O doping é caracterizado pelo uso de substâncias ou métodos por atletas competitivos de maneira artificial ou não fisiológica, que tem como objetivo aumentar o desempenho físico.
Esse assunto dá o que falar! São muitos os escândalos e atletas que deixaram o esporte por isso. Vamos entender mais? O doping é uma estratégia usada desde os primórdios das competições. Ele tem como objetivo principal a melhora do desempenho esportivo de atletas de alto rendimento.
Assim, o uso de substâncias, métodos ou procedimentos, como os famosos anabolizantes, por exemplo, caracterizam o doping, sendo proibidos em competições e controlados pela Word Anti-doping Agency (WADA).
O doping é um assunto polêmico no meio esportivo. Apesar de claramente proibido em competições oficiais, muitas equipes e atletas continuam tentando burlar as regras.
O que é doping?
O doping é caracterizado pelo uso ou administração de substâncias ou métodos por atletas competitivos, de maneira artificial ou não fisiológica, que tem como intuito aumentar o desempenho físico. O uso dessas substâncias ou métodos é ilegal e considerada desleal no mundo do esporte.
O doping é classificado como um recurso ergogênico (RE), considerado como qualquer substância ou procedimento que tem capacidade de aprimorar o desempenho esportivo.
Esses recursos melhoram valências físicas, como a velocidade, força, resistência, entre outras. Os recursos ergogênicos também são uma possibilidade de acelerar a recuperação dos atletas.
Contudo, os recursos ergogênicos não são apenas substâncias farmacológicas. Neles também se enquadram os nutrientes (carboidratos, proteínas, vitaminas, etc), componentes fisiológicos (oxigênio, condicionamento), psicológicos (hipnose, ensaio) e mecânicos (vestimenta, equipamentos).
O que ocorre é que alguns desses recursos ergogênicos são aceitáveis e outros não. Portanto, alguns deles são considerados ilegais em competições e desleais ao espírito esportivo, como o doping.
São usados, então, alguns critérios, partindo das características dessas substâncias, para conceituar o doping. Dentre as principais características estão:
- A substância não pode potencializar o desempenho esportivo;
- Não pode ser maléfica a saúde;
- Não pode ir contra o espírito esportivo e não pode mascarar a detecção de outras substâncias no teste.
A WADA, então, a partir desses critérios, estabelece quais substâncias, métodos e procedimentos são proibidos, disponibilizando a cada ano, de maneira atualizada, a chamada Lista Proibida.
Nessa lista, as substâncias estão separadas por categorias e são citadas individualmente. Algumas das classes farmacológicas dessas substâncias são: estimulantes, narcóticos, anabolizantes, diuréticos, betabloqueadores, hormônios peptídeos e análogos e os canabinóides.
Para entender um pouco mais sobre a WADA, assista ao vídeo disponibilizado pela instituição (e ative a tradução automática para o português no Youtube!):
Testes de doping
É um grande desafio realizar testes para detecção de doping em todos os atletas de uma competição esportiva. Então, a Wada estabelece normas para que isso ocorra. Logo, é de responsabilidade das federações internacionais dos esportes elaborarem uma lista dos atletas que devam ser testados.
Alguns dos critérios utilizados para a escolha dos atletas que devam ser testados são: o nível de desempenho apresentado, alguma suspeita, e retorno após lesão.
Nos Jogos Olímpicos, por exemplo, os três primeiros colocados de cada categoria devem ser obrigatoriamente testados. Em caso de doping, os atletas sofrem punições, incluindo a perda de medalhas ou banimento do esporte por tempo a ser determinado.
Uso de substâncias ilegais
Apesar de ilegais em competições esportivas, as substâncias consideradas doping devem, quando usadas, serem administradas da maneira correta. A substância é escolhida principalmente pelo caráter o esporte que o atleta pratica.
Temos, principalmente, duas classificações quanto ao tipo de esporte: os aeróbicos e os anaeróbios. Eles dizem respeito à via energética usada. Na bioquímica, temos as vias anaeróbias e aeróbias para a geração de energia. Nos esportes, a predominância de uma das vias sempre acontece.
Os esportes de longa duração usam predominantemente as vias energéticas aeróbias, onde a demanda de oxigênio pelas células é maior. Entre os esportes aeróbios, destacam-se o ciclismo, a maratona, natação de distâncias maiores, entre outros.
Já nos esportes anaeróbios, destacam-se aqueles que demandam de força e potência por um curto intervalo de tempo, como, por exemplo, a corrida de 100 metros, o salto em altura e o levantamento de peso.
Então, as substâncias usadas devem condizer com o caráter do esporte. Os anabolizantes, por exemplo, melhoram a força do indivíduo. Logo, não faria sentido um maratonista, que precisa de resistência, fazer o uso deles.
Algumas substâncias ganham destaque por seus efeitos e por serem mais utilizadas. Dentre elas estão os anabolizantes, a furosemida, a eritropoetina, e o uso do procedimento de doping sanguíneo. A seguir, vamos entender um pouco mais sobre cada um.
Anabolizantes
Os anabolizantes, tecnicamente chamados de esteroides-anabólicos-androgênicos, derivam da testosterona. A testosterona é um hormônio presente em homens e mulheres. No entanto, é considerado um hormônio masculino, pois está em maiores quantidades no homem e é responsável pelas características físicas masculinas.
A testosterona é considerada doping quando se apresenta em níveis maiores que os fisiológicos, tanto em homens quanto em mulheres. Em excesso ou em uso prolongado, a testosterona pode causar sérios distúrbios hepáticos e pré-disposição a doenças cardiovasculares.
Usados para melhoria de desempenho em esportes que necessitam de força, potência e aumento do volume muscular, os anabolizantes se tornaram também populares no mundo fitness, dentro das academias. Com objetivo estético, o uso indiscriminado parece não levar em consideração os riscos e efeitos colaterais.
Eritopoetina
Já a eritropoetina, ao contrário dos anabolizantes, condiz com o aumento do desempenho em esportes aeróbios, que exigem resistência e aptidão aeróbia. A eritropoetina é um hormônio que age aumentando a produção das hemácias, potencializando o transporte de oxigênio.
Esse hormônio, naturalmente, é produzido pelos rins e age na medula óssea. Um dos seus efeitos colaterais é o aumento da viscosidade do sangue, aumentando, assim, o trabalho cardíaco e podendo trazer riscos cardiovasculares.
Furosemida
Algumas drogas são utilizadas também com o intuito de mascarar nos exames o uso de outras substâncias. A furosemida é um exemplo disso. A substância diurética diminui a reabsorção de sódio e cloro pela Alça de Henle, no rim. Com essa função, outras substâncias podem ficar mais dissolvidas na urina e passarem despercebidas.
Doping sanguíneo
Além de substâncias, procedimentos também são utilizados e considerados doping. Um dos mais comuns é o doping sanguíneo. Esse tipo de procedimento se caracteriza na retirada de um certo volume de sangue do atleta, e a reposição deste mesmo sangue em dias próximos às competições.
Com a retirada de sangue, o número de hemácias e o volume plasmático diminui, fazendo com que o corpo acabe os produzindo mais para amenizar o déficit. Então, quando o sangue que foi retirado é reintroduzido, o número de hemácias e de volume plasmático é maior que os níveis fisiológicos, favorecendo o rendimento aeróbio.
Casos de doping
Como vimos, o doping é algo muito complexo. Nos dias atuais, a WADA continua pesquisando sobre novos métodos que sejam mais assertivos na detecção dessas drogas pelos exames. Grandes países e nomes de atletas já estamparam manchetes de notícias com escândalos do doping.
Confira nessa reportagem 5 atletas que foram pegos no exame antidoping e que ficaram na história.
A WADA recomendou que toda a delegação russa fosse banida de competições internacionais por quatro anos após o escândalo do doping, por exemplo. Descobriram-se manipulações no laboratório antidoping em Moscou, camuflando amostras suspeitas.
O doping é algo que traz tristezas e injustiças ao esporte. Considerado muito desleal, ainda é muito comum. Espera-se que os exames fiquem cada vez mais eficazes na detecção das drogas e métodos, tornando o esporte e suas competições justas novamente.
Recomento fortemente, como complemento, caso tenha acesso à Netflix, o documentário Ícaro, que aborda também o escândalo russo de doping.
Exercícios
Para fixar as informações, responda também as perguntas a seguir. Bons estudos!
1- (UERJ)
No chamado doping sanguíneo, atletas retiram determinado volume de sangue e o reintroduzem no corpo, em momento próximo ao da competição.
Esse procedimento, que melhora o desempenho do atleta, possibilita o aumento do seguinte parâmetro sanguíneo:
a) número de eritrócitos;
b) capacidade anaeróbia;
c) agregação plaquetária;
d) concentração de ácido lático.
2- (UNICAMP)
Recentemente, inúmeros casos de doping esportivo foram noticiados, como, por exemplo, aqueles envolvendo a delegação russa nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. Um dos métodos mais utilizados no exame antidoping é a coleta e análise da urina de atletas, para a verificação da presença de medicamentos proibidos. O composto furosemida foi banido pela Agência Mundial Antidoping. Sua principal ação é reduzir a reabsorção de sódio e cloro a partir da alça do néfron (alça de Henle) em direção aos vasos sanguíneos adjacentes.
Considerando essas informações e os conhecimentos sobre fisiologia renal e a excreção em seres humanos, é correto afirmar que a furosemida
a) diminui a produção de urina, impedindo que medicamentos proibidos sejam eliminados nas amostras a serem analisadas nos testes antidopings.
b) diminui a produção de amônia, mas aumenta a eliminação de medicamentos pelo rim, resultando em diluição das amostras analisadas nos testes antidoping.
c) aumenta a produção de urina, resultando da diminuição da concentração de medicamentos nas amostras, o que dificulta sua detecção nos testes antidoping.
d) aumenta a produção de ureia, o que resulta na diluição das amostras a serem analisadas nos testes antidoping e na diminuição da concentração dos medicamentos.
3- (FGV)
Força artificial. Dois ídolos são pegos usando testosterona e mostram que doping é regra, não exceção.
Dois casos de doping envolvendo ídolos americanos chamaram atenção não apenas pela fama dos acusados, mas também pela substância detectada nos exames de ambos: testosterona.
A presença de testosterona no organismo dos atletas pode ser considerada doping
a) quando em atletas homens e na idade adulta, pois ela é produzida e só pode ser detectada no organismo no início da puberdade.
b) apenas quando em atletas mulheres, uma vez que o organismo feminismo não a produz.
c) apenas quando em atletas homens uma vez que o organismo masculino não a produz.
d) quando em atletas homens e mulheres, caso sua concentração esteja muito acima do normal.
e) se for detectada em qualquer concentração no organismo, pois assim que é produzida pela tireoide, é imediatamente metabolizada.
4- (UFRN)
Alguns esportes exigem que os atletas tenham maior capacidade aeróbia (fôlego e resistência), enquanto que outros demandam muita força realizada em pouco tempo. O treinamento específico diário para cada tipo de esporte torna o atleta mais adaptado a praticá-lo, melhorando progressivamente os resultados. No entanto, alguns atletas, para acelerar esse processo, utilizam-se de substância proibidas, constituindo o doping. Dois tipos comuns de doping são o uso de eritropoetina, hormônio estimulante da produção de eritrócitos (hemácias), e o uso de anabolizantes.
Levando em consideração que a vantagem ilícita advinda do doping depende do seu uso de forma adequada ao tipo de esporte, considere quatro tipos de atleta: um halterofilista, um maratonista, um goleiro e um ciclista.
a) Quais desses atletas seriam beneficiados com o uso de eritropoetina? Justifique sua resposta.
b) Quais desses atletas seriam beneficiados com o uso de anabolizantes? Justifique sua reposta.
5- (UFRJ)
Além do uso de anabólicos e de outros produtos, existe uma forma “natural”, adotada por alguns atletas, para melhorar o desempenho. Esse processo é chamado doping de sangue e consiste no seguinte: aproximadamente, uma ou duas semanas antes da competição, certa quantidade do sangue do atleta é retirada e armazenada. À época da competição, através de uma transfusão, ele recebe seu sangue de volta.
Explique como esse procedimento favorece o desempenho do atleta.
Gabarito:
- A
- C
- D
- A) O maratonista e o ciclista, uma vez que suas modalidades são aeróbias. A eritropoetina é um hormônio que age na medula óssea, aumentando a produção de hemácias, otimizando o transporte de oxigênio. B) O halterofilista e o goleiro, uma vez que seus esportes tem características anaeróbias. Os anabolizantes melhoram o aspecto de força e potência, que são utilizados nessas modalidades, e são geralmente derivados da testosterona
- Caso o atleta tenha um pouco do seu sangue retirado, ele fica em déficit de hemácias e de volume plasmático. Logo, o corpo produz mais células para compensar essa falta. Assim, quando o sangue que foi retirado é reintroduzido, o atleta acaba ficando com níveis maiores de hemácias e de volume plasmático. Essa condição otimiza o transporte de oxigênio, melhorando o desempenho esportivo.