Pronomes possessivos: uso, concordância e exemplos

Você lembra quais são e como usar os pronomes possessivos? Vem com a gente revisar o conteúdo para mandar bem na interpretação dos textos e gabaritar as questões de línguas do Enem!

Os pronomes possessivos fazem parte das classes gramaticais dentro da grande área chamada “morfologia”.

O que são os pronomes possessivos

Conceitualmente, os pronomes são aquelas palavras que indicam a pessoa gramatical possuidora de algo. Ou seja, aquelas que acrescentam a ideia de posse de algo (coisa possuída). Os pronomes possessivos distinguem-se a partir das pessoas do discurso.

Veja no quadro a seguir:

Pessoa do discurso Número Pronome Possessivo
Eu singular meu(s), minha(s)
Tu singular teu(s), tua(s)
Ele (a) singular seu(s), sua(s)
Nós plural nosso(s), nossa(s)
Vós plural vosso(s), vossa(s)
Eles (as) plural seu(s), sua(s)

Introdução aos Pronomes Possessivos

Veja agora com a professora de português Mercedes Bonorino, do canal do Curso Enem Gratuito, o que são os pronomes possessivos.

Exemplo de uso de um pronome possessivo: O meu estudo no Curso Enem Gratuito foi fundamental para minha aprovação!

Concordância dos pronomes possessivos

A concordância de um pronome possessivo está condicionada à pessoa gramatical a que ele se refere. Sendo assim, o gênero e o número do pronome concordam com o objeto possuído. Veja um exemplo:

Ana conseguiu sua vaga e assim sua aprovação foi muito comemorada.

Note que a primeira ocorrência do pronome “sua” nesta frase está concordando com o substantivo “vaga” que está no singular feminino. O mesmo ocorre com a segunda ocorrência do pronome “sua”. Neste caso, ele concorda com o substantivo “aprovação”.

Uso dos pronomes possessivos

Como já falamos acima, os pronomes possessivos ajudam a construir a ideia de posse em uma oração. Porém, é importante que você fique atento(a) a alguns detalhes sobre o uso dessas palavras:

  • A forma “seu” não vale como possessiva se equivaler à alteração fonética da palavra “senhor”. Veja um exemplo:

Muito obrigada, seu João.

  • Algumas vezes os pronomes possessivos não indicam posse e sim afetividade. Exemplo:

Você vai conseguir, minha filha!

  • Os pronomes possessivos também são usados para indicarem cálculo aproximado. Observe o exemplo:

O professor do cursinho tinha por volta de seus 50 anos de idade.

  • Os pronomes possessivos podem atribuir um valor indefinido ao substantivo. Note no exemplo a seguir:

A aluna tem lá suas dúvidas, mas ela é bastante esforçada.

  • Em algumas frases os pronomes pessoais oblíquos átonos assumem valor de pronomes possessivos. Observe:

Vai seguir-lhe os caminhos indicados. (Vai seguir seus caminhos)

  • Quando pronome possessivo se refere a mais de um substantivo, concorda com o substantivo mais próximo. Exemplo:

Os estudantes conseguiram suas mochilas e canetas num sorteio.

  • Nas construções em que aparece pronome de tratamento, o pronome possessivo fica na terceira pessoa. Exemplo:

Vossa Majestade quer seu cálice?

  • Os pronomes oblíquos me, te, lhe, lhes, nos e vos podem apresentar valor de pronomes possessivos. Exemplo:

Doía-me a boca. (me = minha boca)

Beijei-lhe o rosto. (lhe = seu rosto)

Fique atento(a) ainda ao seguinte detalhe: em certas frases o emprego dos pronomes possessivos seu, sua, seus, suas pode causar duplo sentido. Isso não pode acontecer na sua redação Enem, por exemplo. Veja:

A garota discutia com o irmão o seu futuro. (o futuro da garota ou do irmão?)

Para evitar casos assim, o melhor, sempre que for possível, é substituir o pronome possessivo por dele, deles, dela ou delas. Veja a frase anterior reformulada para melhor ser compreendida:

  • A garota discutia com o irmão o futuro

E/ou

  • A garota discutia com o irmão o futuro

Exercício resolvido

Agora que você já revisou os principais pontos sobre os pronomes possessivos, que tal testar o que você aprendeu? Para isso, leia a crônica a seguir, do grande escritor Luis Fernando Veríssimo. Em “O lixo” os pronomes possessivos são fundamentais para o entendimento do texto. Leia atentamente tentando analisar as orações e identificar os pronomes ao longo do texto:

O lixo – Luís Fernando Veríssimo

Encontram-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo. É a primeira vez que se falam.
– Bom dia…
– Bom dia.
– A senhora é do 610.
– E o senhor do 612
– É.
– Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente…
– Pois é…
– Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo…
– O meu quê?
– O seu lixo.
– Ah…
– Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena…
– Na verdade sou só eu.
– Mmmm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata.
– É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar…
– Entendo.
– A senhora também…
– Me chame de você.
– Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim…
– É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas, como moro sozinha, às vezes sobra…
– A senhora… Você não tem família?
– Tenho, mas não aqui.
– No Espírito Santo.
– Como é que você sabe?
– Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.
– É. Mamãe escreve todas as semanas.
– Ela é professora?
– Isso é incrível! Como foi que você adivinhou?
– Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.
– O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.
– Pois é…
– No outro dia tinha um envelope de telegrama amassado.
– É.
– Más notícias?
– Meu pai. Morreu.
– Sinto muito.
– Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.
– Foi por isso que você recomeçou a fumar?
– Como é que você sabe?
– De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.
– É verdade. Mas consegui parar outra vez.
– Eu, graças a Deus, nunca fumei.
– Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo…
– Tranquilizantes. Foi uma fase. Já passou.
– Você brigou com o namorado, certo?
– Isso você também descobriu no lixo?
– Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel.
– É, chorei bastante, mas já passou.
– Mas hoje ainda tem uns lencinhos…
– É que eu estou com um pouco de coriza.
– Ah.
– Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.
– É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.
– Namorada?
– Não.
– Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.
– Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.
– Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.
– Você já está analisando o meu lixo!
– Não posso negar que o seu lixo me interessou.
– Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de conhecê-la. Acho que foi a poesia.
– Não! Você viu meus poemas?
– Vi e gostei muito.
– Mas são muito ruins!
– Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.
– Se eu soubesse que você ia ler…
– Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?
– Acho que não. Lixo é domínio público.
– Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?
– Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que…
– Ontem, no seu lixo…
– O quê?
– Me enganei, ou eram cascas de camarão?
– Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.
– Eu adoro camarão.
– Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode…
– Jantar juntos?
– É.
– Não quero dar trabalho.
– Trabalho nenhum.
– Vai sujar a sua cozinha?
– Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.
– No seu lixo ou no meu?

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=7243

E aí? Conseguiu encontrar os pronomes e entender a importância deles na compreensão desse texto? Beleza!

Exercícios sobre os Pronomes Possessivos

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Sobre o(a) autor(a):

Os textos e exemplos acima foram preparados pela professora Andressa da Costa Farias para o Blog do Enem. Andressa é formada em Letras Português e Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Santa Maria. E atualmente cursa Doutorado em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina. Colabora eventualmente escrevendo crônicas para o jornal Diário de Santa Maria (RS) das quais posta no blog pessoal: www.andressacf.blogspot.com Facebook: https://www.facebook.com/andressa.dacostafarias

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