O que te faz Feliz? Se uma boa nota no Enem te ajuda a buscar a felicidade, então vem comigo entender o que é a Felicidade para Filosofia. Vamos voltar à magna Grécia sob a orientação de Aristóteles e descobrir qual a relação entre Ética, Política e Felicidade.
O que faz a vida valer a pena ser vivida? Uma das primeiras formulações da humanidade está no que é a felicidade para Aristóteles. Em seu livro “Ética a Nicômaco”, o filósofo Aristóteles refletiu a respeito da vida e de como deveríamos vivê-la. Com a intenção de encontrar algo que seja comum a todas as pessoas, ele empreendeu sua investigação sobre o cosmos.
Saiba mais sobre como a Felicidade em Aristóteles nesta aula de Filosofia para o Enem: Ao ponderar sobre os debates entre Heráclito e Parmênides, o filosofo grego Aristóteles conclui que o universo é algo ordenado. Para Aristóteles, cada coisa tem um lugar certo, tudo está organizado.
Portanto as questões do cosmo, do universo que eles observavam na época, elas não estariam simplesmente “flutuando”. Ao contrário, as coisas no universo têm uma finalidade a cumprir.
Assim, nós enquanto seres pensantes (alguns nem tanto) temos um lugar nesse circo cósmico ao qual estamos inseridos. Agora, eu não sei você, mas eu tenho uma grande dificuldade em achar meu lugar em meio a esse caos. Isso é algo angustiante do ponto de vista aristotélico. Quer ver só?
A felicidade para Aristóteles
Para Aristóteles se você não encontrar seu lugar nesse mundão, você certamente vivera mal. Isto é, Aristóteles acreditava que se não cumprir sua finalidade, você jamais se sentirá realizado na vida. Como o Thanos (vilão carismático da Marvel) sem as Joias do Infinito, entende?
Então, do ponto de visto lógico, uma vida ruim para Aristóteles é aquela em que você não encontra o seu lugar no mundo, ou seja, uma vida sem finalidade.
A Felicidade e a Virtude
Veja agora um resumo sobre a Felicidade em Aristóteles, com o professor Ernani Júnior da Silva, do canal do Curso Enem Gratuito:
Como você pode ver, nesta linha de pensamento, a condição da vida boa é achar seu lugar ao sol. É um acordo da vida com o universo, na qual você tem uma finalidade dentro de toda essa engenhoca cósmica que é nossa existência.
A finalidade das coisas
Agora você talvez esteja pensando: “Pois bem, segundo Aristóteles, o universo é todo cheio das finalidades e tudo existe por uma razão. Então, se cada pedacinho do universo cumprir sua finalidade, o todo (o universo) também irá cumprir sua finalidade. Sendo assim, qual é a resposta? Qual é a finalidade do universo, da vida e tudo mais?”
E aí? Pensou nas possíveis respostas para essas perguntas que acompanham a humanidade há tanto tempo? Cara, posso até adivinhar o que você pensou.
Isso porque é provável que qualquer coisa que você consiga pensar está escrava do cumprimento da sua função, da sua finalidade. Segundo a ideia Aristotélica, é por isso que o sol nos ilumina, por isso a Terra gira, por isso os gatos miam. Em geral, as coisas (irracionais) vivem de boa, já que não há outra função para elas além da sua finalidade natural.
Agora, o mesmo não pode se dizer de nós. Ao contrário das demais coisas no universo, nós fomos agraciados (ou não) com a liberdade e a capacidade de raciocínio. O que faz da tarefa de achar nossa função neste mundo, algo árduo e muitas vezes bem “treta”.
Tanto que, alguns de nós são levados à depressão, loucura ou ao suicídio nessa busca por uma finalidade (telos em grego).
A busca pela felicidade
Como Aristóteles é um camarada “humildão” e não se julga superior a nós, você não encontrará em suas obras menções ao caminho correto a seguir na busca pela Felicidade. Mesmo porque não há motivo para ele dizer qual é a sua finalidade, pois ela é só sua! Quem tem que descobrir a sua finalidade é você. Isto faz parte do processo de encontrar sua função no mundo, sua tarefa é procurá-la.
Assim sendo, se você quer um manual de como viver bem, ou seja, de encontrar no mundo sua finalidade, a razão da sua existência, não será em Aristóteles que você encontrará. Tampouco será na filosofia que você deve buscar esse manual.
O Pensamento de Aristóteles
Veja agora com o professor de história e de filosofia Alan Ghedini:
A ética e a Virtude
Ao invés de um manual de como viver, o que Aristóteles nos propõe é uma teoria moral bem peculiar baseada na Virtude. Tal teoria compõe um estudo maior acerca da ética que acaba por analisar o caráter dos indivíduos ao invés de pregar um manual comportamental.
Para entender o que Aristóteles queria dizer, vamos pensar em um exemplo. Você provavelmente conhece alguém “sagaz”, que sempre sabe o que dizer nos momentos difíceis, certo? Em geral, a gente sempre tem aquele amigo ou amiga com quem pode contar.
Seja aquela pessoa confiante que está sempre nos motivando, ou aquela “miga louca” que está sempre no rolê te livrando dos embustes da vida noturna. Fato é que sempre há alguém que se destaca por conta de suas características.
A essas habilidades, Aristóteles deu o nome de Virtude. Ele se baseia naquela ideia ancestral de que nós (humanos) temos algo inato que nos faz buscar ser melhor. Isto é, a natureza nos “moldou” com um certo instinto para buscarmos a Virtude.
Na realidade, a palavra utilizada por Aristóteles é Arete, às vezes traduzida como Virtude, outras vezes como Excelência. Fato é que Aristóteles herda o conceito de Virtude dos seus antecessores, Sócrates e Platão, para os quais um homem deve ser senhor de si.
De qualquer maneira, virtuoso é aquele que, segundo Aristóteles, tem suas qualidades dispostas não em extremos, mas na justa medida. Por exemplo, entre a covardia e a imprudência temos a coragem; entre o “vacilão” e o “puxa saco” está a amizade.
Não enxergar o meio termo, ou mesotês como Aristóteles gostava de chamar, é algo muito comum em nossa sociedade. Na política moderna, a polarização é justamente a consequência de não se enxergar o meio termo. Quando agimos de maneira radical frente a um adversário não estamos sendo virtuosos.
Os virtuosos
Agora, imagine alguém que consiga reunir diversas dessas características (corajoso, gente fina, sangue bom, inteligente etc.). Difícil não? Esse seria o tipo de pessoa que todo mundo quer ser, ou ter por perto. Alguém que parece ter dominado a arte de ser. Parece impossível não? Mas Aristóteles colocava fé nisso aí. É isso que ele dizia que a gente deveria ser, virtuosos!
Mas, por que devemos ser virtuosos? Segundo Aristóteles ser virtuoso nos permite alcançar a Felicidade. Na verdade Aristóteles nunca falou em Felicidade, afinal de contas essa é uma palavra do nosso vernáculo (português). Ele falava em Eudaimonia, um termo grego que significa o estado de ser habitado por um bom gênio. O que em geral é traduzido como Felicidade.
Então, como você já viu, Aristóteles argumenta que a natureza colocou em nós o desejo de sermos virtuosos. Nós somos, enquanto espécie, potencialmente virtuosos. Isso porque, embora no momento podemos não ter a Virtude, podemos (e devemos) alcançá-la.
Sendo assim, para Aristóteles, nós nascemos para sermos felizes! Basta dominarmos a Virtude e então conquistaremos a Felicidade. Todavia, o que é ser virtuoso? Segundo o próprio Aristóteles nos ensina, basta fazer a coisa certa, na hora certa, do jeito certo, na quantidade certa para as pessoas certas.
Ok, isso não ajudou muito, né? Mas é como lhe disse, se você busca um manual de como ser feliz, não é Aristóteles nem tampouco a Filosofia que irá lhe fornecer isso. Contudo, nesse caso não há necessidade de ser especifico. Se você é virtuoso saberá o que fazer. Saberá o que é justo, o que é certo e por que é certo.
Talvez agora você deva estar se perguntando, como é que você saberá o que é justo ou certo. Bom, a Virtude só se aprende por meio da experiência. Para Aristóteles ela é uma sabedoria prática. Você tem que ter a manha da coisa, ser sagaz.
Aprendemos a Virtude pelo hábito. Isto é, aprendemos a Virtude levando uma vida digna por meio da prática contínua da Virtude a partir do uso da razão em nossas escolhas e atividades.
Vale ressaltar que para conduta de quem ocupa uma função política a Virtude é ainda mais necessária. Pois, para Aristóteles, não é possível tratar de assuntos de Estado quando não se possui Virtude.
Assim sendo, apesar de ser “da hora” alcançar a Virtude, é muito mais “da hora” atingir esse estado virtuoso para uma nação. Como diz Aristóteles, o objetivo da vida política é o melhor dos fins, e cabe a Filosofia dedicar o melhor de seus esforços para fazer com que os cidadãos sejam virtuosos. Então veja: está tudo relacionado, Virtude, Ética, Política e Felicidade.
Resumindo, temos como finalidade última (Telos) buscar a Felicidade, para isso, precisamos agir eticamente. Embora tal finalidade seja a mesmo tanto para nós (indivíduos) quanto para o Estado, é mais importante, atingirmos essa finalidade no âmbito do Estado. Assim, a Política é algo muito maior a alcançar do que a Ética. Todavia, uma é dependente da outra!
Por fim, Felicidade significa viver na eudaimonia, significa lutar contra os fracassos e desapontamentos do cotidiano, buscando sempre a superação. É reconhecer que a vida não é feita de arco-íris, deuses e messias. Sejam eles fantasiosos ou reais. Viver na eudaimonia é provar do gosto amargo da realidade e fazer o seu melhor para mudar o mundo. É assim que a gente alcança a Felicidade. (Ou não).
Exercícios
Limite de tempo: 0
Sumário do Quiz
0 de 10 questões completadas
Perguntas:
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Information
.
Você já fez este questionário anteriormente. Portanto, não pode fazê-lo novamente.
Quiz is loading...
You must sign in or sign up to start the quiz.
Para iniciar este questionário, você precisa terminar, antes, este questionário:
Resultados
0 de 10 perguntas respondidas corretamente
Seu tempo:
Acabou o tempo
Você conseguiu 0 de 0 pontos possíveis (0)
Pontuação média
Sua pontuação
Categorias
Sem categoria0%
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Respondido
Revisão
Pergunta 1 de 10
1. Pergunta
(IFSP/2015)
Leia o trecho adaptado da reflexão do filósofo Aristóteles sobre a condição do escravo na Grécia Antiga.
“Os instrumentos são de vários tipos; alguns são vivos, outros inanimados; (…) Assim, qualquer parte da propriedade pode ser considerada um instrumento destinado a tornar o homem capaz de viver; e sua propriedade é a reunião desse tipo de instrumentos, incluindo os escravos; e um escravo, sendo uma criatura viva (…), é uma ferramenta equivalente às outras. Ele é, em si, uma ferramenta para manejar ferramentas.
[Deus] fez ordens, que instituiu em vista das diversas missões a realizar neste mundo. Instituiu os clérigos e monges para que rezassem pelos outros (…). Instituiu os camponeses para que eles (…), com o seu trabalho, assegurassem a sua própria subsistência e a dos outros. A outros, por fim, os guerreiros, instituiu-os para que (…) defendessem dos inimigos, (…) os que oram e os que cultivam a terra.”
Sobre a diferença entre a escravidão na Antiguidade greco-romana e a servidão no Feudalismo europeu, é correto afirmar que a escravidão
Correto
Parabéns! Siga para a próxima questão.
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo nesta aula para acertar na hora da prova!
Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(UEG GO/2014)
Um dos grandes legados do filósofo grego Aristóteles é a distinção entre o saber teorético e o saber prático, bem como a definição do campo das ações éticas. Sobre a ética, verifica-se o seguinte:
Correto
Parabéns! Siga para a próxima questão.
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo nesta aula para acertar na hora da prova!
Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(UFPA/2012)
Aristóteles propunha dois critérios para diferenciar senhores e escravos:
O primeiro critério é de ordem política: o homem é, por natureza, um animal político, um ser cívico;por conseguinte, só o homem livre é totalmente homem porque só ele está apto para a vida política. O senhor coincide com o cidadão. Pelo contrário, o escravo é, por natureza, incapaz de deliberar; participa da razão sem a possuir.
O segundo critério articula-se com o primeiro. Certos trabalhos que implicam apenas o uso da força são, por essência, servis e são esses os que se adequam aos indivíduos que foram definidos como escravos pela sua incapacidade de raciocinar.
(Aristóteles, Política).
Baseado nos critérios de Aristóteles, é correto afirmar:
Correto
Parabéns! Siga para a próxima questão.
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo nesta aula para acertar na hora da prova!
Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(UECE/2012)
Aristóteles em sua obra Política, elaborou uma profunda reflexão sobre a política antiga, mostrou os mecanismos que regularam a vida social, analisou as várias formas de agregação política, ofereceu interessantes informações sobre o papel social da mulher, dos escravos e dos estrangeiros, que, segundo ele, eram inferiores, porque em decorrência da sua condição e natureza, não participavam da vida na polis.
A justificativa aristotélica de exclusão social das mulheres, escravos e estrangeiros na sociedade grega foi baseada no(a)
Correto
Parabéns! Siga para a próxima questão.
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo nesta aula para acertar na hora da prova!
Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(UEG GO/2009)
Aristóteles, o grande estagirita, afirmou que o desejo de saber é inato no homem, constituindo o princípio das ciências. Este desejo conduz, necessariamente, a um ordenamento da ideia, do juízo e do raciocínio, para atingir o conhecimento da verdade. O ordenamento lógico conduz ao alvo que nos atrai: a verdade. Daí a importância da lógica, a ciência normativa, que estabelece os princípios de um raciocínio certo, para a pesquisa e a demonstração da verdade. Segundo Aristóteles, a lógica se divide em:
Correto
Parabéns! Siga para a próxima questão.
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo nesta aula para acertar na hora da prova!
Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(ENEM/2009)
Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios — esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais —, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas”.
VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994.
O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania
Correto
Parabéns! Siga para a próxima questão.
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo nesta aula para acertar na hora da prova!
Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(UEL PR/2008)
De acordo com Aristóteles, a vida consagrada ao ganho, que tem como fim a riqueza, não é a vida feliz. Portanto, a vida consagrada ao ganho identifica erroneamente o que é o bem ou a felicidade.
(ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Leonel Vallandro
e Gerd Bornheim da versão inglesa de W. D. Ross. São Paulo:
Nova Cultural, 1987. p. 12.)
Qual a principal razão invocada por Aristóteles para rejeitar a vida que tem como fim último a riqueza?
Correto
Parabéns! Siga para a próxima questão.
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo nesta aula para acertar na hora da prova!
Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(UESPI/2004)
É inegável a contribuição de Aristóteles para a filosofia ocidental. Conviveu com Platão durante vinte anos, mas se destacou pela amplitude da sua obra.
Aristóteles:
Correto
Parabéns! Siga para a próxima questão.
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo nesta aula para acertar na hora da prova!
Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(FUVEST SP/1998)
Durante muito tempo desconhecidos na Europa medieval, os textos de Aristóteles se difundiram a partir do século XII.
Suas obras chegaram ao ocidente europeu por intermédio:
Correto
Parabéns! Siga para a próxima questão.
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo nesta aula para acertar na hora da prova!
Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(UNCISAL AL/2017)
As investigações filosóficas desse filósofo deram origem a diversas áreas do conhecimento. Suas obras influenciaram a Biologia, a Zoologia, a Física, a História natural, a Poética, a Psicologia, além das disciplinas propriamente filosóficas como a Ética, a Teoria política, a Estética e a Metafísica. Ele é reconhecido como aquele que iniciou o estudo científico da vida, pois foi o primeiro interessado na morfologia e no modo como os animais podem ser agrupados, do ponto de vista de suas semelhanças e diferenças, realizando estudos sistemáticos, sendo considerado como o pai da biologia. Seu modo de investigação influenciou a cultura ocidental e a ciência moderna.
ARAÚJO, Magnólia Fernandes Florêncio de; MENEZES, Alexandre;
COSTA, Ivaneide Alves Soares da. História da Biologia.
2. ed. Natal: EDUFRN, 2012 (adaptado).
O texto refere-se ao filósofo
Correto
Parabéns! Siga para a próxima questão.
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo nesta aula para acertar na hora da prova!
Sobre o(a) autor(a):
Os textos e exemplos acima foram preparados pelo professor Ernani Silva para o Blog do Enem. Ernani é formado em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista. Ministra aulas de Filosofia em escolas da Grande Florianópolis. Facebook: https://www.facebook.com/ErnaniJrSilva
Compartilhe:
Acesso gratuito
Faça seu cadastro de acesso ao Curso Enem Gratuito
Usamos cookies para aprimorar a experiência do usuário. Se você permanecer navegando neste site, assumiremos que você concorda com nossa política de privacidade.ACEITARPolítica de Privacidade