Concretismo no Brasil: características, autores e obras

Nesse post você verá um pouco sobre o Concretismo. Vanguarda muito importante no Brasil, que marca a relação entre a poesia e as artes visuais. Um dos ícones da modernidade, o concretismo costuma aparecer em exames de vestibular assim como no Enem.

O que foi o Concretismo

Foi com a revista “Noigandres”, em 1952, que os irmãos Haroldo e Humberto de Campos fundaram, com Décio Pignatari, um dos movimentos mais importantes do século XX, o Concretismo.

Quatro anos depois, em 1956, com a Exposição de Arte Concreta de São Paulo, a revista e o movimento concretista passariam a ser reconhecidos como verdadeiro movimento da vanguarda nacional. Influenciados pelas vanguardas europeias, que visaram uma aproximação entre poesia e artes visuais no final do século XIX e início do século XX, a poesia concreta pretendia um poema que trabalhasse livremente o espaço gráfico das palavras.

Autores e obras do Concretismo

O Concretismo foi um movimento focado, sobretudo, na figura dos irmãos Campos e de Décio Pignatari (tendo sido, por vezes, criticado por isso), mas podem ainda ser citados os poetas Pedro Xisto, Wlademir Dias Pino, Reinaldo Jardim, José Paulo Paes, José Lino Grünewald e, no limite, Ferreira Gullar.

Algumas obras do Concretismo que valem ser lembradas são O Pêndulo “Galáxias” de Harold de Campos Teoria do Concretismo, dos irmãod Campos e Pignatari, o filme “Cinco poemas concretos”, contendo adaptações para o audiovisual dos poemas concretos “Cinco” (1964), de José Lino Grünewald, “Velocidade” (1957), de Ronald Azeredo, “Cidade” (1963), de Augusto de Campos, “Pêndulo” (1962), de E. M. de Melo e Castro, e o audiovisual “O Organismo” (1960), de Décio Pignatari e Christian Caselli.

Em outros momentos, os concretistas foram criticados por suas experiências, considerados radicais em sua abordagem visual das palavras, mais para as artes plásticas, diriam alguns, do que para a poesia. Importante citar que em todos os momentos literários é comum a negação de um estilo (ação e reação), e que isso, por vezes, acaba desencadeando em outros estilos e técnicas e no resgate a tradições, é o que veremos adiante.

Características da poesia concreta

Buscando o efeito visual, a palavra em liberdade, e dispensando o verso tradicional, a poesia concreta abolia também a estrofe. As palavras, muitas vezes misturada a imagens, poderiam ainda ser projetadas como laser ou numa tela digital. Vejamos um exemplo de poesia concreta:

Poesia concreta

Fonte: Parabolicafashion.

O poema concreto visa um efeito imediato, que atinja o leitor como um slogan publicitário. Nessa obra de Augusto de Campos vemos como essa espécie de paródia das logomarcas, toca a crítica do lixo/luxo consumista, uma das questões ética-estética primordiais da modernidade.

Influências do Concretismo

As influências do Concretismo estão, sobretudo, nas vanguardas europeias, autores como Stéphane Mallarmé, Arthur Rimbaud, E. E. Cummings, Ezra Pound, T. S. Eliot. Fundamental lembrar a importância da poesia oriental e dos haikais japoneses, que muito influenciaram os concretistas, fazendo parte da composição do seu projeto estético graças a disposição pictográfica do japonês.

Contexto histórico

A década de 50 foi marcada no âmbito social, político e econômico, por uma série complexa de transformações que insinuavam o perfil de um momento de uma “nova modernidade”, que forneceria um ambiente estimulante para o desenvolvimento de sugestões renovadoras nas artes.

O governo de Juscelino Kubitschek, cujo lema era “50 anos em 5”, tinha como finalidade, com o seu “Programa de Metas”, modernizar o Brasil dotando-o de indústrias de base e de bens de consumo. A urbanização brasileira se consolidava, além da construção de um sofisticado parque industrial.

A marca dessa transformação seria a construção – e o design moderno – de Brasília, por Oscar Niemayer, que foi iniciada em 1956 e inaugurada em 1960. Além disso, em 1950 a televisão chegava ao país, trazida pelo empresário Assis Chateaubriand, conduzindo uma verdadeira revolução visual e cultural nos lares de todo o mundo.

Podemos citar também outras grandes novidades transformadoras como a produção da primeira pílula anticoncepcional, (1952), a exploração da primeira bomba de hidrogênio (1952), e, claro, a exploração espacial.

“Beba Coca-Cola”, 1957, poema visual de Décio Pignatari.

Fonte: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=291

Concretismo e vanguardas

O Concretismo influenciou diversas outras tendências e movimentos de vanguarda, podemos destacar: a poesia-práxis, o neoconcretismo, poema-postal, o poema processo e o Tropicalismo, a Poesia Marginal e outros que tomariam certa distância do movimento como o Violão de Rua.

Uma dessas reações, o neoconcretismo se concentraria mais no Rio de Janeiro, e era encabeçado por Ferreira Gullar e Reinaldo Jardim. O principal ponto que o distanciava do concretismo era quanto à abolição do verso, do eu-lírico, e a admissão das artes plásticas, radical demais para os Neoconcretistas, mas ainda sim utilizada por alguns deles.  O distanciamento dos temas sociais também pode ser citado.

O Tropicalismo (1968) foi um movimento ligado à música, sobretudo, na origem, a dos baianos Caetano Veloso e Gilberto Gil. O intercâmbio é nítido nos discos Tropicália (1968) e Araçá Azul (1970), esse último apenas de Caetano Veloso. A reunião da potência sonora e espacial das palavras é marcante em canções como “Batmacumba”, de Gilberto Gil, e “Júlia/Moreno” de Caetano.

O movimento Tropicalista foi amplo e catalizador, continha influências e informações de diversos segmentos culturais. Um dos ecos mais significativos do Concretismo é a música, um exemplo contemporâneo bastante conhecido é a obra do músico Arnaldo Antunes.

Resumo sobre o movimento do Concretismo

Para saber mais sobre o Concretismo, assista à videoaula abaixo, em que a professora Camila aborda as principais características deste movimento.

Exercícios

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Sobre o(a) autor(a):

Renato Luís de Castro é graduado em Letras/Francês pela Unesp-Araraquara, e mestrado em Estudos Literários também na Unesp, atualmente concluindo Licenciatura pela UFSC.

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