Estude sobre como funciona o convívio social na ótica da Sociologia. É revisão para o Exame Nacional do Ensino Médio, confira!
Hoje em dia, muito se fala que nós enquanto sociedade perdemos os valores sociais de uma vida comunitária. Fala-se que a vida em comunidade era mais humana, solidária e menos violenta. Mas o que é uma comunidade? Quais as características de uma vida em comunidade? Por que substituímos o convívio social em comunidades para o convívio social em sociedades? Quais as vantagens e desvantagens desta transformação? Entenda tudo isso nessa aula de Sociologia para o Enem!
Comunidade e sociedade
Antes de entender a diferença entre comunidade e sociedade, é importante conhecer o significado de cada um desses conceitos.
Comunidade é um grupo social que se caracteriza por forte coesão baseada no consenso espontâneo dos indivíduos. Esta coesão se alimenta da concordância dos indivíduos sobre assuntos de interesse comum à comunidade da noção compartilhada de que o bem comum deve prevalecer sobre os interesses e desejos individuais.
Nas comunidades, os sujeitos são muito parecidos entre si, tendo também uma relativa – ou absoluta – igualdade de direitos e oportunidades, reduzindo as chances de disputas internas. Uma outra característica das comunidades é que elas não são muito numerosas, fato que facilita a manutenção da coesão social. Embora não seja uma regra, uma comunidade não supõe a existência de um Estado ou Governo. Existem hierarquias nas comunidades, porém elas são organizadas de forma diferente, costumam ser menos verticais e mais transparentes.
A maior parte dos povos indígenas e dos povos quilombolas vivem – ou viviam (pois a maioria foi dizimada pelos europeus colonizadores) em comunidades. Nelas, os membros vivem uma vida voltada à comunidade, ou seja, ao convívio social e aos interesses comuns.
Os valores sociais são compartilhados e não existem grandes questionamentos sobre as regras, normas e leis da vida comum. No entanto, nem tudo é harmonia na vida em comunidade, pois as disputas e conflitos podem existir e de fato ocorrem, interna e externamente. Duas comunidades podem disputar um território, por exemplo. Assim, como o membro de uma comunidade pode se sentir contrariado por não ter casado com a moça que gostaria de ter casado.
O conceito de comunidade também vale para grupos de pessoas que se isolaram para viver uma vida em seus próprios termos. Em vários países do mundo – particularmente no continente europeu, mas não apenas neste – estão surgindo pequenas e médias comunidades. Nelas vive-se uma vida muito semelhante à vida das comunidades indígenas e quilombolas, nas quais quase tudo é compartilhado: o plantio, a colheita e o preparo dos alimentos, o cuidado com os filhos, a limpeza e arrumação do espaço doméstico, a organização das festas e rituais. Nas comunidades também existem divisões de tarefas que em geral são definidas pelo gênero e pela idade.
Diferentemente da vida em sociedade, onde os valores individualistas e capitalistas prevalecem e onde a desigualdade social impera, na vida em comunidade existe um senso comum de responsabilidade pela comunidade, o que envolve um cuidado com o meio ambiente. Os membros de uma comunidade se percebem como parte do ambiente, pois sabem que a manutenção da sua espécie depende da preservação da natureza.
A vida em comunidade tem muitas vantagens, como vimos acima, porém existem uma série de limitações neste modo de vida. A mobilidade social, por exemplo, é algo que praticamente não existe, na medida em que não há opções de vida além do estabelecido; não há grandes possibilidades de ascensão profissional ou de adquirir bens.
Você precisa se contentar com o que seus pais e a comunidade em geral definiram para você, tanto em termos de casamento como de trabalho. Se você é mulher e quer caçar junto com o seu pai e irmão, possivelmente isso não será possível. Se você não quer casar nem ter filhos, provavelmente precisará fazê-lo mesmo contra sua vontade. A questão é que nas comunidades, em geral, os desejos individuais estão em harmonia com os valores e desejos da comunidade, fazendo com que as divergências e conflitos sejam reduzidos ou quase inexistentes.
Diferença entre comunidade e sociedade
Para entender melhor a diferença entre comunidade e sociedade, assista à videoaula a seguir, com o professor Fábio Luís Pereira!
Exercícios sobre o convívio social
1. Ao elaborarmos um estudo sociológico sobre algumas comunidades, notamos que essas, são marcadas por uma proximidade física entre as pessoas que residem em tais espaços. Pois bem, das alternativas abaixo qual a que não se adéqua a definição sociológica das comunidades:
a) Nitidez territorial.
b) Grandeza territorial.
c) Homogeneidade.
d) Relações pessoais.
e) Dimensões territoriais pequenas
2. (UPE) Segundo o sociólogo alemão Ferdinand Tönnies, há uma profunda diferença entre o conceito de Comunidade com o conceito de Sociedade. Essa diferença se configura devido ao fato de:
a) As comunidades não desenvolvem um sentimento de coletividade, ao contrario das sociedades.
b) Uma sociedade é composta por várias comunidades que determinam o seu funcionamento.
c) Uma comunidade é unida de acordo com a existência de um sentimento de afetividade coletiva, que configura a coesão social, enquanto a sociedade é uma união de acordos racionais de convivência.
d) As sociedades são marcadas por uma homogeneidade de atores sociais, enquanto as comunidades são marcadas por uma heterogeneidade.
e) Todas as alternativas estão corretas.
3. (UPE) Comunidades geralmente são grupos formados por familiares, amigos e vizinhos que possuem um elevado grau de proximidade uns com os outros. Nas comunidades, as normas de convivência e de conduta de seus membros estão interligadas à tradição, religião, ao consenso e respeito mútuo. Nas sociedades é totalmente diferente; esse contato próximo não existe, prevalecendo os acordos racionais de interesses. Não há o estabelecimento de relações pessoais e, na maioria das vezes, não há tamanha preocupação com o outro indivíduo, fato que marca a comunidade. Por isso, é fundamental haver um aparato de leis e normas para regularem a conduta dos indivíduos que vivem em sociedade. Nesse sentido, é CORRETO afirmar que o responsável em desempenhar o papel do regulador dessas relações é:
a) o Estado.
b) a Igreja católica apostólica romana.
c) o Ministério da Justiça.
d) o Ministério Público.
e) o Juizado de pequenas causas.
Gabarito:
1) b
2) c
3) a