O que foi a união ibérica e o que tem a ver com a colonização do Brasil

A União Ibérica foi a unificação dos reinos de Portugal e Espanha sob um mesmo governo entre os anos de 1580 e 1640. A união ocorreu após uma crise sucessória em Portugal e impactou na administração das colônias de ambos os reinos. Acompanhe esta aula de História para saber mais! No final, tem exercícios para você testar seus conhecimentos!

Do final do século XV até o século XIX, o continente americano foi colonizado por nações europeias, sobretudo pelos reinos ibéricos de Portugal e Espanha. Existiu uma época em que esses dois reinos foram unidos no que ficou conhecido como união ibérica. Acompanhe esta aula de História para descobrir quais foram as consequências para a colônia brasileira!

A Península Ibérica

Você sabe onde se localiza a Península Ibérica? E saberia dizer qual a importância que os reinos daquela região tiveram durante alguns séculos da história ocidental? O que o mercantilismo tem a ver com a União Ibérica?

Bem, talvez com essas questões nós consigamos começar a entender como os reinos ibéricos formaram um dos maiores domínios da história – ainda que tenha sido por um breve momento.

A Península Ibérica é a região mais ocidental (ou mais a oeste) da Europa continental. Em outras palavras, é o território que hoje corresponde à Portugal e à Espanha.

Península Ibérica
Localização da Península Ibérica.

Desde a expulsão dos muçulmanos na Guerra da Reconquista no século XV, portugueses e espanhóis deram início à exploração de territórios além-mar. Dessa forma, eles evitariam que os portos italianos detivessem o  monopólio comercial com o Oriente.

A vantagem geográfica que a península dava àqueles dois reinos permitiu que eles se tornassem os pioneiros na colonização de territórios no Atlântico e, posteriormente, no resto do globo.

O mercantilismo

Neste período da história, o capitalismo dava seus primeiros passos com um modelo econômico chamado mercantilismo. Dessa maneira, se no período feudal a riqueza e poder estavam associados à imensidão de terras dominadas pela nobreza e pela igreja, agora a norma passa a ser o acúmulo de metais preciosos.

Desde o renascimento urbano e comercial e a unificação dos reinos europeus com o surgimento do Estado moderno absolutista, passou-se a utilizar cada vez mais moedas de troca.

Entretanto, a acumulação dessa nova riqueza dependia de alguns fatores adotados pelos Estados. Alguns exemplos são a expansão das relações comerciais, a manutenção favorável da balança comercial (exportar mais do que importar), a conquista de novos territórios para exploração de metais, e o cultivo de produtos destinados ao mercado europeu.

Esse último fator fez com que Portugal e Espanha dominassem diversos territórios ao redor do planeta, principalmente na América.

Domínios espanhóis - União Ibérica.
Mapa-múndi indicando com a cor laranja os domínios de Filipe II na Europa, América, Oceania e na Ásia entre 1581 e 1598. Fonte: encurtador.com.br/jprEZ.

A crise na sucessão do poder em Portugal e a União Ibérica

Além disso, outro aspecto político do mundo europeu durante a modernidade foi a manutenção e disputa pelo poder de territórios através de alianças consumadas por casamentos reais.

A união matrimonial aprovada pelo Papa, representante de Deus na Terra, simbolizava também a união de reinos. Assim, os governantes esperavam ter herdeiros, preferencialmente homens, para dar continuidade ou até mesmo ampliar seus domínios políticos.

Contudo, não foi isto que aconteceu com Dom Sebastião I, rei de Portugal no século XVI. O monarca, ainda jovem, morreu em campanha militar no Marrocos e não havia deixado herdeiros para ocupar seu lugar.

Por isso, tal situação despertou os interesses de outros aspirantes ao trono português, e quem assumiu o poder foi seu tio-avô, Henrique I. Porém, ele veio a falecer antes de completar dois anos de governo.

Diante da situação de crise política, Filipe II, sobrinho de Henrique I e rei da Espanha, vislumbrou a oportunidade de reclamar o trono português, o que conseguiu com o apoio militar de outros nobres.

Filipe II - União Ibérica.
Retrato de Felipe II, Rei da Espanha. O quadro foi pintado por Sofonisba Anguissola e está exposto no Museo Del Prado. Fonte: encurtador.com.br/ciEH9.

Foi então que nasceu a União Ibérica: Portugal, Espanha e suas respectivas posses unificaram-se sob um mesmo governo durante quase sessenta anos.

Assim, Filipe II ficou conhecido como o governante do “império onde o sol nunca se punha”. Portugal deixou de ser governado pela dinastia de Avis e passou a fazer parte da dinastia dos Habsburgo.

A invasão holandesa no Nordeste

Logo antes da União Ibérica, no ano de 1579, surge, como nação independente, a república das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos, no território da atual Holanda. Até então, a região era controlada pela Coroa Espanhola, sendo um dos principais locais de refino e negociação de açúcar na Europa.

Desde sua rebelião, a Espanha impôs um embargo econômico às Províncias Unidas impedindo a entrada de matéria prima em seus portos. Sem açúcar para refinar e negociar, os holandeses entrariam em crise a menos que conseguissem contornar tal situação.

A saída encontrada foi tentar conseguir suas próprias regiões de plantio. Assim, o Nordeste brasileiro, além de outras regiões na África e na Ásia, foi um dos alvos visados pelos holandeses.

Foram duas as tentativas de invasão holandesa no nordeste brasileiro neste período: uma na Bahia, em 1624, e outra em Pernambuco, em 1630.

A primeira foi logo combatida numa articulação entre espanhóis e portugueses. Entretanto, a segunda durou até 1654. Os holandeses haviam demonstrado interesse em permanecer aqui, construindo edifícios, investindo na infraestrutura da região e enviando artistas e estudiosos.

No entanto, os senhores de engenho luso-brasileiros, forçados pelos holandeses a quitar os empréstimos que tinham com eles, resolveram pegar em armas e expulsar os invasores. Esse processo ficou conhecido como Restauração Pernambucana.

Nessa época, a União Ibérica já havia sido dissolvida e o Brasil retornara ao comando de Portugal. Expulsos, os holandeses migraram para as Antilhas, no Caribe.

Veja mais sobre a época colonial nas nossas aulas:
No nosso canal tem vídeo aula sobre a União Ibérica e a invasão holandesa no Brasil. Dá só uma olhada:
Exercícios sobre a União Ibérica
1 – (PUCCamp SP)

O Brasil custou a ganhar o primeiro papel no teatro da expansão ultramarina de Portugal. Útil, promissora, mas não essencial, a posse do Novo Mundo não foi durante todo o século XVI, e nem nos inícios do século seguinte, a principal arma econômica ou simbólica a sustentar a potência portuguesa. Ainda em 1648, o padre Antônio Vieira escreveu um arrazoado a pedido de D. João IV em que aconselhava a entrega de Pernambuco aos holandeses visando a preservação do Estado da Índia portuguesa, pela ‘pouca consideração que tem Pernambuco com tudo isto’, diante do que se tinha na Ásia: a conversão de ‘tantos reinos e impérios regados com o sangue de tantos mártires’ (…)”.

(Adaptado de: DORÉ, Andréa. Antes de existir o Brasil: os portugueses na Índia, entre estratégias da Coroa e táticas individuais. História (São Paulo), v. 28, n. 1, 2009, p. 169-189)

A expansão ultramarina de Portugal deve ser compreendida no contexto

a) do imperialismo lusitano, uma vez que Portugal tinha possessões na África, na Ásia e no continente americano, contando com a burguesia comercial mais poderosa e influente, política e militarmente, da Europa.

b) do mercantilismo, processo histórico de ampliação dos mercados no qual Portugal teve inegável pioneirismo, em virtude de sua precoce unificação garantida pela Revolução de Bragança, que expulsou os muçulmanos da Península Ibérica.

c) do início do capitalismo comercial, quando surgem potências marítimas europeias, Portugal e Espanha, cujos reis, com o apoio das burguesias nacionais, se empenham na busca pela descoberta de novas rotas e territórios, com vistas à aquisição de metais preciosos e matérias-primas rentáveis, como as especiarias.

d) do metalismo, política de extração e acúmulo de ouro pelos Estados nacionais recém-constituídos na Europa, os quais, a exemplo da Inglaterra, investiam esse capital adquirido no desenvolvimento industrial a fim de ampliarem as exportações e obterem melhores resultados em sua balança comercial.

e) da União Ibérica, período em que Portugal e Espanha se unem por meio de casamentos que asseguram o poder ao Reino de Castela, patrocinando largamente as expedições marítimas a partir das técnicas e do conhecimento desenvolvido na Escola de Sagres.

2 – (UniCESUMAR PR)

França e Holanda invadiram e buscaram instalar colônias no litoral brasileiro ao longo do período colonial. São exemplos dessas investidas:

a) A construção de São Luís, no Maranhão, como capital da França Equinocial, e a criação da Companhia das Índias Ocidentais, para colonizar o Brasil holandês, quando houve a ocupação de Olinda, cidade que passou a sediá-la.

b) A edificação do Palácio de Nova Friburgo, por Holandeses, na região serrana do Rio de Janeiro, onde fundaram sua primeira colônia, e a fundação da cidade de Macapá como parte da Guiana Francesa, antes de sua retomada pelos portugueses.

c) A ocupação temporária de Salvador pelos holandeses e a fundação da Confederação dos Tamoios por colonizadores franceses, que organizaram os índios da região do litoral norte de São Paulo para guerrear contra tropas portuguesas.

d) A primeira colonização do Rio de Janeiro por calvinistas franceses e a participação dos comerciantes holandeses na Guerra dos Mascates, em Pernambuco, contra os portugueses.

e) A fundação da colônia denominada França Antártica na Baía do Rio de Janeiro e a construção da Cidade Maurícia pelos holandeses, em uma parte de Recife.

3 – (ETEC SP )

Frans Post, pintor, desenhista e gravador holandês, documentou paisagens e cenas do cotidiano do chamado “Brasil Holandês”, sob o governo de Maurício de Nassau (1630–1654).

Cidade Maurícia, Recife, 1657 - União Ibérica
Vista da Cidade Maurícia, Recife. Frans Post, 1657. <https://tinyurl.com/y7dtz4c8> Acesso em: 26/10/2018. Original colorido.

Entre as características da presença holandesa em Pernambuco, pode-se citar, corretamente,

a) a valorização da cultura muçulmana, a implementação da monocultura do café e a abolição da escravidão, considerada pelos holandeses um símbolo do atraso civilizatório brasileiro.

b) a intolerância religiosa e a perseguição a cristãos e muçulmanos, o estímulo à mineração de ouro e prata e o descaso pelo patrimônio público, que não resistiu às intempéries e ao vandalismo.

c) a implementação do regime absolutista, a perseguição a intelectuais e artistas e a deterioração dos equipamentos urbanos, cuja manutenção dependia dos investimentos diretos da Coroa portuguesa.

d) o princípio da isonomia, o incentivo a pesquisas sobre geologia e astronomia e o desenvolvimento de uma cultura própria, na qual se destaca a miscigenação de elementos das três religiões monoteístas.

e) a tolerância religiosa, o incentivo a pesquisas sobre a fauna e a ora tropicais e o desenvolvimento da arquitetura, no qual se destacam a drenagem de áreas alagadiças e a construção da primeira ponte de grande porte do Brasil.

1- Gab: C

2- Gab: E

3- Gab: E

Sobre o(a) autor(a):

Os textos acima foram preparados pelo professor Angelo Antônio de Aguiar. Angelo é graduado em história pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestrando em ensino de história na mesma instituição e dá aulas de história na Grande Florianópolis desde 2016.

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