Conheça agora a fórmula certa para fazer uma introdução perfeita na Redação do Enem. E, depois do resumo e dos exemplos, teste seus conhecimentos no Simulado sobre a Introdução:
O segredo para conseguir uma boa nota na Redação do Enem é mandar bem logo no começo, para encantar os avaliadores já na Introdução da Redação do Enem. E, tem caminhos seguros para você iniciar da maneira correta.
A Introdução da Redação do Enem
A introdução da redação do Enem é uma parte muito importante do texto dissertativo-argumentativo. Nela, você tem uma possibilidade de deixar uma boa impressão e trazer um primeiro elemento que mostre o seu repertório sociocultural.
Além disso, na introdução você irá apresentar o seu ponto de vista e mostrar ao seu leitor como esse posicionamento será desenvolvimento no decorrer do texto. Ou seja, este único parágrafo te ajuda na argumentação e organização do seu texto.
Resumo sobre a Introdução
Confira agora com a professora Daniela Garcia os segredos da Introdução Perfeita na Redação do Enem. Ela está no canal de aulas do Curso Enem Gratuito pra você:
Veja as dicas de Redação Enem da professora Daniela :
Para facilitar a sua revisão do vídeo, que é muito bom, veja os atalhos para ir direto aos pontos que você precisa rever:
MINUTAGEM / ASSUNTOS
00:11 – Sua introdução vai precisar ter três elementos: contexto, tema e tese;
00:24 – Contexto: é algo que faz parte desse tema, mas que não aborda a especificidade apresentada pela prova. Ou seja, é algo que perpassa a temática, mas não é ela propriamente dita;
01:24 – Tema: é o que a própria proposta nos apresenta, a parte principal do enunciado;
02:08 – Tese: é o que mostrará o posicionamento que você irá defender no decorrer do texto;
03:13 – Exemplo de introdução da uma redação nota mil;
05:25 – Outro exemplo de introdução de uma redação nota mil.
Elaborando a introdução:
Agora sim, vamos ver como elaborar a sua introdução:
Basicamente, mesmo que não seja a única, a forma mais clara de apresentar os elementos necessários é ir do mais amplo (assunto), passar pela temática e terminar no recorte específico que você propõe (tese), como mostra a próxima imagem:
Todavia, mesmo que a sequência que aparecerá no texto seja essa, você deve começar a pensar no seu texto não pelo contexto, mas pela relação entre o tema e a tese. Por isso, o primeiro passo é ler com muita atenção a temática para compreendê-la. Com base nisso, você deve delimitar o que será defendido.
Para terminar a sua tese, você deverá se perguntar o que acha sobre a temática e dividir esta tese em duas ideias para serem desenvolvidas nos seus parágrafos de desenvolvimento.
Saiba como escrever um texto dissertativo argumentativo.
O movimento proposto é exemplificado abaixo com base em uma redação que recebeu nota 1000 na prova do Enem de 2017 (Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil):
A resposta dessas perguntas (a sua tese) e a sua relação com a temática devem aparecer no final da introdução, como é visto na imagem 02. Feito isso, então, você deve pensar em um contexto/assunto que te leve até a temática e será o início da sua redação.
Para determinar o assunto/contexto, que irá iniciar o seu texto, você deve pensar em algo que se relacione com o recorte da temática, mas que pode ser mais amplo.
Este espaço é ótimo para você aproveitar e mostrar seu repertório sociocultural, pois, como a questão abordada ainda não precisa ser tão específica, você pode trazer um contexto histórico, citação ou menção com uma liberdade um pouco maior. Então, vale a pena usar este início do texto para já chamar a atenção do leitor.
Simulado Enem: Introdução da Redação do Enem
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Pergunta 1 de 10
1. Pergunta
(UFCG PB/2008)
A genética da paixão
(…)
1Quanto mais se estudam os genes, mais se atribuem a eles um papel decisivo na escolha de nossos parceiros amorosos. A antropóloga e pesquisadora americana Helen Fisher, da Universidade Rutgers, de Nova Jersey, considerada uma das 5maiores autoridades em comportamento amoroso, avaliza essa teoria e está prestes a lançar um livro sobre ela. Helen relaciona as características de comportamento à predominância de determinados tipos de hormônios e neurotransmissores no organismo. A produção dessas 10substâncias é controlada pelo sistema endócrino, que funciona de acordo com o perfil genético de cada ser humano. Ela sustenta que há, basicamente, quatro tipos de personalidade. Indivíduos com predominância de dopamina seriam os exploradores; de serotonina, os construtores; de 15estrógeno, os negociadores; e de testosterona, os diretores. “Todos nós somos uma combinação dos quatro tipos, mas um deles se expressa com mais destaque em nossa personalidade”, disse Helen a VEJA. Para chegar a esses quatro perfis humanos, a psicóloga submeteu um questionário 20baseado em sua teoria a assinantes da agência americana de namoro pela internet Chemistry.com. Após avaliar 20.000 respostas, ela concluiu que os negociadores, com altos níveis de estrógeno, se sentem mais atraídos pelos diretores, ricos em testosterona. Já os exploradores e construtores sentem 25mais desejo por pessoas do seu próprio grupo. (….)
Lima, R. Abreu .www.revistaveja.com.br, 21/05/08.No trecho: “Ela sustenta que há, basicamente, quatro tipos de personalidade”, pode-se afirmar que há
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Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(ITA SP/2008)
1Com um pouco de exagero, costumo dizer que todo jogo é de azar. Falo assim referindo-me ao futebol que, ao contrário da roleta ou da loteria, implica tática e estratégia, sem falar no principal, que é o talento e a habilidade dos jogadores. Apesar disso, não consegue eliminar o azar, isto é, o acaso.
5E já que falamos em acaso, vale lembrar que, em francês, “acaso” escreve-se “hasard”, como no célebre verso de Mallarmé, que diz: “um lance de dados jamais eliminará o acaso”. Ele está, no fundo, referindo-se ao fazer do poema que, em que pese a mestria e lucidez do poeta, está ainda assim sujeito ao azar, ou seja, ao acaso.
Se no poema é assim, imagina numa partida de futebol, que envolve 22 jogadores se 10movendo num campo de amplas dimensões. Se é verdade que eles jogam conforme esquemas de marcação e ataque, seguindo a orientação do técnico, deve-se no entanto levar em conta que cada jogador tem sua percepção da jogada e decide deslocar-se nesta ou naquela direção, ou manter-se parado, certo de que a bola chegará a seus pés. Nada disso se pode prever, daí resultando um alto índice de probabilidades, ou seja, de ocorrências 15imprevisíveis e que, portanto, escapam ao controle.
Tomemos, como exemplo, um lance que quase sempre implica perigo de gol: o tiro de canto. Não é à toa que, quando se cria essa situação, os jogadores da defesa se afligem em anular as possibilidades que têm os adversários de fazerem o gol. Sentem-se ao sabor do acaso, da imprevisibilidade. O time adversário desloca para a área do que sofre 20o tiro de canto seus jogadores mais altos e, por isso mesmo, treinados para cabecear para dentro do gol. Isto reduz o grau de imprevisibilidade por aumentar as possibilidades do time atacante de aproveitar em seu favor o tiro de canto e fazer o gol. Nessa mesma medida, crescem, para a defesa, as dificuldades de evitar o pior. Mas nada disso consegue eliminar o acaso, uma vez que o batedor do escanteio, por mais exímio que 25seja, não pode com precisão absoluta lançar a bola na cabeça de determinado jogador. Além do mais, a inquietação ali na área é grande, todos os jogadores se movimentam, uns tentando escapar à marcação, outros procurando marcá-los. Essa movimentação, multiplicada pelo número de jogadores que se movem, aumenta fantasticamente o grau de imprevisibilidade do que ocorrerá quando a bola for lançada. A que altura chegará 30ali? Qual jogador estará, naquele instante, em posição propícia para cabeceá-la, seja para dentro do gol, seja para longe dele? Não existe treinamento tático, posição privilegiada, nada que torne previsível o desfecho do tiro de canto. A bola pode cair ao alcance deste ou daquele jogador e, dependendo da sorte, será gol ou não.
Não quero dizer com isso que o resultado das partidas de futebol seja apenas fruto 35do acaso, mas a verdade é que, sem um pouco de sorte, neste campo, como em outros, não se vai muito longe; jogadores, técnicos e torcedores sabem disso, tanto que todos querem se livrar do chamado “pé frio”. Como não pretendo passar por supersticioso, evito aderir abertamente a essa tese, mas quando vejo, durante uma partida, meu time perder “gols feitos”, nasce-me o desagradável temor de que aquele não é um bom dia 40para nós e de que a derrota é certa.
Que eu, mero torcedor, pense assim, é compreensível, mas que dizer de técnicos de futebol que vivem de terço na mão e medalhas de santos sob a camisa e que, em face de cada lance decisivo, as puxam para fora, as beijam e murmuram orações? Isso para não falar nos que consultam pais-de-santo e pagam promessas a Iemanjá. É como se dissessem: 45treino os jogadores, traço o esquema de jogo, armo jogadas, mas, independentemente disso, existem forças imponderáveis que só obedecem aos santos e pais-de-santo; são as forças do acaso.
Mas não se pode descartar o fator psicológico que, como se sabe, atua sobre os jogadores de qualquer esporte; tanto isso é certo que, hoje, entre os preparadores 50das equipes há sempre um psicólogo. De fato, se o jogador não estiver psicologicamente preparado para vencer, não dará o melhor de si.
Exemplifico essa crença na psicologia com a história de um técnico inglês que, num jogo decisivo da Copa da Europa, teve um de seus jogadores machucado. Não era um craque, mas sua perda desfalcaria o time. O médico da equipe, depois de atender o 55jogador, disse ao técnico: “Ele já voltou a si do desmaio, mas não sabe quem é”. E o técnico: “Ótimo!Diga que ele é o Pelé e que volte para o campo imediatamente”.
(Ferreira Gullar. Jogos de azar. Em: Folha de S. Paulo, 24/06/2007.)Considere as seguintes afirmações sobre a argumentação no texto:
I. A comparação entre a criação de um poema e um jogo de futebol funciona como argumento para a tese do autor.
II. O comentário do autor sobre o fato de ele não ser supersticioso tem a função de introduzir o argumento de que os técnicos de futebol também têm suas crenças.
III. O exemplo iniciado na linha 16 (“Tomemos, como exemplo…”) é um contra-argumento para a afirmação de que o resultado seja apenas fruto do acaso, parágrafo iniciado na linha 34 (“Não quero dizer com isso…”).Está(ão) correta(s)
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Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(UEL PR/2008)
“Muito barulho por quase nada. Essa é uma boa descrição da nova reforma ortográfica que o Brasil cogita implementar já a partir do ano que vem. Sob a justificativa de unificar a grafia de todos os países lusófonos, foi celebrado, em 1990, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Na prática, o que o tratado faz é eliminar um pequeno número de consoantes mudas ainda escritas em Portugal (‘óptimo’, ‘adopção’), sepultar o trema e promover algumas poucas mudanças nas regras de acentuação e do uso de hífen.
Parece pouco. E, em termos qualitativos, de fato o é. Só que, para proceder às modificações, será preciso empenhar uma energia desproporcional. Entre as providências necessárias destacam-se a atualização de todos os professores e alfabetizadores do país e a revisão de todo o material didático, para ficar nos itens mais custosos. Tal esforço parece bem maior do que os ganhos potenciais do acordo. Nunca foi o ‘p’ de ‘óptimo’ nem as demais minudências da reforma que dificultaram a intercomunicação entre leitores e escritores dos dois lados do Atlântico. Se há barreiras lingüísticas, dizem respeito à escolha das palavras e a expressões idiomáticas, fatores culturais que estão ao abrigo das iniciativas dos reformadores. (…) Antes de embrenhar-se na terceira reforma ortográfica em menos de um século (já houve outras em 1943 e 1971), é preciso ao menos ter certeza de que Portugal irá segui-la, ou o ganho potencial, que já é pequeno, praticamente desaparecerá.”(Adaptado de: Sem pressa (editorial). Disponível em:
www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2708200702.htm. Acesso em: 31 out. 2007.)Com base no texto, considere as afirmativas a seguir:
I. A primeira frase do texto resume o argumento que o autor desenvolve ao longo de sua exposição. Isso está reforçado pela afirmação “Parece pouco”, que introduz o segundo parágrafo.
II. O Acordo Ortográfico revela certas minudências no que se refere ao dinamismo da língua portuguesa e é uma tentativa acertada de unificar as diferentes formas de falar português.
III. As mudanças que serão operadas na língua portuguesa pelo tratado têm um caráter específico, isto é, será mais difícil realizar as adequações em termos quantitativos do que qualitativos.
IV. Os fatores de ordem cultural e não os de ordem lingüística seriam os criadores das dificuldades de intercomunicação entre os falantes do português e isso a reforma ortográfica não poderia mudar.Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas.
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Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(UERJ/2008)
Uma mulher chamada Guitarra
Um dia, casualmente, eu disse a um amigo que a guitarra, ou violão, era “a música em forma de mulher”. A frase o encantou e ele a andou espalhando como se ela constituísse o que os franceses chamam 5um mot d’esprit1. Pesa-me ponderar que ela não quer ser nada disso; é, melhor, a pura verdade dos fatos.
O violão é não só a música (com todas as suas possibilidades orquestrais latentes) em forma de mulher, como, de todos os instrumentos musicais que se 10inspiram na forma feminina – viola, violino, bandolim, violoncelo, contrabaixo –, o único que representa a mulher ideal: nem grande, nem pequena; de pescoço alongado, ombros redondos e suaves, cintura fina e ancas plenas; cultivada, mas sem jactância2; relutante 15em exibir-se, a não ser pela mão daquele a quem ama; atenta e obediente ao seu amado, mas sem perda de caráter e dignidade; e, na intimidade, terna, sábia e apaixonada. Há mulheres-violino, mulheres-violoncelo e até mulheres-contrabaixo.
20(…) Divino, delicioso instrumento que se casa tão bem com o amor e tudo o que, nos instantes mais belos da natureza, induz ao maravilhoso abandono!
E não é à toa que um dos seus mais antigos ascendentes se chama viola d’amore3, como a prenunciar o doce 25fenômeno de tantos corações diariamente feridos pelo melodioso acento de suas cordas… Até na maneira de ser tocado – contra o peito – lembra a mulher que se aninha nos braços do seu amado e, sem dizer-lhe nada, parece suplicar com beijos e carinhos que ele a 30tome toda, faça-a vibrar no mais fundo de si mesma, e a ame acima de tudo, pois do contrário ela não poderá ser nunca totalmente sua.
Ponha-se num céu alto uma Lua tranqüila. Pede ela um contrabaixo? Nunca! Um violoncelo? Talvez, mas 35só se por trás dele houvesse um Casals4. Um bandolim? Nem por sombra! Um bandolim, com seus tremolos5, lhe perturbaria o luminoso êxtase. E o que pede então (direis) uma Lua tranqüila num céu alto? E eu vos responderei: um violão. Pois dentre os instrumentos 40musicais criados pela mão do homem, só o violão é capaz de ouvir e de entender a Lua.
Vinicius de MORAES
Para viver um grande amor.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1984.Vocabulário:
1mot d’esprit – dito espirituoso
2jactância – arrogância, orgulho, vaidade
3viola d’amore – viola de amor, antigo instrumento musical
4Casals – Pablo Casals, famoso violoncelista do século passado
5tremolos – repetições rápidas de uma ou duas notas musicaisAlgumas estratégias argumentativas são empregadas para persuadir o leitor de que a opinião do enunciador é, na verdade, um fato.
A estratégia de persuasão presente nesse texto não inclui o uso de:CorretoParabéns! Siga para a próxima questão.
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Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(UERJ/2008)
Uma mulher chamada Guitarra
Um dia, casualmente, eu disse a um amigo que a guitarra, ou violão, era “a música em forma de mulher”. A frase o encantou e ele a andou espalhando como se ela constituísse o que os franceses chamam 5um mot d’esprit1. Pesa-me ponderar que ela não quer ser nada disso; é, melhor, a pura verdade dos fatos.
O violão é não só a música (com todas as suas possibilidades orquestrais latentes) em forma de mulher, como, de todos os instrumentos musicais que se 10inspiram na forma feminina – viola, violino, bandolim, violoncelo, contrabaixo –, o único que representa a mulher ideal: nem grande, nem pequena; de pescoço alongado, ombros redondos e suaves, cintura fina e ancas plenas; cultivada, mas sem jactância2; relutante 15em exibir-se, a não ser pela mão daquele a quem ama; atenta e obediente ao seu amado, mas sem perda de caráter e dignidade; e, na intimidade, terna, sábia e apaixonada. Há mulheres-violino, mulheres-violoncelo e até mulheres-contrabaixo.
20(…) Divino, delicioso instrumento que se casa tão bem com o amor e tudo o que, nos instantes mais belos da natureza, induz ao maravilhoso abandono!
E não é à toa que um dos seus mais antigos ascendentes se chama viola d’amore3, como a prenunciar o doce 25fenômeno de tantos corações diariamente feridos pelo melodioso acento de suas cordas… Até na maneira de ser tocado – contra o peito – lembra a mulher que se aninha nos braços do seu amado e, sem dizer-lhe nada, parece suplicar com beijos e carinhos que ele a 30tome toda, faça-a vibrar no mais fundo de si mesma, e a ame acima de tudo, pois do contrário ela não poderá ser nunca totalmente sua.
Ponha-se num céu alto uma Lua tranqüila. Pede ela um contrabaixo? Nunca! Um violoncelo? Talvez, mas 35só se por trás dele houvesse um Casals4. Um bandolim? Nem por sombra! Um bandolim, com seus tremolos5, lhe perturbaria o luminoso êxtase. E o que pede então (direis) uma Lua tranqüila num céu alto? E eu vos responderei: um violão. Pois dentre os instrumentos 40musicais criados pela mão do homem, só o violão é capaz de ouvir e de entender a Lua.
Vinicius de MORAES
Para viver um grande amor.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1984.Vocabulário:
1mot d’esprit – dito espirituoso
2jactância – arrogância, orgulho, vaidade
3viola d’amore – viola de amor, antigo instrumento musical
4Casals – Pablo Casals, famoso violoncelista do século passado
5tremolos – repetições rápidas de uma ou duas notas musicaisO violão é não só a música (…) em forma de mulher, como, de todos os instrumentos musicais que se inspiram na forma feminina (…), o único que representa a mulher ideal: (l. 7-12)
Para defender o ponto de vista acima apresentado, o enunciador organiza o segundo parágrafo com base em um processo de:CorretoParabéns! Siga para a próxima questão.
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Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(UFPel RS/2008)
Osso duro de roer
Jerônimo TeixeiraTropa de Elite é um retrato da guerra
urbana brasileira, vista da perspectiva
de um dos lados combatentes: os policiais1O tiroteio crítico é quase tão intenso quanto os choques entre policiais e bandidos na tela. Tropa de Elite (Brasil1, 22007) só entrou em cartaz na sexta-feira no Rio e em São Paulo (a exibição no resto do país começa no dia 12), mas há 3tempos é um filme discutido, e também um dos mais vistos no país: pelo menos 1 milhão de DVDs piratas foram vendidos 4desde agosto. Depois de sua exibição no Festival do Rio, no mês passado, a patrulha ideológica abriu fogo: o filme do 5diretor José Padilha foi acusado de aceitar a tortura (veja quadro na coletânea da prova de redação) e criminalizar o usuário 6de drogas. A indefectível pecha de “fascista” também foi levantada. Tudo bala perdida: Tropa de Elite não é nada disso. Só é 7um retrato desassombrado da violência urbana brasileira (ou, mais especificamente, carioca), do ponto de vista dos policiais 8que matam e morrem na guerrilha das favelas – de certa forma, é uma perspectiva complementar à de Cidade de Deus, que 9apresentava a mesma tragédia pelo lado de favelados e traficantes. Protagonista e narrador do filme, o capitão Nascimento, 10interpretado com uma convicção assustadora por Wagner Moura, espanca drogados, aterroriza moradores inocentes, 11tortura a mulher de um bandido e executa traficantes. Ele expõe suas razões com uma sinceridade fria. Tropa de Elite 12apresenta o ponto de vista de Nascimento, mas não o referenda. É um filme incômodo, o que talvez seja seu maior mérito.
13A tropa de elite referida no título é o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro, o Bope. 14Treinados para a guerrilha urbana, seus membros só entram em ação em situações excepcionais, no combate em favelas. “O 15Bope é uma espécie de aerossol da criminalidade. Quando as moscas se acumulam, você passa o inseticida e elas morrem – 16mas logo vêm outras. Da mesma forma, o Bope entra na favela, mata uns marginais, mas logo aparecem outros”, diz José 17Vicente de Silva Filho, ex-secretário nacional de Segurança Pública. O filme se passa em 1997, época em que o Bope tinha 18pouco mais de 100 integrantes. “O PM que conseguia passar nas provas de admissão do Bope entrava para uma verdadeira 19seita, cujos valores incluíam a recusa de toda forma de corrupção, mas também o exercício de uma violência sem limites”, 20explica o antropólogo Luiz Eduardo Soares, autor, ao lado dos policiais André Batista e Rodrigo Pimentel, do livro Elite da 21Tropa (Objetiva), que inspirou o filme. Hoje, o Bope já conta com 400 integrantes – o que representa cerca de 10% do 22efetivo da PM carioca – e perdeu esse caráter de seita fechada. As queixas registradas contra o batalhão na ouvidoria da 23Polícia Militar, porém, ainda dizem respeito quase exclusivamente a casos de violência e abuso, e não de corrupção. O Bope 24só participa de ações localizadas e portanto não convive com a população, o que diminui as oportunidades para pedir 25propinas. Seus membros também são mais bem remunerados do que o PM convencional – têm uma gratificação de 500 26 reais sobre o salário básico de 780 reais.
27A história de Tropa de Elite se centra no esforço do capitão Nascimento para deixar o Bope. Ele está para ganhar 28um filho e não quer mais participar de ações arriscadas. Precisa encontrar alguém que o substitua na tropa. Os melhores 29candidatos são os novatos Neto (Caio Junqueira) e André Matias (André Ramiro, ex-bilheteiro de cinema que também é 30novato na carreira de ator). O Bope aparece para os dois como uma ilha de honestidade no meio da podridão da PM 31convencional. Cada um dos dois aspirantes tem seus méritos e limitações. Neto gosta da dureza militar, mas é impetuoso 32demais, a ponto de às vezes colocar os companheiros em risco desnecessário. Matias é um homem dividido. Cursa direito 33em uma faculdade privada e esconde dos colegas que é policial.
34O núcleo dramático formado por Matias e seus colegas é um dos pontos mais polêmicos – e acertados – do filme. 35Os estudantes são críticos da violência policial, mas condescendentes com os bandidos de quem compram drogas. Alguns 36fazem trabalho voluntário em uma ONG que opera no Morro do Turano em virtual cumplicidade com o tráfico. O filme é 37duro na sua caricatura dos “playboyzinhos” que sustentam a bandidagem, mais duro até do que no retrato de bandidos e 38policiais. Estes têm clareza do papel brutal que lhes cabe na guerra das favelas. O comprador de drogas, ao contrário, vive 39no inferno das boas intenções: escuda-se nas “passeatas pela paz” para justificar suas contravenções hedonistas. “O usuário 40recreativo sabe que as drogas que ele compra vêm de grupos armados que controlam comunidades carentes. Ele faz uma 41escolha consciente de sustentar o crime. Não há como argumentar contra esse fato”, diz Padilha.
42Na exibição de Tropa de Elite no Festival do Rio de Janeiro, houve gente da platéia “torcendo” pelo Bope, com 43gritos de “caveira, caveira” (o logotipo do batalhão é uma caveira atravessada por um punhal). Tropa de Elite parece estar 44isolado entre duas formas de incompreensão: a patrulha ideológica e uma claque difusa que, revoltada ou confusa com o 45cerco da criminalidade, acredita que o policial “justiceiro” é a solução. Tropa de Elite, afinal, se vale de algumas convenções 46do filme policial americano – por exemplo, o policial que vinga a morte do parceiro –, em que justiceiros como o “Dirty” 47Harry de Clint Eastwood têm uma longa tradição. Mas há diferenças óbvias: nem o truculento vingador interpretado por 48Charles Bronson na série Desejo de Matar ameaçaria empalar com um cabo de vassoura um garoto cujo único crime foi ter 49aceito um par de tênis de presente dos traficantes. A torcida da caveira talvez seja mais um sintoma da crise moral e 50institucional que ronda a segurança pública no Brasil. Há algo de profundamente errado em uma sociedade que só aplaude 51sua polícia quando ela se comporta como o bandido.
(adaptado de veja – 10/10/2007)O texto intercala momentos em que o autor procura manter uma certa neutralidade em relação aos fatos apresentados e outros em que ele revela suas opiniões sobre esses fatos. Marca a alternativa abaixo cujas passagens expressem respectivamente tais funções.
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Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(UFRRJ/2008)
O marcador de tempo e a arte seqüencial
Histórias em quadrinho: passeando entre um quadro e outro
Rodrigo MotaA arte seqüencial, entendida como uma arte capaz de fabular pequenos “causos” numa proposta híbrida (imagens e texto), é responsável por uma das manifestações literárias mais lancinantes. A própria arquitetura das histórias 5em quadrinhos (HQs) chama a atenção. O ritmo marcado transpõe-se numa espécie de gerência do tempo velada em quadrinhos. Uma idéia de ordem categorizante e de um entrelaçamento entre uma “onda e outra”.
Mas é a negação do trajeto do tempo um dos 10grandes recursos para que os quadrinistas fujam desses enquadramentos perfeitos, construindo novas sensações na cabeça daqueles acostumados com as linguagens dos contos e das fábulas. Nas HQs, somente é necessário fazer valer uma iconografia(*) representativa. O leitor que 15vê, no primeiro quadro, um garoto olhando atentamente para um frasco com doces e, no segundo quadro, um frasco de doces extremamente violentado e aos trapos pode facilmente imaginar o que se passou entre um quadro e outro. Tal situação é o que se pretende chamar de linguagem 20do não-quadro. Quadros que têm verdades encobertas e que mais tarde serão desvendadas pelo leitor.
Ao analisar o contexto das HQs, Scott McCloud, em seu livro Desvendando os Quadrinhos, separa o discurso quadrinista da pretensão do real. As imagens geradas 25possuem um potencial muito maior, que permite, por exemplo, confundir passado, presente e futuro, e com isso construir um novo tempo: o tempo de cada leitor, de cada leitura. Nessa leitura intervalada quadro-a-quadro, há o financiamento de várias interpretações. O leitor atua como o destruidor dos 30espaços-obstáculo que interrompem uma cena e outra; ele abre o caminho entre um quadro e outro, criando novos cenários. Moacy Cirne, em Quadrinhos, Paixão e Sedução, diria que “quadrinhos são uma narrativa gráfico-visual, impulsionada por sucessivos cortes […]. O lugar significante 35do corte […] será sempre o lugar de um corte espácio temporal, a ser preenchido pelo imaginário do leitor”.
Entender como funciona esse tipo de leitura não é das tarefas mais fáceis. Como se dá esse processo de reconstrução do “quadro perdido”? (…) Nós, 40os leitores, somos o consolo das continuidades entre um quadro e outro, refazendo o tempo de cada história.
In: Revista Continuum. São Paulo: Instituto Itaú Cultural, no 2, julho de
2007, p. 9. Disponível on- line:www.itaucultural.org.br
(*) Iconografia – arte de representar por meio de imagem.São recursos argumentativos presentes no texto I:
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Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(UFAC/2007)
“Se não comparecerdes…
Considerações sobre a relação entre o pronome “vós” e as diabruras do Estado brasileiro”Roberto Pompeu de Toledo
Uma pessoa humilde, ora pleiteando sua aposentadoria junto ao INSS, em São Paulo, recebeu a seguinte “carta de exigências” da instituição. Os nomes, tanto da pessoa que pleiteia a aposentadoria quanto de 05quem assina a carta, serão omitidos. O texto vai em sua conturbada e sofrida literalidade:
“Para dar andamento ao processo do Benefício em referência, solicito-vos comparecer, no endereço: Av. Santa Marina 1217, no horário de 07:00 às 15:00, 10para que as seguintes exigências sejam cumpridas:
– retirar a carteira profissional que se encontra em seu processo para que empregador atualiza as alterações de salarios em vista da ultima anotação foi 1990 e o salario de contribuição está divergente da 15ultima alteração
– recolher o 13 referente ao período de 1995 a 2004 que não foram recolhidos e 1 de férias conforme consta os meses a serem recolhidos na carteira profissional Comunico-vos que vosso pedido de Benefício será 20indeferido por desinteresse, se não comparecerdes dentro de 10 dias a contar desta data.
Deveis apresentar esta carta no ato do comparecimento”.
Impressiona o ucasse desferido na penúltima 25linha contra o contribuinte: “…o Benefício será indeferido se não comparecerdes…” Mais impressionante ainda se torna quando se tem em conta que, antes de corridos os dez dias, o INSS entrou em greve, parou tudo e que se danem os solicitantes, os pleiteantes e os queixosos. 30Caso se queira mais uma dose de estupefação, acrescente-se que a carta foi emitida em maio, as exigências foram cumpridas, uma vez terminada a greve, e até agora nada. O benefício ainda não foi concedido. Mas releve-se. Não é esse o nosso ponto. 35Nem bem seriam as aflições infligidas à língua portuguesa, ao longo daquelas poucas linhas em que o idioma de Camões caminha aos trancos e barrancos, como um veículo desgovernado que despenca ladeira abaixo e bate um pára-lama aqui e outro ali, cai num 40buraco, sofre bruscos solavancos, corcoveia, raspa a porta no barranco, capota, desliza – para enfim se estatelar sem remédio contra um último e insuperável obstáculo.
É este último obstáculo que nos interessa: o 45pronome “vós”. É verdade que a opção pelo vós, como tudo o mais, vai no vai-da-valsa, e sofre um retrocesso quando se fala em “seu processo”, a alturas tantas, mas sem dúvida é a da preferência do autor da carta, tanto assim que se afirma, triunfal, nas duas últimas linhas. 50Que razão teria conduzido a tal preferência? Arrisquemos algumas hipóteses.
A primeira é a busca da elegância. O “vós” faz bonito em textos como o célebre soneto de Bilac: “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo/ Perdeste o senso! E eu vos 55direi no entanto/ Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto/ E abro as janelas, pálido de espanto”. A segunda seria a intenção de mostrar-se educado, num comunicado que afinal representa a palavra do próprio Estado brasileiro. Seria aconselhável, dada essa alta 60responsabilidade, o recurso a um pronome que assinala respeito e deferência. Mas… será? Elegância? Educação? São hipóteses que de saída sabemos pouco críveis. Tampouco se pode acreditar que o redator tenha empregado o “vós” porque lhe sai natural. Para isso, 65precisaríamos supô-lo alguém que tem a segunda pessoa do plural como ferramenta tão banal que é com ela que se comunica com a mulher em casa, os colegas no trabalho, os vendedores na feira. Não, não é possível.
70Examinemos de novo o documento. Pensemos nele no contexto da relação do Estado com os cidadãos, no Brasil. Essa relação, segundo expôs recentemente a cientista política Lucia Hippolito, é de desconfiança. “Para a burocracia”, escreveu ela, “o cidadão tem 75sempre culpa, está sempre devendo, está sempre na obrigação de provar sua inocência com mais um documento, mais uma firma reconhecida, mais uma certidão autenticada em cartório.” Uma suspeita começa a se firmar. A crase não foi feita para humilhar ninguém, 80mas o “vós” foi. O desejo de acuar o cidadão, de encostar-lhe no peito a ponta da espada, de fazê-lo sentir-se pequeno, diante da majestade do Estado, foi esse, sim, só pode ter sido esse, o motivo pelo qual o redator da carta escolheu o “vós”.
85O “vós”, tal qual se apresenta no texto, ressoa amedrontador como um castigo. Humilhar? Não, ainda é pouco. A intenção é aterrorizar. Volte-se ao texto: “Se não comparecerdes…” Isso é muito mais assustador do que “se você não 90comparecer”, ou “se o senhor não comparecer”. Soa como decreto vindo das alturas inatingíveis, dos príncipes incontrastáveis, do céu. Faz tremer como um trovão. E esse “vós” é tristemente significativo do Brasil. Simboliza o massacre cotidiano a que o Estado submete os cidadãos, os mais humildes 95em primeiro lugar. Entra governo e sai governo, entra década e sai década, essa é uma situação que permanece, inelutável como fenômeno da natureza. O presidente, os ministros, as CPIs, estes estão sempre 99preocupados com outras coisas. Cá em baixo, a relação entre o Estado e o cidadão comum sempre foi, e continua sendo, feita de pequenas atrocidades.
Extraído da Revista Veja. Edição de 2 de novembro de 2005.Uma das formas que o autor encontra para dar propriedade a sua argumentação, no que diz respeito às relações desiguais entre Estado e cidadão, pode ser encontrada:
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Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(UEG GO/2007)
O RESPEITO AOS VELHOS
Na semana passada, li uma notícia que me chamou a atenção: os atropelamentos são a terceira principal causa de morte entre brasileiros de 5 a 14 anos de idade; e o risco de morrer atropelado sobe (para homens e mulheres) a partir dos 50 anos. Segundo a nota, envelhecer provoca patologias, como perda da visão e da capacidade auditiva, que diminuem a atenção aos alertas dados pelos motoristas, e perda da força muscular, que afeta a agilidade e dificulta a travessia de vias movimentadas.
Já comentei aqui que a cultura atual simplesmente eliminou as duas pontas da vida: a infância e a velhice. O que vale hoje é a juventude. Queiramos ou não, é preciso ser jovem de qualquer maneira.
Essa notícia, portanto, não faz mais do que confirmar o fato. O trânsito, as vias públicas, o tempo dos semáforos, a faixa de pedestres, o comportamento dos motoristas e a configuração de ruas e calçadas não são próprios para crianças e velhos.
Mas o que mais me impressionou foram as explicações para o risco de morte por atropelamento entre as pessoas com mais de 50 anos: é a própria velhice a responsável. Talvez o esperado seja que os cidadãos com mais de 50 anos respeitosamente se retirem do espaço público para que não provoquem o constrangimento de serem atropelados, não? Ou, então, que mantenham a agilidade e as funções como se fossem jovens.
Adequar as condições das vias públicas para respeitar os velhos – e faço questão de dizer “velho” e não “pessoas da terceira idade”, justamente para marcar a dignidade que se deve a essa etapa da vida – não é algo levado em consideração.
SAYÃO, R. Folha de S. Paulo, São Paulo, 31 de agosto de 2006, p. 12. Equilíbrio. [Adaptado].O modo predominante de organização discursiva do texto é
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Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(UESPI/2011)
A revolução digital
Texto e papel. Parceiros de uma história de êxitos. Pareciam feitos um para o outro.
Disse “pareciam”, assim, com o verbo no passado, e já me explico: estão em processo de separação.
Secular, a união não ruirá do dia para a noite. Mas o divórcio virá, certo como o pôr-do-sol a cada fim de tarde.
O texto mantinha com o papel uma relação de dependência. A perpetuação da escrita parecia condicionada à produção de celulose.
Súbito, a palavra descobriu um novo meio de propagação: o cristal líquido. Saem as árvores. Entram as nuvens de elétrons.
A mudança conduz a veredas ainda não exploradas. De concreto há apenas a impressão de que, longe de enfraquecer, a ebulição digital tonifica a escrita.
Isso é bom. Quando nos chega por um ouvido, a palavra costuma sair por outro. Vazando-nos pelos olhos, o texto inunda de imagens a alma.
Em outras palavras: falada, a palavra perde-se nos desvãos da memória; impressa, desperta o cérebro, produzindo uma circulação de ideias que gera novos textos. A Internet é, por assim dizer, um livro interativo. Plugados à rede, somos, autores e leitores. Podemos visitar as páginas de um clássico da literatura. Ou simplesmente, arriscar textos próprios.
Otto Lara Resende costumava dizer que as pessoas haviam perdido o gosto pela troca de correspondências. Antes de morrer, brindou-me com dois telefonemas. Em um deles prometeu: “Mando-te uma carta qualquer dia destes”.
Não sei se teve tempo de render-se ao computador. Creio que não. Mas, vivo, Otto estaria surpreso com a popularização crescente do correio eletrônico.
O papel começa a experimentar o mesmo martírio imposto à pedra quando da descoberta do papiro. A era digital está revolucionando o uso do texto. Estamos virando uma página. Ou, por outra, estamos pressionando a tecla “enter”.
Josias de Souza. A revolução digital. Folha de São Paulo. 6/05/96. Caderno Brasil, p. 2).O teor argumentativo do texto é reforçado também:
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