Igualdade de gênero e as lutas feministas

As lutas feministas são alvo de debates acalorados nas redes sociais. Mas, antes de opinar sobre assunto, você saberia dizer do que se trata o feminismo e a igualdade de gênero? Estude este assunto atual e arrebente no Enem!

O post de hoje falará sobre um tema super atual, que vem sendo debatido nas escolas, universidades, redes sociais e também no meio empresarial. Um tema que por sua urgência e atualidade vem transformando nossa vida em sociedade: a igualdade de gênero.

As questões de gênero afetam vários aspectos da nossa vida cotidiana, de modo que discutir essa temática torna-se fundamental para todos e todas. Além disso, a relevância atual do tema faz com que ele possa ser cobrado na redação do Enem, ou contextualizado em questões de Ciências Humanas.

As lutas pela igualdade de gênero

Como você já deve saber, até meados do século XX, ser mulher, na maioria dos países do mundo, significava viver uma vida “recatada e do lar”. Até os anos 50 do século passado, as mulheres se limitavam a ocupar o ambiente doméstico, deixando o mundo do trabalho e da política para os homens.

As mulheres deveriam se contentar e se realizar com seus papéis de mãe e esposa. Almejar algo mais era mal visto e deveria ser evitado. Até este período eram poucas as mulheres que se aventuravam no mundo do trabalho, embora várias já tivessem acesso a uma formação profissional.

Apesar de que o voto feminino tenha se instituído no Brasil em 1932, em função da ditadura de Getúlio Vargas (1937-1945), as mulheres só voltaram a votar em 1946.

Movimento feminista

Nos anos 1960, essa realidade começa a mudar. Diversos movimentos sociais surgem no Brasil e no mundo e entre eles está o movimento feminista. Embora o movimento feminista organizado tenha surgido nos EUA durante a década de 1960, ele tem raízes na França e Inglaterra. Nesses países, desde o século XVIII as mulheres se manifestavam em favor da igualdade de direitos e de oportunidades.

São várias as precursoras do feminismo: Emma Goldman (1969-1940), Virgínia Woolf (1882-1941), Simone de Beauvoir (1908-1986).

Simone de Beauvoir, filósofa francesa, se tornou uma das principais referências do feminismo, sendo autora da célebre frase “não se nasce mulher, torna-se mulher”. Esta frase nos convida a questionar nosso gênero – homem, mulher, não-binário – como algo natural, inato; nos convida a pensar nosso gênero como uma construção social e cultural.

O que é gênero

O gênero é aquilo que identifica e diferencia socialmente as pessoas nos quesitos masculinidade e feminilidade, levando em consideração os padrões histórico-culturais atribuídos aos homens e às mulheres. Gênero, na teoria não é sinônimo de sexo, pois eu posso me identificar com o gênero masculino ou feminino, independentemente de ter nascido com um corpo de homem ou de mulher.

Da mesma forma, posso me identificar como uma pessoa não-binária, que é aquela que se identifica, eventualmente, com ambos os gêneros. Assim, ser mulher – independente de ter nascido com um corpo de mulher ou não – significa identificar-se com o gênero feminino.

O feminismo dos anos 1960 será a referência para os que surgem depois. Nesse período, as mulheres lutavam pelos seguintes direitos:

  • Acesso a métodos contraceptivos;
  • Igualdade entre homens e mulheres no espaço público;
  • Proteção à mulher contra a violência doméstica;
  • Acesso ao mundo do trabalho.

A principal ideia deste feminismo, que é a base de todos os feminismos, é que homens e mulheres são iguais em direitos, não devendo haver nenhuma distinção entre os gêneros na sociedade.

Por que falar em “feminismos”?

Hoje, não se pode mais falar de feminismo no singular, pois existem muitos feminismos, com pautas e demandas específicas. Com o tempo, as diferenças entre as mulheres – diferenças de raça, classe e orientação sexual – começaram a pesar.

Igualdade de gênero - Movimento feminista
Movimento feminista anos 60. Fonte: http://www.meidentifiquei.com/2017/03/09/mas-eu-nao-sou-obrigada-ser-feminista-oi/feminismo-anos-60-70-dia-internacional-da-mulher-me-identifiquei/

Para as mulheres negras, por exemplo, não fazia sentido lutar pelo direito de trabalhar, pois essas mulheres, muitas delas filhas e netas de escravas, sempre tiveram que trabalhar. Hoje temos o feminismo negro, o feminismo indígena, o feminismo lésbico, assim como o feminismo radical – que não aceita mulheres trans – e o ecofeminismo – que pensa a questão de gênero juntamente com as questões ambientais.

Todos os feminismos têm em comum a crença e a defesa da igualdade de direitos entre homens e mulheres. Os feminismos são movimentos sociais que buscam a igualdade entre os gêneros e a liberdade das mulheres na sociedade machista e patriarcal em que vivemos.

O machismo não é o oposto correspondente do feminismo. Isso porque o machismo não se trata de um movimento social e sim de um padrão de pensamento e comportamento excludente e violento que considera as mulheres como seres inferiores.

Embora em menor grau, os homens também sofrem as consequências do machismo e, por isso, são bem-vindos na luta feminista. No entanto, é consenso que precisam aprender a ouvir mais e falar menos, uma vez que não podem viver a vida das mulheres. Os homens precisam entender que o protagonismo das lutas feministas é das mulheres e que um mundo com igualdade de gênero é bom para todas e todos.

Vídeo sobre igualdade de gênero

Para saber mais sobre igualdade de gênero e feminismos, assista a esse vídeo:

Sobre o(a) autor(a):

Os textos e exemplos acima foram preparados pela professora Juliana Ben para o Blog do Enem. Juliana é graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e especialista em Ensino de Sociologia para o Ensino Médio pela mesma universidade. Atua como professora de sociologia no RS e em SC desde 2010. Facebook: https://www.facebook.com/juliana.ben.brizola

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