Para além da física convencional, o filósofo Aristóteles elaborou uma vasta teoria a respeito das causas do mundo. Quer saber mais? A gente explica!
Na Grécia há muitos anos, muito antes da internet 4G, havia grupos de filósofos que se ocupavam em explicar a origem daquilo que os cercava.
Alguns desses pensadores teorizaram explicações de mundo fenomenais. Estas teorias permaneceram válidas por milhares de anos, inspirando e servindo de base para os cientistas ainda nos dias de hoje.
Um desses estudos bombásticos é a Ontologia. A Ontologia é a parte da Filosofia encarregada do estudo das propriedades mais gerais do ser. Para tanto, aparta-se da infinidade de determinações que, ao qualificá-lo particularmente, ocultam sua natureza plena e integral.
Embora essa ideia de investigar a natureza do ser, da existência e da própria realidade (que é a Ontologia) tenha começado com Parmênides e Platão, costuma-se atribuir seu nascimento a Aristóteles. Isto porque foi ele quem formulou a ideia de estudo que tem como finalidade própria o estudo do Ser, denominando-a Filosofia Primeira.

Metafísica de Aristóteles: A Filosofia Primeira
Filosofia Primeira era como Aristóteles chamava os seus estudos de Metafísica. A razão de levar esse nome deve-se ao fato de que esse estudo abordava um conjunto de conhecimentos independentes de qualquer atividade empírica. Ou seja, a metafísica não leva em conta qualquer experiência sensorial.

Nos estudos da Metafísica (Filosofia Primeira) que Aristóteles desenvolveu, é muito clara a relação com a Lógica (aristotélica). Isso porque ambas as teorias independem da experiência sensorial. Os primeiros princípios da Metafísica descrevem justamente os princípios lógicos da identidade, da não contradição e do terceiro excluído. Essas relações servem para garantir a realidade do mundo.
Dados esses três princípios lógicos, Aristóteles fundamentou o que foi chamado de Etiologia, isto é, o estudo da Causa. Conforme Aristóteles afirmou, existem quatro Causas capitais para que as coisas existam. São elas: Causa Material, Causa Formal, Causa Eficiente, Causa Final.
Causa material
É a “substância” que forma as coisas no mundo, sua matéria. Para exemplificar é só pensar em algo concreto como uma estátua: a Causa material dela seria o mármore (ou qualquer outro material que a estátua seja feita).
No limite, poderíamos afirmar que sem a matéria as coisas empíricas (sensíveis) não existiriam. Todavia, a matéria sozinha seria incapaz de produzir a maravilha estética dessa escultura fazendo-se necessário, ainda, a forma. E é aqui que passamos para a segunda Causa.
Causa formal
De maneira simples, podemos dizer que a Causa Formal se refere à forma que as coisas possuem. É como se fosse o “conceito” das coisas. Ao contrário de Platão, Aristóteles dirá que a forma não vem de um Mundo das Ideias, mas do mundo real mesmo. Daí, temos que a Causa formal é aquilo que ao dar forma as coisas as tornam únicas.

Assim sendo, essas duas Causas (material e formal) são as responsáveis pela composição material e individual de qualquer coisa. Todavia, como tudo muda (panta rei) essas Causas por si só não dão conta de explicar as mudanças pelas quais tudo passa ao longo da existência. Razão a qual Aristóteles cria as demais Causas.
Causa eficiente
Ela é a Causa que dá origem a algo. Por exemplo, a causa eficiente da escultura de Davi é Michelangelo.

Causa final
Essa Causa diz respeito a finalidade das coisas, isto é, qual é o motivo delas existirem. É possível achar essa ideia de finalidade nos escritos de Aristóteles a respeito da Felicidade e da Ética. Neles, o filosofo também usa o conceito de Finalidade (Télos) para explicar sua teoria.
Ficou difícil de entender? Então, vou combinar todas as Causas agora em um exemplo que vai fazer você entender melhor. Vamos pensar em algo simples como uma estátua. Mentaliza aí então uma estátua feita de bronze de uma mulher montada num galo enquanto segura um garfo!
A Causa material dessa linda obra de arte é o bronze, o material do qual é feita. A Causa formal é o exótico galináceo sendo montado por uma diva que empunha talheres gigantes. Já a Causa eficiente é o artista criador de tal obra, Roberto Fabelo. ~ O quê? Achou que eu estava inventando isso aí? A obra existe mesmo! ~ Por fim, existe ainda, a quarta Causa que vai além dos nossos sentidos, nos levando ao entendimento racional da obra, ou seja, o objetivo do artista em criar essa obra de arte.

Como você pode ver, de modo geral, existe na Metafísica de Aristóteles uma ideia central de que tudo tem uma Causa. Todavia, se fizermos uma regressão das coisas afim de buscar Causa primeira, estaríamos fadados a cair num “looping” de causas.
Pensando nisso Aristóteles criou o conceito de Motor Imóvel. Esse primeiro motor é quem Causa todas as demais causas. Ele é a origem de tudo, que não teria sido originada por nada. Ou seja, se entendermos que para tudo no mundo existe uma causa anterior, deve haver um momento inicial onde não haveria mais causas anteriores.

Por fim, embora Aristóteles seja considerado um “camarada” sistemático (no sentido de catalogar o conhecimento em sistemas), seu papel no estudo geral das coisas, isto é, no estudo da Metafisica é fundamental para o desenvolvimento da Filosofia.
Para conhecer mais sobre Aristóteles, confira a videoaula do prof. Alan:
Questões sobre a metafísica de Aristóteles
1) Aristóteles apresenta a metafísica, em primeiro lugar, como “busca das causas primeiras”. Assim, devemos determinar quais e quantas são essas “causas”. Aristóteles então estipulou que as causas, necessariamente, devem ser finitas quanto ao número e referiu-se ao mundo do devir reduzindo-se às seguintes quatro causas, EXCETO:
(A) Causa Material
(B) Causa Formal
(C) Causa Metafisica
(D) Causa Eficiente
(E) Causa Final
2) (UFU-2001). Sobre a teoria das quatro causas de Aristóteles é correto afirmar:
I- É próprio da ciência investigá-las, pois são as causas do movimento e do repouso, ou seja, da passagem da potência ao ato.
II- A causa eficiente atua sobre a forma, visto ser a matéria o ato a que aspiram os seres.
III- A causa final é própria daquele ser que deve atualizar as potências contidas em sua matéria para alcançar a finalidade própria.
IV- A forma é o princípio de indeterminação dos seres.
Assinale a única alternativa que apresenta as assertivas corretas.
(A) Apenas I e III.
(B) I, III e IV.
(C) Apenas II e III.
(D) Apenas I e II.
(E) Nenhuma das Alternativas.
3) (UEL-2008) Quatro tipos de causas podem ser objeto da ciência para Aristóteles: causa eficiente, final, formal e material. Assinale a alternativa correta em que as perguntas correspondem, às causas citadas.
(A) Por que foi gerado? Do que é feito? O que é? Quem gerou?
(B) O que é? Do que é feito? Por que foi gerado? Quem gerou?
(C) Do que é feito? O que é? Quem gerou? Por que foi gerado?
(D) Por que foi gerado? Quem gerou? O que é? De que é feito?
(E) Quem gerou? Por que foi gerado? O que é? Do que é feito?
Gabarito.
1.C, 2.A, 3.E.