Indústria brasileira: história e distribuição nas regiões do país

Com o processo de industrialização do país, cada região foi desenvolvendo sua indústria de acordo com seus potenciais. Vamos descobrir qual a especialidade industrial de cada região do Brasil para a prova do Enem!

Quando pensamos na indústria brasileira, é comum lembrar apenas do protagonismo da região Sudeste, especialmente do estado de São Paulo. De fato, o Sudeste apresenta a maior concentração do parque industrial brasileiro. Contudo, a história da indústria brasileira remonta ao período colonial e, hoje, o crescimento industrial está distribuído por todas as regiões do país.

A indústria brasileira

A indústria brasileira começou a dar seus primeiros passos já no período colonial. Porém, somente no século XX começaram os avanços significativos em relação à tecnologia empregada ao processo produtivo, tornando-se uma industrialização tardia quando comparada aos países considerados desenvolvidos.

indústria brasileira no nordesteFigura 1: Refinaria de petróleo na Bahia.

Mesmo com a proclamação da república (1892), a indústria brasileira continuava focada na confecção de produtos pouco complexos, como por exemplo, tecidos, sabão e produtos agrícolas. Somente em 1930 com Getúlio Vargas no poder a modernização da indústria brasileira foi alavancada.

Getúlio Vargas, JK e a industrialização

Entre as mudanças promovidas por Vargas que prometiam o rompimento da oligarquia agrária, estavam a implementação de indústrias de cimento e aço. Essas indústrias criaram o eixo industrial Rio de Janeiro – São Paulo e promoveram um enorme avanço para o setor industrial brasileiro.

Já na segunda metade da década de 50, Juscelino Kubitschek assume a presidência com o slogan 50 anos em 5. Além da construção de Brasília, no setor industrial ele promoveu a ampliação da produção brasileira, incorporando a indústria automobilística e a melhoria das vias de transporte com a abertura de novas rodovias.

De Getúlio até Juscelino, o foco das atividades industriais fora as regiões Sul e Sudeste. Porém, a partir da década de 70, iniciou-se o processo de interiorização das indústrias no território brasileiro. Este processo ocorreu por parte dos próprios proprietários das indústrias que estavam em busca de incentivos fiscais por parte do governo.

Indústria brasileira por região

Com o processo de interiorização das indústrias, cada região foi se especializando de acordo com as demandas industriais e com seus potenciais, chegando à configuração que temos hoje.

Região Sudeste

Apesar da interiorização das indústrias no Brasil, até hoje, São Paulo apresenta a maior concentração de indústrias. Isso se deve ao fato de que na década de 50, a região conhecida como ABCD Paulista, foi alvo da implementação das indústrias automobilísticas. Isso aumentou significativamente a quantidade de indústrias concentradas nesta região.

A região do ABCD é composta pelas cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano e Diadema.

Com a expansão da abertura do país para o mercado externo, na década de 1990, a produção foi tomando maiores proporções. Deste modo, a produção foi se sobrecarregando e os sindicatos passaram a reivindicar melhorias em relação às condições de trabalhos.

Além disso, os países que compravam das indústrias brasileiras passaram a possuir exigências em relação ao processo de produção, aumentando os custos para produção. É neste momento que muitas indústrias do ABCD paulista são transferidas para outras regiões do Brasil. Elas estavam em busca de isenções fiscais e mão de obra barata, causando um processo de desindustrialização da metrópole.

Ao mesmo tempo que acontecia o processo de desindustrialização do ABCD paulista, algumas outras cidades passaram a se tornar novos centros industriais. Como por exemplo a cidade de Campinas, que possui indústria voltada a produção de equipamentos de informática e comunicação.

Além de abrir uma grande quantidade de indústrias, a região sudeste também apresenta variedade de produção. Na cidade de São José dos Campos (SP), destaca-se a indústria química, aeronáutica e também a indústria farmacêutica. Em São Carlos (SP) temos a presença das indústrias de mecânica, informática e ótica.

O estado do Espírito Santo é conhecido por abrigar a maior indústria de celulose do mundo na cidade de Aracruz. Na região sudeste destacam-se também as indústrias siderúrgicas devido à mineração intensa nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

O Sudeste e a concentração industrial

Veja agora com o professor Raphael Carrieri, do canal do Curso Enem Gratuito, como a região Sudeste (Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, e Espírito Santo) concentram o maior parque industrial do país.

Região Sul

Em relação à região sul do país, Paraná e Santa Catarina são os estados que mais se destacam em relação à sua produção industrial. A cidade de Curitiba, no Paraná, abriga indústrias químicas, de alimentos e indústrias de ponta na área de informática.

As indústrias do estado de Santa Catarina são divididas de acordo com as potencialidades de cada região do estado. Na região da cidade de Brusque encontra-se uma concentração de indústrias têxteis bastante competitivas no mercado. Na região do Vale do Itajaí é onde se concentram as indústrias de metalurgia, de alimentos e agropecuária, além de abrigar o porto de Itajaí.

O oeste do Estado de Santa Catarina foi responsável pela criação de um sistema de produção integrada entre a agropecuária familiar e as grandes indústrias, através da criação de cooperativas de serviço integrado. Esta região destaca-se pela criação de aves e suínos e processamento industrial destas carnes.

Além do setor de serviços, a cidade de Florianópolis vem se destacando pelo polo tecnológico nomeado como Tecnópolis. Esta região, nos últimos anos, vem atraindo cada vez mais empresas do ramo tecnológico para abrigar suas sedes.

Já no estado do Rio Grande do Sul, o destaque vai para o setor calçadista e de couro em Porto Alegre e também para a indústria química de Caxias. A pecuária também é um setor importante para o desenvolvimento do estado.

Região Norte

A região norte teve seu crescimento industrial por conta do processo de interiorização das indústrias do país propiciado pelos incentivos fiscais do governo federal.

Com o processo de industrialização da região norte surgiu a construção da Zona Franca de Manaus, responsável principalmente pelo processamento de matérias primas provenientes da própria região e do nordeste. O processo industrial que são feitos com os minérios brasileiros também são realizados na Zona Franca de Manaus.

A expansão da indústria da região norte foi permitida também pela construção de portos e ferrovias. Isso possibilitou não somente o escoamento da produção pelo meio terrestre, mas também pelos rios, tendo em vista que a região possui grande potencial hidrográfico.

zona franca de manausFigura 2: Zona Franca de Manaus.

Região Nordeste

Na região nordeste a principal produção industrial encontra-se na região da Zona da Mata, que se estende do Rio Grande do Norte à Bahia. É nela que se situa o polo de telecomunicação.

Até a década de 50, a região nordeste era conhecida como uma região totalmente voltada a agricultura. Porém com os incentivos do governo federal para dispersão das indústrias ao longo do território brasileiro, o setor industrial passou a se desenvolver na região.

Ainda hoje, o maior foco do estado é a produção agrícola e o extrativismo vegetal. Porém, a indústria também se desenvolveu, apesar de não apresentar uma diversidade industrial como outras regiões do país. Além do polo de telecomunicação, a informática também é destaque na região e ultimamente a presença de refinarias de petróleo no Recôncavo Baiano.

A modernização da industrialização da região nordeste ocorreu de forma bastante tardia. Deste modo, o processo anda a passos bastante lentos.

Região Centro-oeste

Com as políticas econômicas com maior abertura para as exportações na década de 70, a região centro-oeste passou a desempenhar um grande papel na produção agrícola, com enfoque na produção de grãos. Além da produção de grãos, a pecuária tornou-se outro ponto forte da região centro-oeste com a criação de bovinos, destinada ao mercado interno e externo.

A especialização das indústrias da região centro-oeste no ramo da agropecuária deu-se por conta da vegetação do cerrado que em grande parte é composta por gramíneas, formando grandes campos.

A presença de campos permite que agricultura seja implementada sem dificuldade de desmatamento, porém ainda assim apresenta grandes riscos a biodiversidade do bioma. O cerrado apresenta uma das maiores biodiversidades do mundo e já está quase todo tomado pelo agronegócio.

Deste modo, na região centro-oeste, encontram-se além dos milhares de hectares de plantação de grãos, os grandes frigoríficos brasileiros. Como a região apresenta grande produção de matérias-primas e cereais, muitas indústrias de alimentos foram instaladas na região na década de 90, processando grande parte destes insumos.

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Questões sobre a indústria brasileira

Para terminar, resolva as questões sobre a indústria brasileira selecionadas pelo professor Marcelo, de Geografia!

1- (UniRV GO/2017)

A distribuição espacial dos centros industriais vem se modificando. Algumas velhas regiões industriais entram em decadência ou então se renovam, mudando bastante a sua paisagem, e outras, novas, surgem em locais diferentes. Sobre os espaços industriais, assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para as alternativas.

a) Alguns setores industriais, ainda necessários e importantes, embora não mais de vanguarda, vão sendo transferidos para áreas menos desenvolvidas. É o caso da indústria petroquímica (Polo Industrial de Camaçari – BA) e automobilística (Fábrica da FCA, em Goiana – PE).

b) O sul da Itália e da França, ou estados menos desenvolvidos nos Estados Unidos, bem como inúmeros países do Sul-pobre, são exemplos de regiões para onde são transferidas indústrias, como o DAIA, em Anápolis – GO.

c) As áreas “nobres”, por sua vez, são aquelas reservadas para a instalação de indústrias avançadas ou de ponta: informática, biotecnologia, telecomunicações, aeroespacial, microeletrônica, química fina, etc. São áreas que possuem mão de obra qualificada, com elevado nível de escolaridade, e também centros de pesquisas e boas universidades, como o Manufacturing Belt – EUA.

d) A existência de uma força de trabalho qualificada, com elevado nível de escolaridade, atrai as indústrias tradicionais, como automobilística, petroquímica e metalúrgicas.

2- (FPS PE/2016)

Considerando o processo de industrialização do Brasil, analise as alternativas abaixo.

  1. Praticamente, até a década de 1930, não havia competição entre as indústrias instaladas nas diversas regiões brasileiras.
  2. A crise econômica mundial, que aconteceu em 1929, serviu para impulsionar o crescimento da indústria brasileira.
  3. Com a intervenção estatal, a partir da década de 1930, ocorreu uma diversificação na indústria brasileira.
  4. No Governo de Juscelino Kubitschek, a implantação do Plano de Meta caracterizava-se pela restrição ao ingresso do capital estrangeiro.

Está(ão) correta(s):

a) 1 e 2 apenas

b) 1 apenas

c) 1, 2, 3 e 4

d) 1, 2 e 3 apenas

e) 2 e 4 apenas

3- (UFPR/2017)

O discurso oficial enfatiza o fato de as regiões Norte e Nordeste estarem exibindo um crescimento econômico acima da média nacional na última década. Isso não é novo. O Nordeste cresceu a uma taxa superior à do país em diferentes períodos; na década de 1960, Celso Furtado animou-se com o desempenho da região Nordeste!

(Adaptado de Carleial, L. O desenvolvimento regional ainda em questão. In: Randolph, R.; Siqueira, H.; Oliveira, A. (orgs.). Planejamento, políticas e experiências de desenvolvimento regional: problemáticas e desafios. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2014, p. 40).

Com base no texto e nos conhecimentos de geografia econômica e regional do Brasil, assinale a alternativa correta.

a) Instrumentos de políticas regionais foram estratégias usadas pelo Estado brasileiro para instituir políticas econômicas, visando estimular o desenvolvimento e diminuir as disparidades regionais.

b) O crescimento econômico das regiões periféricas supera a média nacional nos períodos de crise da indústria do Sudeste, pois isso leva as empresas industriais a investir onde a mão de obra é barata.

c) Não ocorreu o desenvolvimento do Nordeste, nas décadas de 70 e 80, porque os trabalhadores da região eram atraídos pelos salários pagos na indústria paulista.

d) A expansão do PIB da região Norte na última década se deveu à elevação dos preços internacionais dos produtos industrializados, pois isso aumentou o valor das exportações da Zona Franca de Manaus.

e) O PIB do Nordeste cresce a taxas superiores às do PIB nacional nos períodos em que o Estado amplia seus investimentos em obras contra a seca, como no caso da transposição do rio São Francisco.

Gabarito:

  1. V V F F
  2. D
  3. A

Sobre o(a) autor(a):

Este texto foi elaborado pelo geógrafo e professor de Geografia Marcelo de Araújo para o Curso Enem Gratuito. Marcelo é formado em Geografia (licenciatura) pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Atualmente trabalha como autônomo. https://www.facebook.com/mdearaujo22

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