Veja o que foi o Dadaísmo, os artistas, e suas características

O termo ‘dada’, em francês, significa ‘cavalinho de pau’. Você consegue imaginar o que isso tem a ver com um importante e polêmico movimento artístico? Vem com a gente! Revise Artes para o Enem!

O Dadaísmo foi um legítimo fenômeno cultural, que surgiu entre 1916 e 1922 e perpassa não apenas a arte, mas contesta valores e modelos culturais. Há aqui um menosprezo da arte tradicional e da expressividade própria da obra de arte.

Pode ser considerado ainda a junção e releitura de três vanguardas europeias anteriores: Cubismo, Expressionismo e Futurismo.

O movimento dadaísta

Mas o que eles buscavam, afinal? Procuravam promover a não – estética, o que não tem lógica, a contradição e o que é descartável. Para isso, utilizavam-se de diversos canais de expressão, como revistas, manifestos e exposições.

As manifestações dadaístas são propositalmente sem nexo e baseadas no desejo de chocar o espectador e a sociedade como um todo. Entretanto, ao longo da história da arte, podemos constatar que esse é o intuito da maioria das vanguardas, que chegam sempre para romper com o velho e mostrar novas formas de pensamento.dadaísmo - poemas sonorosFotografia de Hugo Ball apresentando poemas sonoros. Fonte: https://www.nytimes.com/2016/07/10/arts/dada-100-years-later.html

Em 1916, em Zurique, foi criado o Cabaré Voltaire, que foi o marco inicial do Dadaísmo e idealizado pelos escritores alemães Hugo Ball (1886 – 1927) e Richard Ruelsenbeck (1892 – 1974).

Outro membro importante do Cabaré Voltaire é o escritor romeno Tristan Tzara (a quem alguns autores atribuem a criação do Dadaísmo, mas não é a maioria!). Sobre o movimento, disse as seguintes palavras, que o definiriam muito bem:

“Dada não significa nada… A obra de arte não deve ser a beleza em si mesma, porque a beleza está morta… não sou nem a favor nem contra, e não vou explicar porque razão odeio o bom-senso…” (Tristan Tzara).

Introdução ao Dadaísmo

Confira agora com a professora Camila Brambilla, do canal do Curso Enem Gratuito, um resumo com a introdução que ajuda você a se situar no Movimento Dadaísta.

Como voc6e acompanhou com a professora Camila aqui no vídeo, tanto Tristan Tzara, Hugo Ball,  Richard Ruelsenbeck e outros artistas e escritores tornaram-se conhecidos através de suas performances bastante barulhentas e que causavam espanto.

No ano de 1916, Ball subiu ao palco do Cabaré trajando uma roupa de metal brilhante e um chapéu em forma de cone, para mostrar ao público uma nova forma de fazer poesia através de sílabas e sons: os poemas sonoros.

Aqui é importante salientar que a fotografia acima é apenas o registro documental de uma obra, e não a obra em si. Essa diferenciação é bem importante a partir do momento em que a fotografia foi inventada.

Artistas do Dadaísmo

Na Alemanha, artistas como Hannah Hoch (1889-1978), Raoul Hausmann (1886-1971) e George Grosz (1893-1959) foram pioneiros em fotomontagens. Eles faziam recortes de jornais e revistas e sobrepunham uns aos outros, formando uma nova realidade, muitas vezes absurda. Outra técnica utilizava as colagens e montagens utilizando objetos que eram presos à superfície.

O artista expoente dessa técnica é Kurt Schwitters (1887-1948).dadaísmo - Merz KonstructionMerz Konstruction [Construção Merz] , 1921 , Kurt Schwitters

Já em Nova York, o Dadaísmo foi (muito bem) representado especialmente por Marcel Duchamp (1887-1968). Foi ele que levantou o conceito de “ready-made” (ou seja, objetos de uso funcional fabricados industrialmente, porém exibidos como objetos de arte, com pouca ou nenhuma alteração).

Ele provou a ruptura quando levou este urinol à sala do museu, como uma provocação.dadaísmo - FonteRéplica da “Fonte”, DUCHAMP, Marcel, realizada em 1951. fonte da imagem: https://conceptualartdebate.wikispaces.com/Marcel+Duchamp

Podemos constatar então que o Dadaísmo na Europa questionava o valor cultural da arte e seu propósito, ao passo que Duchamp questionava o que constituía a obra de arte e questionava as noções de valor material.

Influência do Dadaísmo no Brasil

É importante salientar que o Dadaísmo, que também apropria-se da literatura, influenciou no Brasil artistas modernistas (estudaremos Modernismo em outro post!), como Mário de Andrade.

A linguagem dadaísta visa derrubar possíveis barreiras existentes quanto aos significados das palavras. O importante aqui não é o significado, e sim a sonoridade. Mário de Andrade escreveu um livro denominado Paulicéia desvairada onde no prefácio ele explicita que só deveriam ler os poemas que ali continham aqueles leitores que soubessem urrar.

Podemos perceber que, tanto no exterior quanto no Brasil, um intuito muito forte de não dar voz à verdade e à racionalidade com realidades palpáveis dá a tônica principal ao movimento.

Juntamente com a ausência de racionalidade, adicionemos anarquismo, rejeição ao materialismo, espontaneidade, irreverência, críticas ao consumismo exacerbado, conceitos muito bem amarrados com o rompimento de modelos clássicos e tradicionais.  

Videoaula

Confira a aula do prof. Rolo, do canal do Curso Enem Gratuito, em que ele fala das vanguardas europeias. E assim você complementa a sua revisão.

Exercícios sobre o Dadaísmo

1. (UFPE – PE)

Os movimentos culturais do final do século XIX e das primeiras décadas do século XX dialogavam com as mudanças que ocorriam na sociedade ocidental, com a afirmação do modo de produção capitalista e com as novas formas de pensar e de sentir o mundo. Com o modernismo e as vanguardas artísticas, houve mudanças importantes, pois:

( ) Matisse, Van Gogh e Picasso expressaram com seus quadros mudanças nas concepções estéticas da pintura.
( ) o dadaísmo procurou radicalizar nas suas propostas, criticando os valores estabelecidos, com destaque para a obra de artistas como Marcel Duchamp.
( ) o surrealismo trouxe a exploração do inconsciente, presente na pintura do espanhol Salvador Dalí e na obra literária do francês André Breton.
( ) com obras que causaram impacto, houve um rompimento frente aos modelos clássicos que adotavam regras e limites para o artista.

2. (UEG – 2017/2)

Um sonho

Eu tive um sonho esta noite que não quero esquecer,
por isso o escrevo tal qual se deu:
era que me arrumava para uma festa onde eu ia falar.
O meu cabelo limpo refletia vermelhos,
o meu vestido era num tom de azul, cheio de panos, lindo,
o meu corpo era jovem, as minhas pernas gostavam
do contato da seda. Falava-se, ria-se, preparava-se.
Todo movimento era de espera e aguardos, sendo
que depois de vestida, vesti por cima um casaco
e colhi do próprio sonho, pois de parte alguma
eu a vira brotar, uma sempre-viva amarela,
que me encantou por seu miolo azul, um azul
de céu limpo sem as reverberações, de um azul
sem o ‘z’, que o ‘z’ nesta palavra tisna.
Não digo azul, digo bleu, a ideia exata
de sua seca maciez. Pus a flor no casaco
que só para isto existiu, assim como o sonho inteiro.
Eu sonhei uma cor.
Agora, sei.

PRADO, Adélia. Bagagem. 26. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007. p. 75.

dadaísmo - exercício

A transformação de um urinol em obra de arte representou, entre outras coisas,

a) a alteração do sentido de um objeto do cotidiano e uma crítica às convenções artísticas então vigentes.
b) a crítica à vulgarização da arte e a ironia diante das vanguardas artísticas do final do século XIX.
c) o esforço de tirar a arte dos espaços públicos e a insistência de que ela só poderia existir na intimidade.
d) a vontade de expulsar os visitantes dos museus, associando a arte a situações constrangedoras.
e) o fim da verdadeira arte, do conceito de beleza e importância social da produção artística.

GABARITO:

1- todas verdadeiras,

2- A.

Sobre o(a) autor(a):

Renata Gambagorte é formada em Licenciatura em Artes Visuais pela Universidade Estadual do Paraná com pós graduação em Cenografia pela Universidade Federal do Paraná. Atualmente atua na rede de ensino em Curitiba. Facebook: https://www.facebook.com/renatagmbgrt

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