Descubra como usar a nova temporada de Love, Death & Robots como repertório sociocultural na redação do Enem.
Se você curte ficção científica, animações estilosas e histórias que fazem a mente explodir, provavelmente já sabe que a 4ª temporada de Love, Death & Robots acabou de ser lançada na Netflix.
Mas e se eu te dissesse que essa série pode ir muito além do entretenimento e se transformar numa aliada poderosa na hora de escrever a redação do Enem?
A quarta temporada da antologia traz episódios curtos, intensos e visualmente marcantes, que abordam questões complexas como desigualdade social, uso (e abuso) da tecnologia, meio ambiente, guerra e ética.
Cada história, apesar de fictícia, toca em debates bem reais — e é aí que mora o potencial de repertório sociocultural. Quando bem utilizado, esse tipo de referência mostra à banca que você tem bagagem crítica, sabe transitar entre diferentes áreas do conhecimento e enxerga além da superfície dos temas.
Primeiro de tudo: o que é Love, Death & Robots?
Love, Death & Robots é uma série de animação antológica lançada em 2019, criada por Tim Miller e produzida por David Fincher. A proposta é ousada: cada episódio é uma obra independente, com sua própria estética, enredo e universo. Isso permite explorar uma enorme variedade de temas e estilos narrativos — do realismo brutal à abstração poética, passando pelo humor ácido e pela crítica social.
O mais interessante é como a série trata questões que dialogam diretamente com os desafios do século XXI: inteligência artificial, mudanças climáticas, polarização ideológica, desigualdade, guerra e até espiritualidade. Em vez de respostas prontas, a série provoca reflexões. E esse tipo de provocação é ouro na redação.
Por que usar séries como repertório na redação?
A redação do Enem não cobra apenas domínio da norma culta. Ela exige argumentação sólida, pensamento crítico e capacidade de dialogar com conhecimentos das áreas humanas, científicas, culturais e sociais. É aqui que o uso de séries, filmes e livros se torna um diferencial — desde que o exemplo seja bem articulado ao tema.
Ao citar uma série como Love, Death & Robots, você não está apenas mostrando que assiste a conteúdos de qualidade: está revelando que sabe extrair discussões relevantes de obras culturais e aplicá-las de forma estratégica no seu texto. É o que chamamos de repertório produtivo — aquele que se relaciona diretamente com a proposta de redação e contribui para a construção do argumento.
Aliás, não é raro ver redações nota mil que usaram referências como Black Mirror, O Conto da Aia ou Estamira. O segredo está na conexão que você estabelece entre a obra e o problema discutido.
O que tem na 4ª temporada de Love, Death & Robots que pode cair no Enem?
Selecionamos alguns episódios que podem render ótimos ganchos para a sua redação. Dá uma olhada:
Dispositivos Inteligentes, Donos Idiotas

Um episódio irônico e atual, que retrata os dilemas do cotidiano dominado por tecnologias “inteligentes” — que nem sempre funcionam como o prometido. Ótimo para discutir:
- A dependência tecnológica na vida moderna;
- A obsolescência programada e o consumismo digital;
- A fragilidade das relações humanas mediadas por algoritmos.
Gólgota

Ambientado em um mundo invadido por alienígenas marinhos, o episódio mistura crítica ecológica e elementos religiosos para mostrar o impacto destrutivo da ação humana sobre o meio ambiente. Ideal para reflexões sobre:
- Sustentabilidade e justiça ambiental;
- A exploração da natureza como herança colonial;
- Espiritualidade e ética ecológica.
Os Caras do 400

Em um cenário pós-apocalíptico, jovens organizam-se em gangues com códigos de honra inspirados no bushidô (ética samurai). A obra permite abordar:
- Fragmentação social e violência urbana;
- A busca por pertencimento em contextos de exclusão;
- A juventude como sujeito político e social.
Spider Rose

Mistura de ficção científica e drama emocional, este episódio mergulha no universo cyberpunk para falar de ciborgues, vingança e afetos. Serve como base para temas como:
- Transumanismo e os limites da modificação corporal;
- A fronteira entre humano e máquina;
- Afetividade e resistência em um mundo automatizado.
Como Zeke Entendeu a Religião

Aqui, uma missão militar na Segunda Guerra toma rumos sobrenaturais e levanta questões sobre fé, ciência e moralidade. Esse episódio é ótimo para refletir sobre:
- Fanatismo religioso e extremismo ideológico;
- Conflitos éticos em tempos de guerra;
- A tensão entre razão científica e crenças religiosas.
Como usar a série na prática da redação?
Saber que a série tem conteúdo relevante é só o primeiro passo. O mais importante é transformar esse repertório em argumento eficaz. Veja algumas dicas:
- Assista com olhar crítico: identifique os temas centrais e as críticas sociais presentes em cada episódio.
- Conecte com debates reais: pense em como o episódio se relaciona com questões atuais — como mudanças climáticas, desigualdade, tecnologia, etc.
- Evite a superficialidade: vá além da descrição da história; destaque o que ela revela sobre o comportamento humano ou a sociedade.
- Use como reforço, não como foco: o episódio deve ilustrar sua ideia, não substituí-la. Ele entra como exemplo que fortalece o argumento.
Então, da próxima vez que você der play em um episódio, experimente se perguntar:
“O que essa história me diz sobre o mundo em que eu vivo — e como isso pode virar argumento na redação do Enem?” 😉