Tempos verbais do modo indicativo: usos, significados e exemplos

No modo indicativo a informação do enunciado é entendida como algo certo. Este modo possui 6 modos verbais diferentes. Confira quais são!

Um dos aspectos que merece uma atenção especial quando se trata de verbos são os tempos verbais do modo indicativo e as maneiras que podemos usá-lo. Isso nos ajuda a compreender melhor, por exemplo, os enunciados de várias áreas do Enem.

Tempos verbais do modo indicativo

Certo, meu amigo estudante, minha amiga estudante, em seguida vamos revisar em quais contextos os diferentes tempos verbais do modo indicativo são utilizados e que sentido adquirem em cada um desses contextos.

Presente do indicativo

No presente, o momento do acontecimento do ato corresponde ao momento da enunciação/fala.

Por exemplo: quando dizemos algo como Clarice vê, Tarsila pinta, damos a entender que a ação nomeada pelos verbos acontece exatamente no momento em que é expressa, no momento da fala. Caso fôssemos representar uma dessas ações na linha do tempo, teríamos algo como:

Um outro uso muito comum do presente serve para expressar ação habitual. Observe, na tira a seguir, que algumas das ações nomeadas (comer, dormir, reclamar) são recorrentes no tempo presente.

Presente do modo indicativo - Charge

O presente do indicativo, como podemos notar, também é usado para a afirmação de verdades:

“Os homens são mortais”.

Um uso mais particular desse tempo verbal é o que se denomina “presente histórico”. Esse tipo de uso pode ser encontrado em livros didáticos, textos jornalísticos ou em romances, por exemplo.

O trecho abaixo foi retirado da obra “Memória do fogo 1”, de Eduardo Galeano. Observe.

Colombo

Cai de joelhos, chora, beija o solo. Avança, tremendo, porque leva mais de um mês dormindo pouco ou nada, e a golpes de espada derruba uns arbustos. Depois, ergue o estandarte. De joelhos, os olhos no chão, pronuncia três vezes os nomes de Isabel e Fernando. Ao seu lado, o escrivão Rodrigo de Escobedo, homem de letra lenta, levanta a ata.

Tudo pertence, desde hoje, a esses reis distantes: o mar de corais, as areias, os rochedos verdíssimos de musgo, os bosques, os papagaios e esses homens de barro que não conhecem ainda a roupa, a culpa nem o dinheiro e que contemplam, atordoados, a cena. […]

No fragmento acima, o uso dos verbos no presente aproxima o leitor do momento da enunciação fatos já ocorridos (chegada de Cristóvão Colombo à América), dando, assim, um maior realismo ao relato. Esse uso cria em quem lê a impressão de que eventos distantes no tempo acontecem no momento da leitura.

Uma pequena observação: um dos usos mais comuns do presente do indicativo, em português, é a identificação de uma ação que, certamente, se realizará em um futuro próximo, algo não tão distante. Por exemplo:

Parto para Florianópolis amanhã depois das 14h”.

Vou ao teatro hoje à noite”.

Nos dois casos, mesmo com o verbo flexionado no presente, seu sentido está claramente associado a uma ação futura.

Pretérito

No pretérito, o momento do evento é anterior ao momento da enunciação/fala. Dentro do modo indicativo, o pretérito pode ser imperfeito, perfeito ou mais-que-perfeito.

Pretérito imperfeito do modo indicativo

Refere-se a um fato inconcluso, que se prolonga por algum tempo no passado:

“Quando criança, Eduardo sempre brincava no quintal da casa de avô”.

Se fôssemos representar na linha do tempo a ação nomeada pelo verbo “brincar”, teríamos uma ação recorrente, que se repete em diferentes momentos, todos passados.

Pretérito Perfeito

Refere-se a um fato concluído no passado:

“No ano passado, Daniel comprou toda a coleção de CDs do Expresso Rural”.

Diferente do pretérito imperfeito, essa ação não nos dá uma ideia de “rotina”.

Na tira a seguir, de Dik Browne, podemos perceber, de maneira bem evidente, o uso típico do pretérito perfeito. Hagar, ao regressar de uma de suas viagens, pergunta à esposa se algo importante aconteceu enquanto ele esteve fora. Na resposta de Helga, todos os eventos citados são identificados por verbos no pretérito perfeito do indicativo (caiu, começou, converteu, saquearam, teve).

Pretérito perfeito do modo indicativo - quadrinho

O humor da tira está no fato de o viking dar mais importância ao nascimento dos filhotes de seu cachorro do que aos acontecimentos que tiveram, como se sabe, grandes consequências para a história da humanidade, como a conversão dos francos e a queda do Império Romano.

Comentário do professor: Pets sempre serão prioridades. Tá certo o Hagar.

Concentra! Bora continuar.

Mais-que-perfeito

Refere-se a um fato ocorrido no passado, anterior a outro fato também passado:

“Quando o árbitro chegou, o jogador já fugira com a bola sob os braços”.

Observe a representação dos dois acontecimentos na linha do tempo.

A ação de “fugir” acontece no passado, antes da ação de “chegar”. Por esse motivo, o tempo verbal utilizado para nomeá-la foi o pretérito mais-que-perfeito.

Uma outra pequena observação

Geralmente, os falantes do português brasileiro tendem a usar a forma composta do pretérito mais-que-perfeito (verbo auxiliar “ter” no pretérito imperfeito do indicativo + particípio passado do verbo principal):

“Quando o árbitro chegou, o jogador já tinha fugido com a bola sob os braços”.

O uso da forma simples do pretérito mais-que-perfeito geralmente vem associado a contextos formais de fala ou escrita.

Futuro

No futuro, o momento do evento é posterior ao momento da enunciação/fala. Há duas formas de futuro no modo indicativo: o futuro do presente e o futuro do pretérito.

Futuro do presente

O futuro do presente refere-se a um fato futuro com relação ao momento presente.

Exemplo:

“Tenho certeza de que comprarei um game melhor no próximo ano”.

Observe na linha do tempo que a projeção da ação nomeada ocorre após o momento da enunciação (presente).

Como acontece com toda ação futura, sua realização é uma probabilidade. No caso, como o desejo de comprar um game vem expresso pelo futuro do presente do modo indicativo, fica compreendido que tal fato provavelmente ocorrerá.

Na tira abaixo, vemos um outro exemplo bem comum de uso do futuro do presente na fala da personagem Lucy.

Futuro do presente do modo indicativo - quadrinho

Na tira, a quebra da expectativa – ou o efeito de humor – é obtida pelo fato de Lucy e Linus estarem construindo castelos de areia que, muito provavelmente, não resistirão à ação do tempo. Sendo assim, não poderão ser vistos pelas pessoas depois de passados mil anos. Aliás, a chuva que aparece no canto superior direito provavelmente destruirá os castelos dentro de pouquíssimo tempo.

Futuro do pretérito

Refere-se a um fato futuro, que pode ocorrer ou não, relacionado a um fato passado:

“Eu tinha certeza de que compraria um game melhor no ano passado, mas infelizmente não tive a grana necessária”.

As formas do futuro do pretérito marcam situações hipotéticas que, na maioria das vezes, vêm associadas a condições que, se não forem concretizadas, impedirão sua realização.

Sendo assim, nomeiam ações cuja probabilidade de ocorrência futura é bem mais incerta do que aquelas nomeadas pelo futuro do presente.

Em muitos casos, as formas do futuro do pretérito também são utilizadas quando se quer ser gentil e educado:

“Você não gostaria ir comigo até ao teatro?”

Por fim, o futuro do pretérito pode também indicar incerteza:

“Será que ela teria coragem de denunciar o patrão?”

Além do modo indicativo, existem os modos subjuntivo e imperativo. Saiba mais sobre eles na nossa segunda aula sobre tempos verbais!

Videoaula

Para saber mais sobre as particularidades do modo indicativo, veja esta aula da professora Jéssica para o nosso canal no YouTube, e, em seguida, resolva os exercícios.

Exercícios

1- (UEL PR/2015)    

1 A cavalgada, 1 que lenta subira a encosta, descia-a rapidamente enquanto Atanagildo, visitando os muros, 2  exortava os guerreiros da cruz a pelejarem esforçadamente. Quando estes souberam quais eram as intenções 3  dos árabes acerca das virgens do mosteiro, a atrocidade do sacrilégio afugentou-lhes dos corações a menor 4 sombra de hesitação. Sobre as espadas juraram todos combater e morrer como godos. Então o quingentário, 5  a quem parecia animar sobrenatural ousadia, correu ao templo.

(HERCULANO, A. Eurico, o presbítero.
2.ed. São Paulo: Martin Claret, 2014. p.107.)

Sobre os verbos “subira” (Ref. 1), “descia” (Ref. 1) e “exortava” (Ref. 2), presentes no trecho, assinale a alternativa correta.

a) Os verbos “subira”, “descia” e “exortava” estão no tempo verbal pretérito perfeito, pois indicam um fato que aconteceu em um momento passado e foi concluído. Todos estão no modo indicativo.

b) Os verbos “subira”, “descia” e “exortava” estão no pretérito imperfeito, pois expressam a duração de um fato que ocorreu no passado e foi concluído. Os dois primeiros estão no modo indicativo, enquanto “exortava” está no imperativo, pois expressa ordem.

c) O verbo “subira” está no futuro do presente, pois indica um fato que ainda ocorrerá; os verbos “descia” e “exortava” estão no futuro do pretérito, pois indicam ações que aconteceriam. Todos estão no modo indicativo.

d) O verbo “subira” está no pretérito mais-que-perfeito, pois indica um fato que aconteceu antes de outro fato no presente; já os verbos “exortava” e “descia” estão no imperfeito do subjuntivo, pois expressam desejos ou hipóteses.

e) O verbo “subira” está no pretérito mais-que-perfeito, pois indica um processo que ocorreu antes de um outro fato, também no passado; os verbos “descia” e “exortava” estão no pretérito imperfeito, pois indicam um processo que ocorreu no passado, expressando sua duração, e que não foi concluído. Todos estão no modo indicativo.

3- (IFRS/2014)    

Modo indicativo - Exercício
QUINO. Mafalda 2. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

O tempo e o modo verbal de leu e diz, respectivamente, são

a) pretérito perfeito do indicativo e presente do indicativo.

b) pretérito imperfeito do subjuntivo e futuro do presente do indicativo.

c) pretérito perfeito do indicativo e presente do subjuntivo.

d) pretérito imperfeito do indicativo e presente do indicativo.

e) pretérito mais-que-perfeito do indicativo e presente do subjuntivo.

3- (UESPI/2014)

Uma discussão comum nos encontros com profissionais que trabalham com o ensino, mas não só aí, é a relação entre ensino de leitura e escrita na escola e o desenvolvimento dos aprendizes após toda a etapa de escolarização.

As reclamações são muitas, e não raramente a avaliação que se faz é de que “os alunos não sabem ler e escrever”, ou que “a juventude conhece cada vez menos sua língua”.

A função primeira (e esperada) da escola seria, para grande parte dos educadores, propiciar aos alunos caminhos para que eles aprendessem, de forma consciente e consistente, os mecanismos de apropriação de conhecimentos, assim como a de possibilitar que os alunos atuassem criticamente em seu espaço social. E essa é também a perspectiva de que parto.

Mas a vida está dentro e fora da escola! E frequentemente o aprendizado do aluno fora dos limites da instituição escolar lhe é muito mais motivador, pois a linguagem da escola nem sempre é a do aluno. (…).

(Maria de Lourdes Meirelles Matencio. Leitura, Produção de Textos e a Escola.
Campinas, SP: Mercado de Letras, 2000, p. 15-16).

A função primeira (e esperada) da escola seria, para grande parte dos educadores, propiciar aos alunos caminhos para que eles aprendessem, de forma consciente e consistente, os mecanismos de apropriação de conhecimentos, assim como a de possibilitar que os alunos atuassem criticamente em seu espaço social.

Nesse trecho, caso a forma verbal seria venha a ser utilizada por sua forma de futuro, do tempo presente, do modo indicativo, respectivamente, aprendessem e atuassem passarão a

a) aprendam e atuem.

b) aprenderam e atuaram.

c) aprendiam e atuavam.

d) aprenderão e atuarão.

e) aprendem e atuam.

Gabarito:

  1. E
  2. A
  3. A

Sobre o(a) autor(a):

Anderson Rodrigo da Silva é professor formado em Letras Português pela UNIVALI de Itajaí. Leciona na rede particular de ensino da Grande Florianópolis.

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