A civilização grega é uma das mais importantes da Antiguidade. Foi referência para a construção de áreas do conhecimento como política, literatura, teatro, filosofia, história, arquitetura e matemática. Veja no resumo Enem.
Antes de começarmos a estudar a civilização grega, é importante situá-la no tempo. Para fins didáticos, separamos a sua trajetória em cinco períodos:
- Pré-homérico: 2000 a. C. a 1200 a. C.
- Homérico: 1200 a. C. a 800 a. C.
- Arcaico: 800 a. C. a 500 a. C.
- Clássico: 500 a. C. a 338 a. C.
- Helenístico: 338 a. C. a 145 a. C.
Nesta aula, estudaremos os três primeiros períodos, iniciando pela fixação de povos indo-europeus no território que se tornaria a Grécia, passando pela organização da sociedade em genos, e finalizando na formação de cidades-Estados.
Introdução sobre a Civilização Grega
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Formação da Civilização Grega
A história da formação da civilização grega teve início numa pequena ilha chamada Creta. Por volta do ano 3000 a. C., o território era habitado por uma civilização chamada cretense ou minoica.
Este nome vem do famoso rei Minos, que acabou dando origem à figura mitológica do Minotauro, um ser com o corpo metade de homem e metade de touro. O labirinto em que o Minotauro vivia teria inspiração no enorme palácio de Cnossos, onde vivia o rei Minos.Imagem 1: Localização da ilha de Creta e da atual Grécia. Fonte: https://bit.ly/2v7CjPY
Fontes arqueológicas demonstram que os cretenses construíram cidades com edificações de tijolos e pedras. Também há registros da existência de artesãos que fabricavam utensílios e joias de diferentes metais. Mas um de seus maiores feitos foi o seu sistema de navegação e comércio.
Suas embarcações, portos e aquedutos permitiram que, em seu apogeu, dominassem o comércio no Mediterrâneo. Além do crescimento econômico, a atividade mercantil proporcionou a assimilação de traços culturais de povos como mesopotâmicos e egípcios.
Aqueus
Enquanto isso, a península balcânica (atual Grécia) era ocupada por diferentes povos indo-europeus. Entre eles estavam os aqueus, que fundaram cidades como Micenas, Tirinto e Argos, e ficaram conhecidos como a civilização micênica.
Assim como os cretenses, realizavam trocas comerciais e fabricavam objetos de marfim, ouro e prata. Muitos de seus conhecimentos foram adquiridos justamente por causa do intercâmbio com os minoicos.Imagem 2: Ilustração representando a cidade de Micenas. Fonte: https://bit.ly/2SPfUzM
Por volta de 1400 a. C., desastres naturais e conflitos internos assolaram a ilha de Creta. Vendo que seus vizinhos estavam enfraquecidos, os aqueus invadiram o território o tomaram o palácio de Cnossos.
Dessa forma, os aqueus tomaram o lugar dos cretenses na dominação do comércio no Mediterrâneo. Assim, foi inaugurada a civilização creto-micênica, considerada antecessora da civilização grega antiga.
O crescimento econômico possibilitado pelo domínio de Creta fez os aqueus alcançarem novos territórios. Nesse contexto é que teria acontecido a guerra de Troia, cidade localizada na atual costa da Turquia. O famoso conflito é contado nos poemas épicos Ilíada e Odisséia, atribuídos a Homero.
Dórios
O domínio dos aqueus foi até o século XII a. C., quando entraram em crise. Seu território passou a ser ocupado pelos dórios, outro povo indo-europeu. Eles destruíram e saquearam as cidades da sociedade micênica.
O estrago foi tamanho que até a escrita desapareceu. As principais fontes desse período são a Ilíada e a Odisseia. Por isso, os historiadores denominaram essa fase como período homérico.
Os povos conquistados foram escravizados ou ocuparam outros lugares subalternos na sociedade. Uma parte da população fugiu para a região da Ásia Menor, onde se desenvolveria uma parte da civilização grega.
Apesar da dominação dória, outras regiões da península balcânica estavam sob controle de outros povos, como os jônios e os eólios.
Nos séculos de predomínio dos dórios, a sociedade era organizada em genos, que eram grupos formados por laços de parentesco e chefiados por uma espécie de patriarca. Essas comunidades eram rurais e a posse da terra era coletiva. Com o tempo, ocorreu um grande crescimento da população e, como consequência, houve falta de alimentos.
Com isso, os genos começaram a entrar em conflito, novas relações de poder foram aparecendo, e a sociedade se tornou mais complexa. Foi dessa nova dinâmica que surgiram as cidades-Estados ou pólis gregas. Assim, teve início o período arcaico, quando a Grécia deixou de ser uma civilização camponesa e passou a se organizar em torno das pólis.
As cidades-Estados da civilização grega
Apesar de hoje nós chamarmos a união de todas as cidades-Estados de civilização grega, não havia uma coesão política entre as pólis. Não é como se fosse um país dividido em estados, como estamos acostumados.
As cidades-Estados estavam espalhadas por todo o litoral o Mar Mediterrâneo, do Mar Egeu e do Mar Negro. Portanto, existiam barreiras geográficas – além das políticas – que as separavam.
Esse agrupamento se deve à sua origem e traços culturais em comum. Mas as diferenças eram importantes, tanto que em vários momentos as cidades-Estados entraram em conflito. As duas que mais se destacaram na Antiguidade foram Atenas e Esparta.
Atenas
Você já deve ter ouvido falar que Atenas é o berço da democracia, não é? Apesar de a cidade-Estado ter originado um sistema democrático, ele não era idêntico ao que vivemos hoje. Para entender como a democracia ateniense funcionava, precisamos conhecer a sua história.
Atenas foi fundada no século X a. C. pelos Jônios e seu primeiro regime político foi a monarquia. Além do monarca, existia um conselho formado por aristocratas ou eupátridas, que eram considerados os bem-nascidos.
Por volta do século VIII a. C., os aristocratas derrubaram a monarquia e assumiram as funções do rei. Nesse período, terras foram desapropriadas dos camponeses, o que aumentou a concentração fundiária e o número de pessoas escravizadas por dívidas.
Ao mesmo tempo, estava acontecendo uma expansão das cidades-Estados da civilização grega e novas colônias foram criadas no litoral dos Mares Egeu e Negro. Como Atenas era uma cidade mercantil, as novas áreas de comércio proporcionaram a ascensão social de comerciantes e artesãos.
Esses grupos sociais ascendentes passaram a exigir maior participação política, pois estavam descontentes com os privilégios dos aristocratas. Além deles, camponeses, artesãos e pequenos proprietários de terras que tinham participado de guerras também se revoltaram em busca de maiores direitos políticos.
Mudanças na legislação ateniense
As mudanças políticas desejadas por esses grupos ocorreram por meio de medidas legislativas tomadas ao longo do tempo. As primeiras foram realizadas por Sólon, no início do século VI a. C. Ele pôs fim à escravidão por dívidas e criou a Eclésia, que era uma assembleia popular onde decisões políticas eram tomadas.
Também estabeleceu critérios de renda para a participação política. Ou seja, apenas os mais ricos cumpriam os requisitos estabelecidos. Geralmente, essas pessoas eram donas de escravos (a escravidão ainda existia por causa de prisioneiros de guerra escravizados).
Portanto, neste ponto se originou uma democracia baseada na escravidão e que ainda era altamente restritiva. Se entendia que apenas quem já tinha conseguido se livrar do trabalho –já que tinha escravos – é que teria tempo de se dedicar a atividades mais elevadas, como a política.
A democracia se tornou realmente popular com as reformas de Clístenes, que acabou com os critérios de renda para a participação na Eclésia. Ele dividiu a população de Atenas em regiões diferentes chamadas de demos. Esses, por sua vez, eram agrupados em distritos eleitorais.
Assim, os cidadãos poderiam votar nas assembleias e participar das guerras como representantes de seu distrito. Essas reformas é que consolidaram a democracia em Atenas, tanto que a palavra significa “governo dos demos” ou “governo do povo”.Imagem 5: Pintura representando o discurso de Péricles em uma assembleia ateniense. Fonte: https://bit.ly/39ZuoDa.
Contudo, mulheres, escravos e estrangeiros (metecos) não eram considerados cidadãos e, por isso, eram excluídos da participação das assembleias. Para ser considerado cidadão, era necessário ser homem, livre e maior de 21 anos. Apenas cerca de 10% da população cumpria esses requisitos e possuía direitos políticos.
Mas isso era mesmo uma democracia? A resposta é sim. Isso porque a palavra povo, em Atenas, não tinha o mesmo significado que tem atualmente.
Enquanto hoje nós podemos utilizar as palavras povo e população como sinônimos, em Atenas povo significava o conjunto de cidadãos com direitos políticos. Então, naquele contexto, existia uma democracia ou “governo do povo”. Obviamente, esse conceito não é mais aplicável na atualidade.
Esparta
Se em Atenas o destaque foi a democracia, Esparta tinha notoriedade por suas conquistas militares. Fundada por volta do século IX a. C., essa pólis da civilização grega já dominava cerca de um terço de todo o Peloponeso no século VII a. C. Toda a organização da sociedade espartana e a educação dos habitantes eram relacionadas à vida militar.
A divisão da sociedade era rígida, sem possibilidades de mobilidade social como ocorria em Atenas. Existiam três grupos bem diferentes entre si:
Espartíatas: eram militares descendentes dos dórios. Também eram proprietários de terras e deviam se dedicar à política e ao exército.
Periecos: eram camponeses, comerciantes ou artesãos. Apesar de serem livres, não tinham direitos políticos e eram submissos aos espartanos.
Hilotas: eram servos do Estado que deveriam prestar serviços nas terras dos espartíatas. Eram populações que tinham resistido à invasão dos espartanos.
Os poderes militar, religiosos e judiciário eram exercidos por dois reis. Eles eram presidentes da Gerúsia, uma assembleia formada por 28 homens com mais de 60 anos (gerontes). Sua função era elaborar projetos de leis.
Além disso, ainda existia a Apela, que era o grupo dos espartíatas com mais de 30 anos, e o Eforato, composto por cinco membros que fiscalizavam a cidade, os funcionários e a educação da juventude.
Depois de ver essa divisão, você já deve ter imaginado que o governo era formado apenas pelos espartíatas. Apenas os integrantes da classe militar e com idade maior que 30 anos é que poderiam participar da política. Dessa forma, o regime político espartano era a oligarquia, ou “governo de poucos”.
A educação espartana
A educação deveria ser fiscalizada porque tinha um papel muito importante na sociedade espartana. Antes de iniciar os ensinamentos, logo que nasciam, as crianças eram avaliadas por um conselho de anciãos. Caso fossem doentes, deveriam ser adotadas por hilotas ou serem jogadas do alto de um penhasco.
Se fossem saudáveis, as meninas ficavam com as mães e eram educadas para a maternidade e a manterem o corpo saudável para terem bons filhos para o exército de Esparta. Imagem 7: Mulheres também passavam por treinamento físico, como mostra esta estatueta de uma atleta espartana, produzida por volta de 500 a. C. Fonte: https://bit.ly/32kp1vy.
Os meninos saíam do convívio familiar aos 7 anos e eram encaminhados para quartéis. Até aos 12 anos, se dedicavam aos esportes. Dos 13 aos 18, aprendiam música e poesia. A partir dos 18 anos, passavam por um intenso e violento treinamento militar.
Quando chegassem aos 20, tornavam-se militares e ficavam à disposição para guerras. Essa fase durava até os 30 anos, quando eram liberados do serviço militar e podiam exercer sua cidadania.
Essa estrutura social militarizada resultou na construção de alguns valores, como o laconismo, que é uma forma de comunicação concisa. Junto a isso, existia uma recusa ao debate de ideias e à reflexão.
Não se prezava pela pluralidade de ideias, mas à obediência às autoridades. Daí também derivava a xenofobia, pois estrangeiros poderiam questionar aspectos culturais e sociais daquela sociedade.
A concretização dessa aversão a estrangeiros acontecia na críptia, etapa da educação espartana em que os soldados tinham que provar sua capacidade de matar. Eles deveriam matar o maior número de hilotas possível. Essa era uma maneira de fazer o controle da população estrangeira.
Os Filósofos da Natureza
Veja como foi que o pensamento filosófico ocidental tem origemna Grécia Antiga, com os Filósofos da Natureza. Confira com o professor Marciel Evangelista Cataneo:
Exercícios sobre a Civilização Grega
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