Entenda como os atos institucionais marcaram o período ditatorial e como os meios legais foram usados para reprimir a população.
O período ditatorial militar no Brasil, assim como em vários países da América Latina, foi uma cicatriz profunda que reverberou e ainda reverbera em nossa sociedade. No Brasil, a Ditadura Militar durou longos 21 anos, de 1964 até 1985 e fez uso de diversos meios legais, como os atos institucionais, para legitimar e fazer a manutenção de seu poder repressor.
A repressão durante a Ditadura
Não somente o poder legal era utilizado para manter os militares no poder, principalmente por meio dos Atos Institucionais, mas também para reprimir os opositores ao regime.
Um exemplo é a Lei de Segurança Nacional, muito utilizada por militares na época para encarcerar qualquer um que se opusesse ao governo, com a justificativa que a ação era necessária para a manutenção da ordem. Neste processo muitas pessoas eram presas de forma arbitrária e sem um julgamento justo.
Estudante sendo agredido por policiais na Avenida Rio Branco, em 1964. Fonte: https://goo.gl/XbEiZj
Não somente a Doutrina de Segurança Nacional, mas os Atos Institucionais, os AI, ficaram muito conhecidos como ferramentas legais de repressão. Foram mais de dezessete atos institucionais decretados, entretanto os cinco primeiros tornaram-se mais emblemáticos, pois engrossaram o caldo da repressão militar.
Os principais Atos Institucionais
O primeiro, chamado de AI-1, foi decretado poucos dias após o golpe no ano de 1964. Foi o responsável por estabelecer a retirada de João Goulart do governo e transferir o poder para as Forças Armadas.
O AI-1 possui um caráter legitimador, renomeando o golpe para “revolução” e justificando a tomada de poder como sendo um desejo nacional. O AI-1 ainda garantia exclusividades ao poder Executivo, controle das despesas públicas e poder para reformular a política nacional.
Eliminando qualquer possibilidade de caráter provisório do golpe, o AI-2 tratou de desprezar ainda mais a Constituição de 1946. O AI-2, de 1965, tratou de reforçar a ideia de que o golpe de 1964 foi um “contragolpe” e que o governo de João Goulart teria um projeto de implementar algum tipo de ditadura socialista nos moldes da União Soviética, fazendo menção à Revolução Russa de 1917.
Este aspecto do AI também pretendia afastar partidários de João Goulart do governo usando o mesmo argumento, dando ao governo o direito de suspender os direitos políticos de qualquer cidadão. Neste momento os partidos políticos foram extintos, caracterizando ainda mais a intenção do regime de ser duradouro e não apenas uma solução paliativa como era propagandeado.
O AI-3, de 1966, proclamou eleições indiretas para governador e vice-governador. Os prefeitos das capitais, na intenção de dificultar o acesso da oposição ao governo, eram indicados pelos governadores. O AI-4, um ano após, convocava uma assembleia constituinte para a Constituição de 1967, o que tornava institucionalizada a ditadura.
Agora, todo um conjunto de leis estruturava o regime militar. A tentativa era dar ao regime ditatorial um aspecto de legalidade, de institucionalidade.
Manchete do jornal Folha de São Paulo anunciando o AI-1 em 1964. Fonte: https://goo.gl/Bxs6MU
O que foi o AI-5
Em 1968 os “anos de chumbo” foram inaugurados com o AI-5. É um dos períodos mais conhecidos do regime militar, visto que os atos repressivos se intensificaram largamente. Neste momento alguns grupos dissidentes formaram núcleos armados, como a Ação Libertadora Nacional (ALN), criada por Carlos Marighella, e o Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8), fundado por ex-membros do Partido Comunista Brasileiro.
Nesse contexto, o governo Costa e Silva suspendeu diversos direitos individuais, como habeas corpus. Além disso, decretou que o presidente pudesse declarar estado de sítio. Na prática, a medida dava poder ao Estado de intervir em regiões do Brasil ignorando determinações constitucionais. Embora o período mais duro do regime militar tenha se iniciado no governo de Costa e Silva, os anos de chumbo duraram a gestão de Emílio Médici.
No ciclo de 1968 a 1972 o país viveu situações de guerrilha e de terrorismo promovidas por grupos alinhados com propostas de implantação do comunismo no Brasil. Assaltos a banco, atentados e assassinatos foram perpetrados com este objetivo. Mais de 100 pessoas foram mortas pelos atos terroristas ou justiçamentos entre os próprios militantes dos grupos armados.
A resposta do governo militar foi endurecer ainda mais o regime com o combate cerrado a esses grupos. A repressão incluiu prisões ilegais, torturas para tentar obter delações ou confissões, e assassinatos dos principais líderes e mesmo de membros da hierarquia inferior dos grupos armados que se formaram. Segundo os dados da Comissão da Verdade, que pesquisou os tempos da Ditadura Militar, 434 pessoas foram mortas pelas ações legais e/ou ilegais promovidas pelo regime.
Censura
Neste período, a censura mostrou-se uma ferramenta ainda mais poderosa para o regime militar. Primeiramente, as manifestações contra o regime eram proibidas por lei. Além disso, havia o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), responsável por controlar toda a informação veiculada que fosse considerada subversiva ou contra o regime.
O controle da imprensa, o medo da presença comunista e o “milagre econômico” da época auxiliava a evocar a população em defesa do regime. Por esse motivo, historiadores criaram o termo “ditadura civil-militar”, pois havia uma cumplicidade da população civil.
Para saber mais sobre o governo de Costa e Silva e sobre o AI-5, confira a aula do professor Felipe:
A campanha “Diretas Já”
A revogação do AI-5 ocorreu em 1978. Naquela época, o regime ditatorial estava perdendo poder devido a diversos movimentos políticos, principalmente ligados a artistas da MPB, de crítica e contestação da opressão militar. Foi o início do processo de reabertura democrática que culminou no “Diretas Já”. O movimento exigiu a volta de eleições diretas para presidente e no fim gradual do período ditatorial.
Sistema eleitoral
Para saber como os atos institucionais alteraram o sistema eleitoral, confira a aula do professor Dudu:
Questões sobre os atos institucionais
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Pergunta 1 de 10
1. Pergunta
(Fac. Santo Agostinho BA/2016)
O período da ditadura militar no Brasil (1964 -1985) caracterizou-se pela supressão dos direitos constitucionais, pela censura aos meios de comunicação, pela perseguição, prisão e tortura daqueles que se opunham ao regime. Ainda assim os protestos surgiram em várias capitais e agregaram intelectuais, sindicalistas, artistas e, principalmente, uma forte oposição estudantil. Em meio a esse cenário, o decreto do então presidente Costa e Silva definiu o momento mais duro do regime, dando poder de exceção aos governantes para punir arbitrariamente os que fossem considerados inimigos do regime, e configurou-se em “um golpe” dentro do golpe militar.
Esse decreto foi
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Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(IFMG/2015)
“A edição do AI2 não deixava dúvidas acerca das intenções políticas do novo regime em perpetuar-se no poder. Ao mesmo tempo, porém, procurava dar ao regime uma fachada democrática: ao extinguir todos os partidos políticos então existentes, substituía-os por dois únicos partidos: a Aliança Renovadora Nacional (Arena) – governista – e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) – supostamente congregando a oposição, mas limitado em sua organização e no campo das manifestações públicas.”
(NAPOLITANO, Marcos. O regime militar brasileiro: 1964-1985. São Paulo: Atual, 1998.)
Com relação aos primeiros anos da ditadura civil-militar no Brasil, é correto afirmar que:
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Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(Fameca SP/2013)
A violência, que o marechal Costa e Silva confessou ter sentido ao editar o AI-5, ia deixar de ser uma figura de retórica. A partir do dia 13 de dezembro de 1968, ela se abateria de fato sobre a alma e a carne de toda uma geração.
(Zuenir Ventura. 1968: o ano que não terminou, 1988.)
A afirmação do jornalista pode ser justificada pelo fato de que o AI-5
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Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(PUC GO/2012)
As delações eram uma prática recorrente na época da ditadura militar no Brasil (1964-1985), mesmo entre amigos. Alguns presos pelos órgãos de repressão foram, inclusive, torturados para que delatassem seus companheiros. Assinale a alternativa que apresenta instrumentos da execução de ações governamentais repressoras:
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Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(UEPB/2009)
Em 1967 a Deputada do MDB/SP Conceição da Costa Neves afirmou que a “nova Lei de Imprensa é a última pá de cal sobre o cadáver da democracia brasileira”. Já o Ministro do Planejamento do governo Castelo Branco, Roberto Campos, retrucou que “o que sepretende é salvaguardar a honra de homens públicos submetidos auma dieta diária de calúnias”. Sobre a Lei de Imprensa, que tantas polêmicas causou neste ano de 2008, assinale a alternativa correta.
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Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(FGV/2008)
O general Ernesto Geisel, candidato da Arena, venceu facilmente o representante da oposição em janeiro de 1974. (…) o novo presidente iniciou o processo de flexibilização do regime através da sua política de distensão, que previa uma série de alterações parciais (abrandamento da censura e de medidas repressivas, e negociações com setores oposicionistas).
Seu objetivo era atenuar as tensões decorrentes do exercício do poder sob regras tão autoritárias e alargar a base de sustentação do governo através da cooperação de setores da oposição.
(Flavio de Campos, Oficina de História – História do Brasil)
Apesar do anúncio de distensão política, durante esse governo ocorreram retrocessos nesse processo, representados
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Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(UNIMONTES MG/2006)
Um regime ditatorial militar foi implantado no Brasil pelo Golpe de Estado de 1964 e durou até 1985.
Sobre esse período, é CORRETO afirmar que:
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Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(EFEI SP/2001)
Leia os textos abaixo:
Texto I:
“Considerando que a Revolução Brasileira de 31 de março de 1964 teve, conforme decorre dos Atos com os quais se institucionalizou, fundamentos e propósitos que visavam a dar ao país um regime que, atendendo às exigências de um sistema jurídico e político, assegurasse autêntica ordem democrática, baseada na liberdade, no respeito à dignidade da pessoa humana, no combate à subversão e às ideologias contrárias às tradições de nosso povo, na luta contra a corrupção, buscando, deste modo, “os meios indispensáveis à obra de construção econômica, financeira, política e moral do Brasil, de maneira a poder enfrentar, de modo direto e imediato, os graves e urgentes problemas de que depende a restauração da ordem interna e do prestígio internacional da nossa pátria.”
(Preâmbulo do Ato Institucional no. 1, de 9 / 05 / 1964)
Texto II:
Primeiros Tempos ( Alex Polari )
“Não era mole aqueles dias
De percorrer de capuz
A distância da cela
À câmara de tortura
E nela ser capaz de dar urros
Tão feios que eu nunca ouvi.
Havia dias que as piruetas do pau-de-arara
Pareciam ridículas e humilhantes;
E, nus, ainda éramos capazes de corar
Ante as piadas sádicas dos carrascos
Havia dias em que todas as perspectivas
Eram pra lá de negras
E todas as expectativas
Se resumiam à esperança algo cética
De não tomar pancadas nem choques elétricos.
(…)”
Após a leitura dos dois textos assinale a alternativa falsa em relação ao período 1964-1985:
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Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(UFJF MG/1998)
Leia o texto abaixo:
“Antes de formar uma opinião, verifique várias vezes se ela é realmente sua, ou se não passa de influência de amigos que o envolveram. Não estará sendo você um inocente útil numa guerra que visa destruir você, sua família e tudo que você mais ama nesta vida? Se você for convidado, ou sondado, para conversas sobre assuntos que lhe pareçam estranhos ou suspeitos, finja que concorda e cultive relações com a pessoa que assim o sondou e avise a Polícia ou o quartel mais próximo. As autoridades lhe dão todas as garantias, inclusive de anonimato.”
O texto é parte do Decálogo de Segurança, produzido pelo DOPS, em 1969, que incentivava a população brasileira a denunciar à polícia os opositores do regime militar.
Marque a alternativa que NÃO se relaciona com o contexto no qual foi produzido esse documento:
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Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(UFGD MS/2019)
Em 2018, completam-se cinquenta anos do AI-5 e trinta anos da atual Constituição Federal brasileira, importantes marcos da história política do país na segunda metade do século XX.
REPRODUÇÃO DA MANCHETE DO JORNAL “ÚLTIMA HORA”, DE DEZEMBRO DE 1968
Sobre a ditadura cívico-militar e o processo de redemocratização no Brasil, é correto afirmar que
Correto
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Sobre o(a) autor(a):
Guilherme Silva é formado em História pela Universidade Federal de Santa Catarina. Dá aulas de História em escolas da Grande Florianópolis desde 2016.
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