O rococó é um estilo artístico que surgiu no século XVII, na França, no contexto do Iluminismo. Retratava principalmente temas eróticos, pastorais, mitologia e efeitos teatrais.
O rococó surgiu na França, no final do século XVIII. Com influências do seu antecessor, o estilo Barroco, esta nova forma de fazer artístico visava a leveza e o otimismo. Nesta aula vamos compreender suas características e em qual contexto estava inserido.
Origem do Rococó
Na virada do século XVII, na França, nascia um novo estilo que se tornaria muito popular por sua atmosfera leve e divertida: o rococó. Esse estilo chegava para romper com a pompa e rebuscamentos típicos do Barroco.
Enquanto esteve em seu auge, essa tendência artística uniu fatores como a elegância, o charme e o erotismo divertido. Nessa atmosfera, a temática preferida tanto pelos artistas quanto pelo público eram cenas eróticas, mitologia, temas pastorais e alusões a efeitos teatrais.
O que é rococó
O termo que dá nome ao estilo era, originalmente, utilizado de maneira pejorativa. A palavra rococó é uma mistura de “rocaille”, que é um estilo exagerado e extravagante de enfeites com pedra usados em fontes, e “barrocco”, palavra que deu origem ao estilo Barroco na Itália. Aos olhos dos artistas da época, o estilo era tido como uma decadência cômica. Com o tempo, entretanto, o termo perdeu o sentido de zombaria e degradação.
Atualmente, o estilo é considerado uma evolução do Barroco, mas pode ser visto também como uma reação a ele. Isso porque os artistas do rococó rejeitavam todo o peso, a pompa excessiva e a grandiosidade do estilo anterior.
Principais artistas do rococó
No país em que surgiu, foi moldado por três principais artistas: Jean-Antoine Watteau (1684-1721), François Boucher (1703-1770) e Jean Honoré Fragonard (1732-1806). Já na Itália, o movimento tinha como principal representante Giambattista Tiepolo (1696-1770). Em países como Áustria, Alemanha e Grã-Bretanha, o rococó desenvolveu-se principalmente na arquitetura e decoração.
Giambattista Tiepolo
O italiano Tiepolo era considerado um exímio decorador, tendo transitado entre o fim do período Barroco e início do rococó. O artista era especialista em técnicas como o estuque e grandes afrescos. Devido ao seu talento reconhecido, Tiepolo não trabalhou somente na Itália, tendo viajado à Espanha e Alemanha. A obra a seguir foi executada em um Palácio Veneziano:
“O banquete de Cleópatra”, Giovanni Battista Tiepolo, 1750. Fonte: https://bit.ly/3zlqVw3.
A figura é parte da decoração do Palácio. O tema abriu a possibilidade para que o artista pudesse utilizar cores vibrantes e vestimentas suntuosas. A história conta que, na ocasião do banquete dedicado à Cleópatra, Marco Antônio teria oferecido à rainha uma festa que seria o ápice do luxo. Tiepolo gostava de representar seus personagens com roupas exóticas.
Jean-Antoine Watteau
Outro artista que merece destaque para o desenvolvimento do Rococó é Jean-Antoine Watteau (1684-1721). A obra que veremos a seguir é um exemplo de pintura com personagens vestidos a caráter divertindo-se em um ambiente externo:
“Peregrinação à Ilha de Citera”, Jean-Antoine Watteau, 1717 Fonte: https://bit.ly/3xameDi
Considerada uma pintura fête galante, que em tradução livre significa “festa galante” ou “cortejo”, a atmosfera é de fantasia teatral. Essas pinturas retratavam a diversão dos ricos ociosos ao ar livre. O artista inspirou-se nos palcos, já que o teatro foi uma forte influência para o estilo.
Na obra, os personagens contemplam a paisagem, ouvem música e passeiam alegremente. É retratado um grupo de jovens em viagem a uma ilha associada à Afrodite, a deusa do amor. É possível observar que a maioria das pessoas estão agrupadas como casais.
Assim, a pintura trata também dos estágios do amor: alguns casais mostram-se mais tímidos, e outros, mais confiantes. Para tornar a atmosfera mais evidente, há diversos querubins por toda a paisagem.
A temática do rococó
A obra de Watteau foi muito bem aceita e admirada na época em que foi pintada. Contudo, passou a ser rechaçada após a Revolução Francesa, no ano de 1789, por demonstrar o vagaroso estilo de vida da velha aristocracia. Uma das características mais marcantes da pintura rococó é justamente a temática despreocupada, utópica e livre de politização e religiosidade exacerbada.
Os personagens geralmente usavam vestimentas exageradas ou mesmo havia uma alusão às fantasias teatrais. Diversas obras, como a de Watteau citada acima, eram inspiradas em peças da época e espetáculos improvisados da comédia italiana. No entanto, os artistas encobriam suas fontes com a intenção de aparentar que os componentes da pintura estivessem, de fato, namorando em algum cenário fabuloso.
Erotismo e sensualidade
Uma obra que transmite com clareza os valores da pintura rococó é a que veremos a seguir:
“O balanço”, Jean-Honoré Fragonard, 1767. Fonte: https://bit.ly/2ThVKRQ
A pintura apresenta a atmosfera leve e que lembra um sonho. A obra foi uma encomenda em que um jovem solicitou que Fragonard pintasse a ele e sua amante. É interessante observar que o encontro parece acontecer em uma mata bastante fechada.
Todavia, se olharmos com mais cuidado, perceberemos utensílios de jardinagem, estátuas e detalhes arquitetônicos que evidenciam que a cena ocorria em uma luxuosa propriedade privada. O tipo de obra acima era produzido e pensado para ser exposto a um público muito restrito, diante do teor e da subjetividade erótica que insinuava.
É muito comum, entre os artistas Rococó, os temas vinculados ao erotismo e à sensualidade. Na obra de Fragonard, por exemplo, podemos constatar esse fato com o sapato da moça, que sai voando pelo ar. Isso porque em antigas obras de cunho moral, o sapato perdido era sinônimo de que a mulher perdera a virgindade. Outro fato bastante recorrente é a representação de jovens em balanços.
Cenas pastorais
Já na França, o artista Boucher fez sucesso retratando cenas pastorais, cujo cenário do interior é transformado em uma paisagem com atmosfera de sonho, onde os pastores podem ignorar seus trabalhos e desfrutar da companhia de suas namoradas, em belos campos claros e ensolarados. A temática do amor vem em oposição às metáforas densas que o Barroco carregava. Além disso, o interesse pela leveza mostrou-se como um alívio necessário para a aristocracia da época.
Críticas ao rococó
Embora apresente riqueza de detalhes e despretensiosidade, a falta de um conteúdo sério fez com que o rococó fosse alvo de duras críticas, especialmente porque as obras tinham um estilo decorativo. Na escultura não foi diferente, já que costumava apresentar leves e delicadas peças de porcelana usadas na decoração de interiores. O mármore também foi utilizado, embora em menor escala, já que resulta em um trabalho com aparência mais pesada.
Em suma, embora a pintura Rococó tenha sido largamente criticada, ela é um desdobramento importante para a história da arte. Isso porque rompe com todo o peso da representação artística vinculada à igreja e apresenta-se como um contraponto interessante com relação às temáticas escolhidas e preferidas por estes artistas.
Videoaula
Vamos assistir ao vídeo do Canal Vivieuvi para, em seguida, responder às questões:
Exercícios
1- Qual obra abaixo pertence ao período Rococó?
a) “Céu estrelado”
b) “Os prazeres do baile”
c) “Homem vitruviano”
d) “Domingo no parque”
e) “O grito”
2- O principal motivo para o Rococó ter sido largamente criticado foi:
a) o desinteresse em estar comprometido com alguma causa.
b) as cores pastéis utilizadas.
c) a sua profunda ligação com a igreja.
d) por ser uma arte produzida por artesãos pobres.
e) por ser praticada somente em ambientes externos.
3- Dentre principais artistas do período Rococó, podemos destacar:
a) Pablo Picasso.
b) Andy Warhol.
c) Fragonard.
d) Van Gogh.
e) Monet.
Gabarito:
- B
- A
- C