Entenda como a escravidão foi utilizada durante todo o período da economia açucareira nos tempos da Colônia. Veja no resumo de História com simulado.
O açúcar brasileiro foi um produto muito forte economicamente no período colonial, já que não podia ser produzido na Europa por fatores climáticos. Apesar disso, era consumido pela nobreza e pela rica burguesia em forma de doces, remédios e utilizado para conservação de alimentos.
Por conta desta alta procura e baixa oferta, a economia açucareira tornou-se um setor muito lucrativo para produtores e investidores. O Ciclo da cana de açucar no Brasil, com é conhecido o período da economia açucareira na época do Brasil colonial começou na metade do século XVI, e durou até à primeira metade do século XVIII.
A cana-de-açúcar foi tão explorada que se tornou responsável por movimentar outra grande economia: o tráfico de milhões de africanos através do Atlântico. Explicaremos com mais detalhes essa amarga parte da colonização portuguesa no texto a seguir.
Podemos compreender a história do Brasil através de várias lentes: da cultura, da religião, da raça, dos costumes, dos conflitos, entre tantas outras. A perspectiva que considera o trabalho e a economia merece um grande destaque porque todas as outras mencionadas anteriormente perpassam por ela.
Você deve ter aprendido na escola que o Brasil viveu diferentes ciclos econômicos: primeiro com a extração de pau-brasil, depois com os engenhos de açúcar, com o ciclo do ouro, do café e da borracha. Estes ciclos também nos revelam como a vida da população era alterada de acordo com os diferentes processos de produção de cada mercadoria.
Após os portugueses perceberem que o Brasil não contava com metais preciosos em seu litoral, a atenção destes europeus voltou-se novamente para o comércio com o oriente, pela rota estabelecida por Vasco da Gama.
Até 1530, a única atividade econômica praticada pelos portugueses na colônia foi o escambo com os indígenas para obtenção do pau-brasil. Porém, quando as relações comerciais com o oriente esfriaram e o Brasil passou a ser alvo de piratas, corsários e de outras nações, a coroa portuguesa tratou de ocupar o novo território.
Uma forma encontrada para isso foi o cultivo e ocupação da terra, que era uma das obrigações dos capitães donatários e dos sesmeiros (beneficiados com a concessão de terras, sesmarias).
O clima tropical abria a possibilidade para a plantação de gêneros agrícolas impossíveis de serem cultivados na Europa. Além disso, o solo de massapê do nordeste era muito fértil. Essa combinação de fatores fez o português Martim Afonso de Souza trazer para cá a cana-de-açúcar, um produto de origem asiática.
O funcionamento da economia açucareira
Antes da expansão da economia açucareira na América, o açúcar já era consumido na Europa, mas em uma proporção muito menor. Ele proveniente de outros vegetais, como a beterraba, por exemplo. Por isso, o açúcar brasileiro se tornou um produto muito lucrativo e competitivo, o que combinava perfeitamente com a mentalidade mercantilista.
Vida na colônia e nos engenhos
A vida no Brasil colônia se orientou, em boa parte, pela economia açucareira de plantation (tipo de cultivo onde vigora a produção de um único gênero agrícola destinado à exportação). Os latifúndios eram compostos pelo engenho e suas instalações; pela casa-grande, onde moravam os proprietários e agregados; pela senzala, onde habitavam os escravizados; pela capela; e pela lavoura, mais distante.
No engenho, existiam partes específicas para a produção: a moenda ou o moinho (onde a cana era esmagada), as caldeiras (onde o caldo era cozido) e a casa de purgar (onde o açúcar era colado em formas e descansava por quase um mês). O resultado de todo esse processo era um açúcar marrom, que conhecemos como açúcar mascavo.
Além dele, também era possível obter água ardente (cachaça) e a rapadura, ambos consumidos pelos negros escravizados. O papel da água ardente foi importante no cotidiano da escravidão, pois funcionava como um entorpecente.
O açúcar era levado daqui para Portugal e para os Países Baixos, onde era refinado e negociado com o resto da Europa. Esta economia acabou beneficiando ainda mais os holandeses, ao ponto de que eles também passaram a investir na escravização e no tráfico negreiro para abastecer essa economia.
O Brasil foi o país que mais recebeu africanos escravizados, somando aproximadamente 4,8 milhões de pessoas. Também foi o último país do nosso continente a abolir a escravidão: em 1888, apenas 131 anos atrás – o que é muito recente em termos históricos.
Para cá foram trazidas pessoas da Guiné, do Congo, da Angola e de Moçambique.Figura 2 – “Engenho manual que faz caldo de cana”, aquarela sobre papel, J.B. Debret. Rio de Janeiro, 1822. Disponível em: https://ensinarhistoriajoelza.com.br/stj/wp-content/uploads/2016/02/03__Moenda-Debret_original.jpg
A estrutura da sociedade açucareira
Nos tempos do Brasil Colonial e da escravidão praticamente não havia mobilidade social. A estrutura social era muito rígida. No topo da pirâmide socioeconômica estavam os senhores de engenho, como eram chamados na época os donos das plantações e dos engenhos de açucar.
Em seguida estavam o denominados Homens Livres, entre os quais estavam os funcionários que administravam os engenhos, os donos de terras que não tinham engenho, e os ferreiros, carpinteiros e capatazes.E, num verdadeiro regime de segregação, a base da pirâmide era formada pelos escravos. A escravidão começou em meados do século XVI, e só foi terminar com a Lei Áurea, em 1888. O Tráfico Negreiro somente foi interrompido em 1850.
União Ibérica e os lucros do açúcar
O lucro proveniente do açúcar fez os holandeses investirem grandes somas de dinheiro na instalação de engenhos e também no tráfico negreiro. Porém, quando a Espanha declarou guerra às Províncias Unidas dos Países Baixos, açúcar americano que era enviado para aquela região foi embargado. Os holandeses viram sua economia ser diretamente afetada, mas não tinham condições de enfrentar um adversário tão poderoso.
Neste momento, todos os domínios portugueses, incluindo o Brasil, estavam sob posse espanhola. Este período ficou conhecido como União Ibérica. Isso ocorreu porque quando Dom Sebastião, rei de Portugal, morreu em batalha contra os muçulmanos na África, não havia deixado herdeiros. Como consequência, seu tio-avô, Dom Henrique, acabou assumindo o trono.
Porém, Dom Henrique governou por pouco tempo. Em meio à crise sucessória, Filipe II reclamou o reino de Portugal alegando parentesco com o falecido Dom Sebastião. Assim, Filipe II da Espanha se consolida como o monarca que detém o maior número de domínios no planeta, desde a América até a Oceania. O fenômeno ficou conhecido como o “império onde o sol nunca se põe”.
Entretanto, a União Ibérica também representou um momento de enfraquecimento dos domínios que antes eram de Portugal. Então, a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais planejaram executar uma invasão no atual território de Pernambuco, aliando-se aos donos de engenho locais.
Merece destaque neste momento Maurício de Nassau, nobre holandês que administrou a região dominada naquele período. Lá ele construiu prédios, estradas e revitalizou engenhos abandonados, além de garantir uma convivência pacífica através da tolerância religiosa e do livre comércio para os produtores de açúcar.
No entanto, os holandeses foram expulsos em 1654 após terem problemas com os donos de engenho em virtude de uma crise da economia açucareira. Portugal, que tolerava a presença holandesa no Brasil por conta de um pacto com aquela nação, se aliou aos proprietários revoltosos.
Mesmo com a febre do ouro no século XVII e o abandono de muitos engenhos, o cultivo da cana e a produção do açúcar nunca cessaram, sendo parte indissociável da história do Brasil. Porém, é importante lembrar que todos estes ciclos sempre conviveram com outras economias, como a escravidão, a pecuária e o cultivo de outros gêneros agrícolas, principalmente a mandioca e o tabaco.
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Pergunta 1 de 10
1. Pergunta
(ESPM SP/2019)
A primeira vez que se mencionou o açúcar e a intenção de implantar uma produção desse gênero no Brasil foi em 1516, quando o rei D. Manuel ordenou que se distribuíssem machados, enxadas e demais ferramentas às pessoas que fossem povoar o Brasil e que se procurasse um homem prático e capaz de ali dar princípio a um engenho de açúcar.
Os primeiros engenhos começaram a funcionar em Pernambuco no ano de 1535, sob a direção de Duarte Coelho. A partir daí os registros não parariam de crescer: quatro estabelecimentos em 1550; trinta em 1570, e 140 no fim do século XVI. A produção de cana alastrava-se não só numericamente como espacialmente, chegando à Paraíba, ao Rio Grande do Norte, à Bahia e até mesmo ao Pará. Mas foi em Pernambuco e na Bahia, sobretudo na região do recôncavo baiano, que a economia açucareira de fato prosperou. Tiveram início, então, os anos dourados do Brasil da cana, a produção alcançando 350 mil arrobas no final do século XVI.
(Lilia M. Schwarcz. Brasil: uma Biografia)
A partir do texto e considerando a economia açucareira e a civilização do açúcar, é correto assinalar:
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Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(UNIRG TO/2019)
A cidade de Nova York, antes chamada Nova Amsterdã, recebeu um grupo de judeus luso-brasileiros que foram expulsos do Nordeste do Brasil em 1654. Lá eles contribuíram para o progresso da cidade, promovendo o comércio, dedicando-se à medicina e à fundação de instituições culturais (LEVY, Daniela. De Recife para Manhattan: os judeus na formação de Nova York. São Paulo: Planeta, 2018). Considerando-se a colônia holandesa no Brasil, onde eles habitavam, avalie as afirmações a seguir:
I. A conquista territorial dos holandeses no Nordeste brasileiro foi uma consequência indireta da União Ibérica (1580-1640), quando o rei espanhol passou a dominar também o reino de Portugal e suas colônias;
II. A colonização holandesa no Nordeste da América Portuguesa não acarretou muitas consequências históricas, pois a forte resistência do povo católico levou à rápida formação de milícias eficientes contra os intolerantes calvinistas e contra os hereges judaizantes;
III. Os judeus foram importantes no processo de colonização holandesa, pois auxiliaram no crescimento da lavoura açucareira e no incremento das relações comerciais entre o Brasil, a Europa e a África.
Estão corretas as afirmações:
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Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(ACAFE SC/2018)
“É verdade que antes da união das monarquias ibéricas, em 1580,ao manter uma boa relação com os portugueses, os flamengos frequentavam os portos brasileiros e a cidade de Lisboa carregando açúcar em suas urcas, levando-o a refinar em Flandres e distribuindo-o por via terrestre e fluvial por toda a Europa central. De sua embarcação tão características, ficou a lembrança na toponímia carioca, através do morro que evoca a sua forma.”
PRIORI, Mary del. Histórias da gente bra-
sileira: volume 1: colônia. São Paulo:
Editora LeYa, 2016. Página 69.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o período colonial da história do Brasil é correto afirmar, exceto:
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Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(UNITAU SP/2018)
O açúcar foi o principal produto brasileiro de exportação durante a época colonial. Mesmo durante o auge da exploração do ouro, quando o Brasil encheu os cofres europeus e ajudou a impulsionar a Revolução Industrial na Inglaterra, o valor das exportações de açúcar excedeu o de qualquer outro produto.
Assinale a alternativa que apresenta o(s) mecanismo(s) empregado(s), na economia colonial, para favorecer esse quadro.
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Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(IFMT/2018)
Atualmente, o agronegócio figura como importante atividade econômica brasileira, relacionada aos latifúndios formados no Brasil. Todavia, essa concentração de terras, voltadas para a agricultura em larga escala, tem sua origem no período colonial brasileiro, sobretudo com a introdução do plantio da cana-de-açúcar. Sobre a economia açucareira colonial, é CORRETO afirmar que:
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Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(Mackenzie SP/2017)
No Brasil do século XVI, a sociedade tinha, no engenho, o centro de sua organização.
Assinale a alternativa que NÃO atesta a importância do engenho no período colonial.
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Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(UNIFOR CE/2017)
O Complexo Econômico Nordestino estruturou-se no Nordeste do Brasil ao longo dos séculos XVI e XVII, a partir da produção de cana de açúcar para exportação. Esta produção articulou-se com a pecuária no interior da região. Sobre este período da história econômica do Brasil pode-se afirmar que:
I. O aproveitamento do escravo indígena revelou-se inviável na escala requerida, o que levou ao aprofundamento da importação de africanos.
II. A criação de gado no interior do Nordeste ocorreu, especialmente, para abastecer a região açucareira de carne e animais de tiro.
III. O crescimento destas economias se dava intensivamente incorporando as mais modernas técnicas produtivas.
IV. As “Invasões Holandesas” foram consequências do alto interesse comercial e financeiro dos holandeses no negócio do açúcar.
V. O desenvolvimento de uma economia açucareira nas Antilhas, depois da expulsão dos holandeses do Brasil, em nada prejudicou o florescimento da Região Nordeste do Brasil.
Está correto o que se afirma em:
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Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(UNCISAL AL/2017)
Quanto à economia no século XVI no Brasil, dadas as afirmativas,
I. A agromanufatura do açúcar forneceu a base econômica para a valorização colonial do Brasil.
II. Ao açúcar subordinavam-se o extrativismo do pau-brasil e a pecuária.
III.A utilização, em larga escala, de trabalhadores escravos, a disponibilidade de terras e a expansão do setor de consumo externo concorreram para o enriquecimento da classe proprietária e da burguesia comercial portuguesa e flamenga.
IV. Ainda, nesse período, persistiam os interesses metalistas.
verifica-se que está(ão) correta(s)
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Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(PUCCamp SP/2017)
As colônias que se formaram na América portuguesa tiveram, desde o século XVI, o caráter de sociedades escravistas. Com o passar do tempo, consolidaram-se em todas elas algumas práticas relacionadas à escravidão que ajudaram a cimentar a unidade e a própria identidade dos colonos luso-brasileiros. Dentre essas práticas, ressalta-se a combinação entre um avultado tráfico negreiro gerido a partir dos portos brasileiros e altas taxas de alforria.
(BERBEL, Márcia; MARQUESE, Rafael e PARRON, Tâmis. Escravidão e política. Brasil e Cuba, c. 1790-1850. São Paulo: Hucitec/Fapesp. 2010. p. 178-179)
Os holandeses, durante o governo de Maurício de Nassau, lançaram mão de algumas estratégias ao se relacionarem com os colonos luso-brasileiros durante o período em que dominaram parte do Nordeste brasileiro, no século XVII. Dentre essas estratégias, incluem-se
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Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(Famerp SP/2016)
Completam-se assim os três elementos constitutivos da organização agrária do Brasil colonial: a grande propriedade, a monocultura e o trabalho escravo. Estes três elementos se conjugam num sistema típico, a “grande exploração rural”, isto é, a reunião numa mesma unidade produtora de grande número de indivíduos; é isto que constitui a célula fundamental da economia agrária brasileira. Como constituirá também a base principal em que se assenta toda a estrutura do país, econômica e social.
(Caio Prado Júnior. Formação do Brasil contemporâneo, 1973.)
O autor descreve a colonização do Brasil como um empreendimento que
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Sobre o(a) autor(a):
Os textos acima foram preparados pelo professor Angelo Antônio de Aguiar. Angelo é graduado em história pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestrando em ensino de história na mesma instituição e dá aulas de história na Grande Florianópolis desde 2016.
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