Aprenda na aula de hoje um breve histórico sobre as pessoas com deficiência, como elas se enquadram no para desporto e como funcionam os Jogos Paralímpicos.
As pessoas com deficiência, ou PCD, apesar das dificuldades, têm um lugar marcado na sociedade. Ainda assim, a inclusão social ainda tem muito a crescer, tanto em estrutura quanto no mundo, principalmente no Brasil.
Desde 2015, consta na legislação brasileira uma lei que rege a inclusão de pessoas com deficiência em diferentes ambientes e espaços. E o esporte é um deles.
As diversas modalidades de esportes paraolímpicos são importantes formas de visibilizar as pessoas com deficiência.
O contexto da inclusão social deve estar muito presente e fixado na educação hoje em dia. As pessoas com deficiência (PCD), por sua vez, encontram no esporte uma maneira de se incluir às atividades sociais.
Porém, nem sempre foi assim. Por muito tempo, houve um grande paradigma a respeito das pessoas com deficiência. Desde o abandono até a aceitação nos dias atuais, muito caminho foi percorrido.
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A história das pessoas com deficiência
No período da pré-história, pouco se sabe o que aconteciam com as crianças que acabavam por nascer com alguma deficiência, devido à escassez de registros. Porém, o que se imagina, é que o abandono era a prática mais comumente usada.
Após as adaptações da espécie humana, o homem passou de nômade a ter um lugar fixo para se estabelecer. Com isso, toda a mão de obra disponível era necessária, para que a sobrevivência fosse possível. Domesticando animais e cultivando o solo, crianças desde os 7 anos de idade, aproximadamente, eram exigidas ao trabalho. Sendo assim, pessoas saudáveis e aptas fisicamente eram requisitadas.
O modelo de vida espartano
Em Esparta, por exemplo, os bebês que nasciam com alguma deficiência eram levados a uma espécie de comissão para julgamento. Caso essa criança fosse considerada inválida pela comissão, os integrantes se responsabilizavam pelas providências.
Logo, a atitude que se tomava, era jogar as crianças em um abismo, sacrificando-as. Abismo esse, chamado Àpothetai, que significava “depósito”. Considerava que a vida da criança não seria boa para ela própria e nem para a sociedade.
A imagem representa o ato de jogar as crianças no abismo, mostrando dois homens de capa segurando uma criança pelos braços entre eles. A imagem é escura e sombria.
Em Atenas, considerada o berço da civilização, o que acontecia não era diferente. O pai da criança com deficiência deveria sacrificá-la, e era considerado um ato muito comum.
A antiguidade e o estigma das pessoas com deficiência
Já em Roma, dois contextos aconteceram. Primeiramente, o destino das crianças que nasciam com deficiência era a morte, sendo que o próprio pai devia provocá-la. Após isso, criou-se uma certa tolerância em relação a esses bebês.
Alguns da classe rica, inclusive se tornaram imperadores. Mas na classe pobre a situação era diferente: as pessoas com deficiência eram usadas como mão de obra escrava, de acordo com o que sua limitação física permitisse.
Na Idade Média, a mão de obra escrava deu certo apenas até algum ponto. Após isso, alguns servos recebiam uma pequena parte de terra para cultivar, e acredita-se que a partir disso, houve uma aceitação maior das pessoas com deficiência, pois cada um era responsável pela sua terra e seus filhos.
A evolução da sociedade com as pessoas com deficiência
Também na sociedade feudal, a segregação das pessoas com deficiência era um fato. Haviam hospitais ou asilos que acolhiam essas pessoas, uma vez que o cristianismo não permitia o assassinato das pessoas com deficiência.
Alguns, porém, eram adotados por famílias ou acabavam por perambular nas ruas, servindo como bobos da corte.
Após a revolução industrial, o poder da sociedade, que antes estava nas mãos da igreja e dos nobres, agora estava em mãos dos capitalistas. Assim, o homem bem sucedido, era aquele que prosperava economicamente. Isso acabava sendo uma barreira para as pessoas com deficiência.
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Pessoas com deficiência no cenário atual
Até hoje, a inclusão de pessoas com deficiência no mercado encontra dificuldades. A transformação de ambientes inclusivos, que ofereçam acesso a todas as pessoas, independente de sua deficiência, ainda não é uma realidade.
No Brasil, o Estatuto da PCD assegura os direitos dessa população, sendo chamado também de Lei de Inclusão da Pessoa com Deficiência.
Porém, além de dificuldade de acesso a lugares, e consequentemente de se enquadrar no mercado de trabalho, as PCD sofrem com essa falta de inclusão em outras áreas da sociedade, inclusive no âmbito esportivo.
Esporte e as PCD
Os esportes estão inclusos na sociedade como forma de desenvolvimento integral do ser humano, formação de atletas, participação social, entre outros. Mas, infelizmente, isso leva em conta, na maioria das vezes, indivíduos sem deficiência física.
Com o passar do tempo, felizmente, a inclusão das PCD no âmbito esportivo vem se consolidando cada vez mais, assim como em outras áreas da sociedade. A visibilidade de eventos esportivos paralímpicos contribui muito para esse contexto.
Os esportes convencionais, muitas vezes, para que alcance as PCD, precisam ter sua estrutura modificada e adaptada. Destacando também, que a prática de atividade física entre as PCD, melhora não apenas a sua participação social, mas aspectos cognitivos e motores, trazendo benefícios para sua qualidade de vida.
Jogos Paralímpicos e as pessoas com deficiência
A educação física adaptada surgiu como forma de reabilitação de soldados após a segunda guerra mundial. O hospital Stoke Mandeville, um dos responsáveis por essas ações, realizava jogos internos que acabaram se tornando os primeiros jogos paralímpicos que já existiram, em 1960, em Roma.
As paralimpíadas ocorrem, então, até os dias de hoje. Elas acontecem após as olimpíadas tradicionais e utilizam do mesmo espaço físico. Atualmente, o Comitê Paralímpico Internacional reconhece 28 esportes paraolímpicos, e 27 destes são disputados nos jogos.
Como funcionam os Jogos Paralímpicos
Para as competições serem justas, os atletas passam por avaliações funcionais, e aí sim, são classificados em categorias. Isso ocorre pois leva-se em consideração que as deficiências são distintas uma das outras, e possuem graus diferentes.
Os atletas passam por três avaliações diferentes para então receberam sua classificação. Primeiramente, uma avaliação física para diagnóstico, ou seja, a identificação de sua deficiência. A segunda avaliação é de testes de esforço físico, mensurando então a força e amplitude muscular, coordenação motoras e medição e verificação de membros.
Na última avaliação, o que é observado é a técnica. Desta vez, o atleta demonstra a prova a ser realizada. Com isso pode-se observar sua eficiência técnica e o uso de próteses e órteses, se for o caso.
Cada esporte usa nomenclaturas específicas para enquadrar os atletas de acordo com o seu nível, geralmente representadas por números e letras. Na Esgrima, por exemplo, os atletas são classificados em A e B. Já no atletismo, usam-se números, que representam a sua deficiência, e por aí vai.
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O Brasil nos Jogos Paralímpicos
O Brasil estreou nos jogos paralímpicos em 1976, na edição de Heidelberg, na Alemanha. Desde então, o país vem competindo em todas as edições.
Os primeiros jogos que demonstram o potencial do país foram Stoke Mandeville e Nova York 1984, com 30 atletas e 28 medalhas. A barreira dos 30 pódios, no entanto, foi batida somente em Atenas 2004, com uma delegação de 96 pessoas.
Campanhas do Brasil em Jogos Paralímpicos
- Atenas 2004: 14 ouros, 12 pratas, 7 bronzes, 33 medalhas
- Beijing 2008: 16 ouros, 14 pratas, 17 bronzes, 47 medalhas
- Londres 2012: 21 ouros, 14 pratas, 8 bronzes, 43 medalhas
- Rio 2016: 14 ouros, 29 pratas, 29 bronzes, 72 medalhas
- Tóquio 2020: 22 ouros, 20 pratas, 30 bronzes, 72 medalhas
- Total na história: 108 ouros, 129 pratas, 135 bronzes, 372 medalhas
- Paris 2024: em breve!
Um dos nomes de grande destaque do esporte paralímpico do nosso país é Daniel Dias, que depois das Paralimpíadas Rio 2016, tornou-se o maior nadador paralímpico do mundo, com 24 pódios.
A imagem mostra o atleta Daniel Dias mostrando uma de suas medalhas de ouro sobre o rosto, com um grande sorriso. Daniel detém o recorde mundial nas provas de 100m e 200m livre, 100m costa e 200m medley.
Em 2009, Daniel recebeu o título de melhor atleta paralímpico de 2008, pelo troféu Laureus World Sports Awards. A razão disso foi o acúmulo de nove medalhas nos jogos paralímpicos de Pequim. Antes dele, apenas três atletas brasileiros haviam recebido esse título: Bob Burnquist, Pelé e Ronaldo Fenômeno.
Brasil nas Paralimpíadas de Paris 2024
O Brasil chega às Paralimpíadas de Paris 2024 com 280 atletas, de 16 a 64 anos. É a segunda maior delegação da história do país, abaixo apenas de 2016, quando o Rio de Janeiro sediou o evento.
Destes, 255 são esportistas com deficiência, enquanto o restante do time é formado por 19 atletas-guia (18 do atletismo e 1 do triatlo), três calheiros da bocha, dois goleiros do futebol de cegos e um timoneiro do remo. As mulheres somam 41% e garantem a maior participação da história.
A equipe brasileira vai competir em 20 das 22 modalidades disponíveis, com exceção do basquete em cadeira de rodas e do rúgbi em cadeira de rodas:
- Atletismo paralímpico
- Badminton paralímpico
- Basquete em cadeira de rodas
- Bocha
- Canoagem paralímpica
- Ciclismo de estrada paralímpico
- Ciclismo de pista paralímpico
- Esgrima em cadeira de rodas
- Futebol de cegos
- Goalball
- Halterofilismo paralímpico
- Hipismo paralímpico
- Judô paralímpico
- Natação paralímpica
- Remo paralímpica
- Rugby em cadeira de rodas
- Taekwondo paralímpico
- Tênis em cadeira de rodas
- Tiro com arco paralímpico
- Tiro esportivo paralímpico
- Triatlo paralímpico
- Vôlei sentado
Bolsa Atleta apoia 98% da delegação brasileira
Do total de atletas convocados para representar o Brasil nas Paralimpíadas de Paris 2024, 98% recebe apoio direto do programa Bolsa Atleta, evidenciando a importância desse incentivo para o desenvolvimento do esporte paralímpico no país.
O apoio contínuo do programa tem sido determinante para que nossos atletas possam se dedicar integralmente à sua preparação, assegurando condições adequadas de treinamento e participação em competições internacionais.
Esse suporte também fortalece a base do esporte paralímpico no Brasil, criando oportunidades para novos talentos emergirem e manterem o país no topo do cenário mundial.
Para um maior entendimento sobre o assunto, assista o vídeo a seguir sobre a história das Paralimpíadas e do esporte paraolímpico, e responda as questões propostas.
Exercícios
1) Com relação ao contexto histórico das pessoas com deficiência, assinale a alternativa correta:
A) Em Atenas, as crianças eram aceitas como escravas pois a religião cristã não permitia a sua morte.
B) Quando o ser humano deixou de ser nômade e passou a cultivar o solo, até mesmo as crianças com deficiências eram forçadas a trabalhar.
C) Em Roma, existia um conselho que deliberava o que fazer quando uma criança nascia com deficiência. Na maioria das vezes eles se responsabilizavam de jogar a criança em um penhasco, denominado Àpothetai.
D) Após a revolução industrial e o destaque do capitalismo, as pessoas com deficiência passaram a ter uma inclusão social por toda a sociedade.
2) Descreva de que forma as pessoas com deficiência podem ser incluídas com igualdade em um contexto esportivo.
GABARITO
1 – C
2 – Sugestão de resposta: As atividades esportivas que forem propostas a pessoas com deficiências devem ser adaptadas para que atendam às necessidades daqueles indivíduos, fazendo com que os mesmos consigam realizá-la plenamente, da maneira proposta.