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5 filmes para assistir (e estudar) nas férias

Filme que educa: aproveite suas férias para aprender mais sobre sociedade com uma seleção de títulos que provocam reflexão crítica.


Quando a gente pensa em férias, logo imagina descanso, sofá e aquele filme bom, né? Mas e se esse momento de lazer também pudesse trazer reflexões profundas sobre a vida, a sociedade e até sobre nós mesmos? É isso que propõe essa curadoria: transformar o cinema em uma ferramenta de aprendizado, sem deixar de lado o prazer de assistir a boas histórias.

Pensando nisso, selecionamos cinco filmes que vão além do entretenimento. Cada um deles traz temas fortes, reflexões profundas e histórias que mexem com a gente. São títulos que podem inspirar debates, gerar empatia, provocar incômodos necessários e, principalmente, ajudar a entender melhor o mundo em que vivemos. Bora lá?

Ilha das Flores (1989)

Dirigido por Jorge Furtado, Ilha das Flores é um curta-metragem brasileiro de apenas 13 minutos que consegue, nesse tempo curtíssimo, chocar, fazer rir e indignar o público. O filme começa acompanhando o trajeto de um tomate – da plantação, passando pelo supermercado, até chegar ao lixo. Mas o que parece uma simples história sobre desperdício se transforma em uma crítica brutal ao sistema econômico e à desigualdade social.

Com narração rápida e irônica, montagem dinâmica, imagens de arquivo, colagens e associação livre de conceitos, o filme explica como funciona a cadeia de consumo e produção. No fim, vemos mulheres e crianças pobres disputando restos de comida no lixão da Ilha das Flores – restos que nem os porcos quiseram comer. A frase provocativa “Deus não existe” aparece na tela, mostrando que, se existe tanta injustiça, não é por vontade divina, mas sim pelas escolhas humanas e sistêmicas.

Por que é importante para o ENEM?

Esse filme ajuda a entender:

  • Desigualdade social e exclusão, temas centrais em redações e questões de Sociologia e Geografia.
  • Crítica ao capitalismo e à lógica de consumo, importante em Filosofia e Atualidades.
  • Linguagem audiovisual como forma de crítica social, conectando Arte, Literatura e redação.
  • A relação entre ética, economia e dignidade humana, recorrente em redações sobre cidadania, empatia e políticas públicas.

Para refletir

  • Como a linguagem do filme (narração, montagem, humor ácido) intensifica a crítica social?
  • O que significa “Deus não existe” no contexto da Ilha das Flores?
  • Por que as pessoas no filme não têm acesso nem ao que os porcos rejeitam?
  • Qual a responsabilidade individual e coletiva na manutenção de tanta desigualdade?

20 Dias em Mariupol (2023)

Dirigido por Mstyslav Chernov, 20 Dias em Mariupol é um documentário impactante que acompanha os vinte dias vividos pelo próprio diretor e sua equipe de jornalistas durante o cerco russo à cidade ucraniana de Mariupol, em 2022. Eles foram os únicos repórteres internacionais a permanecerem na cidade sitiada, enfrentando bombardeios, falta de comida, energia e segurança enquanto continuavam documentando os horrores da guerra.

O filme mostra imagens chocantes: valas comuns, hospitais destruídos, crianças mortas, famílias desesperadas. Mas também revela o lado humano dos jornalistas, seu medo, exaustão e o dilema moral de continuar registrando tanto sofrimento. É uma narrativa crua e visceral, contada em primeira pessoa, que coloca o espectador dentro da guerra, sem filtros ou romantização.

Por que é importante para o ENEM?

Esse filme ajuda a entender:

  • Conflitos geopolíticos contemporâneos, tema frequente em Atualidades e Geografia.
  • Direitos humanos e ética jornalística, importantes para questões de Filosofia, Sociologia e redação.
  • O poder da mídia na construção da realidade, conectando com temas de comunicação e informação.
  • Empatia e responsabilidade global, fundamentais para redações sobre solidariedade, paz e cooperação internacional.

Para refletir

  • Qual o papel do jornalismo independente em zonas de guerra?
  • Como a perspectiva em primeira pessoa impacta nossa visão sobre o conflito?
  • Quais os dilemas éticos de filmar tanto sofrimento humano?
  • De que forma a informação influencia a reação internacional frente a guerras e violações de direitos?

Othelo, o Grande (2023)

Dirigido por Lucas H. Rossi dos Santos, Othelo, o Grande é um documentário essencial sobre a vida de Sebastião Bernardes de Souza Prata, conhecido como Grande Otelo, um dos maiores atores da história do Brasil. Negro, órfão, neto de escravizados, Otelo superou o racismo estrutural para brilhar no teatro, no cinema e na TV em uma época em que a discriminação era ainda mais brutal e escancarada.

O filme é narrado pelo próprio Grande Otelo, com imagens raras de arquivo e trechos de entrevistas, o que cria uma experiência íntima e poderosa. A narrativa mostra sua infância difícil, sua ascensão nos cassinos, a consagração nas chanchadas, a participação no Cinema Novo e sua presença marcante na televisão. Otelo também dividiu cenas com grandes cineastas, como Orson Welles e Werner Herzog, mostrando sua relevância mundial.

O documentário faz um resgate histórico e político da importância dele para a cultura brasileira, revelando como sua arte abriu portas para as futuras gerações de artistas negros. O diretor chega a compará-lo a Exu, o orixá que abre caminhos, destacando seu papel ancestral na cultura afro-brasileira.

Por que é importante para o Enem?

Esse filme ajuda a entender:

  • Racismo estrutural no Brasil, tema recorrente em redação, Sociologia e História.
  • Representatividade negra na arte e na mídia, essencial para discutir cultura e identidade.
  • A construção da cultura brasileira, conectando artes, literatura, história e filosofia.
  • Resistência e ancestralidade, temas que dialogam com questões sociais e de direitos humanos no Enem.

Para refletir

  • Como a vida de Grande Otelo mostra a luta contra o racismo estrutural?
  • Por que a representatividade negra na arte importa tanto até hoje?
  • O que a escolha do diretor de usar a voz do próprio Otelo traz para a narrativa?
  • Como a história dele ajuda a entender as raízes culturais e sociais do Brasil?

Cidade de Deus (2002)

Dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund, Cidade de Deus é um dos filmes brasileiros mais impactantes e reconhecidos no mundo. Baseado no livro de Paulo Lins, ele conta a história real da favela Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, mostrando a vida de seus moradores desde os anos 60 até os 80.

O filme acompanha Buscapé, um jovem tímido que sonha ser fotógrafo, e Zé Pequeno, que se torna um dos criminosos mais temidos da região. Ao longo da narrativa, vemos como a pobreza extrema, a ausência do Estado, a violência policial, o tráfico de drogas e a falta de oportunidades criam um ciclo vicioso de violência que parece impossível de quebrar.

Por que é importante para o Enem?

Esse filme ajuda a entender:

  • Desigualdade social e exclusão, temas centrais em redações e questões de Sociologia e Geografia.
  • Violência urbana e ausência do Estado, discussão frequente em atualidades e ciências humanas.
  • Cultura periférica, resistência e representatividade, importantes para análises de Arte, Literatura e redação.
  • Como a linguagem cinematográfica pode ser ferramenta de denúncia, conectando com temas de comunicação, mídia e arte.

Para refletir

  • Como o filme mostra o ciclo da violência e a falta de perspectivas na favela?
  • Qual o papel do Estado diante dessa realidade?
  • O que as trajetórias de Buscapé e Zé Pequeno dizem sobre escolhas individuais e determinismo social?
  • De que forma o filme usa montagem, fotografia e trilha sonora para impactar o público?

Memórias do Subdesenvolvimento (1968)

Esse clássico do cinema cubano, dirigido por Tomás Gutiérrez Alea, é considerado por muitos um dos melhores filmes latino-americanos já feitos – e é um dos favoritos do cineasta brasileiro Walter Salles (Central do Brasil, Diários de Motocicleta). O longa mergulha nas incertezas de Sergio, um homem rico que decide ficar em Cuba após a Revolução, enquanto todos ao seu redor vão embora. O filme é contado do ponto de vista dele, que observa a sociedade cubana recém-revolucionária com um misto de superioridade, tédio e desorientação.

A narrativa mistura ficção e imagens reais, criando uma experiência quase documental. A gente vê o protagonista perambulando por Havana, refletindo sobre política, pobreza, cultura, sexo, amor… mas sem nunca se engajar de fato em nada. Ele critica o “subdesenvolvimento” dos outros, mas também revela seu próprio vazio existencial.

Por que é importante para o Enem?

Esse filme ajuda a entender:

  • O conceito de subdesenvolvimento além da economia, incluindo questões sociais e culturais.
  • A visão crítica das elites latino-americanas, muitas vezes distantes das mudanças sociais.
  • Os processos de revolução e transformação social na América Latina, que aparecem em Geografia, História e Sociologia.
  • O papel da cultura na identidade de um povo, tema frequente em redações e questões de Ciências Humanas.

Para refletir:

  • O que significa “subdesenvolvimento” no filme? É apenas econômico ou também cultural, moral e existencial?
  • Como o olhar distante e cínico de Sergio representa parte das elites latino-americanas diante das mudanças sociais?
  • De que forma o filme mistura documentário e ficção para construir sua crítica social e política?
  • O que essa história nos diz sobre alienação, responsabilidade individual e consciência de classe?

Dica final

Aproveite essas férias para descansar, mas também para ampliar seu olhar sobre a vida. O cinema pode ser um ótimo ponto de partida para transformar conhecimento em ação. Se quiser, anote suas reflexões após assistir aos filmes – isso ajuda a fixar ideias e desenvolver seu pensamento crítico para a vida… e também para a redação!

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Autor(a) Luana Santos

Sobre o(a) autor(a):

Luana Santos - Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, é redatora com foco em educação, produção de conteúdo para o Enem e vestibulares. Atualmente, integra a equipe da Rede Enem, onde cria materiais informativos e inspiradores para ajudar estudantes a alcançarem seus objetivos acadêmicos. Ama café, livros e uma boa conversa sobre educação.  

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