Idade Média: Feudalismo e os reinos romano-germânicos

Vem com a gente revisar os Reinos Romano-Germânicos da Idade Média! Revise História para gabaritar nas questões sobre o Feudalismo na prova de Ciências Humanas no Enem e nos vestibulares!

Neste post vamos revisar sobre a formação e desagregação dos Reinos Romano Germânicos, e logo após, abordaremos as características principais da Idade Média e do Feudalismo. O sistema feudal começou no século V e durou até o século XV.

O Feudalismo é tema recorrente nas questões de História nas provas do Enem, do Encceja e dos Vestibulares. Comece a sua revisão com esta introdução do professor Felipe de Oliveira ao Feudalismo.

Em seguida, mergulhe na história dos Reinos Romano-Germânicos. Entenda o que foram “Os Povos Bárbaros”.

Os reinos romano-germânicos

Após a desagregação do Império Romano ocidental no ano de 476, quando Adroaco, líder dos hérgulos, tomou a cidade de Roma, a Europa ocidental viveu uma nova ordenação política e social.

Mesmo antes do ocaso do antigo império, com a crise do sistema escravista que assolou o Estado Romano, diversos latifundiários deixaram o ambiente urbano e partiram para suas terras, nos vastos territórios que um dia compuseram o império.

Aqueles que partiram buscavam proteção e abrigo. Boa parte dos homens livres seguiram o mesmo caminho e a partir deste momento novas relações de trabalho foram instituídas, lançando as bases do que viria a ser o sistema feudal.

Muito antes, por volta do século II a.C. povos de origem germânica passaram a migrar (pacificamente) ou invadir o antigo território romano, dando início um longo processo de sincretismo cultural entre os chamados povos bárbaros e os romanos.

As migrações pacíficas de bárbaros ocorreram durante os séculos II e III e contaram com a autorização dos governantes romanos, que viram nos germânicos aliados capazes de ajudar na defesa do território em um período bastante conturbado da história romana.

Ao longo dos séculos VI e V novas levas de bárbaros adentraram ao território do império de maneira violenta. Isso se deve ao aumento do poderio Huno, que ameaçava a segurança do território original destes povos.

Os germânicos eram divididos em diversos povos e, desta forma, formaram reinos independentes. Entre os principais podemos citar: borgundios, vândalos, francos, saxões, lombardos, godos, visigodos, ostrogodos, entre outros.

Sua organização política era baseada em tribos chefiadas por líderes militares. Sua economia era baseada na agricultura e nos saques oriundos das guerras.

O poder era determinado pela capacidade de liderança em batalha e garantido a partir de laços de respeito e reciprocidade. O chefe dividia as conquistas com seus pares, que por sua vez prestavam respeito e obediência.

Esta relação ficou conhecida como Comitatus e Beneficium e teve grande importância durante  o período feudal, haja vista que as relações de suserania vassalagem entre nobres baseava-se nestes princípios.

Entre as diversas experiências, as mais duradouras na Idade Média seriam:

  • Vândalos, no norte da África;
  • Ostrogodos, na península Itálica;
  • Visigodos, na península Ibérica;
  • Anglo-Saxões, na Britânia (atual Inglaterra);
  • Francos, na Europa central (atual Bélgica e França);
  • Suevos, no noroeste da península itálica.
Mapa dos territórios ocupados pelos Reinos Romano – Germânicos
Fonte: http://www.estudopratico.com.br/reinos-barbaros-historia-e-organizacao/

Reino Franco

Entre todos os reinos bárbaros o reino Franco foi aquele de maior duração e, consequentemente, maior importância para a história européia. Formado a partir da ocupação do território da atual Bélgica pela dinastia merovíngia durante o reinado de Clóvis. Clóvis foi o responsável por unir os Francos dentro de um objetivo comum e para tal contou com o apoio da igreja católica ao converter-se a religião cristã.

Esta parceria é diretamente responsável pela maior durabilidade do Reino Franco e para a igreja significou a ampliação de seu poder e riquezas cedidas pelos francos a partir de suas conquistas territoriais.

Os Povos Bárbaros

Entenda ainda mais sobre a trajetória do francos com a videoaula do prof. Felipe:

Após a morte de Clóvis o reino passou por mudanças administrativas, sobremaneira no período dos chamados reis indolentes, monarcas que dedicaram-se mais ao estudo das questões cristãs do que propriamente o governo. Neste período a administração era exercida pelo “major domus” (administrador do palácio), figura política de caráter cada vez mais forte.

Por volta de 732 d. C a Europa foi invadida por exércitos mouros (muçulmanos) a partir do norte da África. A península ibérica foi rapidamente dominada e ficaria em mãos muçulmanas por volta de 800 anos. No entanto, o avanço islâmico foi barrado justamente pelos exércitos francos, sob liderança do major domus Carlos Martel, com destaque para a batalha de Poitiers. Além disso, ao longo dos anos os francos ampliaram seus domínios ao submeter outros reinos bárbaros, sobremaneira os Lombardos, na Itália.

Diante disso, Carlos Martel adquiriu respeito suficiente para que a Igreja legitimasse uma troca de poder que daria início à dinastia Carolíngia. Seu filho, Pepino, “O Breve”, reunificou os territórios francos e estreitou ainda mais os laços com a alta hierarquia católica.

Após sua morte o reino foi dividido entre seus dois filhos, Carlos Magno e Carlomano, no entanto o último morreria pouco tempo depois e o primeiro escreveria seu nome na história ao expandir e organizar o grande império Carolíngio, tendo sido coroado Imperador dos Romanos em pleno natal de 800.

Configuração Territorial após as invasões muçulmanas e expansão franca.
Fonte: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=558

Carlos Magno governou até sua morte em 811 e foi responsável pelo maior avanço territorial dos franco. Magno dividiu seu vasto império em províncias (condados) e era auxiliado por missi dominicis, funcionários ligados a ele e responsáveis por ajudá-lo na administração fiscal e jurídica.

Disputas entre os netos de Carlos Magno resultaram no desaparecimento do grande império franco. O último reino bárbaro foi então substituído por uma nova ordem política, marcada pelo poder local dos nobres proprietários de terra, o papel central da igreja e a exploração da massa camponesa no que chamamos Feudalismo.

Feudalismo na Idade Média

O sistema feudal foi um modo de produção europeu aplicado durante a baixa e alta idade média. Este sistema, político, econômico, social e cultural era baseado na exploração do camponês pelos senhores feudais, que adquiriam suas terras com base nos princípios de suserania e vassalagem, onde um nobre doa terras a outro, menos poderoso e em troca recebe a homenagem daquele que foi agraciado com a terra.

Além disso, neste período a Igreja era praticamente a única instituição com poderes supranacionais, ou seja, a doutrina católica exercia forte domínio sobre as mentalidades e culturas. Veja com o professor Felipe de Oliveira a baixa e a alta Idade Média para compreender o Feudalismo.

Pode-se dizer que o feudalismo predominou na Europa entre os séculos V e XV, os iluministas, por exemplo, foram responsáveis pela expressão “mil anos de trevas” ao referirem-se ao feudalismo e o domínio exercido pela Igreja.

A sociedade feudal da Idade Média, por sua vez era estratificada e não permitia mobilidade social. A divisão social era composta por três estados (estamentos/classes). O 1º estado era composto justamente pelos membros do clero católico e possuía duas subdivisões:

Alto e Baixo Clero:

Alto Clero: Composto geralmente por nobres, muitas vezes segundos filhos, que não possuíam direitos de herança. O alto clero representava a alta hierarquia católica, expressa pelos mais altos cargos (Bispos, Cardeais, Papa)

Baixo Clero: Composto por membros do clero sem grande poder, geralmente os membros da igreja nascidos em famílias de servos. Eram os frades, monges, padres e afins. Eram importantes para a manutenção da influência cristã, mas não tinham acesso aos altos escalões do poder.

Clero Regular e Clero Secular

Clero Regular: Representado pelos membros do clero que viviam sob determinadas regras. Geralmente habitavam monastérios e conventos, viviam relativamente isolados da sociedade comum e faziam parte de ordens religiosas com características próprias. Algumas dessas ordens constumavam exigir de seus integrantes votos de pobreza, silêncio e afins.

Clero Secular: Representado pelos membros do clero, alto ou baixo, que viviam inseridos na sociedade e cotidiano. Viviam no “séculum” e tinham contato direto com os demais entes sociais.

Detentora da interpretação das escrituras sagradas, da lógica social, da psicologia, das formas de pensar, da filosofia e dos códigos de conduta moral, passados pelos clérigos aos demais estamentos, a Igreja adquiriu enorme poder. Assim sendo, por quase um milênio a arte esteve ligada a temática religiosa em geral.

O segundo estado era composto pela nobreza, ou senhores feudais. Pessoas de “alto nascimento” que possuíam de fato a terra. Eram responsáveis pelas decisões administrativas e proteção militar dos feudos. As relações entre senhores feudais eram marcadas por laços de amizade ou discórdia expressos nas relações de suserania e vassalagem.

Tais relações basearam-se nos antigos costumes bárbaros de distribuição da terra por um nobre mais rico a outro mais pobre. Tais relações careciam de laços de fidelidade ou homenagem constantemente restabelecidos.

Entre os nobres também encontramos subdivisão de acordo com suas posses. Duques, Marqueses e Condes compunham a alta nobreza, enquanto viscondes, barões e simples cavaleiros representavam a baixa nobreza. Cabia aos nobres a organização e liderança das forças militares.

Por fim, a grande maioria da população era formada por camponeses e vilões que trabalhavam a terra em troca de abrigo e proteção. Os servos estavam presos a terra, o que de certa maneira garantia-lhes certa segurança.

Porém, viviam imersos a miséria e trabalhavam praticamente todos os dias, guardando geralmente os sábados ou domingos, por razões religiosas. Seu cotidiano era marcado pelo pagamento de diversas obrigações, ou seja, impostos cobrados pelos dois estamentos superiores.

Servos na Idade Média
Obrigação pagas pelos servos na Idade Média. Fonte: http://image.slidesharecdn.com/1ano-aulaslide-feudalismo-110603215952-phpapp01/95/1-ano-aula-slide-feudalismo-19-728.jpg?cb=1344345152

No quadro acima encontramos algumas das principais obrigações servis, além dos acima expostos, a Igreja fazia a cobrança do chamado “Tostão de Pedro”, que na verdade consistia na cobrança de 10% de tudo que era produzido (DÍZIMO) para ajudar na manutenção da paróquia. A igreja, conforme já explicitado, possuía enorme poder dentro desta sociedade.

Do ponto de vista econômico o feudo era uma unidade territorial que buscava independência produzindo quase tudo que era necessário para a manutenção da estrutura social e econômica. Neste período a atividade comercial reduziu drasticamente por toda a Europa e as trocas comerciais realizadas entre os feudos era baseada no escambo, ou seja, a troca direta de mercadorias sem o uso de padrões monetários.

No infográfico abaixo podemos visualizar a organização estrutural de um feudo, que geralmente era dividido em três partes – manso senhorial, manso servil e manso comunal,  embora toda a terra possuísse apenas ao senhor feudal ou a Igreja, no caso de feudos de propriedade desta última.

Unidade Feudal na Idade Média
Unidade Feudal na Idade Média. Fonte da Imagem: http://www.apoioescolar24horas.com.br/cf/salaaula/estudos/historia/610_feudo/images/estudo/indice.png

Manso Senhorial: Compunha metade das terras agriculturáveis do feudo e tudo que ali era produzido pelos servos era propriedade dos senhores feudais. O trabalho realizado nessa área ocorria de 3 a 4 dias por semana e consistia na corvéia.

Manso Servil: Composto pelas áreas destinadas a produção de alimentos para os próprios servos. Cada servo recebia uma gleba (lote) onde produzia o próprio sustento. Todavia, parte desta produção era repassada aos senhores feudais para o pagamento das demais obrigações servis (talha, banalidades, dízimo)

Manso Comunal: Áreas de uso comum, tanto por senhores quanto servos, para pastagens, lenha, madeiras e afins. Nos bosques e florestas os senhores feudais praticavam a caça, prática vetada aos servos.

Cabe ressaltar que durante o período feudal e Idade Média não encontraremos o conceito de nação ou estado, as relações políticas eram baseadas nas relações de suserania e vassalagem.

A figura do rei permanece em determinados locais, mas na prática os monarcas eram apenas suseranos com mais terras e poder, possuindo poder de fato apenas nos seu feudo e influência sobre os feudos vassalos. Ou seja, o poder político era centralizado dentro do feudo, mas descentralizado em relação ao continente Europeu Ocidental.

Veja na imagem o resumo das principais características do feudalismo:

características do feudalismo

Exercícios

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Sobre o(a) autor(a):

Bruno é historiador formado pela Universidade Federal de Santa Catarina. Dá aulas de história em escolas da Grande Florianópolis desde 2012.

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