Redações nota mil no Enem: veja 10 textos nota máxima

Veja só as melhores redações nota 1000 do Enem para se inspirar com a conquista de candidatos nota máxima. E confira as dicas da professora Daniela Garcia pra montar a estrutura do texto dissertativo-argumentativo pra você também mandar bem!

Conseguir a nota máxima na redação do Enem é o sonho de todo candidato. Quem tira mais de 800 pontos já abre caminho para passar em Medicina, Direito, Odonto e nos cursos mais disputados.

Como escrever uma redação nota mil

Para tirar a nota mil na redação do Enem é preciso gabaritar as cinco competências avaliadas pelos corretores. Cada uma vale 200 pontos. Ou seja, se você gabaritar as cinco competências da redação do Enem, terá uma redação nota 1000!

As três partes essenciais da Redação são estas: 1 – Introdução (tese); 2 – Desenvolvimento (argumentação); 3 – Conclusão (proposta de intervenção). A ligação entre essas três partes deve fluir na sua escrita, observando os critérios de coerência e coesão. Confira:

Veja 10 Redações nota mil do Enem

Tema da redação: “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”.

1 – Redação nota 1000 da candidata Júlia Vieira

Uma das autoras das redações nota mil do Enem que selecionamos foi a candidata Júlia Vieira, do Maranhão. Confira abaixo a redação nota 1000 que ela escreveu.

No filme estadunidense “Coringa”, o personagem principal, Arthur Fleck, sofre de um transtorno mental que o faz ter episódios de riso exagerado e descontrolado em público, motivo pelo qual é frequentemente atacado nas ruas. Em consonância com a realidade de Arthur, está a de muitos cidadãos, já que o estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira ainda configura um desafio a ser sanado.

Isso ocorre, seja pela negligência governamental nesse âmbito, seja pela discriminação desta classe por parcela da população verde-amarela. Dessa maneira, é imperioso que essa chaga social seja resolvida, a fim de que o longa norte-americano não mais reflita o contexto atual da nação.

Nessa perspectiva, acerca da lógica referente aos transtornos da mente, é válido retomar o aspecto supracitado quanto à omissão estatal neste caso. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil é o país que apresenta o maior número de casos de depressão da América Latina e, mesmo diante desse cenário alarmante, os tratamentos às doenças mentais, quando oferecidos, não são, na maioria das vezes, eficazes. Isso acontece pela falta de investimento público em centros especializados no cuidado para com essas condições.

Consequentemente, muitos portadores, sobretudo aqueles de menor renda, não são devidamente tratados, contribuindo para sua progressiva marginalização perante o corpo social. Este quadro de inoperância das esferas de poder exemplifica a teoria das Instituições Zumbis, do sociólogo Zygmunt Bauman, que as descreve como presentes na sociedade, mas que não cumprem seu papel com eficácia. Desse modo, é imprescindível que, para a refutação da teoria do estudioso polonês, essa problemática seja revertida.

Paralelamente ao descaso das esferas governamentais nessa questão, é fundamental o debate acerca da aversão de parte dos civis ao grupo em pauta, uma vez que ambos são impasses para sua completa socialização. Esse preconceito se dá pelos errôneos ideais de felicidade disseminados na sociedade como metas universais. Entretanto, essas concepções segregam os indivíduos entre os “fortes” e os “fracos”, em que tais fracos, geralmente, integram a classe em discussão, dado que não atingem essas metas estabelecidas, como a estabilidade emocional.
Por conseguinte, aqueles que não alcançam os objetivos são estigmatizados e excluídos do tecido social. Tal conjuntura segregacionista – os que possuem algum tipo de transtorno, nesse caso — na teia social. Dessa maneira, essa problemática urge ser solucionada para que o princípio da alemã seja validado no país tupiniquim.
Portanto, são essenciais medidas operantes para a reversão do estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira. Para isso, compete ao Ministério da Saúde investir na melhora da qualidade dos tratamentos a essas doenças nos centros públicos especializados de cuidados, destinando mais medicamentos e contratando, por concursos, mais profissionais da área, como psiquiatras e enfermeiros. Isso deve ser feito por meio de recursos autorizados pelo Tribunal de Contas da União – órgão que opera feitos públicos – com o fito de potencializar o atendimento a esses pacientes e oferecê-los um tratamento eficaz.
Ademais, palestras devem ser realizadas em espaços públicos sobre os malefícios das falsas concepções de prazer e da importância do acolhimento dos vulneráveis. Assim, os ideais inalcançáveis não mais serão instrumentos segregadores e, finalmente, a cotação de Fleck não mais representará a dos brasileiros. (Fonte)

Percebeu como a Júlia escreveu sua redação dentro da estrutura do texto dissertativo-argumentativo? Isso é essencial para alcançar a nota máxima! Então, veja agora mais uma das redações nota mil do Enem que selecionamos para você.

Como fazer a introdução perfeita

Veja com a professora Daniela Garcia os segredos da introdução para você conquistar os avaliadores logo no primeiro parágrafo.

  1. A introdução da redação do Enem é uma parte muito importante do texto dissertativo-argumentativo.
  2. Nela, você tem uma possibilidade de deixar uma boa impressão e trazer um primeiro elemento que mostre o seu repertório sociocultural.
  3. Além disso, na introdução da redação você irá apresentar o seu ponto de vista e mostrar ao seu leitor como esse posicionamento será desenvolvimento no decorrer do texto.
  4. Ou seja, este único parágrafo te ajuda na argumentação e organização do seu texto.  Com essas dicas e a leitura dessas 10 redações nota mil no Enem você abre o caminho para conseguir mandar bem.

2 – Redação nota mil  da candidata Raíssa Picolli Fontoura

A redação abaixo foi escrita pela Raíssa Picolli Fontoura, do Mato Grosso do Sul. O seu texto também recebeu a nota máxima dos avaliadores do Enem 2020.

De acordo com o filósofo Platão, a associação entre saúde física e mental seria imprescindível para a manutenção da integridade humana. Nesse contexto, elucida-se a necessidade de maior atenção ao aspecto psicológico, o qual, além de estar suscetível a doenças, também é alvo de estigmatização na sociedade brasileira. Tal discriminação é configurada a partir da carência informacional concatenada à idealização da vida nas redes sociais, o que gera a falta de suporte aos necessitados. Isso mostra que esse revés deve ser solucionado urgentemente.

Sob essa análise, é necessário salientar que fatores relevantes são combinados na estruturação dessa problemática. Dentre eles, destaca-se a ausência de informações precisas e contundentes a respeito das doenças mentais, as quais, muitas vezes, são tratadas com descaso e desrespeito. Essa falta de subsídio informacional é grave, visto que impede que uma grande parcela da população brasileira conheça a seriedade das patologias psicológicas, sendo capaz de comprometer a realização de tratamentos adequados, a redução do sofrimento do paciente e a sua capacidade de recuperação.

Somada a isso, a veiculação virtual de uma vida idealizada também contribui para a construção dessa caótica conjuntura, pois é responsável pela crença equivocada de que a existência humana pode ser feita, isto é, livre de obstáculos e transtornos. Esse entendimento falho da realidade fez com que os indivíduos que não se encaixem nos padrões difundidos, em especial no que concerne à saúde mental, sejam vítimas de preconceito e exclusão. Evidencia-se, então, que a carência de conhecimento associado à irrealidade digitalmente disseminada arquitetam esse lastimável panorama.

Consequentemente, tais motivadores geram incontestáveis e sérios efeitos na vida dos indivíduos que sofrem de algum gênero de doença mental. Tendo isso em vista, o acolhimento insuficiente e a falta de tratamento são preocupantes, uma vez que os acometidos precisam de compreensão, respeito e apoio para disporem de mais energia e motivação no enfrentamento dessa situação, além de acompanhamento médico e psicológico também ser essencial para que a pessoa entenda seus sentimentos e organize suas estruturas psicológicas de uma forma mais salutar e emancipadora.

O filme “Toc toc” retrata precisamente o processo de cura de um grupo de amigos que são diagnosticados com transtornos de ordem psicológica, revelando que o carinho fraternal e o entendimento mútuo são ferramentas fundamentais no desenvolvimento integral da saúde. Mostra-se, assim, que a estigmatização de doentes mentais produz a escassez de elementos primordiais para que eles possam ser tratados e curados.

Urge, portanto, que o Ministério da Saúde crie uma plataforma, por meio de recursos digitais, que contenha informações a respeito das doenças mentais e que proponha comportamentos e atitudes adequadas a serem adotados durante uma interação com uma pessoa que esteja com alguma patologia do gênero, além de divulgar os sinais mais frequentes relacionados à ausência de saúde psicológica. Essa medida promoverá uma maior rede informacional e propiciará um maior apoio aos necessitados.

Ademais, também cabe à sociedade e a mídia elaborar campanhas que preguem a contrariedade ao preconceito no que tange os doentes dessa natureza, o que pode ser efetivado através de mobilizações em redes sociais e por intermédio de programas televisivos com viés informativo. Tal iniciativa é capaz de engajar a população brasileira no combate a esse tipo de discriminação. Com isso, a ideia platônica será convertida em realidade no Brasil.

3 – Redação nota mil da candidata Isabella Gadelha, da Paraíba

O texto abaixo foi escrito pela Isabella Gadelha, da Paraíba. Leia atentamente e veja como essa redação nota mil trabalha bem a argumentação.

Nise da Silveira foi uma renomada psiquiatra brasileira que, indo contra a comunidade médica tradicional da sua época, lutou a favor de um tratamento humanizado para pessoas com transtornos psicológicos. No contexto nacional atual, indivíduos com patologias mentais ainda sofrem com diversos estigmas criados. Isso ocorre, pois faltam informações corretas sobre o assunto e, também, existe uma carência de representatividade desse grupo nas mídias.

Primariamente, vale ressaltar que a ignorância é uma das principais causas da criação de preconceitos contra portadores de doenças psiquiátricas. Sob essa ótica, o pintor holandês Vincent Van Gogh foi alvo de agressões físicas e psicológicas por sofrer de transtornos neurológicos e não possuir o tratamento adequado. O ocorrido com o artista pode ser presenciado no corpo social brasileiro, visto que, apesar de uma parcela significativa da população lidar com alguma patologia mental, ainda são propagadas informações incorretas sobre o tema. Esse processo fortalece a ideia de que integrantes não são capazes de conviver em sociedade, reforçando estigmas antigos e criando novos. Dessa forma, a ignorância contribui para a estigmatização desses indivíduos e prejudica o coletivo.

Ademais, a carência de representatividade nos veículos midiáticos fomenta o preconceito contra pessoas com distúrbios psicológicos. Nesse sentido, a série de televisão da emissora HBO, “Euphoria”, mostra as dificuldades de conviver com Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), ilustrado pela protagonista Rue, que possui a doença. A série é um exemplo de representação desse grupo, nas artes, falando sobre a doença de maneira responsável. Contudo, ainda é pouca a representatividade desses indivíduos em livros, filmes e séries, que quando possuem um papel, muitas vezes, são personagens secundários e não há um aprofundamento de sua história. Desse modo, esse processo agrava os esteriótipos contra essas pessoas e afeta sua autoestima, pois eles não se sentem representados.

Portanto, faz-se imprescindível que a mídia – instrumento de ampla abrangência – informe a sociedade a respeito dessas doenças e sobre como conviver com pessoas portadoras, por meio de comerciais periódicos nas redes sociais e debates televisivos, a fim de formar cidadãos informados. Paralelamente, o Estado – principal promotor da harmonia social – deve promover a representatividade de pessoas com transtornos mentais nas artes, por intermédio de incentivos monetários para produzir obras sobre o tema, com o fato de amenizar o problema. Assim, o corpo civil será mais educado e os estigmas contra indivíduos com patologias mentais não serão uma realidade do Brasil.
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Na redação acima, é interessante observar como a candidata abordou argumentos a partir de fenômenos sociais e de referências culturais, o que enriqueceu muito o texto.

No vídeo abaixo, a professora de redação Daniela, do Canal do Curso Enem Gratuito, explica cada uma das competências da redação. Dominando as cinco competências, você fica cada vez mais perto de escrever uma redação nota mil!

Quer ver no detalhe cada uma das 5 competências da Redação do Enem? Confira aqui como gabaritar cada competência. Agora que você já entendeu como a redação do Enem é corrigida e o que é preciso para escrever um bom texto, vamos ver alguns exemplos de redações nota mil aprovadas no Enem 2020?

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4 – Redação nota mil da candidata Maria Júlia Passos

O texto abaixo foi escrito pela Maria Júlia Passos, que trouxe um repertório muito interessante para a sua redação do Enem.

A obra “Holocausto Brasileiro”, da escritora e jornalista Daniela Arbex, retrata as péssimas condições do maior hospital psiquiátrico do país, na cidade de Barbacena. Nesse livro, os pacientes são tratados por meio de métodos arcaicos e invasivos, desde agressões psicológicas até choques elétricos, demonstrando a violência sofrida por indivíduos portadores de transtornos psíquicos. Assim, além de expor os abusos do sistema de saúde da época, o texto também é atual, uma vez que o preconceito e a omissão estatal perpetuam o estigma associado às doenças mentais no Brasil.

Em primeiro lugar, cabe ressaltar que a falta de informação da sociedade brasileira é o principal catalisador da problemática. De fato, o avanço da tecnologia e dos meios de comunicação é responsável pela rápida disseminação de notícias, principalmente no meio digital, mas isso não significa que os cidadãos se encontram mais conscientes acerca de temáticas sociais. Dessa forma, mesmo que diversos estudos atuais demonstrem a relevância da saúde mental e a legitimidade dos distúrbios psíquicos, as raízes de uma intolerância generalizada ainda questionam a veracidade da doença. Consequentemente, os indivíduos portadores de transtornos psicológicos vivem em um meio degradante de discriminação estrutural, enfrentando constantemente a invisibilidade presente na sociedade brasileira.

De acordo com a escritora nigeriana Chimamanda Adichie, a rotulação de grupos sociais através de uma característica marcante é responsável pela criação de histórias únicas, as quais são repletas de preconceitos. Nesse viés, ao negligenciar a complexidade das pessoas com distúrbios mentais, devido a estigmas baseados no estereótipo de incapacidade ou de invalidez desses indivíduos, a sociedade míope alimenta uma visão eugenista e tóxica, limitando as diversas possibilidades de manifestação do ser humano.

Ademais, a ausência de compromisso do Estado para com a saúde mental dos cidadãos é outro ponto que fomenta o estigma criado sobre o problema. De certo, a falta de incentivos financeiros na área da psiquiatria e na acessibilidade é a realidade enfrentada no país, resultando nos diagnósticos tardios e na exclusão de uma parcela significativa da sociedade que necessita de cuidados especiais. Segundo o filósofo John Rawls, em sua obra “Uma Teoria da Justiça”, um governo ético é aquele que disponibiliza recursos financeiros para todos os setores, promovendo uma igualdade de oportunidades a todos os cidadãos e o acesso a uma vida digna. Sob essa óptica, torna-se evidente que o Brasil não é um exemplo dessa ética do pensador inglês, visto que negligencia a saúde mental dos brasileiros ao não investir corretamente nos setores públicos voltados ao atendimento e ao acolhimento desses indivíduos, submetendo-os a uma notória subcidadania.

Fica exposta, portanto, a necessidade de medidas para mitigar o estigma associado aos transtornos. Destarte, as Secretarias de Educação devem desenvolver projetos educativos, por meio de palestras e de dinâmicas que levem profissionais da saúde mental e pacientes para debaterem sobre o preconceito enfrentado no cotidiano, uma vez que o depoimento individual sensibiliza os estudantes. Isso deve ser feito com a finalidade de ultrapassar os estereótipos prejudiciais.

Outrossim, o Ministério da Fazenda deve redistribuir as verbas, principalmente para hospitais públicos e para campanhas de conscientização. Por fim, será possível criar um país mais democrático e longe da realidade retratada por Daniela Arbex. (Fonte)

5  – Redação nota 1000 da candidata Aline Soares

A próxima redação nota mil do Enem 2020 foi elaborada pela estudante cearense Aline Soares. Leia o texto da candidata:

O filme O Coringa retrata a história de um homem que possui uma doença mental e, por não possuir atendimento psiquiátrico adequado, ocorre o agravamento do seu quadro clínico. Com essa abordagem, a obra revela a importância da saúde psicológica para um bom convívio social. Hodiernamente, fora da ficção, muitos brasileiros enfrentam situação semelhante, o que colabora para a piora da saúde populacional e para a persistência do estigma relacionado à doença psicológica. Dessa forma, por causa da negligência estatal, além da desinformação populacional, essas consequências se agravam na sociedade brasileira.

Em primeiro lugar, a negligência do Estado, no que tange à saúde mental, é um dos fatores que impedem esse processo. Nessa perspectiva, a escassez de projetos estatais que visem à assistência psicológica na sociedade contribui para a precariedade desse setor e para a continuidade do estigma envolvendo essa temática. Dessa maneira, parte da população deixa de possuir tratamento adequado, o que resulta na piora de sua doença mental e na sua exclusão social. No entanto, apesar da Constituição Federal de 1988 determinar como direito fundamental do cidadão brasileiro o acesso à saúde de qualidade, essa lei não é concretizada, pois não há investimentos estatais suficientes nessa área. Diante dos fatos apresentados, é imprescindível uma ação do Estado para mudar essa realidade.

Nota-se, outrossim, que a desinformação na sociedade é outra problemática em relação ao estigma acerca dos distúrbios mentais. Nesse aspecto, devido à escassez da divulgação de informações nas redes midiáticas sobre a importância da identificação e do tratamento das doenças psicológicas, há a relativização desses quadros clínicos na sociedade. Desse modo, assim como é retratado no filme O Lado Bom da Vida, o qual mostra a dificuldade da inclusão de pessoas com doenças mentais na sociedade, parte da população brasileira enfrenta esse desafio. Com efeito, essa parcela da sociedade fica à margem do convívio social, tendo em vista a prevalência do desrespeito e do preconceito na população. Nesse cenário, faz-se necessário uma mudança na postura das redes midiáticas.

Portanto, vistos os desafios que contribuem para o estigma associado aos tratamentos mentais, é mister uma atuação governamental para combatê-los. Diante disso, o Ministério da Saúde deve intensificar a criação e atendimentos psiquiátricos públicos, com o objetivo de melhorar a saúde mental da população e garantir o sue direito. Para tal, é necessário um direcionamento de verbas para a contratação dos profissionais responsáveis pelo projeto, a fim de proporcionar uma assistência de qualidade para a sociedade. Além disso, o Ministério de Comunicações deve divulgar informações nas redes midiáticas sobre a importância do respeito às pessoas com doenças psicológicas e da identificação precoce desses quadros. Mediante a essas ações concretas, a realidade do filme O Coringa tão somente figurará nas telas dos cinemas.

Percebeu como a Aline apresentou, logo na introdução, os argumentos que iria abordar nos parágrafos de desenvolvimento? Isso se chama projeto de texto e é avaliado na hora da correção!

Redação do candidato Francisco Mateus

O texto abaixo foi escrito pelo Francisco, de Pernambuco. Ele foi um dos autores das redações nota mil do Enem 2020, e abordou o tema a partir do não cumprimento do direito à saúde previsto na Constituição Federal de 1988.

A Constituição Federal brasileira, promulgada em 1988, no artigo 196, prevê a todos os cidadãos o direito à saúde, e é dever do Estado promovê-la. Entretanto, a não aplicabilidade dos direitos e a desigualdade em conjunto com ausência de informação na esfera da saúde mental, permite entender a falha na Constituição como um desafio a ser enfrentado de maneira mais organizada na sociedade. Nesse sentido, convém analisar as principais causas, consequências e possíveis medidas para esse efeito.

Inicialmente, pode-se destacar a não aplicabilidade das garantias asseguradas pela Carta Constitucional como a ocasionadora do impasse. Nesse viés, ratifica-se a tese desenvolvida pelo jornalista Gilberto Dimensteim em seu livro “O Cidadão de Papel”, no qual implica que os direitos dos brasileiros estão denotados apenas no papel, isso é, embora o País apresente um conjunto de garantias bastante consistentes, eles atêm-se, de forma geral ao plano teórico. Nesse raciocínio, a obra faz-se concernente à realidade do Brasil, na qual inúmeras pessoas possuem problemas psíquicos e são estigmatizadas como “loucos” ou “frescuras”, acarretando muitas vezes em enfermidades graves, como a depressão. É, portanto, inaceitável que o Estado e a sociedade não sejam capazes de solucionarem a problemática, para que, consequentemente, todos tenham seus direitos assegurados.

Além disso, destacam-se a desigualdade como a consequência cardial da ineficácia das garantias estabelecidas. Acerca disso, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirma que mais de 13 milhões de brasileiros vivem em extrema pobreza sem acesso à saúde. É factual que esses indivíduos detêm uma probabilidade maior de não possuírem meios para informação e acompanhamento adequado à saúde mental, e quiçá encontrando-se à margem da sociedade. Em síntese, torna-se claro, os efeitos maléficos da desigualdade em uma país.

Desse modo, os alarmantes argumentos supracitados mostram a importância de medidas para esse fenômeno. Destarte, o Estado em conjunto com o Ministério da Saúde devem criar projetos de inclusão da saúde mental por meio de ampliações das unidades básicas de saúde e um quadro de profissionais qualificados e bem valorizados em áreas pobres e distantes, além disso promover beneficências para custear os gastos de pessoas que estão em um tratamento psíquico, com o intuito de mudar a realidade de mais de 13 milhões de pessoas. Outrossim, para que isso seja exequível, compete a Receita Federal redirecionar verbas para mudar o quadro preocupante da peça fundamental de uma nação, saúde, a fim de que o artigo 196 não seja axioma a realidade, e sim intrínseco, fazendo-se antagônica à tese do jornalista Gilberto Dimensteim. (Fonte)

Redação da candidata Isabella Sampaio

Uma das redações nota mil do Enem 2020 foi escrita pela Isabella Bernardes Sampaio, que compartilhou o seu texto com o Curso Enem Gratuito. Leia abaixo o texto da Isabella e perceba como a candidata desenvolve bem as ferramentas de coesão e coerência na redação.

O filme “Coração da Loucura” – que narra a história da psiquiatra Nise da Silveira – retrata a desumanização sofrida pelos indivíduos que possuem psicopatologias, o que dificulta a realização de tratamento adequado e a inserção social destes. Nesse sentido, a temática da obra está intimamente relacionada à sociedade brasileira atual, visto que o estigma associado às doenças mentais é um problema que restringe a cidadania no país. Com efeito, hão de ser analisadas as causas que corroboram esse grave cenário: a desinformação e a mentalidade social.

Nesse viés, é necessário pontuar que a falta de informação acerca das doenças mentais precisa ser superada. A esse respeito, o jornalista André Trigueiro, em seu livro “Viver é a Melhor Opção”, afirma que parte expressiva dos cidadãos portadores de alguma disfunção mental possui dificuldade em viver de forma mais saudável devido à falta de conhecimento sobre sua condição. Sob essa perspectiva, constata-se que grande parta dos brasileiros desconhece a diferença entre tristeza e depressão ou entre ansiedade e estresse, por exemplo – tal como denunciado por André Trigueiro. Dessa forma, embora a psiquiatria e a psicologia tenham avançado no que diz respeito ao controle dos sintomas das psicopatologias, o fato de esse tema ser silenciado impede que muitos tenham acesso à saúde mental e faz com que o sofrimento psíquico seja reduzido a uma “frescura” ou sentimento passageiro. Assim, enquanto a desinformação se mantiver, o Brasil permanecerá distante da inclusão dessa parcela da sociedade.

Ademais, a mentalidade social preconceituosa existente no território nacional dificulta a superação dos estigmas no que tange às disfunções mentais. Nesse cenário, o sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, em sua obra “O Homem Cordial”, expõe o egoísmo presente na sociedade brasileira – que tende a priorizar ideias particulares em detrimento do bem estar coletivo. Desse modo, observa-se que as doenças mentais são frequentemente associadas à incapacidade ou fraqueza por destoarem do ideal inalcançável de perfeição cultivado no ideário nacional, o que faz com que mutos cidadãos sejam alvo de preconceito e exclusão, fatos que demonstram o egoísmo ainda presente na mentalidade brasileira. Por conseguinte, evidencia-se a necessidade da construção de valores empáticos e solidários no Brasil: fator imprescindível na construção de uma sociedade igualitária e democrática.

Portanto, o Ministério da Educação deve promover a informação segura a respeito das doenças mentais desde os primeiros anos da vida escolar por meio da adição de uma disciplina de saúde mental à Base Nacional Curricular, além de realizar campanhas informativas na mídia, visando à plena educação psicossocial da população. Somado a isso, o Ministério da Saúde pode dirimir o preconceito por intermédio da divulgação de vídeos em suas redes sociais que contem a história de portadores de doenças mentais – ressaltando a necessidade de desenvolver a empatia e o respeito – a fim de que a sociedade seja mais democrática e inclusiva. Com essas medidas, “Coração da Loucura” será apenas um retrato passado do Brasil, que será socialmente justo e promoverá de forma efetiva a saúde mental de seus cidadãos.

Redações com mais de 900 pontos

Além das redações nota mil, selecionamos também textos que receberam nota superior a 900 pontos no Enem 2020. Afinal, uma nota maior que 900 na redação do Enem já abre caminho para conseguir uma vaga nos cursos mais disputados no Sisu e no Prouni.

Redação da candidata Vitória Ferreira

A candidata Vitória Ferreira obteve 940 pontos na redação do Enem, uma ótima pontuação. Leia abaixo o texto escrito por ela.

No século XX, o Brasil vivenciou um episódio conhecido como “Holocausto Brasileiro”. Esse nome foi dado em decorrência do número de mortes ocorridas em um precário hospital psiquiátrico localizado no estado de Minas Gerais. O acontecimento revela o estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira, e que ainda é evidente após décadas. Logo, o problema em questão vem se acentuando pela discriminação acerca dos transtornos psíquicos, bem como pelos obstáculos para obter ajuda especializada.

Em primeira análise, os rótulos em torno das doenças psiquiátricas são fatores alarmantes no corpo social. Especialistas consideram a depressão como mal do século, entretanto, ainda há um enorme tabu com relação a essas e outras doenças, haja vista o número de indivíduos que afirmam não receber apoio familiar. Assim, nota-se o preconceito em volta das enfermidades desse gênero.

Ademais, a dificuldade de pacientes para adquirir atendimento profissional torna o problema ainda mais grave, distanciando o tema de uma visibilidade séria e informativa. A Constituição Federal assegura aos cidadãos o direito à saúde. Porém, esse direito muitas vezes não é respeitado para aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade emocional, revelando as barreiras para obtenção do apoio de profissionais.

Portanto, é necessário que haja atuação governamental a respeito do tema proposto. Cabe ao Ministério da Educação, em parceria com as redes de ensino, a promoção de projetos educacionais voltados para a saúde mental. Isso seria feito através de palestras e linhas de apoio, explicando como ocorrem os transtornos emocionais e os meios de adquirir suporte para os alunos e seus familiares. Desse modo seria possível reduzir os estigmas sobre os assunto, gerando informações e acolhimento.

Redação do candidato Agnaldo Alves Xavier

Outra redação selecionada pelo Curso Enem Gratuito foi a do Agnaldo Alves Xavier, que tirou 900 pontos na redação do Enem 2020. Confira abaixo o texto do candidato.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), em seu artigo 2º, assegura a todo indivíduo o direito de não sofrer discriminação. Visto isso, o governo brasileiro, como é membro da ONU (Organização das Nações Unidas), deve buscar garantir tal benefício à população, haja vista que está escrito isso no preâmbulo do documento supracitado. Entretanto, o fato de muitas pessoas terem preconceito para com os deficientes mentais, na sociedade brasileira, demonstra não apenas que o direito mencionado não é efetivo no país, mas também que tal problemática necessita de intervenção governamental, seja por causa da ignorância social, seja por causa da consequência disso.

Nesse contexto, convém salientar a relação entre o estigma da sociedade para com os doentes mentais e a ignorância dessa. Nessa perspectiva, o filme “Coringa”, em uma das cenas, mostra uma situação, no qual o protagonista Coringa, portador de uma doença mental grave, começa a rir de alguns rapazes que estavam praticando bullying com uma garota, os quais após perceberem que o personagem principal estava sorrindo do ocorrido a um longo período de tempo, o que era consequência do problema cerebral que tinha, começaram a atacá-lo verbalmente e fisicamente e, mesmo ele dizendo que as rizadas eram devido a um problema mental que tinha, eles continuaram as agressões. Situações como essa também acontecem fora da ficção, sendo que, segundo o site “Zenklub”, 95% dos brasileiros ignoram as enfermidades mentais, o que é consequência da falta e conhecimento por parte do corpo social.

Como consequência desses problemas, tem-se, muitas vezes, a classificação dos depressivos como inferiores aos demais cidadãos. Nesse sentido, em uma reportagem da “TV Brasil”, uma jovem, portadora de uma doença incapacitante, diz que muitos a tinha como incapaz e mentirosa. Indubitavelmente, esse contexto é lastimável, pois todos os cidadãos são iguais em dignidades e direitos, segundo a DUDH, e uma enfermidade não altera isso.

Nota-se, portanto, que tal realidade necessita de solução, é resultado de preconceito social e que tem efeito negativo. Logo, para atenuar tal problemática, o governo federal, órgão vital da democracia brasileira, deve, por meio de recursos próprios, criar programas de televisão, com especialistas em saúde mental, a fim conscientizar a população sobre o tema debatido e, consequentemente, tornar a DUDH efetiva.

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