Artes marciais e lutas: o que são e a diferença entre elas

As artes marciais têm características mais rebuscadas e foram sistematizadas com o tempo. As lutas estão presentes desde os primórdios da humanidade, usadas como forma de defesa.

As “artes marciais”, também chamadas de Wushu, têm seu nome derivado de Marte, deus romano da guerra. Já o conceito de luta envolve simplesmente o combate em oposição direta. E tudo isso cai no Enem, nas questões de Educação Física.

As lutas e as Artes Marciais são formas de combate e, ao mesmo tempo, são desenvolvidas como esporte atualmente. Porém existem certas diferenças e peculiaridades em cada prática em que é preciso prestar atenção. Vamos aprender quais as suas diferenças?

A história ou mitologia das artes marciais

A história da origem e dos primórdios das artes marciais é vaga. Existem alguns documentos e registros, mas o que mais há de informação disponível são os mitos e lendas. Entretanto, existem muitas teorias sobre a sua origem.

O que se sabe é que, desde os primórdios da humanidade, quando era necessário se defender para sobreviver, as artes de combate já existiam.

Em relação às artes marciais sistematizadas, acredita-se na crença que elas começaram na China, no século VI d.C. Ela tem como base as técnicas ensinadas pelo monge indiano Bodhidharma, considerado o pai das artes marciais. Essa é uma das teorias mais aceitas pelos praticantes.

Imagem representativa de Bodhidharma pai das artes marciais
Imagem representativa de Bodhidharma, pai das artes marciais

Monge Bodhiharma e as artes marciais

O monge Bodhidharma ensinava um novo tipo de Budismo. Assim, existia uma técnica de meditação, que envolvia longos períodos de prática. Para aguentar horas de meditação, o monge começou a ensinar aos outros monges algumas técnicas de respiração e exercícios.

Esses exercícios desenvolviam força e a capacidade de se defender na região montanhosa em que estavam. Dizem então, que a arte marcial chamada de Boxe do Templo de Shaolin, se desenvolveu a partir dos movimentos ensinados pelo monge.

Portanto, acredita-se que muitas das artes marciais chinesas e japonesas surgiram a partir dos ensinamentos do monge. Nesse princípio, as artes marciais e a meditação faziam parte do Budismo, uma sendo ativa e móvel, e a outra passiva e estática.

O que são artes marciais

Podemos dizer que as artes marciais referem-se a “arte da guerra”. Elas são compostas por técnicas tanto físicas quanto mentais, tendo o objetivo de fazer seu praticante saber se defender e atacar.

As artes marciais também dizem a respeito às técnicas desenvolvidas por guerreiros e militares, referindo-se propriamente à técnica de guerra. Dessa maneira, é também considerada como um conjunto de técnicas bélicas.

Além disso, como são consideradas uma arte, as artes marciais levam em consideração também outros aspectos, como a estética, a ética, filosofia de vida, etc.

Em suma, as artes marciais são basicamente um conjunto de preceitos que devem ser levados em consideração pelo praticante.

A “filosofia” das artes marciais

Sendo assim, os praticantes precisam seguir uma filosofia. Esta, dentro das artes marciais, é considerada como resignação, elevação do espírito, colocação própria acima dos acidentes da vida, dos falsos preconceitos, e do amor das riquezas.

Através do autoconhecimento, um dos requisitos para os praticantes das diferentes artes marciais é que ele seja capaz de se defender e submeter o oponente à diversas técnicas.

Uma das características fortes das artes marciais, é o respeito ao mestre, aos oponentes e com o lugar de prática. Por isso, há cumprimentos específicos em cada uma das artes para cada situação específica.

A diferença entre lutas e artes marciais

O conceito de luta envolve muito mais um combate direto. Nela possuímos um ou mais adversários, e eles se tornam o alvo do combate. Em resumo, toda arte marcial contém uma luta, em seu contexto, mas nem toda luta é uma arte marcial.

Lutas e artes marciais como esporte

Os grandes responsáveis pela implementação das lutas no âmbito esportivo, por sua vez, foram os gregos. No século 7 a.C. já se incluía essa modalidade nos Jogos Olímpicos.

Atualmente, existem diversas ramificações das artes marciais que acabaram por se tornar práticas esportivas. Ou seja, são praticadas como forma de treinamento físico para competição. Mas nem por isso é esquecida toda parte filosófica que a envolve.

No Brasil, temos duas artes marciais que se destacam pela sua popularidade e quantidade de praticantes. São elas o Jiu-jitsu e a Capoeira. A seguir, vamos entender um pouco de cada uma delas.

Jiu-jitsu

O Jiu-jitsu tem sua origem no Japão, e tem como base das técnicas torções, o uso das alavancas do corpo e aplicação de pressão. Seu nome significa “arte suave”. Acredita-se que sua origem se deu pelo fato de que em algum momento da luta, o guerreiro ou militar poderia acabar sem suas armas, necessitando assim, de uma maneira de se defender sem esses implementos.

O Jiu-jitsu teve sua origem no Brasil através do Conde Koma, que após aparições e demonstrações em vários países, se alocou no nosso país. Já em nosso território, Conde Koma conhece Gastão Gracie, que o ajudou a estabelecer-se. Como forma de agradecimento, o Conde transfere então seus conhecimentos da arte marcial a Carlos Gracie, filho de Gastão.

Carlos Gracie ensinou a arte aos seus irmãos, que juntos, difundiram-na por todo Brasil. Um deles, Hélio Gracie, por mundo tempo não foi permitido de praticar, pois era muito magro e considerado fraco. Hélio apenas observava, e constatou que era capaz de modificar alguns dos golpes, adaptando-os a sua forma física. Assim, criou-se um estilo de Jiu-jitsu nacional, conhecido como Brazilian Jiu-jitsu.

Na imagem a seguir, estão representados Hélio Gracie e outros descendentes da família.

Fotografia de alguns membros da família Gracie praticantes de artes marciais
Fotografia de alguns membros da família Gracie.

Capoeira

Outra arte marcial muito popular no Brasil, é a capoeira. Criada em nosso território por africanos escravizados, a capoeira simboliza resistência e esperança para esse povo. Esses sujeitos escravizados não podiam lutar e nem praticar algo relacionado a violência, já que eram extremamente reprimidos. Então, como forma de resistência, disfarçavam luta em dança, realizando os golpes com ginga.

Chamada de capoeira, pois era praticada em terrenos chamados “capoeirões”, após a abolição da escravatura, chegou a ser proibida no território brasileiro, pois tinha uma imagem marginalizada, criada a partir do preconceito contra os ex-escravos.

Foi apenas com o esforço de Mestre Bimba, que a prática foi legalizada. Realizando uma apresentação para o então presidente, Getúlio Vargas, Mestre Bimba ganhou credibilidade com sua arte, ganhando a simpatia de Getúlio. A partir disso, a capoeira foi disseminada por todo território brasileiro através de academias para a prática, e hoje, é reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade.

As medalhas olímpicas do Brasil nas artes marciais

Algumas outras artes marciais também contam com bastante popularidade no Brasil, como o Judô, Muay Thai, Boxe, Kung Fu, Krav Maga etc. Nos Jogos Olímpicos, as modalidades de luta que são disputadas são 5: Boxe, Luta Olímpica, Judô, Esgrima e Taekwondo.

O Judô brasileiro nos Jogos Olímpicos ganha bastante destaque. Sendo a modalidade individual que mais rendeu títulos para os atletas da modalidade. No total, são 22 medalhas, incluindo 4 ouros, 3 pratas e 15 bronzes.

No Boxe, o Brasil já conquistou 5 medalhas, sendo 1 de ouro, 1 de prata e 3 de bronze. Na esgrima, o Brasil possui apenas uma medalha, conquistada pela brasileira Nathalie Moellhausen. Na luta olímpica, o Brasil infelizmente nunca conquistou nenhuma medalha, não sendo uma modalidade muito praticada em nosso território. Por sua vez, no Taekwondo, o Brasil possui dois bronzes.

Observamos que o Brasil não tem uma força muito grande em esportes de luta nos Jogos Olímpicos, com exceção do Judô. Talvez, teria alguma vantagem, se a Capoeira ou o Jiu-jitsu fizessem parte do quadro de modalidades olímpicas.

Vídeo

Por fim, assista o vídeo do professor Jerônimo Marana sobre a Filosofia nas Artes Marciais, e a seguir, responda às questões relacionadas ao tema.

Exercícios sobre artes marciais

1) (ENEM-2016)

As lutas podem ser classificadas de diferentes formas, de acordo com a relação espacial entre os oponentes. As lutas de contato direto são caracterizadas pela manutenção do contato direto entre os adversários, os quais procuram empurrar, desequilibrar, projetar ou imobilizar o oponente. Já as lutas que mantêm o adversário a distância são caracterizadas pela manutenção de uma distância segura em relação ao adversário, para não ser atingido pelo oponente, procurando o contato apenas no momento da aplicação de uma técnica (golpe).

Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes curriculares de educação física para os anos finais do ensino fundamental e para o ensino médio. Curitiba: SEED, 2008 (adaptado).

Com base na classificação presente no texto, são exemplos de luta de contato direto e de luta que mantêm o adversário a distância, respectivamente,

A) judô e karatê.

B) jiu-jítsu e sumô.

C) boxe e kung fu.

D) esgrima e luta olímpica.

E) Muay Thai e tae kwon do.

2) (CONSUPLAN-2014)

Entre os movimentos, destaca-se a ___________________, movimentação básica da capoeira, de onde partem todos os outros movimentos e golpes da capoeira. Caracteriza-se pela oposição entre braços e pernas, em que os pés deslizam para trás, em busca de um equilíbrio dinâmico. Assinale a alternativa que completa corretamente a afirmativa anterior.

A) ginga

B) Benção

C) armada

D) cabeçada

E) meia-lua de compasso

3) Discursiva – Explique a diferença entre artes marciais e lutas

GABARITO

1- A
2 – A
3 – Resposta: As lutas referem-se simplesmente ao combate direto entre adversários. Já a arte marcial diz respeito a um conjunto de pré-requisitos que devem ser seguidos, incluindo neles a técnica de luta, ética, autoconhecimento, entre outros. Basicamente, nem toda luta é uma arte marcial, mas no contexto de toda arte marcial há fundamentos da luta.

Sobre o(a) autor(a):

O texto foi escrito pela professora Milena Boeng, bacharela em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e pós-graduanda em Musculação e Condicionamento Físico.

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