Você sabia que o Muro de Berlim começou a ser construído em 1961, mas a Alemanha já estava dividida desde o final da Segunda Guerra? Venha ver mais detalhes desta história aqui, no Curso Enem Gratuito.
A divisão da Alemanha, diferente do que muitos pensam, não marca apenas a construção do muro de Berlim. A consolidação dessa divisão política aconteceu logo no final da Segunda Guerra Mundial.
A divisão da Alemanha no pós-guerra
Em 1945, os líderes das nações Aliadas (União Soviética, Estados Unidos e Grã-Bretanha) participaram de conferências para definir os rumos da política europeia no pós-guerra. Foram realizadas as conferências de Yalta, em fevereiro, e de Potsdam, entre julho e agosto. Além disso, também foi discutida a reorganização das fronteiras, em especial da Alemanha.
Ficou estabelecido que o território alemão ficaria dividido em quatro zonas de influência. Elas ficariam sob responsabilidade da Grã-Bretanha, França, Estados Unidos e União Soviética. O estabelecimento das fronteiras considerou o avanço das tropas durante o esforço de guerra. Isso fez com que a capital, Berlim, ficasse situada dentro da zona de influência da União Soviética.
Dada a importância da cidade, ficou decidido também que ela seria dividida em zonas de influência controladas pelas mesmas potências que dividiram o país. Contudo, no contexto da Guerra Fria, esta divisão da Alemanha passa a ser compreendida de outra forma.
Início da Guerra Fria
Ao fim da guerra, ficou evidente que tanto os Estados Unidos quanto a União Soviética saíram como as maiores potências do planeta. Além disso, era claro que ambos os países possuíam projetos de sociedade profundamente divergentes. A segunda metade do século XX foi, então, marcada pela bipolaridade de uma guerra ideológica, tecnológica e geopolítica.
Já em 1946 se delineavam os contornos da Guerra Fria. Em 5 de março daquele ano, o então ex-primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, afirmava que a Europa estava dividida por uma cortina de ferro. Como as tensões entre os dois blocos continuaram aumentando, o termo acabou se popularizando e a cortina virou, literalmente, um muro.
Alemanha Oriental e Ocidental
O futuro da Alemanha era incerto durante os primeiros anos do pós-guerra. Políticos das quatro nações que coordenavam as zonas de influência e personalidades alemãs debatiam o destino do país. As zonas de influência dos Estados Unidos, França e Grã Bretanha uniram-se, dando origem à República Federal da Alemanha (RFA), em maio de 1949.
Em outubro de 1949, surge a República Democrática Alemã (RDA), que será uma extensão da União Soviética. As duas unidades políticas ficaram conhecidas popularmente como Alemanha Ocidental, de influencia capitalista, e Alemanha Oriental, comunista.
Construção do Muro de Berlim
A construção do muro de Berlim foi iniciada em 13 de agosto de 1961, por iniciativa da RDA. A migração para a zona de influência ocidental já ocorria e era, inclusive, proibida desde 1952, antes mesmo do muro. Sua construção, realizada ao redor da cidade de Berlim, tratava-se de mais uma medida de contenção de um fluxo que já existia.
As migrações passaram a ser cada vez mais utilizadas como propaganda anticomunista pela Guerra Fria. Destaca-se o caso do jovem pedreiro Peter Feccher, que foi alvejado tentando atravessar o muro em 17 de agosto de 1962.
Videoaula
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A queda do muro e fim da divisão da Alemanha
A partir da década de 1970, a RFA e a RDA começaram a demonstrar sinais de aproximação. Após reconhecerem um ao outro como Estados, puderam, enfim, ocupar assentos na ONU. Mesmo assim, o muro de Berlim continuava atrelado à imagem da Guerra Fria e da União Soviética.
Em novembro de 1989, é permitida a travessia de cidadãos da Alemanha Oriental para a Republica Federal da Alemanha. As populações dos dois lados reagem rapidamente indo em direção ao muro para derrubá-lo e se reencontrarem.
A queda do muro representava, naquele momento, os últimos suspiros da União Soviética. O processo de dissolução da grande nação comunista iniciou-se no governo de Mikhail Gorbachev através de duas reformas, uma econômica e outra política, que ficaram conhecidas como Perestroika e Glasnost, respectivamente. Em novembro de 1991 a União Soviética chegava ao fim.
Filme “Adeus, Lênin”
O filme alemão “Adeus, Lênin”, de 2003, dirigido por Wolfgang Becker tem como temática a queda do muro de Berlim e o fim da divisão da Alemanha. De forma bem humorada e inteligente, o filme conta a história de um jovem que tenta esconder de sua mãe o fato de que o muro e a URSS ruíram.
Isso mantém relação com a postura da RDA naqueles anos, que chegou a censurar publicações da URSS a fim de esconder os sinais da mudança que ocorria.
Exercícios sobre a divisão da Alemanha
Texto para questões 1 e 2:
As noções de colonialismo, imperialismo, dependência e interdependência, assim como as de projeto nacional, via nacional, capitalismo nacional, socialismo nacional e outras, envelhecem, mudam de significado, exigem novas formulações. Na medida em que se desfazem as hegemonias construídas durante a Guerra Fria, declinam as superpotências mundiais, envelhecem ou apagam-se as alianças e acomodações estratégicas e táticas sob as quais se desenhava o mapa do mundo até 1989, quando caiu o Muro de Berlim, o emblema do mundo bipolarizado.
Simultaneamente, começam a emergir novos polos de poder, revelam-se os primeiros traços de outros blocos geopolíticos, manifestam-se as primeiras acomodações e tensões entre os estados-nações preexistentes, bem como entre os que se formam com a desagregação da Iugoslávia, Tchecoslováquia e União Soviética.
(Disponível em: IANNI, Octávio. A era do globalismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999. p. 12)
1 – (PUCCamp SP/2019)
O Muro de Berlim, mencionado no texto, foi construído
a) em decorrência da reação da Alemanha Ocidental ao Tratado de Versalhes, que a responsabilizava pelos ônus causados durante a guerra, provocando a cisão com a parte oriental do país, que havia aceitado o Tratado.
b) com recursos norte-americanos, pelo governo da Alemanha Ocidental, procurando isolar economicamente a parte oriental do país, dominada pela URSS desde o fim da II Guerra, de modo a inviabilizar o avanço do regime socialista no território germânico.
c) pela República Democrática Alemã, procurando instituir uma barreira que circunscrevia e isolava a parte de Berlim vinculada à República Federal da Alemanha, capitalista, do resto do território da Alemanha comunista, evitando as fugas e migrações constantes da parte oriental da capital para a ocidental.
d) em comum acordo entre a Alemanha Oriental e a Ocidental, no auge da Guerra Fria, nos anos 1960, após longo período de conflitos internos, dividindo a capital situada na fronteira entre esses dois países.
e) devido à preocupação da Alemanha comunista em criar um obstáculo às forças militares ex-nazistas da parte ocidental da Alemanha, que pregavam o revanchismo em relação à URSS, ameaçando invadir a parte oriental, a despeito da separação legal entre as duas Alemanhas desde 1946.
2 – (PUCCamp SP/2019)
…quando caiu o Muro de Berlim […] Simultaneamente, começam a emergir novos polos de poder…
Os novos polos de poder surgem
a) em um momento em que cessam os conflitos políticos em várias partes do mundo devido à ação decisiva da Otan e à formação do G-7, congregando os novos centros de decisão.
b) com o advento da globalização, processo mundial que teve início em meados da década de 1990 e se alastrou de forma expansionista e irreversível por todo o planeta.
c) atrelados ao fim das ideias neoliberais que pregavam a ampliação do papel do Estado na economia e facilitando o surgimento de novas potências econômicas.
d) como resultado de um intenso processo de regionalização econômica e da ampliação do poder geopolítico de países que se mantiveram em estado latente durante as décadas da bipolaridade.
e) a partir de uma nova fase da globalização que, embora não linear, representou a integração global dos fenômenos econômicos, financeiros, ambientais e culturais, fato inédito na bipolaridade.
3 – (UECE/2018)
No ano de 1963, John F. Kennedy proferiu um discurso na cidade de Berlim. Com um charmoso sotaque americano, ele disse a frase que entrou para a História: “Há dois mil anos o maior orgulho era poder dizer-se: Civis Romanus Sum [Sou cidadão romano]. Hoje, no mundo livre, o maior orgulho é poder dizer-se Ich bin ein Berliner [Sou um berlinense]”. A visita do presidente americano a essa cidade ocorreu em um contexto difícil, iniciado em 1961, com a construção do muro que significou a
a) materialização da Guerra Fria em Berlim.
b) idealização do desenvolvimento capitalista alemão.
c) efetivação da expansão comunista europeia em Berlim.
d) marca da superioridade expansionista alemã.
Gabarito:
- C
- E
- A