Mais idosos: o que a pirâmide demográfica do Brasil nos mostra?

Entenda o que a pirâmide demográfica mostra sobre o envelhecimento da população brasileira e por que isso importa para o Enem.

A pirâmide demográfica é uma ferramenta fundamental para entender a distribuição da população por idade e sexo. Mais do que um gráfico, ela funciona como um retrato do momento demográfico de um país, permitindo observar transformações sociais, econômicas e culturais ao longo do tempo.

No caso do Brasil, a pirâmide vem passando por mudanças expressivas nas últimas décadas, refletindo profundas alterações nos padrões de fecundidade, mortalidade e expectativa de vida da população. Com base nos dados mais recentes do Censo 2022 do IBGE, é possível compreender melhor essas transformações — e os impactos que elas trazem para o presente e o futuro do país. Bora dar uma olhada?

O que é pirâmide demográfica?

A pirâmide demográfica é um gráfico utilizado para representar a estrutura da população de um país, estado ou cidade, distribuída por idade e sexo em um determinado momento. Ela é chamada de “pirâmide” porque, em contextos históricos de alta natalidade e mortalidade, sua forma se assemelha a um triângulo: uma base larga (indicando muitos jovens) e um topo estreito (poucos idosos).

No eixo vertical da pirâmide, estão representadas as faixas etárias (em intervalos de cinco anos, por exemplo). No eixo horizontal, encontram-se os percentuais ou números absolutos da população, separados por sexo: de um lado os homens e, do outro, as mulheres.

A leitura da pirâmide permite analisar aspectos importantes de uma sociedade, como:

  • Taxas de natalidade e envelhecimento;
  • Impactos de políticas públicas (educação, saúde, previdência);
  • Desigualdades regionais e sociais;
  • Expectativas sobre o futuro da força de trabalho.

Ao longo do tempo, a forma da pirâmide muda conforme ocorrem transformações demográficas — como aumento da expectativa de vida, queda da fecundidade ou migrações em massa. Por isso, ela também é uma ferramenta essencial de planejamento para governos e instituições.

O que está mudando na estrutura da população brasileira?

Pirâmide demográfica de 1943: na época, o Brasil tinha uma base larga. (Foto: Reprodução)

Tradicionalmente, a pirâmide demográfica brasileira apresentava uma base larga (indicando grande número de crianças e jovens) e um topo estreito (poucos idosos), típico de países em desenvolvimento com altas taxas de natalidade. No entanto, esse perfil vem se transformando rapidamente, revelando o processo de transição demográfica que o Brasil atravessa.

Entre 2010 e 2022, o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu 57,4%, alcançando 22,2 milhões de indivíduos — o equivalente a 10,9% da população total. Essa mudança é resultado de dois fatores principais:

Aumento da expectativa de vida

Em 1940, a expectativa de vida no Brasil era de apenas 45,5 anos. Em 2023, esse índice chegou a 76,4 anos. Esse avanço está diretamente relacionado à melhoria nas condições sanitárias, ao desenvolvimento da medicina, à ampliação do acesso à saúde pública e à queda significativa na mortalidade infantil.

Queda da taxa de fecundidade

A taxa de fecundidade, que indica o número médio de filhos por mulher, caiu drasticamente nas últimas décadas. Em 2024, essa taxa está estimada em 1,6 filho por mulher, abaixo do nível de reposição populacional, que é de aproximadamente 2,1. Entre os fatores que explicam essa redução estão o aumento da escolarização feminina, a inserção das mulheres no mercado de trabalho, o acesso a métodos contraceptivos e a mudança nas prioridades individuais e familiares.

Projeções: uma pirâmide cada vez mais estreita na base

Com a queda nas taxas de natalidade e o envelhecimento da população, a pirâmide demográfica brasileira está gradualmente perdendo o formato tradicional e se aproximando de um perfil mais retangular — comum em países desenvolvidos. As projeções indicam que, em 2047, o número de idosos no Brasil superará o de crianças.

A tabela a seguir, baseada em dados do IBGE, resume essa transformação:

Faixa Etária2010 (%)2022 (%)2047 (Projeção) (%)2050 (Projeção) (%)
0 a 14 anos25,919,713,512,9
15 a 64 anos64,969,361,760,5
65 anos ou mais9,210,924,826,6

Fonte: Elaborado com base em dados do IBGE e projeções populacionais .

A diminuição da população jovem pode trazer implicações importantes para o país, especialmente no que diz respeito à força de trabalho e ao sistema educacional. Com menos crianças e adolescentes, será necessário rever estratégias e investimentos voltados à educação básica e à formação profissional.

Impactos socioeconômicos da mudança demográfica

As alterações na pirâmide demográfica não se restringem ao campo estatístico. Elas afetam diretamente a dinâmica econômica, o mercado de trabalho, as políticas públicas e as relações sociais.

Sustentabilidade da previdência social

O aumento da população idosa impõe um desafio para o sistema previdenciário brasileiro. Com menos pessoas em idade ativa contribuindo e mais indivíduos se aposentando, a sustentabilidade financeira da previdência passa a depender de reformas estruturais e de novas formas de financiamento.

Fim do bônus demográfico

(Imagem: Poder 360)

O bônus demográfico ocorre quando a maior parte da população está em idade produtiva, o que pode impulsionar o crescimento econômico. No Brasil, esse período chegou ao fim em 2019. A partir de agora, o crescimento econômico dependerá cada vez mais de ganhos em produtividade, qualificação da mão de obra e inovação tecnológica.

Envelhecimento antes do desenvolvimento

Há uma preocupação entre especialistas de que o Brasil esteja envelhecendo antes de alcançar um nível elevado de desenvolvimento econômico. Diferentemente de países ricos, que passaram pela transição demográfica após se consolidarem economicamente, o Brasil enfrenta esse desafio com desigualdades ainda marcantes, exigindo políticas públicas eficazes para garantir o bem-estar da população idosa.

Transformações no mercado de trabalho

O envelhecimento populacional também transforma o mercado de trabalho. Pode haver uma diminuição da oferta de jovens e um aumento da participação de pessoas mais velhas. Isso exige políticas de requalificação profissional, combate ao etarismo e estímulo a setores como o de cuidados com idosos.

Desigualdades regionais e raciais na pirâmide demográfica

(Imagem: IBGE/Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2018.)

A pirâmide demográfica brasileira também escancara as desigualdades existentes no país. Enquanto regiões como Norte e Nordeste ainda apresentam taxas de natalidade mais altas e uma população mais jovem, o Sul e o Sudeste avançam mais rapidamente no processo de envelhecimento. Essas diferenças estão associadas a fatores como acesso à educação, serviços de saúde e oportunidades econômicas.

Além disso, a desigualdade racial permanece evidente. A população negra, mesmo representando uma parcela significativa da sociedade, encontra maiores dificuldades de acesso ao topo da pirâmide de renda e à garantia de direitos básicos, refletindo os efeitos persistentes do racismo estrutural.

A pirâmide como tema no Enem

O estudo da pirâmide demográfica é um tema relevante que pode aparecer de diversas formas nas provas de vestibular, especialmente na redação do Enem. Abaixo, alguns exemplos de temas que podem ser cobrados:

  • Os desafios do envelhecimento populacional no Brasil
  • Planejamento familiar e seus impactos sociais e econômicos
  • Políticas públicas frente à transição demográfica
  • A influência das mudanças etárias na economia brasileira
  • Desigualdades regionais e raciais na estrutura populacional do país

Em todos esses casos, o uso de dados atualizados do IBGE pode fortalecer o argumento. Além disso, mencionar políticas públicas que dialoguem com essas questões — como o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) ou ações voltadas ao cuidado com idosos — contribui para demonstrar domínio do tema e senso crítico.

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