Revolução inglesa: antecedentes, fases e características

A Revolução Inglesa engloba uma série de movimentos que ocorreram no século XVII e que acabaram por substituir a monarquia absolutista por uma monarquia parlamentarista.

Mais de um século antes da Revolução Francesa os ingleses cortavam a cabeça de seu rei. Mais tarde, expulsaram outro monarca e instalaram de vez o parlamentarismo. Venha conhecer a história da Revolução Inglesa conosco!

Antecedentes: o absolutismo na Inglaterra

O final da Idade Média é marcado pelo surgimento dos Estados Nacionais na Europa. Tendo o absolutismo como forma de governo, diversos reinos verão seus territórios ampliados, mercados unificados e, por isso, é criada uma maior disputa por recursos e riquezas.

Na Inglaterra não é diferente. No entanto, o absolutismo das ilhas britânicas teve um tempo de vida muito mais curto que o das nações continentais. Sua origem remonta à Guerra das Duas Rosas (1455-1487). Essa disputa entre as casas York (representada por uma rosa branca) e os Lancaster (representados por uma rosa vermelha) surgiu após a derrota da Inglaterra ao final da Guerra dos Cem Anos, contra a França.

Ao fim do conflito entre as duas casas, quando Henrique Tudor (Lancaster) derrota Ricardo II (York) e casa com Isabel de York, o que temos é uma unificação que culminará na dinastia dos Tudors. Esta dinastia passou a ser representada por um símbolo que combinava as duas rosas. Assim, os Tudors governaram a Inglaterra até 1603, quando Elizabeth I, filha de Henrique VIII (o rei que rompe com a Igreja Católica), morre.

Como resultado, os Tudors são considerados a primeira monarquia absolutista da Inglaterra. Entretanto, desde 1215 os monarcas ingleses já precisavam respeitar uma Carta Magna que garantia os direitos dos nobres. Desde 1066 também já existia uma espécie de Parlamento, que se consolidará no poder em 1689, após a Revolução Gloriosa. Portanto, o que se chamou de absolutismo na Inglaterra foi distinto do absolutismo que se encontrava no continente.

Conheça um pouco mais das origens da Inglaterra com este vídeo sobre a Conquista Normanda, de 1066:

Fases da Revolução Inglesa

Antes de começarmos a falar sobre a Revolução Inglesa em si, é importante pontuar que ela teve várias fases. Assim, durante o século XVII houve momentos de idas e voltas dos ingleses com a monarquia. Podemos dividir a Revolução em quatro momentos:

  • A Revolução Puritana e a Guerra Civil, de 1640 a 1649.
  • A República de Oliver Cromwell, de 1649 a 1658.
  • A Restauração da monarquia, de 1660 a 1688;
  • A Revolução Gloriosa, que instituiu a Monarquia Parlamentarista.

Revolução Puritana

Jaime (James) VI da Escócia sobe ao trono como Jaime I da Inglaterra após a morte de Elizabeth, unindo os dois reinos. No entanto, essa troca não foi muito apreciada pelo Parlamento e pela população. A partir de então, a Inglaterra passou a ser governada pelos Stuart, e não mais pelos Tudors. Dessa forma, começavam as faíscas da Revolução Inglesa.

Até aquele momento, a Inglaterra havia vivido um período de relativa estabilidade em virtude de uma expansão comercial com as expedições ultramarinas. Isso, somado à sua habilidade em governar em harmonia com o Parlamento, fez com que Elizabeth não precisasse ter uma postura firme com seus súditos.

Entretanto, a atitude do governo mudou com os impopulares Stuarts, vistos como estrangeiros, que tentaram tomar uma postura absolutista reivindicando o direito divino dos reis para poder governar.  Da mesma forma, Carlos I (Charles), foi o líder de um governo impopular por onze anos.

Arranjando cada vez mais rivais, Carlos I encontrará problemas em governar seus 3 reinos (Inglaterra, Escócia e Irlanda), o que desembocará em uma Guerra Civil. No final do conflito, Carlos, que estava apoiado pelos escoceses, é derrotado pelo Parlamento, liderado por Oliver Cromwell, e é decapitado em 1649.

Oliver Cromwell - Revolução Inglesa
Retrato pintado de Oliver Cromwell posando com uma armadura. Fonte: https://cutt.ly/vyAM2w1.

República de Cromwell e a restauração da monarquia

Depois desse turbulento período, a Inglaterra passa a ser governada pelo puritano Cromwell. Na historiografia, esse período pode ser encontrado como a República de Cromwell ou Ditadura de Cromwell. Isso porque ele dissolveu o parlamento entre 1653 e 1660.

Na verdade, Oliver Cromwell governou até sua morte, em 1658. Seu filho e sucessor, Richard Cromwell, acabou perdendo o trono para Carlos II da Escócia, que invadiu a Inglaterra e restaurou a monarquia.

Contudo, Carlos também não ganhou muita popularidade, apesar de ser bem recebido após expulsar os puritanos do poder. Sua perseguição aos opositores desagradou tanto a população quanto o Parlamento. Com dificuldade de obter recursos através dos meios legais, em 1670 ele firmou secretamente o Tratado de Dôver com Luís XIV, rei da França.

Luís era seu primo e contratou o rei Inglês para auxilia-lo na guerra contra a República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos (1672-1674). Como parte do acordo, ele deveria se converter ao catolicismo, o que fez perto de sua morte. Na política interna ele favoreceu os católicos e ameaçou criar um exército permanente de comando francês, o que também não contribuiu em nada para sua imagem.

A Revolução Gloriosa

Em 1685, por fim, Carlos morre e é substituído pelo seu irmão, Jaime II, também católico. A suspeita de um retorno ao absolutismo católico aprofundou a crise política, já que Jaime continuou atuando em favor de sua religião. Em 1688, o Parlamento chama Guilherme (William) de Orange, marido de Maria e genro de Jaime, para assumir o trono inglês.

Orange e sua esposa eram protestantes e viviam na burguesa República dos Países Baixos, o que era muito apreciado pela burguesia britânica. Importante lembrar também que John Locke, destacado crítico do absolutismo inglês, estava refugiado nos Países Baixos.

Em novembro de 1688, Guilherme e Maria desembarcam na Inglaterra e em fevereiro do ano seguinte são coroados rei e rainha. Assim, Jaime foge e se exila na França.

Foi então que o Parlamento viu a oportunidade de firmar seu poder através de uma nova Declaração de Direitos em 1689. Esta declaração proibia os castigos cruéis (o que não deixou de ser praticado), obrigava o rei a ser anglicano e proibia a criação de novos impostos sem aprovação do Parlamento, entre outras coisas. Em suma, o poder do Rei estava limitado pelo Parlamento.

Guilherme III - Revolução Inglesa
Guilherme III. Fonte: https://cutt.ly/vyAMNnn.

Guilherme de Orange governou firmando alianças com os principais partidos, os Whigs e os Tories até 1702, quando vem a falecer. A irmã de Maria, Ana I, é coroada e governa até 1714, ano de sua morte.

Ela foi a última da dinastia dos Stuarts a governar a Inglaterra. Ainda em 1707, a Escócia se une a Inglaterra, formando o Reino Unido da Grã Bretanha, e ambas nações passam a ser regidas pelo mesmo Parlamento.

Para finalizar, revise a aula sobre a Revolução Inglesa com este vídeo do canal Dez de História e em seguida resolva os exercícios! 

Exercícios sobre a Revolução Inglesa:
01 – (UniRV GO)

As raízes no mundo contemporâneo começaram no Reino Unido ao longo do século XVII, as Revoluções Inglesas prepararam o país para liderar a fase industrial do capitalismo. A Inglaterra que jamais conseguiu consolidar o regime absolutista acabou por desenvolver um sistema próprio com maiores espaços democráticos e isonômicos. Sobre as Revoluções Inglesas, assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para as alternativas.

a) Após a formação do Reino Unido da Grã-Bretanha, com a união dos reinos da Inglaterra e Escócia por Jaime I, seu filho Carlos I adotou uma postura autoritária em relação aos parlamentares britânicos. Esse arroubo absolutista deu início à Revolução Puritana.

b) Após o reinado autoritário de Jaime I, o Parlamento Britânico, dominado pelos protestantes chamados puritanos, tirou proveito da apatia e submissão de Carlos I para tomar o poder, impondo uma política antiburguesa ao Reino Unido.

c) Oliver Cromwell assumiu o controle do Parlamento Britânico que em pouco tempo converteu-se em uma ditadura. Durante a República Cromwell, medidas como os Atos de Navegação permitiram mais autonomia econômica e a ampliação da esquadra britânica, mudanças essenciais para a projeção da futura potência econômica britânica.

d) A Revolução Gloriosa tem esse nome porque após uma série de conflitos políticos entre grupos religiosos, o Parlamento Britânico estruturou um novo formato político que vigoraria no Reino Unido até a atualidade, a monarquia parlamentar, na qual o rei reina, mas não governa.

02 – (ESPM SP)

Em 1646, em plena guerra civil, um grupo de democratas em Londres afirmou que a soberania do Parlamento e sua resistência ao rei só poderiam se justificar teoricamente se essa soberania derivasse do povo. Assim, se o povo era soberano, então o Parlamento teria de se fazer representante do povo. O mais pobre dos indivíduos tem tanto direito de votar quanto o mais rico e o mais importante deles.

(Christopher Hill. O Século das Revoluções)

O texto, que trata de uma revolução e de um grupo político nela interveniente, refere-se:

a) à Revolução Ludita e ao grupo dos destruidores de máquinas;

b) à Revolução Gloriosa e ao grupo dos cartistas;

c) à Revolução Gloriosa e ao grupo dos cavaleiros;

d) à Revolução Puritana e ao grupo dos diggers ou escavadores;

e) à Revolução Puritana e ao grupo dos levellers ou niveladores.

03 – (Fac. Santo Agostinho BA)

Sob o governo da Dinastia Tudor, a Inglaterra alcançou diversas conquistas que, de alguma maneira, ajudaram a formatar as bases para a ampliação do desenvolvimento do país. Os governos de Henrique VIII e de sua filha Elisabeth I trouxeram a

a) criação de uma monarquia parlamentarista constitucional.

b) aprovação dos Atos de Navegação ingleses.

c) unificação do país e a criação do anglicanismo.

d) imposição da Ditadura Puritana.

Gabarito:

  1. VFVV
  2. E
  3. C

Sobre o(a) autor(a):

Os textos acima foram preparados pelo professor Angelo Antônio de Aguiar. Angelo é graduado em história pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestrando em ensino de história na mesma instituição e dá aulas de história na Grande Florianópolis desde 2016.

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