Os reis, que durante boa parte da idade média não reinavam sobre toda a Europa, agora subjugam os outros nobres e a igreja ao seu poder. Saiba mais sobre essa guerra de tronos aqui no Curso Enem Gratuito! Ao final, teste seus conhecimentos com exercícios do Enem e dos vestibulares!
Vamos começar falando sobre o cenário por trás da formação das Monarquias Nacionais: a Europa ocidental nos últimos séculos da idade média, e a transição que aconteceu com o final do Feudalismo.
A formação das Monarquias Nacionais
No final da idade média, a guerra, a fome e a peste provocaram uma expressiva diminuição da população europeia no século XIV. Os feudos já não eram mais tão habitados como anos atrás. E o comércio já estava ganhando mais destaque que outras atividades.
A burguesia, que na pirâmide social pertencia ao povo (pois não tinha título ou linhagem de nobreza), enriquecia com as rotas de comércio estabelecidas após as cruzadas e continuavam buscando mais poder.
Este cenário provocou uma mudança nas relações de poder, possibilitando surgir o que chamamos de Estados nacionais, Absolutismo monárquico e monarquias nacionais.
O que foi o Absolutismo?
Entenda melhor as características do absolutismo e sua história com o resumo do professor de história Felipe de Oliveira, do canal do Curso Enem Gratuito:
Compreendeu com a introdução do professor Felipe as origens das “Monarquias Nacionais”? Confira agora no resumo completo:
As Monarquias Nacionais na Europa
A Europa que surgia para a modernidade tinha fronteiras bem diferentes das que conhecemos hoje. Podemos ver no mapa abaixo que o continente estava dividido entre os reis de descendência germânica que precisaram fazer alianças com as autoridades cristãs (bispos e papa) para ter maior capacidade de governar.
Contudo, estes reis ainda não tinham controle absoluto sobre todo o seu território. Isso porque este território era disputado também por senhores feudais e outros nobres (príncipes, condes, duques, entre outros).
Alianças com a nobreza e a burguesia
Os reis só irão ganhar proeminência sobre estas outras autoridades na última metade da idade média, quando irão estabelecer alianças com a burguesia, que como vimos, estava ascendendo vertiginosamente com o renascimento comercial e urbano e as cruzadas.
Mas que tipo de aliança foi estabelecida entre eles para garantir as monarquias nacionais? O que os reis e a burguesia passariam a ganhar nesta parceria? A resposta é poder e lucro, respectivamente.
Aproveitando o desgaste dos senhores feudais após as cruzadas, os reis europeus aproveitaram para subjugar (dominar) os outros nobres que disputavam autoridade com eles. Porém, para botar em prática este plano, necessitavam de recursos para conseguir soldados e armá-los.
Nesta etapa do financiamento é que entra a burguesia. Estes comerciantes, que muitas vezes viajavam entre os domínios dos nobres, viam sua atividade limitada pelos diferentes impostos que tinham de pagar, pelos diferentes tipos de moeda e pelos diferentes tipos de pesos e medidas.
Tendo um território unificado com as monarquias nacionais não precisariam trocar de moedas, pagariam menos impostos e utilizariam os mesmos parâmetros para vender seus produtos. O rei também ganharia com maior arrecadação de impostos e mais homens e terras sobre seu poder.
O Estado Moderno
Confira agora com o professor de história Alan Ghedini, do canal do Curso Enem Gratuito, os pensadores que deram origem ao Estado Moderno: Maquiavel, Thomas Hobbes, Bosuet, e Jean Bodin.
Teóricos do Absolutismo
Com esta ampliação de poder, os monarcas precisavam justificar sua autoridade. Neste momento entram diferentes teorias para explicar tal dominação, dentre elas as de Thomas Hobbes, Nicolau Maquiavel e Jacques Bossuet e Jean Bodin.
Nicolau Maquiavel (1469-1527)
Antigo secretário da República Florentina, na península Itálica, Maquiavel é demitido, preso e torturado pelos Médici, após estes tomarem o poder de Florença. Como forma de tentar recuperar algum benefício em relação à nova autoridade, ele irá escrever um livro chamado “O Príncipe”, que dará a Lorenzo de Médici.
Esta obra é, basicamente, um manual sobre a melhor forma de um príncipe governar (ou se manter no poder), baseado na experiência de Maquiavel ao conviver com muitos governantes. Um de seus conselhos centrais nesta obra é melhor ser temido do que amado, mas nunca odiado pelos seus súditos.
Thomas Hobbes (1588-1679)
Nascido na Inglaterra irá justificar a existência do Estado, na obra Leviatã, como uma ferramenta que irá limitar o instinto de guerra que há entre os homens. Se deixados a sua vontade eles iriam destruir-se uns aos outros, o que é traduzido na sua expressão “o homem é o lobo do homem”.
Jacques Bossuet (1627-1704) e Jean Bodin (1530-1596):
Estes filósofos reforçam a teoria do direito divino dos reis. Esta doutrina justificava a autoridade dos reis por um argumento divino, afirmando que os monarcas eram representantes da vontade de Deus para o governo dos homens.
A partir desta ótica, desobedecer aos reis era desobedecer diretamente o criador. Em um tempo em que a igreja tinha poder político muito maior e que o pensamento religioso era muito mais influente nas pessoas, essa teoria era muito forte.
A monarquia passa, com os Estados nacionais, a ser absolutista. Isto significa que ninguém tem maior autoridade que o rei no mundo dos homens. A igreja sofrerá com perda de poderes e terras, principalmente em virtude das reformas religiosas, mas ainda é o papa quem irá chancelar o casamento entre monarcas. Aliás, o casamento será, para além das guerras, uma forma de manter e ampliar domínios.
Principais Monarquias Nacionais da Europa
Agora, vamos conhecer as principais Monarquias Nacionais e seus monarcas.
Monarquia em Portugal
Portugal irá inaugurar a unificação do território e o surgimento dos Estados nacionais mais de cem anos antes da expulsão dos árabes na guerra de Reconquista, em 1139.
Mas o absolutismo só veio de fato em 1383, com a Revolução de Avis, quando D. João, mestre da ordem de Avis, garantiu o trono com apoio da nobreza e da burguesia. Essa centralização do poder acabou guiando Portugal como pioneiro na expansão marítima.
Monarquia na Espanha
Na Espanha, a unificação territorial acontecerá através do casamento de Fernando de Aragão com Isabel de Castela. Esta união entre reinos irá acabar de vez com o controle árabe na península ibérica e garantirá a coroa espanhola os reinos de Leão, Navarra e Granada.
Com esta centralização, a Espanha irá se lançar também ao mar em direção ao Oeste, diferentemente de Portugal, que irá dominar as rotas pelo litoral africano.
Monarquia na França
A França só irá poder consolidar seu Estado nacional quando saí vitoriosa da Guerra dos Cem Anos, contra a Inglaterra. É do auge do seu absolutismo que conhecemos a célebre frase de Luís XIV, o “rei sol”: “O Estado sou eu”.
Ele também ficará conhecido pela construção do Palácio de Versalhes, onde irá abrigar a nobreza que o cercava. Menos de um século após a morte do rei sol, a população francesa irá marchar até este mesmo palácio exigindo o retorno de Luís XVI à Paris para assinar a primeira constituição da França, acabando com o absolutismo.
Monarquia na Inglaterra
Na Inglaterra, após a Guerra dos Cem Anos, inicia-se a disputa pelo poder entre a nobreza derrotada. Instaura-se uma nova batalha, a Guerra das duas Rosas, entre os Lancaster e os York. Os primeiros tinham em seu brasão uma rosa vermelha, e os segundos uma rosa branca, o que dá origem ao nome do conflito.
Após sucessivas batalhas entre as famílias e seus aliados (nobres e burgueses), a guerra encontra fim com o casamento de Henrique Tudor, apoiado pelos Lancaster, com Elizabeth de York. Assim nasce o absolutismo inglês, que irá cair com a Revolução Gloriosa, em 1689, um século antes da Revolução Francesa.
Exercícios sobre as Monarquias Nacionais
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