Características dos Fungos (Reino Fungi)

Os fungos são seres vivos eucariontes com células com organelas citoplasmáticas membranosas e núcleo delimitado por carioteca. Eles são encontrados em locais úmidos e com grande oferta de matéria orgânica.

Geralmente quando pensamos em fungos, acabamos lembrando de coisas ruins relacionadas a eles. Quem nunca ficou decepcionado ao ver que as últimas fatias do pão para sanduíche estavam mofadas? Mas eles não podem apenas levar a fama de vilões!

Eles são essenciais na reciclagem de matéria orgânica e podem servir para os mais diversos fins industriais, inclusive na produção de alimento. Vem comigo nesta aula de Biologia para o Enem conhecer um pouco mais sobre os organismos do Reino Fungi!

Características gerais do Reino Fungi

Dentro do Reino Fungi encontramos tanto seres vivos uni quanto pluricelulares. Os fungos são seres vivos eucariontes, ou seja, possuem células com organelas citoplasmáticas membranosas e núcleo delimitado por carioteca.

Além disso, suas células possuem uma parede celular composta de um carboidrato chamado quitina, presente também nos exoesqueletos dos artrópodes. Assim, sua parede celular tem a função de proteção das células e de sustentação nos fungos pluricelulares.

Veja na imagem a seguir que essas células possuem um contorno bem destacado. Isso porque além da membrana plasmática, o fungo também possui um outro envoltório celular: a parede celular.

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Imagem 1: Células de um fungo pluricelular. 

Introduçao ao reino Fungi

Confira agora com a professora Cláudia de Souza Aguiar, do canal do Curso Enem Gratuito, um resumo de aberturapara esta aula. Tem tudoo que você precisa saber sobre o Reino dos Fungos:

Estrutura dos fungos pluricelulares

Os fungos pluricelulares são compostos por uma estrutura que se assemelha a um emaranhado de fios. Esses fios são chamados de hifas e seu conjunto é chamado de micélio. Assim, as hifas são fileiras de células e os micélios crescem à medida que suas hifas se ramificam e se multiplicam nas pontas.

Em grupos de fungos mais primitivos, as hifas são formadas de fios compridos não compartimentalizados. Sendo assim, elas parecem células muito longas e polinucleadas. Chamamos esses tipos de hifas de cenocíticas.

Já os fungos mais complexos apresentam hifas que têm septos (separações) entre as células. Nesses septos há poros por onde as células podem trocar várias substâncias. Essas hifas são chamadas de septadas.

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Imagem 2: Hifa cenocítica e hifa septada.

Alguns fungos podem ter hifas que se diferenciam, formando estruturas reprodutivas. Essas estruturas são chamadas de corpos de frutificação, como os cogumelos e orelhas-de-pau.

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Imagem 3: Estrutura de um fungo pluricelular com formação de cogumelo (corpo de frutificação).

Nutrição dos fungos

Os fungos, em sua maioria, são seres vivos sapróbios. Eles absorvem nutrientes na forma de moléculas simples, resultantes de digestão extracorpórea. Nesse processo de digestão, os fungos liberam sobre o substrato substâncias digestivas que decompõem a matéria orgânica.

Assim, conseguem absorver essa matéria orgânica pré-digerida fora de seu organismo. Além de servir para a alimentação, essas substâncias digestivas também os auxiliam na sua fixação sobre o substrato.

Os fungos, assim como os animais, armazenam sacarídeos na forma de glicogênio.

Hábitos e habitats dos fungos

Os fungos são, em geral, encontrados em locais úmidos e com grande oferta de matéria orgânica. São um Reino bastante diverso, com mais de 200 mil espécies descritas que possuem hábitos extremamente variados.

A grande maioria das espécies de fungos atua como decompositora, realizando a reciclagem de matéria orgânica. Durante o processo de decomposição, a matéria orgânica presente em restos de seres vivos é quebrada e devolvida para o ambiente, podendo ser utilizada por outros seres vivos.

Além de atuarem como decompositores, os fungos podem também ser parasitas, causando doenças em todos os grupos de seres vivos. Nos seres humanos também podem ter importância médica, causando as chamadas micoses, como a frieira.

Há também espécies que são simbiontes, ou seja, fungos que estabelecem relações mutualísticas com outras espécies. Esse é o caso, por exemplo, das micorrizas. Elas estabelecem relações de interdependência com raízes de plantas, aumentando a área de absorção das raízes e recebendo, em troca, açúcares provenientes da fotossíntese.

Imagem 3: Fotografia de parcela do solo onde podemos observar raízes de uma planta e suas micorrizas, em branco.

Reprodução dos fungos

Primeiramente devemos saber que os fungos podem realizar tanto reprodução assexuada quanto sexuada.

Reprodução sexuada

Alguns fungos terrestres podem realizar reprodução sexuada por meio da fusão de hifas. Para isso, liberam no meio feromônios que atraem e estimulam o crescimento das hifas de outros fungos para que elas possam se encontrar. Essas hifas são, em geral, haploides (n). Assim, ao se fundirem, elas se tornam diploides.

Em seguida, essas células diploides passam a realizar meioses, formando esporos com n cromossomos. Ao encontrarem ambiente adequado para o seu desenvolvimento, esses esporos dão origem a um novo fungo.

Algumas espécies aquáticas podem produzir gametas flagelados. Esses gametas nadam ao encontro de outros, fundindo-se e formando zigotos que, posteriormente, desenvolvem-se em novos fungos.

Reprodução assexuada

Brotamento

Alguns fungos unicelulares podem realizar reprodução por brotamento. Nesse caso, as células começam a formar deformações na membrana, como pequenos calombos. Em seguida, a célula divide seu núcleo por mitose e empurra este núcleo para um broto (também chamado de gêmula).

Assim esse broto pode se soltar da célula mãe ou ficar grudada, formando cadeias de células. Um exemplo de fungo que faz brotamento é o Saccharomyces cerevisae, utilizado como fermento de pão.

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Imagem 4: Na imagem podemos ver células de Saccharomyces cerevisae realizando brotamento. Note as proeminências sobre as células. Esses são brotos.
Fragmentação

Na reprodução assexuada por fragmentação, os micélios dos fungos podem se romper. Nesse caso, cada pedaço liberado dará origem a um novo fungo.

Esporulação

Os fungos pluricelulares podem formar os chamados corpos de frutificação. Nessas estruturas as hifas sofrem repetidas mitoses produzindo esporos muito pequenos e leves, chamados de conidiósporos. Esses esporos, ao encontrarem um local apropriado, dão origem a novos fungos.

Algumas espécies aquáticas podem também realizar esporulação. Nesse sentido, os esporos formados através de mitose possuem um flagelo e são chamados de zoósporos.

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Imagem 5: Na imagem vemos os corpos de frutificação do fungo utilizado na produção do queijo roquefort (Penicillium roqueforti). Note que nas pontas das hifas vemos bolinhas, que são os conidiósporos.

Importância ecológica do Reino Fungi

Como você viu ao longo desta aula, a maior parte dos fungos atua como decompositora. Juntamente com as bactérias, os fungos realizam a reciclagem de matéria orgânica, contribuindo com o ciclo dos nutrientes nas cadeias alimentares. Todavia, os fungos podem desempenhar vários outros papeis ecológicos.

Existem, por exemplo, fungos extremamente especializados que conseguem realizar uma espécie de predação. Nesse sentido, essas espécies conseguem capturar pequenos seres, como vermes microscópicos, através de um emaranhado de hifas e da secreção de substâncias viscosas que prendem as presas.

Imagem 6: Verme nematelminto sendo capturado por hifas de um fungo predador.

Além disso, as espécies parasitas ajudam a controlar as populações de outras espécies, uma vez que causam doenças em vários grupos de seres vivos.

Importância econômica dos fungos

Muitas espécies de fungos, ao causarem doenças em cultivos e animais de corte, podem causar sérios problemas econômicos. Um exemplo disso é a ferrugem do cafeeiro, causada pelo fungo Hemileia vastatrix. Esse fungo faz as folhas e ramos ficarem secos e caírem precocemente, afetando também a produção de frutos.

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Imagem 7: Folha de cafeeiro com ferrugem. As partes alaranjadas são as lesões causadas pelos fungos.

Mas os fungos não causam apenas problemas aos seres humanos. Esses organismos podem ser utilizados na produção de vários produtos. Muitos são utilizados, por exemplo, na produção de queijos, como o camembert e o roquefort.

Imagem 8: O queijo roquefort é produzido com a ajuda de bactérias chamadas de lactobacilos. 

Na fabricação do queijo roquefort, pós ficar pronto, são inoculadas na sua massa os fungos Penicillium roqueforti. Os fungos se multiplicam formando as manchas escurecidas e saborizando o queijo.

Outras espécies são consumidas diretamente, como uma enorme variedade de cogumelos. Temos, por exemplo, o shitake, o champignon e o shimeji.

Imagem 9: Cogumelos shimeji, muito utilizados na culinária asiática.

Fermentação

Além disso, fungos unicelulares, como as leveduras, são utilizados na produção de bebidas alcoólicas. Isso porque elas realizam o processo de fermentação, no qual quebram a glicose para obter energia sem a ajuda de oxigênio. Portanto, a formação do álcool é produto dessa quebra.

Há ainda fungos que são utilizados na fermentação de pães, como o levedo Saccharomyces cerevisiae. Assim como nas leveduras utilizadas na produção de bebidas alcoólicas, aqui também é aproveitado o processo de fermentação que esses organismos realizam. A liberação de gás carbônico e álcool no processo de fermentação fazem com que a massa cresça.

Por fim, podemos citar os fungos que são utilizados na produção de antibióticos, como a penicilina. A penicilina é produzida a partir de toxinas liberadas pelas espécies Penicillium chrysogenum e Penicillium notatum. Essas toxinas são nocivas para um grande número de bactérias, permitindo assim que sejam utilizadas para combater infecções.

Bônus de Biologia: A Classificação dos Seres Vivos

Veja agora com a professora Juliana como é feita a classificação dos Seres Vivos:

Exercícios sobre o Reino dos Fungos

Por fim, vamos praticar resolvendo alguns exercícios:

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Sobre o(a) autor(a):

Juliana Evelyn dos Santos é bióloga formada pela Universidade Federal de Santa Catarina e cursa o Doutorado em Educação na mesma instituição. Ministra aulas de Ciências e Biologia em escolas da Grande Florianópolis desde 2007 e é coordenadora pedagógica do Blog do Enem e do Curso Enem Gratuito.

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