Você já teve a sensação de que mesmo que duas ideias sejam opostas, ambas podem ser verdade? Hegel teve! Descubra como funcionam o idealismo e a dialética hegeliana!
Você já ouviu que o que move o mundo são as ideias? Essa frase tem tudo a ver com a dialética de Hegel e suas ideias sobre o idealismo histórico e dialético. Ficou confuso com esses conceitos difíceis? Então acompanhe esta aula de Hegel, um filósofo contemporâneo, para entender o que eles significam e não chegar com dúvida no Enem!
Contexto do surgimento da dialética de Hegel
Durante a Modernidade, um dos assuntos mais discutidos na Filosofia foi a Teoria do Conhecimento, um campo da Filosofia dedicado ao estudo de como é possível conhecer as coisas.
Discussões antigas, como a contenda entre Heráclito e Parmênides, foram novamente trazidas à tona para compor novas teorias acerca do tema. Talvez esse foi o acontecimento filosófico de maior destaque da época – fora a síntese kantiana entre o Racionalismo e o Empirismo.
A partir da Teoria do Conhecimento kantiana, os paradigmas da Filosofia começam a mudar, abrindo espaço para nova discussões. É aí que se sobressai – em resposta a Kant – o autor que protagoniza esse post, Georg Wilhelm Friedrich Hegel.
A dialética e o idealismo
A Teoria do Conhecimento hegeliana retoma um método bastante antigo, a dialética. Já no período clássico da Grécia, quando os filósofos ocupavam as ágoras, esse método era empregado como forma de retórica. No entanto, a teoria hegeliana dá uma nova vida a essa “parada”, se liga aí.
A premissa da qual partimos é que toda a ideia pode ser contraposta por uma outra ideia. Essa simples premissa é o que embasa o processo dialético. A “sacada” de Hegel foi desenvolver um pouco mais a dialética. Ele afirmou que uma ideia oposta não é algo que exclusivamente destrói a ideia original. Ao contrário, ela pode criar algo, isto é, uma nova ideia que não seja nem a ideia original, nem ela própria.
Existe, então, uma noção de movimento na dialética. Essa “sacada” do movimento é o que chamamos de noção de progresso na teoria de Hegel. Ele entendia a história como um processo de construção que progredia à medida que novas ideias eram pensadas. Daí a noção de idealismo dialético, ou seja, Hegel pensava que era a partir da dialética de ideias que existia o progresso da humanidade.
Caso você queira dar mais uma aprofundada no método dialético, a gente aqui do Blog tem um post mais detalhado sobre essas teses e antíteses de Hegel.
O idealismo histórico
Meu camarada Hegel dizia que seu sistema filosófico englobava a imensa gama de sistemas filosóficos existentes. Isto é, o pensamento hegeliano seria a fusão das ideias desde a discussão entre Heráclito e Parmênides até aquele momento.
Nessa concepção hegeliana de mundo, fica evidente a existência de um movimento no pensamento que começa de maneira mais pitoresca e vai, com o passar das eras se refinando. Hegel afirmava que esse movimento, longe de ser só algo restrito ao plano teórico, podia ser percebido no mundo, nos acontecimentos a nossa volta.
Para entender melhor, vamos pensar dessa maneira: existe um certo pensamento que predomina em determinado tempo e espaço específico. Pense na legislação, por exemplo. Em geral, as pessoas entendem a lei como algo correto, algo bom e que deve ser seguido.
Todavia, em determinados momentos da nossa história, a noção de lei foi algo ausente, ou a princípio demasiadamente rústico para chamarmos de lei. Contudo, ainda que usemos, por exemplo, o Código de Hamurabi como modelo inicial, ele não tem quase nada em comum com a nossa legislação atual. Assim sendo, a noção de legislação está circunscrita à um determinado tempo e espaço.
Essa “sacada” acerca da consciência da nossa espécie mudar ao longo do tempo e isso ser visível em nossa história comprova que não exista nada, na caminhada que a humanidade fez dos seus primórdios, que não seja de caráter histórico.
Espírito absoluto
Seguindo essa “vibe”, Hegel faz uso da dialética para completar seu pensamento, uma vez que, tudo que se dá, é produto de um processo que contém uma ideia anterior e, ao se deparar com uma nova ideia, gera um conflito que termina na síntese dessas ideias. Em outras palavras, a humanidade caminha de maneira dialética. Assim, tudo que produzimos é fruto do nosso passado e será base para nosso futuro.
É por essa razão que a natureza da consciência humana não é, segundo Hegel, um simples fruto do acaso. Isso porque a consciência humana se dá pela existência de um intrincado conjunto de teses e antíteses que surgem com uma finalidade. Essa finalidade foi o que Hegel chamou de espírito absoluto.
Por fim, Hegel tentou, a partir de seu sistema filosófico, transformar o estudo da Filosofia em uma “parada” mais científica. Por conta disso, sofreu inúmeras críticas. No entanto, nenhuma delas ofuscou o brilhantismo de seu trabalho ao nos mostrar que a realidade é o que nosso pensamento conhece a partir de um processo de desenvolvimento histórico.
Videoaula
Para saber mais sobre Hegel e o idealismo dialético, veja esta videoaula do professor Alan para o nosso canal no YouTube:
Exercícios
1- (UEG 2010)
Hegel, prosseguindo na árdua tarefa de unificar o dualismo de Kant, substituiu o eu de Fichte e o absoluto de Schelling por outra entidade: a ideia.
A ideia, para Hegel, deve ser submetida necessariamente a um processo de evolução dialética, regido pela marcha triádica da:
(A) Experiência, Juízo e Raciocínio.
(B) Realidade, Crítica e Conclusão.
(C) Matéria, Forma e Reflexão.
(D) Tese, Antítese e Síntese.
2- (Ufu/2005)
Hegel, em seus cursos universitários de Filosofia da História, fez a seguinte afirmação sobre a relação entre a filosofia e a história: “O único pensamento que a filosofia aporta é a contemplação da história”.
HEGEL, G. W. F. Filosofia da História. 2 ed. Brasília: Editora da UnB, 1998, p. 17.
De acordo com a reflexão de Hegel, é correto afirmar que:
I. a razão governa o mundo e, portanto, a história universal é um processo racional.
II. a ação dos homens obedece a vontade divina que pré estabelece o curso da história.
III. no processo histórico, o pensar está subordinado ao real existente.
IV. a ideia ou a razão se originam da força material de produção e reprodução da história.
Assinale a alternativa que contém somente assertivas corretas.
(A) III e IV.
(B) I e II.
(C) II e III.
(D) I e III
3- (Ufu 2012)
O botão desaparece no desabrochar da flor, e poderia dizer-se que a flor o refuta; do mesmo modo que o fruto faz a flor parecer um falso ser-aí da planta, pondo-se como sua verdade em lugar da flor: essas formas não só se distinguem, mas também se repelem como incompatíveis entre si […].
HEGEL, G.W.F. Fenomenologia do Espírito. Petrópolis: Vozes, 1988.
Com base em seus conhecimentos e na leitura do texto acima, assinale a alternativa correta segundo a filosofia de Hegel.
(A) A essência do real é a contradição sem interrupção ou o choque permanente dos contrários.
(B) As contradições são momentos da unidade orgânica, na qual, longe de se contradizerem, todos são igualmente necessários.
(C) O universo social é o dos conflitos e das guerras sem fim, não havendo, por isso, a possibilidade de uma vida ética.
(D) Hegel combateu a concepção cristã da história ao destituí-la de qualquer finalidade benevolente.
Gabarito
D
D
C
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Pergunta 1 de 10
1. Pergunta
(UFU MG/2014)
Ao contrário das teorias contratualistas, a concepção hegeliana nega a anterioridade dos indivíduos, pois é o Estado que fundamenta a sociedade. Não é o indivíduo que escolhe o Estado, mas sim é por ele constituído. Ou seja, não existe o homem em estado de natureza, pois o homem é sempre um indivíduo social. O Estado sintetiza, numa realidade coletiva, a totalidade dos interesses contraditórios entre os indivíduos.
ARANHA, M. L. A. e MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Ed. Moderna, 1993, p. 234.
De acordo com o texto, é correto afirmar que, para Hegel:
Correto
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Incorreto
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Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(UFU MG/2015)
De acordo com a filosofia de Hegel, é INCORRETO afirmar que:
Correto
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Incorreto
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Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(Unesp SP/2017)
A genuína e própria filosofia começa no Ocidente. Só no Ocidente se ergue a liberdade da autoconsciência. No esplendor do Oriente desaparece o indivíduo; só no Ocidente a luz se torna a lâmpada do pensamento que se ilumina a si própria, criando por si o seu mundo. Que um povo se reconheça livre, eis o que constitui o seu ser, o princípio de toda a sua vida moral e civil. Temos a noção do nosso ser essencial no sentido de que a liberdade pessoal é a sua condição fundamental, e de que nós, por conseguinte, não podemos ser escravos. O estar às ordens de outro não constitui o nosso ser essencial, mas sim o não ser escravo. Assim, no Ocidente, estamos no terreno da verdadeira e própria filosofia.
(Hegel. Estética, 2000. Adaptado.)
De acordo com o texto de Hegel, a filosofia:
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Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(PUC GO/2019)
O mundo contemporâneo continua tentando refletir a relação do homem com o mundo. No entanto, há muito essa relação é objeto de reflexão. Prova disso é o mito de Sísifo.
Leia com atenção o texto que se segue sobre Sísifo:
[…] A mitologia grega conta que Sísifo, por amar a vida e menosprezar os deuses e a morte, foi condenado a realizar um trabalho inútil e sem esperança por toda a eternidade. Devia empurrar, sem descanso, enorme pedra na direção do alto de uma montanha, ciente de que não alcançaria o objetivo. Ela rolaria abaixo novamente para que o absurdo herói mitológico descesse, em seguida, até a planície e empurrasse mais uma vez a enorme pedra para o alto e, assim, continuasse numa repetição monótona e interminável através dos tempos. O inferno de Sísifo era a trágica condenação de estar realizando algo, sem esperança, e que a nada levaria.
As informações apresentadas no texto favorecem reflexão sobre o trabalho. A respeito dessa temática, marque a única alternativa correta:
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Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(UECE/2020)
Relacione, corretamente, os pensadores com seus respectivos pensamentos acerca da forma como o conhecimento da realidade se verifica, numerando os parênteses abaixo, de acordo com a seguinte indicação:
1. Immanuel Kant
2. Karl Marx
3. Renè Descartes
4. G.W.F Hegel
( ) A reflexão filosófica deve partir de um exame da formação da consciência e a experiência da consciência não é só uma experiência teórica: é necessariamente histórica.
( ) Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência. É a ideologia a responsável por produzir uma alienação da consciência humana de sua situação real.
( ) É sempre possível duvidar de um princípio, questionar as bases de uma teoria. É preciso colocar em questão todo o conhecimento adquirido.
( ) O conhecer é um ato de autodeterminação do sujeito, é anterior a toda experiência, e trata não tanto dos objetos, mas dos conceitos a priori sobre os objetos.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
Correto
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Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(UFU MG/2013)
A dialética de Hegel:
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Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(Unioeste PR/2012)
O pensador Friedrich Hegel, cujas análises filosóficas foram feitas após à Revolução Francesa, esforçou-se por pensar o Estado Soberano como modo de organização ao mesmo tempo necessário e legítimo da existência social. A Hegel, a quem frequentemente se atribui o método dialético, é INCORRETO afirmar que:
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Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(Uncisal AL/2011)
“A ciência moderna compara a natureza e o próprio homem a uma máquina, um conjunto de mecanismos cujas leis precisam ser descobertas. As explicações passam a ser baseadas em um esquema mecânico cujo modelo preferido é o relógio.”
(M. L. A. Aranha, M. H. P. Martins, Filosofando)
A respeito dessa definição, pode-se afirmar que:
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Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(UEG GO/2011)
Um dos elementos mais conhecidos da filosofia de Hegel é a dialética, baseada no pressuposto de que uma ideia (tese) produz uma ideia oposta (antítese), resultando, consequentemente, numa conciliação (síntese) entre as duas ideias opostas. Nesse sentido, ao utilizar esse princípio hegeliano para interpretar os sistemas políticos contemporâneos, percebe-se que a síntese entre os princípios do liberalismo e os do marxismo foi efetivada no:
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Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(UFU MG/2012)
O botão desaparece no desabrochar da flor, e poderia dizer-se que a flor o refuta; do mesmo modo que o fruto faz a flor parecer um falso ser-aí da planta, pondo-se como sua verdade em lugar da flor: essas formas não só se distinguem, mas também se repelem como incompatíveis entre si […].
HEGEL, G.W.F. Fenomenologia do Espírito. Petrópolis: Vozes, 1988.
Com base em seus conhecimentos e na leitura do texto acima, assinale a alternativa correta segundo a filosofia de Hegel.
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Sobre o(a) autor(a):
Os textos e exemplos acima foram preparados pelo professor Ernani Silva para o Blog do Enem. Ernani é formado em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista. Ministra aulas de Filosofia em escolas da Grande Florianópolis. Facebook: https://www.facebook.com/ErnaniJrSilva
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