A estética, no contexto artístico, inclui características como harmonia de cores e formas. Ela também faz parte da Filosofia, que trata o “belo” como um fenômeno artístico.
Primeiramente, você precisa saber que nessa aula verá o que é estética na visão artística e sua relação com a Filosofia e diversos autores famosos. Esse é um tema que pode aparecer tanto na prova de Artes do Enem, quanto na parte de Atualidades dele e de outros vestibulares. Vamos lá?
O que é estética?
Não é raro que a palavra estética muitas vezes esteja inserida como uma qualificação da arte. Sua definição é abrangente, mas, no contexto artístico, inclui características como harmonia de cores e formas. A estética é, também, parte da filosofia, já que trata do belo enquanto fenômeno artístico.
A estética é capaz de nos auxiliar a compreender o pressuposto do que é considerado “belo” ou “feio”, “bom” ou “ruim”, e assim por diante. Entenderemos como esta relação se estabelece com a arte e de que forma é possível experienciar a apreciação de uma obra elaborando conceitos que podem ir (muito) além do bonito-ou-feio.
Estética e Filosofia
O filósofo Platão traz contribuições pertinentes ao universo estético. Para ele, a realidade encontra-se dividida em duas vertentes: o que é inteligível e o que é sensível.
Assim, o espectador apenas participa das ideias, sem misturar-se a elas. É algo meramente contemplativo.
Já para Aristóteles, a experiência defronte à arte se sustenta não apenas com o que condiz ao real, mas também com as possibilidades inerentes. A este conceito ele dá o nome de Verossimilhança.
Assim, a experiência artística vai de encontro não somente com a contemplação do que é real, mas do que pode vir a tornar-se realidade.
Immanuel Kant, filósofo nascido na Prússia em 1724, apresentou a teoria de que ao estudarmos julgamentos estéticos e ao conceituarmos algo (artístico ou natural) dentro de um padrão de beleza, somos capazes de despertar um sentimento universal de beleza.
Nesse viés, é possível afirmar que, para Kant, o belo é uma construção subjetiva.
Estética e padrões de beleza
Se formos pensar, por exemplo, no padrão de beleza das mulheres ao longo da história, observamos o quanto este é mutável. Aqui, é importante salientar que o padrão é algo estabelecido. Sendo uma convenção, não significa que somente o que está dentro do padrão é belo.
Nessa linha de pensamento, o professor Gombrich (1909/2001), afirma que uma grande questão que envolve a “beleza”, é que gostos e parâmetros são oscilantes de acordo com a época e contexto em que estão inseridos.
Assim como Kant, também no século XVIII, o filósofo alemão Alexander Gottlieb Baumgarten (1714/1762), trouxe à luz a discussão do que seria o belo na arte. Para Baumgarten, a experiência do mundo e sua interminável diversidade são influenciadas pela atuação da razão e da sensibilidade.
Foi ele quem estabeleceu um vínculo, muito significativo, entre a arte, a beleza e a sensibilidade. Mais uma vez, é possível interpretarmos que o processo de apreciação da arte é, portanto, muito subjetivo.
Estética e seus significados
Vamos, a seguir, comparar estes dois quadros:
O que você percebe de diferenças e semelhanças nas duas obras? Observe que uma delas foi pintada em 1860, e a outra em 1971. Para melhor contextualizar, ambas tratam da colonização do Brasil, da religiosidade e da catequização.
Contudo, na obra de Victor Meirelles (1832/1903), artista que dedicou sua carreira à produção de pinturas históricas, vemos uma abordagem clássica e acadêmica. É importante salientar que, para a época, a obra contempla a estética considerada como bela.
Fazendo um contraponto interessante, a obra do artista Glauco Rodrigues (1929/2004), produzida pouco mais de cem anos depois, afere-se ao mesmo tema da obra de Meirelles: como teria sido a primeira missa no Brasil.
Naturalmente, ambas foram retratadas a partir do imaginário do artista, não podendo ser consideradas retratos fiéis.
Estética romântica
Comparando as duas pinturas, fica evidente que Meirelles preocupou-se em abordar o tema utilizando a estética romântica. Além de utilizar aspectos como perspectiva e simetria, a intenção era exaltar a nação e construir heróis, bem como personagens históricos.
Rodrigues, todavia, não tem essa preocupação. A ideia é, justamente, romper com a estética romântica, tão aclamada em tempos anteriores.
Rodrigues utiliza-se da mesma construção visual de Meirelles: um altar à esquerda mais ao fundo e personagens históricos, como índios, figuras religiosas e militares. As cores utilizadas pelo artista também não são as convencionais, ou realistas. Percebemos cores como rosa “pink”, tons verde e vermelhos que não seriam possíveis à época.
Analisando e comparando as duas obras, é possível constatar que uma possui uma beleza mais “óbvia”. A outra, talvez, demore mais para se revelar aos olhos do espectador.
Experiência estética
Para Gombrich, outro fator ao vivermos uma experiência estética quando contemplamos uma obra de arte, é a expressão. Para ele, “(…) em geral é a expressão de uma figura no quadro que nos leva a apreciar ou detestar a obra como um todo”.
Diversos estudos que relacionam arte, estética e psicologia, apontam que a tendência de quem observa uma obra é de gostar de produções que apresentem fácil entendimento.
Outro fator importante a ser levado em conta é de que o entendimento de belo oscila constantemente, já que a criação artística de determinado recorte de tempo acompanha as tendências filosóficas e culturais.
De forma geral, a arte apresenta a característica de dialogar em consonância com a época em que foi produzida, modificando, assim, as emoções que os objetos produzem no espectador.
Padrões de beleza ao longo da história
Para exemplificar, vamos analisar algumas das mudanças de padrão de beleza ao longo da história: a Grécia antiga é conhecida por valorizar corpos atléticos, proporcionais e simétricos; na Idade Média, período em que a igreja era a grande influenciadora da sociedade, o belo passou a ter associação com tudo que se refere ao divino.
Aqui, a nudez foi substituída por recatadas vestimentas, tendo em vista que conceitos como pudor e culpa foram inseridos na sociedade através da igreja.. Já no Renascimento, em que o antropocentrismo volta a ser valorizado, há a exaltação do nu e a valorização das curvas.
Assim, entende-se que a estética nos possibilita compreender que a experiência artística contém em si plasticidade: ao passo que é capaz de incitar os mais diversos sentimentos no espectador, é também capaz de relatar acontecimentos e construções que envolvem determinada obra de arte.
Resumo de estética e filosofia da arte
Exercícios sobre estética e filosofia da arte
Agora que você terminou de estudar a teoria, resolva os exercícios abaixo sobre estética e filosofia da arte para fixar o conhecimento!
1) (Uema 2012)
Kant definiu a Estética como sendo ciência. E completando, Alexander Baumgarten a definiu como sendo a teoria do belo e das suas manifestações através da arte. Como ciência e teoria do belo, a Estética pretende alcançar um tipo específico de conhecimento que é aquele captado
a) pela lógica
b) pela razão
c) pela alma
d) pelos sentidos
e) pela emoção
2) (Unioeste 2011)
“Existe sempre um aspecto inteligível na experiência estética da arte que não deve ser negligenciado. Sem a interpretação daquele que vê ou ouve, sem a construção de sentido por aquele que percebe, não há beleza ou obra de arte”.
Charles Feitosa.
De acordo com a citação acima é correto afirmar que
a) a capacidade de apreciar a beleza se dá exclusivamente pelos órgãos dos sentidos.
b) a reflexão e a racionalidade não interferem na apreciação estética.
c) a arte é para sentir e não para pensar.
d) a fruição da beleza na arte não coincide inteiramente com a mera experiência sensorial, mas exige também a participação do pensamento.
e) como o termo “estética” remete à expressão grega aisthesis, que significa “percepção por meio dos sentidos e/ou dos sentimentos” a estética é uma ciência exclusivamente da sensibilidade.
3) (Uema 2008)
Considere o texto a seguir para responder à questão.
O juízo estético em Kant é uma intuição do inteligível no sensível, em que o sujeito não proporciona nenhum conhecimento do objeto que provoca, não consiste em um juízo sobre a perfeição do objeto, é válido independentemente dos conceitos e das sensações produzidas pelo objeto.
TAVARES, Manoel; FERRO, Mário. Análise da obra fundamentos da metafísica dos costumes de Kant. Lisboa- Portugal: Editorial Presença, [s.d.]. p. 43-44.
Então, para Kant, a estética é uma intuição de ordem
a) objetiva
b) cognitiva
c) subjetiva e cognitiva
d) subjetiva e objetiva
e) subjetiva
GABARITO: 1-D, 2-D, 3-E.