Tempos verbais do modo subjuntivo e imperativo: usos e significados

O modo subjuntivo é utilizado em ações verbais incertas, imprecisas ou duvidosas. Já o modo imperativo expressa ordens, conselhos ou súplicas.

Um dos aspectos que merece uma atenção especial quando se trata de verbos são os tempos verbais e as maneiras que podemos usá-los. Isso nos ajuda a compreender melhor, por exemplo, os enunciados de várias áreas do Enem.

Nesta aula, veremos como o emprego dos tempos verbais se comportam no modo subjuntivo, no modo imperativo e já vamos aproveitar para revisar as classificações verbais. Mas, se você quiser conhecer os tempos verbais do modo indicativo, é só olhar nossa aula sobre tempos verbais do modo indicativo.

Tempos verbais

Tempos verbais do modo subjuntivo

O modo subjuntivo é utilizado para enunciar ações verbais incertas, frequentemente relacionadas à vontade ou ao sentimento. Sendo assim, as noções temporais ligadas a esse modo não trazem informações tão precisas quanto as formas do modo indicativo.

Os tempos verbais do subjuntivo são sempre utilizados em estruturas subordinadas – períodos compostos, orações subordinadas, etc – nas quais mantêm uma relação com o tempo e modo da ação expressa na oração principal.

Presente do subjuntivo

O presente do subjuntivo é utilizado em duas situações bem simples. Veja nos exemplos em seguida.

É uma pena que alguns jovens não conheçam o prazer da boa leitura”.

A parte sublinhada corresponde à oração principal. Ela se encontra no presente do indicativo. Enquanto isso, a parte que não está sublinhada corresponde a uma oração subordinada substantiva subjetivo. Nela, o verbo “conheçam” encontra-se no presente do subjuntivo.

Mudarei para uma cidade de praia no dia em que não precise mais trabalhar”.

A parte sublinhada é a oração principal. Ela se encontra no futuro do presente do indicativo. Já a parte que não está sublinhada é uma oração subordinada adjetiva restritiva. Nela, o verbo “precise” está no presente do subjuntivo.

Pretérito Imperfeito

O pretérito imperfeito do subjuntivo pode ser associado a ações relacionadas a um momento presente, passado e futuro. É muito importante entender que a noção de tempo, nesse caso, não se define somente pela flexão verbal, mas também pela possibilidade de realização da ação expressa pelo subjuntivo em momento já determinado.

Veja os exemplos em seguida.

“Se Maria tivesse coragem, jogaria uma pedra naquele mal-educado”.

Temos uma oração subordinada adverbial condicional em “Se Maria tivesse coragem”, certo? O outra é a oração principal.

Na oração subordinada adverbial condicional o verbo “tivesse” está conjugado – flexionado – no pretérito imperfeito do subjuntivo. Nesse exemplo, temos o pretérito imperfeito do subjuntivo relacionado ao tempo presente.

Também podemos observar o uso do pretérito imperfeito do subjuntivo em relação ao tempo passado. Observe:

“Não havia CD do Dazaranha que ele não comprasse”.

Fácil notar que em “havia” o verbo está flexionado no pretérito perfeito do indicativo e a forma “comprasse” está no pretérito imperfeito do subjuntivo.

Note que “que ele não comprasse” é a oração subordinada adjetiva restritiva, e a outra, claro, é a oração principal.

E, ainda, também podemos observar o uso do pretérito imperfeito do subjuntivo em relação ao tempo futuro. Saca só:

“Talvez o passeio pudesse ser proveitoso para Raul, se ele largasse o celular um pouco”.

Em “pudesse ser” temos uma locução adverbial que nos dá o sentindo de futuro, e “largasse” que está no pretérito imperfeito do subjuntivo.

Quer saber a classificação da oração subordinada, né? Já te damos aqui. Em “Talvez o passeio pudesse ser proveitoso para Raul”, tem-se a oração principal, e emse ele largasse o celular um pouco” é a nossa oração subordinada adverbial condicional.

Futuro

Por fim, o futuro do subjuntivo é usado para anunciar uma eventualidade – uma possibilidade da concretização de algo – em um dado momento futuro. Acompanhe a estrutura sintática das orações.

“Se eu jogar durante vinte e cinco minutos, vou ser o mais novo recordista”.

Vamos lá! Aqui, em “Se eu jogar durante vinte e cinco minutos”, temos uma oração subordinada adverbial condicional, e o verbo “jogar” está no futuro do subjuntivo, certo?

Já em “vou ser o mais novo recordista”, temos a oração principal e a locução adverbial que nos dão o sentindo de futuro.

Para complementar seus estudos sobre flexão de diferentes tempos verbais:

Emprego e sentido do modo Imperativo

Como já vimos, estudante, o modo imperativo expressa ordens, conselhos, súplicas. Assim, pode assumir uma forma afirmativa ou negativa e traz sempre um sentido presente.

Imagine que você deve criar uma propaganda que incentive as pessoas para a doação de livros. O uso do imperativo afirmativo é uma boa saída, como você pode ver em seguida.

Espalhe cultura. Doe livros”.

O imperativo negativo tem sentido equivalente ao do imperativo afirmativo, mas como a própria nomenclatura diz, trata-se de uma ordem negativa. O motivo é porque determina o que não deve ser feito:

“Cigarro nunca é uma boa. Não fume”.

Classificação dos verbos

Os verbos da nossa língua são classificados de acordo com o jeito como se comportam em relação ao paradigma da conjugação à qual pertencem.

Opa! Paradigma da conjugação? O que é isso?

Paradigma é um modelo, um exemplo que serve como padrão para os outras flexões de uma mesma família. Quando o assunto é gramática, o termo paradigma refere-se a um conjunto de formas vocabulares que servem de modelo para um sistema de flexão ou de derivação.

Desse modo, de acordo com esse critério, ou seja, a partir da maior ou menor obediência dos verbos ao modelo de sua conjugação, eles podem ser regulares, irregulares, anômalos, defectivos ou abundantes.

Em alguns casos, existem situações bem curiosas. Saca só!

Regulares

Primeiramente, os verbos regulares são aqueles que acompanham rigorosamente o paradigma de sua conjugação (amar, beber, dormir, etc.). Veja um exemplo:

Presente do verbo “beber”

Eu bebo

Tu bebes

Ele bebe

Nós bebemos

Vós bebeis

Eles bebem

Irregulares

São aqueles que apresentam formas que não obedecem ao paradigma de sua conjugação. Também podem trazer irregularidades na forma que assume o radical e/ou que assumem as desinências (trazer, caber, fazer, fugir, etc.).

Presente do verbo “caber”

Eu caibo

Tu cabes

Ele cabe

Nós cabemos

Vós cabeis

Eles cabem

Anômalos

São os verbos que trazem profundas irregularidades em seus radicais (ser, ter, ir, vir, estar). O verbo pôr também é considerado anômalo da 2ª conjugação por não apresentar a vogal temática -e- no infinitivo.

Presente do verbo “pôr”

Eu ponho

Tu pões

Ele põe

Nós pomos

Vós pondes

Eles põem

Defectivos

São aqueles que não se conjugam em todas as formas previstas pelo paradigma (abolir, precaver, chover, etc.).

Presente do verbo “precaver”

Nós precavemos

Vós precaveis

Abundantes

Por fim, os verbos abundantes são aqueles que apresentam mais de uma forma para determinada flexão (aceitar, eleger, extinguir, etc.).

Veja alguns exemplos de flexão de verbos abundantes:

Aceitar: aceitado (regular) e aceito (irregular)

Entregar: entregado (regular) e entregue (irregular)

Ganhar: ganhado (regular) e ganho (irregular)

Matar: matado (regular) e morto (irregular)

Pagar: pagado (regular) e pago (irregular)

Pegar: pegado (regular) e pego (irregular)

Salvar: salvado (regular) e salvo (irregular)

Videoaula

E, para fixar ainda mais o conteúdo de tempos verbais, veja esta videoaula da professora Jéssica feita especialmente para o nosso canal no YouTube:

Exercícios sobre tempos verbais

1- (ACAFE SC/2018)

Crime cresce em Boa Vista e imigração de venezuelanos leva a culpa

Fabiana Cambricoli, enviada especial, O Estado de S. Paulo – 22 abril 2018 | 03h00

BOA VISTA – Com o aumento da população, Boa Vista viu o número de ocorrências criminais dobrar. Mas apenas 0,5% dos crimes foi cometido por venezuelanos, segundo a Polícia Civil. Entre 2015 e 2017, o número de boletins registrados na capital de Roraima passou de 7.929 para 15.266, dos quais 63 tiveram os imigrantes como autores. Os crimes mais comuns foram lesão corporal, furto e roubo.

A impressão entre a população de Boa Vista, no entanto, é de que são os venezuelanos que estão trazendo mais criminalidade à cidade. A crença é reforçada por crimes violentos praticados por imigrantes, como a tentativa de assalto e esfaqueamento da comerciante Damiana Marques, de 59 anos.

Um venezuelano que frequentava seu mercadinho para fazer recargas de celular um dia tentou roubá-la. Mesmo sem reagir, a mulher foi esfaqueada no braço e nas costas e ficou em estado gravíssimo por causa dos ferimentos. “Perdi muito sangue, fiquei três dias na UTI e ainda vivo com medo até hoje porque ele nunca foi preso”, afirma ela, que instalou grade na porta do comércio após o episódio, ocorrido em junho do ano passado.

Agora, os clientes só podem fazer compras por meio de uma janelinha. “Não sou contra ajudar os imigrantes, mas nós, brasileiros, não podemos ficar esquecidos. ”

Disponível em:  http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,crime-cresce-
em-boa-vista-e-imigracao-de-venezuelanos-leva-a-culpa,70002278466.  Acesso em: 01 maio 2018. [Adaptado].

Assinale a alternativa correta sobre o texto.

a) Em “Mesmo sem reagir, a mulher foi esfaqueada no braço e nas costas”, a expressão destacada pode ser substituída por “assim que reagiu” sem que o sentido se modifique.

b) Para reforçar a tese de que os imigrantes venezuelanos são os responsáveis pelo crescimento dos crimes violentos, a reportagem cita diversos exemplos, entre os quais um assalto a mão armada.

c) Se na frase “Mas apenas 0,5% dos crimes foi cometido por venezuelanos, segundo a Polícia Civil” o termo destacado for substituído por “5,5%”, a locução verbal “foi cometido” deverá ser flexionada para “foram cometidos”, no plural

d) Na frase “Um venezuelano que frequentava seu mercadinho para fazer recargas de celular um dia tentou roubá-la”, existem dois pronomes pessoais do caso reto e quatro palavras formadas pelo processo de derivação, com adição de prefixo ou de sufixo.

2- (UFAM/2015)

Leia o seguinte texto, extraído do livro “Nos Andes de Vargas Llosa”, do escritor Ari Nepomuceno:

Contei a ele que o detetive Lituma já ali havia estado, observando a cena do crime e coletando material para a sua elucidação. Fiz questão de salientar sua recomendação ao criado, antes de sair:

– Você, não toca em nada aqui, hein?

Se tivéssemos mais indícios, não estaríamos até hoje perdidos, como diante de um enigma de impossível solução. Lituma, no princípio, creu que o assassino era alguém da família.

Sobre o emprego das formas verbais em destaque, leia as seguintes afirmativas:

I. “Estaríamos” está empregado no mais-que-perfeito do modo indicativo.

II. “Não toca” está empregado no imperativo negativo, mas de modo incorreto, pois deveria ser “não toque”.

III. “Tivéssemos” está empregado no pretérito imperfeito do modo subjuntivo;

IV. “Havia estado” apresenta conjugação no mais-que-perfeito composto do modo indicativo e poderia ser substituído, sem perda de sentido, pela forma “estivera”.

V. “Creu” é forma verbal inexistente, pois esse verbo é defectivo.

Assinale a alternativa correta:

a) Somente as afirmativas I e IV estão corretas

b) Somente as afirmativas I, III e V estão corretas

c) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas

d) Somente as afirmativas II e V estão corretas

e) Todas as afirmativas estão corretas

3- (UNITAU SP/2014)

Disponível em:

Tempos verbais exercício
http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://3.bp.blogspot.com/
Acesso em 13 set. 2013

As formas verbais Não rabisque, Não deprede, Não piche, Não estrague e Não destrua estão flexionadas no modo:

a) Imperativo negativo, porque determinam ações que não devem ser feitas.

b) Subjuntivo, porque expressam a atitude de certeza de quem escreve.

c) Indicativo, pois indicam ações que não devem ser feitas.

d) Subjuntivo, porque mostram a atitude de dúvida de quem escreve.

e) Imperativo afirmativo, pois revelam apelos e ordens que se esperam do leitor.

Gabarito:
  1. C
  2. C
  3. A

Sobre o(a) autor(a):

Anderson Rodrigo da Silva é professor formado em Letras Português pela UNIVALI de Itajaí. Leciona na rede particular de ensino da Grande Florianópolis.

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