessidade de uma boa argumentação e o dinheiro envolvido, vai ser o cenário perfeito para a ascensão dos Sofistas. Contudo, como você já sabe, só quem tem a grana era capaz de contratá-los. Portanto, somente os mais ricos tinham acesso a esse conhecimento.

As ideias Sofistas

Mas afinal, o que eles ensinavam que deixava todo mundo bom de oratória e retórica? Os Sofistas propagavam a ideia de que o conhecimento é relativo, isto é, só será verdade aquilo que for útil para ação humana.

Com isso, eles alastram a ideia de que nós só conseguimos expressar opiniões a respeito de qualquer tema se tivermos capacidade de argumentar. Ou seja, os Sofistas não estavam interessados na procura pela verdade e sim no refinamento da retórica, a arte de vencer discussões. Para eles, a verdade era relativa de acordo com o lugar e o tempo em que o homem está inserido.

Principais Sofistas

Temos entre os principais Sofistas: Protágoras, Górgias, Pródico, Hípias, Trasímaco, Antifonte e Crátilo. Vale então falar um pouco de Protágoras, um dos mais conhecidos Sofistas, uma vez que Platão mencionou ele em uma de suas obras.os principais sofistasFigura 3. Os mais conhecidos sofistas foram Protágoras de Abdera (c. 490-421 a.C.), Górgias de Leontinos (c. 487-380 a.C.).

Segundo Platão, além de ensinar a retórica, Protágoras foi nomeado por Péricles para redigir a constituição de uma colônia ateniense. No diálogo Teeteto, Platão dá voz ao pensamento de Protágoras:

“O homem é a medida de todas as coisas, das que são como são e das que não são como não são”.

Isso significa, em outras palavras, que se uma pessoa pensa que uma coisa é verdade, tal coisa é a verdade para ela.

Sócrates e os Sofistas

Toda essa conversa de relativismo vai irritar alguns filósofos, em especial um cara chamado Sócrates. Esse camarada aí ensinava a galera, mas não curtia a ideia de cobrar pelas aulas. Sócrates acreditava que o ensino não era uma mercadoria que podia ser comprado, mas uma parada que era construída.

Descordando dos Sofistas, Sócrates pensava que a opinião é uma expressão individual, todavia o conceito é universal, ou seja, você até pode ter uma opinião, mas não significa que ela seja válida.socrates fazia oposição aos sofistasFigura 4. Sócrates fazia oposição aos Sofistas, pois discordava do relativismo moral dos Sofistas, assim como de ensinar uma retórica puramente persuasiva.

Resumo sobre Sócrates e os Sofistas

Confira agora com o professor Alan Ghedini uma introdução completa ao tema de Sócrates e os Sofistas:

Por fim, vamos ter uma diferença importantíssima, dessas que caem no Enem, entre Sócrates e os Sofistas.

De um lado os Sofistas ensinavam (mediante pagamento) a retórica para que seus alunos pudessem convencer os outros que sua opinião é a melhor. Do outro lado, Sócrates ensinava (de graça) à dialética contrapondo argumentos (por meio da maiêutica).

Sócrates dizia que não sabia de nada para levar seus interlocutores a duvidar do próprio conhecimento e com isso chegar a um conhecimento seguro pois, estava preocupado com a verdade.

 

Já está sabendo tudo sobre os Sofistas agora? Legal, então bora testar seus conhecimentos com as questões abaixo:

Questão 01 – (UEA AM/2014)    

O sofista é um diálogo de Platão do qual participam Sócrates, um estrangeiro e outros personagens. Logo no início do diálogo, Sócrates pergunta ao estrangeiro, a que método ele gostaria de recorrer para definir o que é um sofista.

Sócrates: – Mas dize-nos [se] preferes desenvolver toda a tese que queres demonstrar, numa longa exposição ou empregar o método interrogativo?

Estrangeiro: – Com um parceiro assim agradável e dócil, Sócrates, o método mais fácil é esse mesmo; com um interlocutor. Do contrário, valeria mais a pena argumentar apenas para si mesmo.

(Platão. O sofista, 1970. Adaptado.)

É correto afirmar que o interlocutor de Sócrates escolheu, do ponto de vista metodológico, adotar

a) a maiêutica, que pressupõe a contraposição dos argumentos.

b) a dialética, que une numa síntese final as teses dos contendores.

c) o empirismo, que acredita ser possível chegar ao saber por meio dos sentidos.

d) o apriorismo, que funda a eficácia da razão humana na prova de existência de Deus.

e) o dualismo, que resulta no ceticismo sobre a possibilidade do saber humano.

Questão 02 – (UEG GO/2011)    

No século V a.C., Atenas vivia o auge de sua democracia. Nesse mesmo período, os teatros estavam lotados, afinal, as tragédias chamavam cada vez mais a atenção. Outro aspecto importante da civilização grega da época eram os discursos proferidos na ágora. Para obter a aprovação da maioria, esses pronunciamentos deveriam conter argumentos sólidos e persuasivos. Nesse caso, alguns cidadãos procuravam aperfeiçoar sua habilidade de discursar. Isso favoreceu o surgimento de um grupo de filósofos que dominavam a arte da oratória. Esses filósofos vinham de diferentes cidades e ensinavam sua arte em troca de pagamento. Eles foram duramente criticados por Sócrates e são conhecidos como

a) maniqueistas.

b) hedonistas.

c) epicuristas.

d) sofistas.

e) retóricos.

Questão 03 – (UFPE/2007)    

A sociedade grega criou seus mitos e deuses, mas também elaborou um pensamento filosófico que expressava sua preocupação com a verdade e a ética.

Além de Aristóteles, Platão e Sócrates, muitos pensadores merecem ser citados e discutidos, como os sofistas, que:

a) defenderam a liberdade de expressão, embora estivessem ligados à aristocracia ateniense, contrária à ampliação da cidadania.

b) construíram reflexões sobre o comportamento humano que serviram de base para Aristóteles pensar a sua metafísica.

c) criticaram a existência de verdades absolutas, afirmando ser o homem a medida de todas as coisas.

d) ajudaram a consolidar o pensamento conservador grego, reafirmando a importância da mitologia.

e) formularam princípios éticos, revolucionários para a época e de grande significado para o pensamento de Platão.

Questão 04 – (UESPI/2008)    

A construção da história requereu lutas contra as dificuldades naturais e grande capacidade de invenção. Muitas reflexões filosóficas foram importantes para pensar a condição da cultura. Os sofistas contribuíram com essas reflexões, quando:

a) defenderam a relatividade, mostrando as impossibilidades para se chegar à verdade universal.

b) confirmaram as teorias políticas de Sócrates, ressaltando o valor da república democrática.

c) seguiram os ensinamentos do cristianismo, fundando uma religião sem rituais e hierarquias.

d) ampliaram as dimensões da filosofia platônica, afirmando a força do idealismo estético para a arte.

e) criticaram as idéias de Aristóteles, embora aceitassem suas reflexões sobre os fundamentos da verdade.

GABARITO: 

  1. A, 2.D, 3.C, 4.A.

 

Sobre o(a) autor(a):

Os textos e exemplos acima foram preparados pelo professor Ernani Silva para o Blog do Enem. Ernani é formado em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista. Ministra aulas de Filosofia em escolas da Grande Florianópolis. Facebook: https://www.facebook.com/ErnaniJrSilva

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