Pteridófitas: classificação, reprodução e características

As Pteridófitas são os primeiros vegetais na escala evolutiva a apresentarem vasos condutores (xilema e floema). Dessa maneira, esses vegetais puderam atingir grandes dimensões se comparados às Briófitas.

As samambaias e as avencas são plantas tradicionalmente cultivadas como plantas ornamentais. Dotadas de uma folhagem sempre verde e exuberante, essas plantas são os exemplos de Pteridófitas mais conhecidos do grupo. Nesta aula de biologia iremos estudar as principais características das Pteridófitas.

Principais exemplos de Pteridófitas

O grupo das Pteridófitas surgiu no Período Devoniano, há aproximadamente 415 milhões de anos. Mas, foi no período carbonífero que as Pteridófitas, especialmente as arborescentes, que atingiam vários metros de altura, dominaram as florestas juntamente com as angiospermas.

Essas plantas antiguíssimas ainda podem ser encontradas nas florestas atuais, habitando ambientes úmidos e sombreados de diversos biomas. Todavia, em geral, poucas são as pteridófitas que ainda mantêm o grande porte de seus antepassados.

Hoje as pteridófitas são comumente plantas de pequeno a médio porte, habitando especialmente os estratos mais baixos das florestas.

Como você viu acima, as plantas pteridófitas atuais mais famosas são as samambaias e as avencas. Mas, há outras pteridófitas bastante conhecidas. Por exemplo o xaxim ou samambaiaçu.

Essa samambaia arborescente é planta nativa da Mata Atlântica e em risco de extinção devido à longa exploração para a produção de vasos a partir do seu caule. Além disso, há também a cavalinha, uma planta herbácea muito utilizada na produção de chás.

plantas pteridófitas xaxim
Imagem 1: Fotografia de um xaxim (Dicksonia sellowiana) em meio à outras plantas da Mata Atlântica. Fonte: Getty Images

Classificação das Pteridófitas

Atualmente, o grupo das Pteridófitas é divido em dois grandes filos ou divisões:

Divisão Lycopodiophyta

Dentro desse grupo encontramos espécies fósseis e também algumas espécies atuais, como os licopódios e as Selaginella. Encontramos plantas desse grupo em diversos biomas, desde a tundra até as florestas tropicais.

pteridófitas ornamentais
Imagem 2: Fotografia da pteridófita Selaginella kraussiana. Essa espécie é muito cultivada como planta ornamental e é popularmente conhecida como musgo-tapete, apesar de não ser uma briófita. Fonte da imagem: Getty Images.

Em geral, são plantas de ambientes úmidos. Contudo, há espécies de licopódios que podem viver em ambientes muito secos, como a Caatinga.

Durante o período de seca, essas plantas permanecem dormentes e voltam a crescer durante as chuvas. Dessa maneira, em alguns lugares são conhecidas como plantas da ressurreição.

lycopodium
Imagem 3: Fotografia de uma espécie de Lycopodium. Fonte da imagem: Getty Images.

Frequentemente as espécies desse grupo são plantas epífitas, ou seja, vivem sobre outras plantas, todavia, sem parasitá-las.

Divisão Monilophyta

Esse grupo contém as samambaias, antigamente classificadas como Divisão Pteridophyta. Dentro desse grupo também estão as cavalinhas, plantas do gênero Equisetum. E também as plantas conhecidas popularmente como avencas.

pteridófitas cavalinha
Imagem 4: Fotografia de um grupo de Equisetum arvense, planta conhecida popularmente como cavalinha. Fonte: Getty Images.

A maioria das espécies desse grupo são de pequeno e médio porte. Mas algumas podem atingir vários metros de altura, como os xaxins, citados anteriormente.

Características das Pteridófitas

As Pteridófitas são os primeiros vegetais na escala evolutiva a apresentarem vasos condutores. São, portanto, plantas vasculares. Isso quer dizer que elas possuem tecidos especializados na condução de substâncias pelo seu organismo – o xilema e o floema.

O xilema carrega sais minerais dissolvidos em água (seiva bruta) até as folhas. O floema, por sua vez, carrega carboidratos dissolvidos em água (seiva elaborada) das folhas até as raízes.

Por conta desses tecidos, o transporte de substâncias nesses vegetais é muito mais rápido e eficiente. Dessa maneira, esses vegetais puderam atingir grandes dimensões se comparados às Briófitas, que são vegetais avasculares.

Resumo das principais características

Confira com a professora Juliana Evelyn Santos, do canal do Curso Enem Gratuito, as principais características das plantas Pteridófitas:

As pteridófitas, assim como as Briófitas, não possuem flores, frutos ou sementes. Dessa maneira, apesar de sua adaptação ao ambiente terrestre, esses vegetais precisam de água para completarem seu ciclo vital. Ciclo vital este que também possui alternância de gerações, como veremos a seguir.

Morfologia e ciclo de vida das Pteridófitas

Como eu disse acima, as Pteridófitas possuem um ciclo vital com alternância de gerações. Isso porque ao longo do ciclo vital dessas plantas, elas apresentarão duas formas diferentes: os gametófitos e os esporófitos.

Esporófito

A forma de esporófito é a forma perene de uma Pteridófita. Ou seja, a fase de esporófito é a fase duradoura desses vegetais. É ela que observamos quando cultivamos uma samambaia ou uma avenca.

Essa fase da vida das Pteridófitas é diploide (2n cromossomos) e totalmente independente, já que possui como estruturas vegetativas o caule, as folhas e as raízes.

As folhas das Pteridófitas são em geral verdes. Nas samambaias, é comum a ocorrência de folhas subdividas em muitas partes menores, conhecidas como folíolos. Nas folhas, como veremos a seguir, desenvolvem-se os soros, que darão origem aos esporos.

soros de samambaia
Imagem 5: Fotografia da face inferior da folha de uma samambaia. Nela é possível observar os pontinhos marrons que são os soros. Fonte da imagem: https://pteridofitasxv.blogspot.com/2018/07/reproducao-das-pteridofitas-da-mesma.html

Características

Os caules desses vegetais são, em geral subterrâneos, crescendo horizontalmente paralelos ao solo. Esses caules são comumente chamados de rizomas. Além disso, algumas pteridófitas podem ainda ter caules aéreos, como os xaxins.

Por fim, as raízes das pteridófitas são estruturas filamentosas e delicadas que o vegetal sobre os solos ou sobre outros vegetais ou superfícies, no caso das epífitas.

esporófito pteridófitas
Imagem 6: Desenho esquemático da estrutura do esporófito de uma samambaia.

Gametófito

Os gametófitos das Pteridófitas, também chamados de prótalos, são a sua fase efêmera. Ou seja, os gametófitos surgem somente durante o período reprodutivo e, cumprida a sua função, degeneram.

Assim como os esporófitos, os gametófitos das Pteridófitas são também fases completamente independentes. Apesar de serem pequenos e efêmeros, são verdes capazes de realizar fotossíntese, tendo assim, independência nutricional.

Os gametófitos são estruturas hapolides (n cromossomos) com o formato de pequenos corações que em geral, não ultrapassam poucos milímetros de comprimento. Na sua base, possuem pequenos filamentos, os rizoides, que fixam o vegetal ao substrato.

Em geral, ao contrário dos gametófitos das Briófitas, os gametófitos das Pteridófitas são hermafroditas (monoicos). Isso quer dizer que possuem tanto partes femininas quanto masculinas.

protalo de samambaia
Imagem 7: Fotomicrografia de um prótalo de samambaia. Na parte de baixo do “coração” vemos vários fiapinhos que são os rizoides, responsáveis por fixarem o pequeno vegetal ao substrato.

Ciclo de vida das Pteridófitas

Como você viu acima, as Pteridófitas possuem um ciclo vital em que há alternância de gerações. Ou seja, para completar o ciclo desses um vegetais, é necessário o surgimento de duas formas corpóreas: os gametófitos e os esporófitos.

Os esporófitos (2n), formas perenes das Pteridófitas, quando maduros apresentarão na face inferior de suas folhas pequenas bolinhas amarronzadas, que geralmente formam pequenos relevos. Essas estruturas são chamadas de soros.

Os soros são agrupamentos de vários esporângios. Em cada esporângio há células-mãe (2n) que irão sofrer meiose para produzirem esporos haploides (n). Esses esporos são extremamente pequenos. Assim, quando passamos a mão sobre os soros, é comum que fiquemos com os dedos cheios de um pó muito fino, que são os esporos.

Além disso, esses esporos são estruturas de resistência que podem ser carregados pelo vento ou pela água. Quando encontram um ambiente favorável, os esporos germinam, dando origem a um gametófito (n).

Gametófito (n)

O gametófito das pteridófitas, como vimos acima, possui em sua estrutura tanto estruturas masculinas, os anterídios, como estruturas femininas, os arquegônios.

Cada uma dessas estruturas produzirá seus gametas (n). Os anterídios produzirão os anterozoides, gametas masculinos flagelados. Já os arquegônios produzirão a oosfera, como é chamado o gameta feminino.

Quando o gametófito é coberto por uma película de água, o anterozoide consegue nadar até outro gametófito para fecundar a oosfera. Com isso, irá ocorrer a formação de um zigoto.

Com o tempo, o zigoto sofre várias mitoses, formando um novo esporófito. O gametófito, por sua vez, degenera.

ciclo de vida pteridófitas
Imagem 6: Infográfico resumindo o ciclo de vida haplodiplobiôntico presente nas pteridófitas.

Por fim, confira um resumo de pteridófitas:

resumo de pteridófitas
Resumo de pteridófitas retirado do Instagram @cursoenemgratuito

Resumo sobre as Briófitas

Por fim, faça os exercícios que selecionamos para você.

Exercícios

1- (FATEC SP/2020)

O esquema representa o ciclo reprodutivo de uma pteridófita (samambaia).

ciclo da samambaia

De acordo com esse ciclo, é correto afirmar que

a) a meiose ocorre no gametófito, no processo de formação dos gametas.

b) a meiose ocorre no esporófito, no processo de formação dos esporos.

c) o gametófito se origina a partir da união do anterozoide com a oosfera.

d) o gametófito é diploide e corresponde à geração predominante.

e) o esporófito é haploide e corresponde à geração predominante.

2- (PUC RS/2019)

O ciclo reprodutivo de um pteridófito envolve quatro etapas, conforme mostra a figura a seguir.

ciclo de vida das pteridófitas

Com base na figura, relacione o processo com a etapa que o representa.

a) 1 – meiose, 2 – mitose, 3 – mitose, 4 – fecundação

b) 1 – mitose, 2 – fecundação, 3 – meiose, 4 – mitose

c) 1 – fecundação, 2 – meiose, 3 – mitose, 4 – meiose

d) 1 – mitose, 2 – mitose, 3 – fecundação, 4 – meiose

3- (FUVEST SP/2019)

Um organismo multicelular, fotossintetizante, que possui sistema vascular e não possui frutos ou sementes é uma

a) alga.

b) briófita.

c) pteridófita.

d) gimnosperma.

e) angiosperma.

GABARITO:

1) Gab: B

2) Gab: A

3) Gab: C

Sobre o(a) autor(a):

Juliana Evelyn dos Santos é bióloga formada pela Universidade Federal de Santa Catarina e cursa o Doutorado em Educação na mesma instituição. Ministra aulas de Ciências e Biologia em escolas da Grande Florianópolis desde 2007 e é coordenadora pedagógica do Blog do Enem e do Curso Enem Gratuito.

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