Quer saber quem são os principais filósofos brasileiros cobrados no Enem? Tá interessado em conhecer sobre o lema na bandeira do Brasil? Vem comigo que eu te conto, e de brinde ainda te digo uns nomes irados para chamar esse país!
Se você já teve seu primeiro contato com a Filosofia e sabe o que ela é, provavelmente você tenha se perguntado se existe Filosofia no Brasil ou algum filósofo brasileiro, certo? Sei lá, talvez uma versão tupiniquim de Sócrates, ou quem sabe Nietzsche nordestino? Seria irado!
Ora, muito se fala dos filósofos gregos da antiguidade e de como eles foram importantes para o mundo. Mas já se questionou o que mais há na Filosofia, além desse eixo europeu? Saiba mais nesta aula e conheça um pouco mais sobre a Filosofia no Brasil!
A Filosofia, bem como todas outras matérias que você estudou no decorrer da vida, não é uma “parada” estática, quer dizer, não é algo que já está acabado. A cada segundo tem algum “doidão” pensando sobre novos assuntos e interpretando velhos problemas de maneiras novas. E, no Brasil, não poderia ser diferente. Aqui nas terras Tupiniquins existem diversos filósofos que contribuíram para história do pensamento humano.
Todavia, pensar uma Filosofia aqui de “Pindorama” é algo complicado e como tudo na Filosofia é um assunto que gera maior discussão.
Origem da Filosofia no Brasil
Antes de nos aprofundarmos nos problemas da Filosofia no Brasil, você tem que entender que a produção filosófica é intrínseca ao tempo. Isto é, a Filosofia está ligada às condições históricas e ao contexto histórico. Além do método científico dominante de cada época, vale ressaltar que por vezes a Filosofia é dualista e sexista, e no Brasil não é diferente.
Sendo assim, podemos dizer que é largamente aceito que a história do nosso pensamento filosófico é datada do século XVI, desde quando os portugueses invadiram nossas terras e chamaram primeiramente de Ilha de Vera Cruz.
Porém, precisamos lembrar que a história do país começa com a história do derramamento de sangue indígena. Calcula-se que existiam cerca de cinco milhões de nativos na época da colonização, hoje são pouco mais de oitocentos mil.
Em suma, ocorreu um etnocídio. Isto é, além do extermínio físico (genocídio), o que houve foi o desaparecimento forçado das línguas, crenças, costume e do modo de pensar da cultura nativa. E, podemos dizer que foi também um extermínio dos diferentes pensamentos filosóficos dos povos que aqui viviam.
Dessa maneira, a Terra dos Papagaios (nome dado ao Brasil em 1501, em seguida ao descobrimento), por ser um país que foi invadido pelos lusitanos apresenta, em maior parte, o seu desenvolvimento cultural e pensamento filosófico importados de Portugal e depois do restante do mundo.
Como você pode ver, a cultura originária (aqui de Pindorama) é suprimida pelo pensamento implantado pelo velho mundo. Perceba que nesse sentido, para compreendermos a história da Filosofia do Brasil e o movimento filosófico brasileiro, você vai precisar sacar o que rolou no seu país.
Dica: Quer saber mais sobre Pindorama? Aprenda com esse som maneiro
Principais influências na Filosofia Brasileira
A Filosofia no Brasil começa a ser trabalhada aos moldes ocidentais com os jesuítas durante o período colonial. Esses caras aí curtiam fazer uns epistemicídios com os aborígenes, reproduzindo um pensamento teológico. Ou seja, eles dizimaram o modo de vida e as crenças do que eles chamavam de tupiniquins ao imporem aos indígenas suas crenças religiosas e hábitos cristãos.
Avançando no tempo um bocadinho, no período Imperial, a história nos conta que prevalecia o ecletismo s(e caracteriza pela justaposição de teses e argumentos oriundos de doutrinas filosóficas diversas, formando uma visão de mundo pluralista e multifacetada).
Assim, a Filosofia no Brasil seguia rumos mais empiristas e espirituais que acabariam por influenciar a nossa vida até hoje. Quer ver só? Você certamente já ouviu falar de Comte, certo? Sua proposta filosófica, o positivismo, foi instaurada aqui e prevalece até hoje. Tanto que o lema em nossa bandeira, “Ordem e Progresso”, é inspirado no viés filosófico do Positivismo.
E como não poderia deixar de ser, contra o positivismo instaurado aqui, surgiu a Escola de Recife. Os caras que se destacaram nessa época foram Tobias Barreto juntamente com seu “parça” Farias Brito, considerados por uma galera dois dos grandes filósofos brasileiros. Um tempo depois, apareceu também uma parada diferentona chamada de “Projeto da teologia da libertação”, uma espécie de correlação entre correntes marxistas e teológicas.
Resumindo, os nativos de Pindorama tinham uma forma de pensar própria que foi dizimada pelos invasores europeus. Daí toda a Filosofia no Brasil acaba vindo de fora porque não sobrou muito aqui para criarmos algo mais original. Das coisas que vieram de fora, o positivismo de Auguste Comte foi uma das que mais se destacou. Contudo, as críticas em relação à originalidade de uma Filosofia no Brasil continuam.
Filósofos brasileiros
Foi então que, nos idos da década de sessenta, um acontecimento sinistro rolou e mudou toda a história da Filosofia no Brasil. No dia 1º de abril de 1964, um golpe militar que encerrou o governo do presidente democraticamente eleito João Goulart, declara a Filosofia como “inimiga”, algo a ser algo combatido no país.
Nesse período a Filosofia deixou de ser ensinada nas escolas brasileiras. Os militares pensavam que a Filosofia poderia ser uma ameaça, visto que ela emancipa o pensamento dos indivíduos. Além disso, ela não tinha uma “utilidade” para um país que tinha como foco formar os estudantes para o trabalho (essas ideias, inclusive, parecem estar voltando a circular na sociedade).
Felizmente, com o fim do regime militar a Filosofia teve a difícil tarefa de retornar ao ensino como disciplina obrigatória. Só em 2008 que ela se tornou disciplina obrigatória nos três anos do Ensino Médio. Entretanto, essa parada de fênix (volta das cinzas e tal) é até hoje marcada pela desconfiança quanto a sua importância.
Toda essa balburdia que rolou no último século, juntamente com a necessidade de se justificar a necessidade de uma Filosofia dentro das escolas, inspirou uma geração inteira de intelectuais a pensarem (ou repensarem) a ideia de uma Filosofia no Brasil.
Entre as pessoas que lutaram para aplicar a filosofia no Brasil, está Marilena Chauí. Marilena, Filosofa Brasileira que com um estilo próprio de reflexão sobre as questões políticas, sociais e culturais discute os problemas da realidade nacional, além de manter uma intensa e frequente atuação no âmbito intelectual e político Brasileiro
Quer conhecer mais sobre Marilena Chauí? Da uma espiada nesse vídeo:
Ora, ainda há outros nomes importantes no cenário nacional, talvez você tenha ouvido falar deles: Miguel Reale (1910 – 2016), Paulo Freire (1921-1997), Viviane Mosé, Mario Sergio Cortella, Vladimir Pinheiro Safatle e muitos outros.
Conheça mais sobre nossos filósofos e suas ideias, neste link você fica por dentro das ideias do meu camarada Vladimir
Portando, embora o Brasil tenha grandes pensadores, nossa Filosofia não é mundialmente conhecida. Talvez isso se deva ao fato de em nosso princípio termos tomado tudo importado da Europa ao invés de pensar questões nacionais. E, para complicar ainda mais a situação, existe uma galera “cabreira” com a ideia de uma Filosofia no Brasil na atualidade e a problemática do pensamento que se desenrola no processo de identidade brasileira.
Agora que você já revisou as principais características da Filosofia brasileira, que tal testar seus conhecimentos?
Questão 01 – (FCC 2004). Conhecer é captar e interpretar a realidade (…) se conhecer é captar e interpretar a realidade, nós podemos tanto captar errado como entender errado, o que significa que faz parte da ideia de conhecer duas outras noções. O conhecer correto/certo, ter a certeza e o erro fazem parte do processo de conhecimento, não existe processo de conhecimento sem incertezas e erros.
Segundo Mario Sergio Cortella, fazem parte do processo de conhecimento o
(A) acerto e o erro.
(B) método certo a ser ensinado.
(C) trabalho do professor em escolher certo os conteúdos.
(D) entender certo e a certeza do significado do conhecimento adquirido.
(E) modo como o aluno abstrai o conhecimento e as dificuldades encontradas.
Questão 02 – (UNESP SP/2018)
Em 1500, fazia oito anos que havia presença europeia no Caribe: uma primeira tentativa de colonização que ninguém na época podia imaginar que seria o prelúdio da conquista e da ocidentalização de todo um continente e até, na realidade, uma das primeiras etapas da globalização.
A aventura das ilhas foi exemplar para toda a América, espanhola, inglesa ou portuguesa, pois ali se desenvolveu um roteiro que se reproduziu em várias outras regiões do continente americano: caos e esbanjamento, incompetência e desperdício, indiferença, massacres e epidemias. A experiência serviu pelo menos de lição à coroa espanhola, que tentou praticar no resto de suas possessões americanas uma política mais racional de dominação e de exploração dos vencidos: a instalação de uma Igreja poderosa, dominadora e próxima dos autóctones, assim como a instalação de uma rede administrativa densa e o envio de funcionários zelosos, que evitaram a repetição da catástrofe antilhana.
(Serge Gruzinski. A passagem do século: 1480-1520:
as origens da globalização, 1999. Adaptado.)
“A instalação de uma Igreja poderosa, dominadora e próxima dos autóctones” contribuiu para a dominação espanhola e portuguesa da América, uma vez que os religiosos
(A) mediaram os conflitos entre grupos indígenas rivais e asseguraram o estabelecimento de relações amistosas destes com os colonizadores.
(B) aceitaram a imposição de tributos às comunidades indígenas, mas impediram a utilização de nativos na agricultura e na mineração.
(C) toleraram as religiosidades dos povos nativos e assim conseguiram convencê-los a colaborar com o avanço da colonização.
(D) rejeitaram os regimes de trabalho compulsório, mas estimularam o emprego de mão de obra indígena em obras públicas.
(E) desenvolveram missões de cristianização dos nativos e facilitaram o emprego de mão de obra indígena na empresa colonial.
Questão 03 – (UNITAU SP/2017) “Muitos indivíduos foram denunciados ao Santo Ofício no final do século XVI, na Bahia e em Pernambuco, por blasfemarem enquanto jogavam cartas ou gamão, como sucedeu com André Tavoras, que enquanto jogava cartas em sua casa, perturbado, disse que ‘descria ou renegava a Deus’, tendo sido então censurado pelos presentes”. Adaptado de ALGRANTI, L. M. Famílias e Vida doméstica, In NOVAIS, F. A. História da Vida Privada no Brasil, 1997.
A Inquisição portuguesa começou a operar em 1547 e, dentre os princípios e os objetivos que guiavam sua atuação no Brasil Colônia, podemos destacar, principalmente,
(A) o avanço do protestantismo na Europa, que influenciou a religiosidade dos colonos no Brasil.
(B) o controle da vida cotidiana na colônia, cuja moralidade era vista como indecorosa e contrária aos bons costumes pelas autoridades eclesiásticas.
(C) o combate as “heresias indígenas”, práticas religiosas nativas que continuavam a ser observadas pelos índios após a sua evangelização.
(D) o combate às crenças sobrenaturais, como quiromancia, alquimia e adivinhação, definidas como magia e feitiçaria pelo Santo Ofício.
(E) o controle sobre a vida dos cristãos-novos, uma vez que muitos conseguiam manter, na clandestinidade, algum tipo de prática religiosa judaica.
Gabarito 1.A, 2.E, 3.E.