A extinção e a poluição da água: entenda os problemas ambientais

Estamos caminhando para uma grande crise hídrica mundial? Será que a água enquanto recurso para a humanidade pode acabar? Vamos estudar sobre a situação da disponibilidade dos recursos hídricos e a extinção e a poluição da água.

Você sabe como anda a situação da extinção e da poluição da água? Entenda como a água é distribuída no mundo e os impactos ambientais gerados pela atividade industrial sobre esse bem finito e tão importante para a vida humana.

A distribuição de água no mundo

Acredita-se que cerca de um bilhão de pessoas não possui acesso mínimo à água para seu consumo. Esse acesso é definido por fontes que possam fornecer 20 litros por pessoa diariamente a uma distância que não ultrapasse os mil metros. Dentre essas fontes estão a água encanada doméstica, fontes públicas, fossos, poços, nascentes protegidas e a coleta de água da chuva. Infelizmente, os dados são alarmantes, se considerarmos que o volume de água aceitável para uma pessoa ter bons níveis de saúde e higiene é de 80 litros por dia. 

Enquanto muita gente vive em meio à escassez desse recurso, um cidadão estadunidense consome em média 500 litros por dia, sobretudo devido ao desperdício que decorre das atividades econômicas do país. 

Atualmente, cerca de 70% da água doce consumida no planeta destina-se às atividades agrícolas, 20% às atividades industriais e 10% às residenciais. Essa distribuição varia de acordo com o nível de desenvolvimento em cada país.

A produção agrícola necessita de um enorme volume de água. Por exemplo, o cultivo de 1kg de algodão requer 10 mil litros de água, enquanto 1kg de arroz, 4,5 mil litros. Na agricultura, quase toda a água utilizada é destinada à irrigação. Por outro lado, apenas 17% das lavouras utilizam essa tecnologia, equivalendo a algo próximo de 1/3 da produção mundial de alimentos. 

Além disso, a irrigação pode causar desastres ambientais irreparáveis, de acordo com as características da região onde é implementada. Foi assim que a maior parte do Mar de Aral “secou”, devido ao desvio dos principais rios que abasteciam esse mar fechado localizado na Ásia Central. 

A extinção e a poluição da água

Como já mencionado, há uma grande desigualdade na distribuição das águas continentais em nosso planeta, bem como no interior de cada país. 

A bacia Amazônica, na América do Sul, a bacia do Congo, no centro da África, a maior parte do Canadá e do norte da Europa e da Ásia, são importantes bacias que configuram exceções, por estarem em regiões pouco povoadas. 

Entretanto, todas as demais bacias hidrográficas de importância mundial localizam-se em áreas de aglomerações humanas e, por isso, de intensas atividades industriais e/ou agrícolas.

Enquanto historicamente a demanda pelos recursos hídricos aumentou, a tendência atual é a de diminuição progressiva dos mananciais, que são todas as fontes de água, superficiais ou subterrâneas, que podem ser usadas para o abastecimento da sociedade. Deste modo, devemos ter a consciência de que, mesmo sendo renovável, a água é um recurso finito.

Recurso finito

Por ser a água um recurso finito cada vez mais consumido no mundo todo, vem ocorrendo cada vez mais em diferentes regiões do mundo um fenômeno conhecido como estresse hídrico, isto é, a carência de água em quantidade menor de 1.000m³ por habitante. 

Na China, na Índia e em regiões como o Sahel, o sul da Europa, o norte da África, o Oriente Médio e o sudoeste americano, regiões que juntas abrigam aproximadamente 2 bilhões de seres humanos, os efeitos podem ser catastróficos. Por exemplo, no caso do Brasil, o semiárido nordestino preocupa por um lado. Por outro, o país detém 12% das reservas de águas continentais do mundo, com alguns dos maiores reservatórios subterrâneos de água.

Quando o assunto é distribuição e disponibilidade de água, é importante abordar a necessidade de conservação das localidades que abrigam nascentes de cursos d’água e dos mananciais. Nessas porções dos territórios é fundamental que haja a proteção da vegetação nativa. 

É justamente nos topos de morros e nas demais áreas elevadas dos territórios, como é o caso no nosso país, que se estão as nascentes de rios e outros cursos d’água. É exatamente por isso que as leis ambientais devem ser protegidas contra o lobby de agentes que têm o interesse de lucrar com a destruição ambiental.

Problemas ambientais e poluição da água

O nosso modelo econômico é marcado por um consumo cada vez maior das mais distintas mercadorias. Ou seja, para produzir tanta coisa, é necessária uma utilização gigantesca de água em todos os setores da economia. 

O processo de industrialização e de urbanização galopantes que deram um salto década a década do século XX até chegarmos ao ponto de termos uma população mundial majoritariamente urbana que, segundo dados da ONU alcança 55% do total. Mas o processo é contínuo e estima-se que possamos chegar a algo em torno de 70% em 2050. No Brasil, atualmente, temos cerca de 85% de toda a população vivendo em áreas urbanas.

Essas concentrações populacionais que se dão, principalmente, nas grandes regiões metropolitanas dão origem a um volume progressivo de esgotos domiciliares e resíduos industriais, lixo, entre outros rejeitos, que são lançados nos rios e mares cotidianamente. Então, isso tudo afeta a qualidade das águas, tanto superficiais como subterrâneas, em vários pontos do planeta.

Rios e lagos

Os rios e lagos, que formam ecossistemas de água doce, são considerados o meio de vida natural mais ameaçado do planeta. Mesmo ocupando somente 1% da superfície terrestre, esses ecossistemas abrigam cerca de 40% das espécies de peixes e 12% dos demais animais. 

A diversidade desses ecossistemas é tão grande que o rio Amazonas, sozinho, já teve mais de 3 mil espécies de peixes. Estudos recentes apontam que 34% das espécies de peixes de água doce encontradas no mundo correm risco de extinção. As maiores ameaças são a construção de represas, a canalização dos rios e a poluição.

Desde 1950, o número de grandes barragens ao redor do mundo passou de 5.750 para mais de 41 mil, o que veio a modificar de várias maneiras a dinâmica da vida aquática – além de outras espécies animais e da vegetação – em todas essas regiões.

O desastre de Mariana

O que pode ser considerado o maior desastre ambiental do Brasil, teve relação direta com a construção de barragens. Essa tragédia ocorreu no dia 5 de novembro de 2015, quando houve o rompimento da barragem de rejeitos Fundão, localizada na cidade de Mariana, Minas Gerais. 

Por decorrência desse crime ambiental, 43,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos foram despejados e 19 pessoas morreram em meio a um mar de lama. Então, essa lama de poluição atingiu o rio Doce, que abastece 230 municípios, e percorreu 663km até chegar no mar, no Espírito Santo (o que pode ser observado na Figura 1). 

Após um mês, foram retiradas 11 toneladas de peixes mortos tanto nos dois estados. Milhares de moradores ficaram sem água, sem casa e sem trabalho. Três anos depois, outro desastre igualmente ocasionado por um crime ambiental aconteceu no município de Brumadinho, no mesmo estado, através do rompimento da barragem de rejeitos da Mina do Feijão. 

Figura 1 que mostra Lama de poluição causada pelo crime ambiental de Mariana chegando ao oceano Atlântico. Parte da aula sobre a extinção e poluição da água
Figura 1 – Lama de poluição causada pelo crime ambiental de Mariana chegando ao oceano Atlântico

Fonte: Politize. Disponível em: <https://www.politize.com.br/barragem-de-rejeitos/>. 

Acesso em: 29/03/2020.

A água e o consumo humano

A pequena disponibilidade de água para o consumo humano, abordada anteriormente, torna esse cenário de mau uso do recurso ainda mais complexo e alarmante. Mesmo que 75% da superfície da Terra seja recoberta de água, nós só podemos usufruir de uma pequena parte desse volume. 

As águas salgadas dos mares e oceanos representam 97% da quantidade total disponível no planeta. Então, dos 3% restantes, só 1/3 é acessível para a humanidade, estando disponível nos rios, lagos, lençóis freáticos superficiais e na atmosfera. As geleiras, calotas polares e lençóis freáticos mais profundos correspondem aos 2/3 restantes. 

A situação das águas continentais no mundo não é das melhores. A ONU realizou estudos que apontam para um comprometimento cada vez maior das águas próprias para consumo humano ou para a irrigação.

Além das atividades industriais e agrícolas intensivas, as mineradoras também estão entre os grandes responsáveis. Por exemplo, algumas das principais substâncias poluidoras são: os derivados de petróleo, resíduos de chumbo, mercúrio e outros metais pesados usados em larga escala na indústria e mineração. 

Na agricultura, o uso constante de agrotóxicos – herbicidas, fungicidas, fertilizantes e pesticidas – deixa resíduos nos solos, que são transportados pelas águas pluviais até as nascentes e rios, ou mesmo penetrando mais a fundo nos solos, podendo contaminar reservas de águas subterrâneas. Você já viu o vídeo da nossa série de atualidades sobre agrotóxicos?

Além disso, nas áreas urbanas, os esgotos industriais e residenciais muitas vezes não recebem tratamento adequado, ou só parte deles é tratada, poluindo os rios que cortam as cidades, como também as áreas de mananciais e lençóis subterrâneos.

Videoaula sobre a crise hídrica

Para terminar, assista à videoaula abaixo, em que o professor Carrieri, de Geografia, explica uma das consequências da poluição e da extinção da água: a crise hídrica.

Exercícios sobre a extinção e a poluição da água

Agora que você já entendeu os problemas causados pelo desperdício e pela poluição da água, responda aos exercícios abaixo!

Questão 01 – (UDESC SC/2018)

O Brasil concentra quase 12% da água doce superficial do mundo. Essa abundância está relacionada aos elevados índices pluviométricos em quase 90% do território brasileiro e à existência de uma densa rede hidrográfica. 

Acerca dos recursos hídricos no Brasil, assinale a alternativa incorreta

a) A elevada demanda e o desperdício de água, aliados à falta de saneamento básico em muitos municípios brasileiros, conduzem aos altos índices de poluição das águas em áreas urbanas. 

b) A ausência de práticas agrícolas adequadas aumenta a erosão dos solos e, consequentemente, o volume de sedimentos nos rios, levando ao assoreamento. 

c) Do ponto de vista do consumo hídrico, a maior parte da água é utilizada pela indústria, que consome 75% dela, enquanto a agricultura consome 15% e o uso doméstico atinge 10%, isto como ordens de grandeza e com algumas variações regionais e locais. 

d) Nas zonas rurais, a expansão das áreas cultivadas, a retirada da mata ciliar e o uso de agrotóxicos e pesticidas geram impactos negativos nos recursos hídricos. 

e) Esgotos domésticos e efluentes industriais, jogados sem tratamento diretamente em rios, lagoas e regiões litorâneas, são as principais causas da contaminação das águas superficiais e subterrâneas em áreas urbanas. 

Questão 02 – (ESPCEX/2018) – Exercícios sobre a extinção e a poluição da água

“Ao longo do século XX, a demanda global de água doce dobrou a cada 20 anos. Se mantidos os padrões de consumo atuais, em 2025 cerca de 2/3 da população mundial experimentarão escassez moderada ou severa de água.”

MAGNOLI, D. Geografia para
o Ensino Médio. 1ª. ed. São
Paulo: Atual, 2012, p.90.

Dentre as causas da escassez de água no mundo, podemos destacar:

I. a água doce disponível no mundo é muito inferior às necessidades de consumo atuais.

II. além dos recursos hídricos apresentarem uma distribuição geográfica muito desigual, os países mais pobres carecem de sistemas adequados de fornecimento e tratamento de água.

III. a contaminação de mananciais, o uso excessivo e o desperdício desse recurso provocam a escassez de água para o consumo e fazem dela, em determinados locais, um recurso finito.

IV. significativas alterações no ciclo hidrológico, sobretudo nas áreas urbanas, onde a retirada da vegetação e a impermeabilização do solo dificultam a infiltração da água e o consequente abastecimento dos aquíferos.

V. o uso excessivo e o desperdício desse recurso, principalmente pela atividade industrial, é responsável pela maior parte da demanda global de água.

Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmativas corretas.

a) I, II e IV

b) I, III e V

c) I, IV e V

d) II, III e IV

e) II, IV e V

 

Questão 03 – (UNIC MT/2017) – Exercícios sobre a extinção e a poluição da água

A água, além de ser um importante e vital elemento da natureza, é um recurso natural de caráter eminente estratégico, sendo apontado por muitos como o grande pivô das principais disputas geopolíticas do século XXI.

Então, sobre a questão hídrica mundial, é correto afirmar:

  1. As disputas envolvendo o controle de reservas hídricas estão se tornando uma realidade em diversos lugares do mundo, como na questão da bacia dos rios Tigre e Eufrates, no Oriente Médio, que abastecem a Turquia, a Síria e o Iraque.
  2. A água utilizada para geração de energia elétrica, além de assegurar a sustentabilidade do meio ambiente local, contribui para a redução de conflitos entre usuários.
  3. A maior parte do consumo de água ocorre nos países subdesenvolvidos e emergentes, em razão do maior crescimento vegetativo e da maior intensidade de práticas agrícolas.
  4. A escassez de água para abastecer as cidades brasileiras decorre de dois fatores, a pouca quantidade de água subterrânea e superficial, devido às características geológicas dominantes no país, e a diminuição da chuva, em razão dos desmatamentos.
  5. O desequilíbrio entre a oferta e a demanda por recursos hídricos está relacionado à poluição e aos desperdícios, uma vez que esse recurso é equitativamente distribuído entre todos os continentes e dentro de seus territórios.

GABARITO:  

1) Gabarito: C

2) Gabarito: D

3) Gabarito: 01

Sobre o(a) autor(a):

O texto acima foi preparado pelo professor João Marcelo Vela para o Curso Enem Gratuito. João é licenciado e mestre em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Dá aulas de Geografia e Filosofia em escolas da Grande Florianópolis desde 2015, além de atuar como articulador de Ciências Humanas. E-mail para contato: [email protected]

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