New Deal: Conheça os detalhes do acordo que tirou os EUA da crise

Os Estados Unidos foi o epicentro da crise do capitalismo de 1929. Agora, qual foi a solução encontrada para que o país se recuperasse e, poucos anos depois, disputasse a hegemonia mundial com a URSS? Descubra essa e outras coisas nesta aula.

O New Deal elaborado na década de 30 pelo governo Roosevelt, foi um marco histórico tanto para os Estados Unidos quanto para o restante do mundo. Durante a sua implementação foram erguidas estradas estatais e medidas de recuperação da produção e do país.

Além de diferentes medidas, o New Deal possibilitou o crescimento econômico do país e também o lançou como uma ameaça aos olhos da URSS, atual Rússia. Esses detalhes e quais foram as repercussões do New Deal você vê na nossa aula.

Contexto histórico que levou os EUA à crise de 29

O início do século XX foi marcado pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e o resultado deste conflito mudou o cenário político e econômico do ocidente. As potências europeias estavam arrasadas pelas consequências da guerra. Seu território estava destruído, milhões de pessoas perderam suas vidas e os sobreviventes precisavam lidar com sequelas físicas e psicológicas.

Então, a economia europeia também estava devastada. Mesmo a Rússia Soviética ainda não havia tido oportunidade de reorganizar sua produção. Isso aconteceu pois entrava em uma guerra civil pouco tempo depois de sair da Grande Guerra. Já do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos cresciam economicamente, mesmo mantendo sua política isolacionista.

Por causa disso os estadunidenses foram pouco prejudicados pela guerra se comparados aos europeus. Algumas das razões para isso foi o distanciamento geográfico e a entrada tardia no conflito. Após a guerra, o país entraria na fase “loucos anos 20”, anunciando assim o American Way of Life. Por sua vez, esta se tratava da adoção de uma mentalidade consumista favorecida pelo crescimento da economia do pós-guerra.

24 de outubro de 1929: o início da Grande Depressão

Porém, a euforia estadunidense durou apenas uma década e logo foi substituída pela Grande Depressão. Sendo assim em 1929, os valores das ações norte-americanas sofreram uma grave queda rapidamente. Isso ocorreu, sobretudo, no dia 24 de outubro daquele ano, quando a Bolsa de Valores de Nova York registrou a pior queda no mercado de ações. O dia ficou conhecido como a “Quinta Feira Negra”.

A partir daí, o país viu uma série de quedas: da produção, do número de trabalhadores empregados, dos preços e da qualidade de vida. Então as instituições governamentais como o Federal Reserve Bank, equivalente ao Banco Central dos Estados Unidos, não conseguiram conter a crise. Muitas pessoas perderam casas e passaram a conviver com a fome. Estes efeitos se desdobraram ao longo dos anos seguintes.

O impacto da crise no mundo

mãe migrante. Fotografia de Dorothea Lange, de 1936, retratando Florence Owens Thompson com três de seus sete filhos em situação de vulnerabilidade econômica e social devido à crise econômica de 1929. A mãe migrante. Fotografia de Dorothea Lange, de 1936, retratando Florence Owens Thompson com três de seus sete filhos em situação de vulnerabilidade econômica e social devido à crise econômica de 1929. DESCRIÇÃO: 

Entretanto a crise não afetou apenas a economia norte-americana, ela impactou o mundo capitalista como um todo. Porém uma das exceções seria a União Soviética, que adotou um modelo de produção próprio e mais independente.

No Brasil a crise contribui para a queda das elites cafeeiras no governo. Na Europa ela está relacionada com o surgimento dos Estados Totalitários.

Dica: relembre a crise de 1929 com este vídeo do Curso Enem Gratuito de História apresentado pelo Filipe Figueiredo:

Franklin Delano Roosevelt e o New Deal

Diferentemente da economia, era crescente a impopularidade do presidente Herbert Hoover. O político republicano mostrava-se sem habilidades para lidar com a crise, chegando a enviar forças militares para reprimir protestos. Os guetos formados pela população pobre, que sofria com a perda de moradias, foram chamados de Hoovervilles, como crítica ao político.

Em 1932 foi a vez da oposição democrata aproveitar a oportunidade de chegar ao poder e implementar novas ações. Estes foram representados por Franklin Delano Roosevelt, que se tornou naquele ano o trigésimo segundo presidente dos Estados Unidos. Então, ao chegar na Casa Branca, Roosevelt tratou de lançar um pacote de reformas políticas que ficou conhecido como New Deal.

O que foi o New Deal

Retrato em preto e branco de Franklin Delano Roosevelt, de 1944, por Leon A. Perskie New DealRetrato em preto e branco de Franklin Delano Roosevelt, de 1944, por Leon A. Perskie

Implementado em dois momentos diferentes (o primeiro entre 33-34 e o segundo entre 35-36) o New Deal residiu no investimento estatal para a recuperação da produção e do país. Foram realizados investimento públicos em obras de infraestrutura (como a construção de estradas), em políticas de assistência social e aumento do controle sobre o sistema financeiro.

Essas medidas foram implementadas através de diferentes Agências de Administrações, como a de Obras Civis, a de Auxílio Emergencial, a de Recuperação Nacional, a de Ajuste Agrícola, entre outras.

Dessa maneira, no New Deal foi possível identificar a influência do economista britânico John Mayard Keynes. Defensor do Estado de Bem Estar Social, as ideias de Keynes argumentam que o Estado deve intervir na economia. Dessa forma ele pode mantê-la girando com um mercado aquecido e combatendo o desemprego.

A influência do New Deal na sociedade estadunidense

Outros reflexos desta influência no New Deal foram o estabelecimento de um salário mínimo nacional. Com a desvalorização da moeda em prol da exportação, redução das horas de trabalho aconteceu também o fortalecimento dos sindicatos.

Também houve a taxação progressiva sobre grandes rendas anuais. Essas variavam de 31% para aqueles que somavam mais de US$ 50.000 até 75% para os que somavam mais de US$ 5.000.000.

Após a implementação das duas fases do New Deal, a economia apresenta crescimento e Roosevelt ganha ainda mais popularidade. Porém, entre os estadunidenses, ele era especialmente bem-vindo nas classes baixa e média. Logo, sua reeleição se concretiza com esmagadora vantagem. Após essa fase o presidente participa de um outro período sensível para a história do país: a Segunda Guerra Mundial.

Roosevelt faleceu em abril de 1945. Após o conflito, os Estados Unidos tornam-se definitivamente a maior potência econômica. Depois disputam a hegemonia política do globo com a União Soviética.

Exercícios

Questão 01 – (UNICAMP SP/2020)

Na Era da Catástrofe (1914-1945), com a Grande Depressão desencadeada pela crise de 1929, tornava-se cada vez mais claro que a paz, a estabilidade social, a economia, as instituições políticas e os valores intelectuais da sociedade liberal burguesa entraram em decadência ou colapso.

(Adaptado de E. J. Hobsbawm, Era dos extremos: o breve século XX, 1914-1991.

São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 112.)

A partir do excerto acima e dos conhecimentos sobre o período histórico que vai de 1914 a 1945, é correto afirmar:

a) A crise de 1929 e as guerras mundiais levaram ao colapso do liberalismo político e econômico na Europa e, ao mesmo tempo, à expansão das democracias liberais em países africanos e do Oriente Médio.

b) As soluções para a crise de 1929 centraram-se em um aprofundamento das políticas liberais do New Deal, que promoviam responsabilidade fiscal e diminuição do papel do Estado como motor de desenvolvimento.

c) São marcos da crise do liberalismo na Europa: o colapso das principais democracias, a ascensão de governos totalitários e autoritários e a descrença no livre-mercado após a crise de 1929.

d) Verificou-se nesse período o colapso das democracias liberais, com a ascensão do totalitarismo na Europa, e o aumento das liberdades econômicas, com a diminuição do papel do Estado como solução para a crise de 1929.

Questão 02 – (Fac. Santo Agostinho BA/2020)

Observe as imagens a seguir:

Imagem I

Disponível em: <https://bit.ly/2m1qcPp>. Acesso em: 09 set. 2019.

Imagem II

Disponível em: <https://bit.ly/2kDlwij>. Acesso em: 09 set. 2019.

Em meio à riqueza dos anos de 1920, prosperou uma cultura de prazer sem limites nos Estados Unidos. Entretanto tudo ruiu com a quebra da Bolsa de Nova Iorque.

Podemos afirmar que esses dois acontecimentos estão diretamente relacionados às imagens representados como:

a) Belle Époque e New Deal.

b) New Deal e Crise de 1929.

c) American Way of Life e Crise de 1929.

d) American Way of Life e New Deal.

e) Belle Époque e Crise de 1929.

Questão 03 – (ENEM/2017)

O New Deal visa restabelecer o equilíbrio entre o custo de produção e o preço, entre a cidade e o campo, entre os preços agrícolas e os preços industriais, reativar o mercado interno — o único que é importante —, pelo controle de preços e da produção, pela revalorização dos salários e do poder aquisitivo das massas, isto é, dos lavradores e operários, e pela regulamentação das condições de emprego.

CROUZET, M. Os Estados perante a crise. História geral das civilizações. São Paulo: Dífel, 1977 (adaptado)

Tendo como referência os condicionantes históricos do entreguerras, as medidas governamentais descritas objetivavam

a) flexibilizar as regras dos mercado financeiro.

b) fortalecer o sistema de tributação regressiva.

c) introduzir os dispositivos de contenção creditícia.

d) racionalizar os custos da automação industrial mediante negociação sindical.

e) recompor os mecanismos de acumulação econômica por meio da intervenção estatal.

GABARITO

1 – C

2 – C

RESOLUÇÃO: A década de 1920 foi para os estadunidenses a década da prosperidade de um estilo de vida particular (American Way of Life), fundamentado no ideário liberal de glorificação do individualismo e de valorização da competição e na ampliação generalizada da oferta e do consumo de bens e de serviços que, antes da Primeira Guerra, eram acessíveis apenas à elite. Entretanto no dia 29 de outubro de 1929, conhecido como terça negra, não foi possível evitar o desastre da Bolsa de Nova Iorque, que arrastou os grandes investidores e empresas para a falência e junto a eles os trabalhadores perderam seus empregos e caíram na miséria.

3 – E

Sobre o(a) autor(a):

Os textos acima foram preparados pelo professor Angelo Antônio de Aguiar. Angelo é graduado em história pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestrando em ensino de história na mesma instituição e dá aulas de história na Grande Florianópolis desde 2016.

Compartilhe: