Agroexportação brasileira, seus ciclos e características

Até chegar na estrutura agroexportadora atual, o Brasil passou por alguns ciclos econômicos. Você conhece estes ciclos? Vamos revisar mais este conteúdo para a prova do Enem!

O “descobrimento” do Brasil, serviu como grande fonte de enriquecimento para os países colonizadores que aqui encontraram bens de exploração que lhes faltavam em suas terras.

Com o descobrimento dos recursos naturais que o Brasil apresentava, o território foi tornando-se uma colônia de exploração , o que foi determinante para o início da história econômica do país e da agroexportação brasileira.

ilustracao engenheiros de acucar
Figura 1: Ilustração representando os engenhos de cana-de-açúcar. Fonte: http://www.rotamogiana.com

Ao chegar no Brasil e entrarem em contato com a cultura indígena, os portugueses começaram a descobrir os recursos naturais que o Brasil possuía. Entre estes recursos, o primeiro que saltou aos olhos dos portugueses foi o Pau-Brasil.

Ciclos de agroexportação brasileira

Em seguida vamos ver os ciclos da agroexportação brasileira: pau-brasil, cana-de-açúcar, ouro, café e borracha.

Ciclo do Pau-Brasil

O Pau-Brasil é uma espécie característica da Mata Atlântica brasileira que possui um pigmento em seu caule. Este pigmento era utilizado para produzir uma tinta usada pelos povos indígenas para realizar o tingimento de tecidos.

Hoje em dia, existem poucas árvores de Pau-Brasil no território brasileiro por conta da exploração dos portugueses.

ciclos da agroexportação brasileira pau-brasil
Figura 2: Imagem ilustrando o pigmento vermelho extraído do Pau-Brasil. Fonte: https://super.abril.com.br

Com o interesse no Pau-Brasil, os portugueses iniciaram o processo de escambo com a população indígena. Nesse processo os portugueses trocavam objetos nunca vistos pelos indígenas (espelhos, facas, etc.) pela madeira de Pau-Brasil.

O processo de escambo durou pouco tempo, até o momento em que os portugueses passaram a escravizar a população indígena para exploração da madeira. Nesse contexto, os indígenas eram obrigados a cortar a madeira que posteriormente era enviada para a metrópole.

Em Portugal, além do uso da tinta, o Pau-Brasil também era utilizado na confecção de mobiliário, que possui alto custo de aquisição. O processo de exploração do Pau-Brasil aconteceu aproximadamente entre os anos de 1500 à 1530, tempo suficiente para praticamente extinguir a espécie do território brasileiro.

Com a falta de Pau-Brasil para agroexportação, a metrópole não conseguia mais gerar lucros com a exploração da madeira. Deste modo, esse ciclo econômico entrou em crise e os portugueses precisaram encontrar outra maneira de enriquecer seu país. É neste momento que se inicia o ciclo da cana-de-açúcar.

Ciclo da cana-de-açúcar

O ciclo da cana-de-açúcar inicia-se no Brasil, por conta do potencial do país tanto em questões de solo, como de clima. Portugal já possuía experiência no plantio da cana-de-açúcar já que esta era cultivada em algumas partes de seu território. Deste modo, sabia-se também que a Europa era um grande mercado consumidor.

Apesar de dominar a técnica do plantio, Portugal precisou de financiamento holandês para iniciar o processo no Brasil, já que o país não estava em um bom momento econômico.

Com o financiamento por parte da Holanda, Portugal instaurou no nordeste brasileiro, o início do plantio da cana-de-açúcar. Nesse plantio era utilizada mão de obra escrava africana, já que os povos indígenas haviam sido praticamente exterminados na região.

Junto ao início do plantio da cana-de-açúcar, surgiram os engenhos para retirada do açúcar da planta. Esses engenhos foram responsáveis pela criação de um novo modelo de sociedade no Brasil.

Esse novo modelo estabelecido no complexo açucareiro possui três classes: os aristocratas, os homens livres e os escravos.

a sociedade do acucar
Figura 3: Hierarquia da sociedade do açúcar.

Os aristocratas eram os senhores dos engenhos, responsáveis pelo comando de todo o processo produtivo e de origem europeia. Os homens livres, eram os homens brancos que possuíam sua própria terra, eram contratados e prestavam serviços para o engenho como carpinteiro, ferreiro, etc.

Por fim, a classe dos escravos era composta pelos homens e mulheres negros, trazidos do continente africano para o Brasil, para exercer o trabalho não remunerado. Os escravos eram tratados como mercadoria e eram propriedade do senhor do engenho. Não possuíam terra própria, não possuíam direitos e viviam nas senzalas.

O ciclo da cana-de-açúcar prosperou até meados de 1580, quando Portugal passa para o domínio da Espanha, que estava em guerra com a Holanda. Neste período, Portugal perde maior parte das terras açucareiras para a Holanda, fazendo com que o mercado de açúcar português entrasse em decadência.

Saiba mais sobre a economia açucareira com esta aula do nosso canal:

Ciclo do ouro

A exploração mineral sempre aconteceu no Brasil, porém, somente ao fim do século XVIII chegou ao seu auge. Com a descoberta de jazidas em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, Portugal procurava restabelecer sua economia que se encontrava em atraso.

Este foi um dos períodos de maior exploração do Brasil. Com a mineração surgiram também as casas de fundição, responsáveis por derreter o ouro e moldá-lo em barras. Estas barras recebiam um selo que permitiam com que o ouro fosse utilizado para negociações.

Neste período a estrutura social do Brasil se assemelhava bastante com a do açucareiro. Porém foi no ciclo do ouro que a população começou a crescer de forma significativa e começaram a surgir revoltas sociais contra a exploração desenfreada.

Além de não render frutos suficientes para o desenvolvimento de Portugal, ao final do ciclo do ouro, a sociedade brasileira ficou em total situação de pobreza e desigualdade, vivendo somente da agricultura de subsistência.

Para saber mais sobre o clico do ouro, veja a videoaula do professor Felipe:

Ciclo do café

A economia do café entra em ascensão com o esgotamento da exploração mineral. Ao fim do ciclo do ouro, toda a população antes utilizada como mão de obra, encontrava-se em situação de pobreza extrema.

Com a população em situação de pobreza e desemprego, os fazendeiros do café passaram a contratar esta mão de obra com valor mais baixo do que no período do açúcar. Tendo em vista que esta era a única oportunidade que a população brasileira possuía.

O período do café é conhecido como divisor de águas, pois se deparou com o momento das leias abolicionistas e também da evolução do Brasil de colônia para república.

Em um pequeno espaço de tempo as atividades cafeeiras conseguiram acalmar as crises estabelecidas pelos ciclos anteriores e se expandir de uma forma desenfreada. Foi o período onde a construção de ferrovias e portos alavancaram o escoamento de mercadoria, tornando mais fácil a comercialização do café.

O período do café foi fundamental para a industrialização do país que aconteceria posteriormente, tendo em vista que maior parte dos investimentos para a industrialização do país foi proveniente das atividades cafeeiras. A economia cafeeiras começa a entrar em decadência com  a crise de 1929.

Ciclo da borracha

Com a Segunda Revolução Industrial e a produção de automóveis, a borracha passa a ser destaque na agroexportação brasileira. A produção de automóveis passou a consumir toneladas da borracha exportada pelo Brasil, principalmente a indústria automobilística norte-americana.

A borracha brasileira era produzida com o látex extraído da Seringueira, encontrada na região da floresta amazônica, principalmente nos estados do Amazonas e do Pará.

Este ciclo foi um grande gerador de empregos para os nordestinos que fugiam da seca em busca de melhores condições de vida. Porém, entrou em decadência com a criação da borracha sintética.

Desde o fim do ciclo da borracha, até a atualidade, a economia e consequentemente a agroexportação brasileira voltou a ser pautada na agricultura e na pecuária.

Atualmente, o Brasil é um grande produtor de commodities e entre eles temos como destaque a produção de soja, que vem dominando o território brasileiro e tomando cada vez mais o lugar da agricultura familiar.

Resumo sobre os Ciclos da Agroexportação

Confira agora com o professor de geografia Raphael Carrieri, do Curso Enem Gratuito, um resumo rápido sobre os ciclos da Agroexportação: Ciclo do Pau-Brasil, Ciclo da Cana de Açúcar, Ciclo do Ouro, Ciclo do Café, o Ciclo da Borracha, e a moderna agricultura de exportação nos séculos XX e XXI, com o ciclo da soja.

Questões sobre a agroexportação brasileira

Questão 01 – (UFRR/2016)

Os sucessivos ciclos econômicos característicos da Amazônia ao longo da história afetaram de maneira preponderante o desenvolvimento sustentável da região. Uma economia de ciclos tem como fundamento o preço alto de um determinado produto no mercado externo. Assim, os ganhos acarretados não se encontram naquela região, eles vêm de fora. Com o fim daquele produto ou sua substituição por um outro, a população local acaba sendo afetada. Sendo assim, os ciclos econômicos na Amazônia não corresponderam à formação de uma economia regional. Dentre os ciclos econômicos ocorridos na Região Amazônica estão:

a) ciclo das drogas do sertão e ciclo da borracha;

b) ciclo da borracha e ciclo da cana-de-açúcar;

c) ciclo do café e ciclo das drogas do sertão;

d) ciclo do ouro e ciclo da cana-de-açúcar;

e) ciclo da borracha e ciclo do café.

Questão 02 – (UNESP SP/2014)

A extração de madeira, especialmente do pau-brasil, os ciclos do açúcar e café e o desmatamento para instalação de indústrias são eventos de nossa história que contribuíram para a degradação desse bioma.

(www.eco.ib.usp.br)

O texto refere-se ao bioma

a) Mata Atlântica.

b) no Pantanal Matogrossense.

c) na Caatinga.

d) nas Matas de Araucária.

e) Floresta Amazônica.

Questão 03 – (UFTM MG/2008)

A ocupação dessa região foi induzida pela mineração, sendo posteriormente substituída pela pecuária, atividade que perdura até os dias atuais. Limitações ambientais importantes, como o ciclo enchente-cheia-vazante-seca, não favorecem a prática agrícola em grande escala

a) na Campanha Gaúcha.

b) no Pantanal Matogrossense.

c) na Caatinga.

d) nas Matas de Araucária.

e) na Serra do Mar.

Gabarito:

  1. A
  2. A
  3. B

Sobre o(a) autor(a):

Este texto foi elaborado pelo geógrafo e professor de Geografia Marcelo de Araújo para o Curso Enem Gratuito. Marcelo é formado em Geografia (licenciatura) pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Atualmente trabalha como autônomo. https://www.facebook.com/mdearaujo22

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