Substantivos são as palavras que nomeiam os seres em geral, reais ou imaginários. São classificados de acordo com àquilo a que fazem referência no mundo.
Para começarmos a estudar os substantivos, leia a tirinha a seguir:
Estudante atento/a que é, você já notou que o efeito de humor, nessa tira, é criado a partir da nomeação do resultado de um processo fisiológico: a transpiração.
A fala obviamente irônica do Sargento Tainha chama a atenção para a função que define a classe dos substantivos: a nomeação.
O que são substantivos
Substantivos são as palavras que nomeiam os seres em geral, reais ou imaginários. Simples assim.
De maneira mais formal, os substantivos possuem flexão de gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e grau (aumentativo e diminutivo).
Os substantivos podem ser precedidos por artigos ou pronomes adjetivos, formando, assim, um sintagma nominal: a guitarra, uma geladeira, meu primo, estas canetas, muitos vestibulares.
Os adjetivos também podem acompanhar um substantivo: casa amarela, música bonita.
O que é sintagma
Sintagma é a unidade mínima entre a qual se estabelece uma relação de determinação.
Em uma relação sintagmática, um dos elementos modifica ou determina o outro, especificando-o de alguma maneira.
Por exemplo:
Violão lindo.
Determinado: elemento que sofre modificação.
Determinante: elemento que modifica o outro termo do sintagma.
São nominais os sintagmas que têm por núcleo um substantivo (caso que vimos acima) e verbais os que têm por núcleo um verbo (estudei gramática).
Sob o aspecto funcional – que será estudado mais detalhadamente em outras revisões -, os substantivos caracterizam-se por trabalharem como núcleos dos sintagmas nominais:
sujeitos: Estamúsica tem um problema harmônico.
objetos diretos: Compus amúsica.
objetos indiretos: Dei um novo arranjo àmúsica.
predicativos do sujeito: Isto é música.
predicativos do objeto: Considero isto música.
complementos nominais: A alegria damúsica está nos arranjos.
adjuntos adnominais: Isto é rascunho demúsica.
adjuntos adverbiais: Entrei comamúsica.
agentes da passiva: Minha personalidade foi moldada por aquelamúsica.
apostos: Minha vida, umamúsica, tem acordes dissonantes.
vocativos: Música, és a musa que me ajuda e criar!
Classificação dos substantivos
Além disso, é importante observar que os substantivos são classificados de acordo com aquilo a que fazem referência no mundo.
Podem ser próprios ou comuns, concretos ou abstratos. Dentre os comuns, estão os coletivos.
Com relação à forma, os substantivos podem ser simples ou compostos, primitivos ou derivados.
Substantivos simples e compostos
Ao consideramos a formação dos substantivos, podemos perceber que há uma diferença entre termos como menino e pé de moleque.
No primeiro caso, é fácil notar que a ocorrência de um único radical na formação da palavra. No segundo, há mais de um radical.
Sendo assim, podemos dizer que os substantivos formados por um único radical são chamados simples. Exemplos: guitarra, palco, festa, ingresso, refrão.
Por outro lado, os substantivos formados por mais de um radical são considerados compostos. Exemplos: flor-de-lis, perna-de-pau, ervilha-de-cheiro.
Aproveite para tirar suas dúvidas sobre como formar o plural de substantivos compostos com a videoaula da professora Mercedes no nosso canal:
Substantivos primitivos e derivados
Observando a forma dos substantivos, podemos notar que existem alguns que não derivam de qualquer outra palavra da língua.
Todavia, podem dar origem a novos termos por meio dos processos tradicionais de formação de palavras (derivação e composição).
Os substantivos que não se originam de qualquer outro radical da língua são considerados primitivos. Exemplos clássicos: casa, flor, pedra.
Os substantivos que são formados a partir de um radical preexistente são considerados derivados.
Exemplos: casario, casebre, floricultura, florista, pedreira, pedregulho, etc.
Substantivos próprios e comuns
Na tira acima, o alarme do carro é personalizado porque chama seu dono pelo nome – Lucídio Coqueiro Louzada.
O humor dessa tira existe no fato da particularização criada pelo alarme ser tão indiscreto. O proprietário se sente envergonhado por ouvir seu nome repetido várias vezes em um volume muito alto, o que atrai a atenção de várias pessoas da rua.
A partir desse exemplo, podemos entender que os substantivos que dão nome aos seres particulares, únicos, dentre os demais de uma mesma espécie, são chamados de próprios.
Temos como exemplos de substantivos próprios os nomes das pessoas (antropônimos) e os nomes de lugares (topônimos).
São também próprios todos os substantivos que nomeiam algo que se quer particularizar: títulos de obras, nomes de jornais e revistas, nomes de acidentes geográficos, nome de doenças, etc.
Todavia, existe um grande número de substantivos utilizados que servem para nomear seres de uma mesma espécie, conceitos abstratos ou os sentimentos humanos. Esses são os substantivos comuns.
Curiosidade: pela sua essência, os substantivos comuns estão presentes mais frequentemente nos textos que os substantivos próprios.
Leia com atenção:
Foi no final dos anos sessenta. Tenho certeza absoluta porque lembro de todo mundo amontoado na sala de visitas de nosso apartamento, a mãe estourando pipocas na cozinha, a tela da Philips tinindo em preto e branco e lá, na imagem em monocromo, o homem pisando na lua pela primeiríssima vez. A conquista do espaço tivera início, preconizava meu pai, e a mãe, parada na porta com o bacião cheiroso apoiado sobre a barriga, boquiaberta de ver o futuro acontecendo na própria sala, sequer atinava que as pipocas esfriavam. Nós, os filhos e as visitas, tampouco atinamos. Ver as coisas que ainda não eram sempre havia sido, e sempre seria, prerrogativa de meu pai. Naquela noite, eu, meus dois irmãos, os gêmeos do muitos, celebrando as coisas que haveriam de ser e que nós nem sabíamos quais seriam. […]
MOSCOVICH, Cíntia. Sheine meidale. O reino das cebolas. Porto Alegre: L&PM, 2002. p. 48. (Fragmento adaptado).
Note, estudante, que os substantivos destacados em negrito no texto dão nome a qualquer ser com as mesmas características.
Embora a autora tenha imaginado uma sala de visitas, um apartamento, uma mãe e um pai específicos, todos os outros seres com as mesmas características recebem denominação idêntica.
Dessa forma, pode-se afirmar que os substantivos comuns são designações generalizantes.
Substantivos coletivos
Existe, ainda, um tipo peculiar de substantivos comuns, os chamados substantivos coletivos.
Eles fazem parte de uma categoria bem específica, pois se apresentam no singular, mas sempre fazem referência a uma ideia plural. Saca só:
Na tira, temos vários substantivos coletivos representados: rebanho, matilha, alcateia, bando, manada.
O coletivo de abelhas é enxame. É claro que muitas abelhas juntas trazem muitas picadas, então, o autor da tira sugere, de maneira humorística, que o seu coletivo deveria ser “enrascada”.
São chamados de substantivos coletivos aqueles que, no singular, fazem referência a um conjunto de seres de uma mesma espécie, ou a corporações sociais e religiosas agrupadas para determinado fim.
Substantivos concretos e abstratos
Outra classificação dos substantivos baseia-se na natureza dos seres por eles designados.
Podemos definir que os substantivos concretos são aqueles que nomeiam os seres que têm uma existência independente, real ou imaginária.
Exemplos de substantivos concretos: carro, casa, Luíza, Santa Catarina.
Esses exemplos se enquadram perfeitamente na definição apresentada e, portanto, sua classificação não apresentaria qualquer dificuldade, não é mesmo?
Ok, mas o que dizer de outros substantivos, como fada, Deus, bruxa, unicórnio ou saci-pererê? Achou entranho considerá-los concretos?
Todavia, é importante lembrar que, com base na definição dada, todos eles podem ser imaginados como tendo uma existência autônoma, independente de algum outro ser.
Por essa razão, estudante, são classificados também como substantivos concretos.
Além de seres imaginários ou reais, temos também a necessidade de nomear ações, comportamentos, estados, qualidades, sentimentos.
Veja:
Podemos notar que, na tira, o autor busca representações que sejam cabíveis com os sentimentos nomeados. A ideia de ressentimento é associada à de alguém isolado em si, que vê o mundo através de uma pequena abertura.
A mágoa, por sua vez, é representada por uma pessoa chorosa, isolada no alto de uma montanha gelada. Já o rancor é representado por uma pessoa que vira as costas, evitando qualquer tipo de contato, enquanto olha, com olhar de ira, o mundo à sua volta.
Assim, através dos exemplos presentes nessa tirinha, podemos perceber que os substantivos abstratos são aqueles que nomeiam conceitos como ações, estados, qualidades, sentimentos, sensações, que não possuem uma existência independente.
Sua manifestação está sempre ligada a um ser do qual depende a sua existência. São, nesse sentido, abstrações. Ressentimento, inveja, rancor, saudade, vida, alegria, doença, atração, beijo, abraço, são todos exemplos de substantivos abstratos.
Essa classificação pode até parecer estranha no caso de alguns deles (vida, beijo e abraço, por exemplo). Todavia, é preciso lembrar que o critério utilizado para defini-los como abstratos é o fato de darem nome a algo que não tem existência autônoma.
Estudante, espero que tenha gostado dessa revisão sobre Substantivos. Temos ainda mais um assunto para tratar, mas ficará para outro momento.
Videoaula
Para finalizar, veja mais esta aula sobre flexão de número dos substantivos:
Exercícios
Por fim, resolva os exercícios sobre substantivos que separei para você:
1- (IFMS/2019)
Leia a seguir a Canção de Geraldo Roca e Paulo Simões.
Trem do Pantanal
Enquanto este velho trem atravessa o pantanal
As estrelas do cruzeiro fazem um sinal
De que este é o melhor caminho
Pra quem é como eu, mais um fugitivo da guerra
Enquanto este velho trem atravessa o pantanal
O povo lá em casa espera que eu mande um postal
Dizendo que eu estou muito bem vivo
Rumo a Santa Cruz de La Sierra
Enquanto este velho trem atravessa o pantanal
Só meu coração está batendo desigual
Ele agora sabe que o medo viaja também
Sobre todos os trilhos da terra
(Disponível em: https://www.cifrasdeviola.com.br/musica/trem-do-pantanal.Acesso em: 28 de set. 2018.)
Assinale a alternativa que apresenta APENAS substantivos.
a) trem – pantanal – estrelas – melhor.
b) caminho – velho – guerra – muito.
c) espera – muito – trilhos – viaja.
d) trem – guerra – trilhos – estrelas.
e) pantanal – estrelas – dizendo – caminho.
2- (Fundação Instituto de Educação de Barueri SP/2017)
Aponte a alternativa em que todas as palavras são substantivos.
a) museu, objetivo, vai
b) opções, visitantes, uma
c) novembro, dezembro, abril
d) cidade, turistas, fica
e) funcionar, horário, eventos
3- (FATEC SP/2017)
“Não havia um segundo a perder. Tirou o machado de sob o capote, levantando-o com as duas mãos e, com um gesto seco, quase mecânico, deixou-o cair na cabeça da velha. Suas mãos pareciam-lhe não ter mais forças. Entretanto, readquiriu-as assim que vibrou o primeiro golpe.
A velha estava com a cabeça descoberta, como de hábito. Os cabelos claros, grisalhos e escassos, abundantemente oleados, formavam uma pequena trança, presa à nuca por um fragmento de pente. Como era baixa, o golpe atingiu-a nas têmporas. Deu um grito fraco e caiu, tendo tido, no entanto, tempo de levar as mãos à cabeça.”
(DOSTOIEVSKI, F. Crime e Castigo. São Paulo: Abril, 2010. p.111.)
Na passagem “Entretanto, readquiriu-as assim que vibrou o primeiro golpe.”, a palavra as
a) é objeto indireto do verbo readquirir, sendo o resultado da junção do artigo a e da preposição a.
b) diz respeito ao machado, pois sua vibração mostrou as forças necessárias para o assassinato.
c) rege o substantivo golpe, visto que ele exige esforço anterior para se consolidar.
d) substitui o substantivo forças, a fim de evitar a repetição no texto.
e) refere-se às têmporas, pois foi o local atingido pelo golpe.
Gabarito:
D
C
D
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Pergunta 1 de 10
1. Pergunta
(Fac. Cesgranrio RJ/2019)
Frequentemente, com o intuito de extrair de suas construções frasais a máxima expressividade, os autores valem-se da variação de grau dos nomes. É o que acontece no substantivo destacado na passagem “o corpo de um próspero negociante da região do Valongo é achado em uma ruela carioca” (Refs. 4-6)
A palavra que apresenta o mesmo grau do substantivo mencionado está destacada em:
Correto
Parabéns! Siga para a próxima questão!
Incorreto
Resposta incorreta! Revise o conteúdo para acertar na hora da prova1
Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(IFMS/2019)
Leia a seguir a Canção de Geraldo Roca e Paulo Simões.
Trem do Pantanal
Enquanto este velho trem atravessa o pantanal
As estrelas do cruzeiro fazem um sinal
De que este é o melhor caminho
Pra quem é como eu, mais um fugitivo da guerra
Enquanto este velho trem atravessa o pantanal
O povo lá em casa espera que eu mande um postal
Dizendo que eu estou muito bem vivo
Rumo a Santa Cruz de La Sierra
Enquanto este velho trem atravessa o pantanal
Só meu coração está batendo desigual
Ele agora sabe que o medo viaja também
Sobre todos os trilhos da terra
Assinale a alternativa que apresenta APENAS substantivos.
Correto
Parabéns! Siga para a próxima questão!
Incorreto
Resposta incorreta! Revise o conteúdo para acertar na hora da prova1
Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(IFG GO/2018)
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
PESSOA, Fernando. Cancioneiro. Ciberfil Literatura Digital, 2002, p. 23. Disponível em: . Acesso em: 16 out. 2017
Em relação à classe gramatical, a palavra “fingidor” é um:
Correto
Parabéns! Siga para a próxima questão!
Incorreto
Resposta incorreta! Revise o conteúdo para acertar na hora da prova!
Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(ESCS DF/2011)
OS CAMELÔS
Abençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão:
O que vende balõezinhos de cor
O macaquinho que trepa no coqueiro
O cachorrinho que bate com o rabo
5 Os homenzinhos que jogam boxe
A perereca verde que de repente dá um pulo que engraçado
E as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão coisa alguma
Alegria das calçadas.
Uns falam pelos cotovelos:
10 – “O cavalheiro chega em casa e diz: ‘Meu filho, vai buscar um pedaço
de banana para eu acender o charuto.’ Naturalmente o menino pensará:
“Papai está malu…”
Outros, coitados, têm a língua atada.
Todos, porém, sabem mexer nos cordéis com o tino ingênuo de demiurgos
15 de inutilidades.
E ensinam no tumulto das ruas os mitos heroicos da meninice…
E dão aos homens que passam preocupados ou tristes uma lição de infância.
(M. Bandeira In: Libertinagem. Seleta em prosa e verso. (Org. Emanuel de Moraes), Rio de Janeiro: José Olympio, 1971, p.131).
Os diminutivos presentes nos versos 2-7 apresentam o seguinte valor:
Correto
Parabéns! Siga para a próxima questão!
Incorreto
Resposta incorreta! Revise o conteúdo para acertar na hora da prova!
Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(ESCS DF/2011)
Canetinhas-tinteiro é um vocábulo cuja formação de plural se processa do mesmo modo que em:
Correto
Parabéns! Siga para a próxima questão!
Incorreto
Resposta incorreta! Revise o conteúdo para acertar na hora da prova!
Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(Unesp SP/2011)
Considere um fragmento do livro Comunicação e folclore, de Luiz Beltrão (1918-1986).
O Bumba-Meu-Boi
Entre os autos populares conhecidos e praticados no Brasil – pastoril, fandango, chegança, reisado, congada, etc. – aquele em que melhor o povo exprime a sua crítica, aquele que tem maior conteúdo jornalístico, é, realmente, o bumba-meu-boi, ou simplesmente boi.
Para Renato Almeida, é o “bailado mais notável do Brasil, o folguedo brasileiro de maior significação estética e social”. Luís da Câmara Cascudo, por seu turno, observou a sua superioridade porque “enquanto os outros autos cristalizaram, imóveis, no elenco de outrora, o bumba-meu-boi é sempre atual, incluindo soluções modernas, figuras de agora, vocabulário, sensação, percepção contemporânea. Na época da escravidão mostrava os vaqueiros escravos vencendo pela inteligência, astúcia e cinismo. Chibateava a cupidez, a materialidade, o sensualismo de doutores, padres, delegados, fazendo-os cantar versinhos que eram confissões estertóricas. O capitão-do-mato, preador de escravos, assombro dos moleques, faz-sono dos negrinhos, vai ‘caçar’ os negros que fugiram, depois da morte do Boi, e em vez de trazê-los é trazido amarrado, humilhado, tremendo de medo. O valentão mestiço, capoeira, apanha pancada e é mais mofino que todos os mofinos. Imaginem a alegria negra, vendo e ouvindo essa sublimação aberta, franca, na porta da casa-grande de engenho ou no terreiro da fazenda, nos pátios das vilas, diante do adro da igreja! A figura dos padres, os padres do interior, vinha arrastada com a violência de um ajuste de contas. O doutor, o curioso, metido a entender de tudo, o delegado autoritário, valente com a patrulha e covarde sem ela, toda a galeria perpassa, expondo suas mazelas, vícios, manias, cacoetes, olhada por uma assistência onde estavam muitas vítimas dos personagens reais, ali subalternizados pela virulência do desabafo”.
Como algumas outras manifestações folclóricas, o bumbameu-boi utiliza uma forma antiga, tradicional; entretanto, fá-la revestir-se de novos aspectos, atualiza o entrecho, recompõe a trama. Daí “o interesse do tipo solidário que desperta nas camadas populares”, como o assinala Édison Carneiro. Interesse que só pode manter-se porque o que no auto se apresenta não reflete apenas situações do passado, “mas porque têm importância para o futuro”. Com efeito, tendo por tema central a morte e a ressurreição do boi, “cerca-se de episódios acessórios, não essenciais, muito desligados da ação principal, que variam de região para região… em cada lugar, novos personagens são enxertados, aparentemente sem outro objetivo senão o de prolongar e variar a brincadeira”. Contudo, dentre esses personagens, os que representam as classes superiores são caricaturados, cobrindo-se de ridículo, o que torna “o folguedo, em si mesmo, uma reivindicação”.
Sílvio Romero recolheu os versos de um bumba-meu-boi, através dos quais se constata a intenção caricaturesca nos personagens do folguedo. Como o Padre, que recita:
Não sou padre, não sou nada
“Quem me ver estar dançando
Não julgue que estou louco;
Secular sou como os outros”.
Ou como o Capitão-do-Mato que, dando com o negro Fidélis, vai prendê-lo:
“CAPITÃO – Eu te atiro, negro
Eu te amarro, ladrão,
Eu te acabo, cão.”
Mas, ao contrário, quem vai sobre o Capitão e o amarra é o Fidélis:
“CORO – Capitão de campo
Veja que o mundo virou
Foi ao mato pegar negro
Mas o negro lhe amarrou.
CAPITÃO – Sou valente afamado
Como eu não pode haver;
Qualquer susto que me fazem
Logo me ponho a correr”.
(Luiz Beltrão. Comunicação e folclore. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1971.)
O capitão-do-mato, preador de escravos, assombro dos moleques, faz-sono dos negrinhos, vai ‘caçar’ os negros que fugiram (…)
Nesta passagem, levando-se em conta o contexto, a função sintática e o significado, verifica-se que faz-sono é:
Correto
Parabéns! Siga para a próxima questão!
Incorreto
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Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(Unifesp SP/2009)
A ciência do palavrão
Por que diabos m… é palavrão? Aliás, por que a palavra diabos, indizível décadas atrás, deixou de ser um? Outra: você já deve ter tropeçado numa pedra e, para revidar, xingou-a de algo como filha da …, mesmo sabendo que a dita nem mãe tem.
Pois é: há mais mistérios no universo dos palavrões do que o senso comum imagina. Mas a ciência ajuda a desvendá-los. Pesquisas recentes mostram que as palavras sujas nascem em um mundo à parte dentro do cérebro. Enquanto a linguagem comum e o pensamento consciente ficam a cargo da parte mais sofisticada da massa cinzenta, o neocórtex, os palavrões moram nos porões da cabeça. Mais exatamente no sistema límbico. Nossa parte animal fica lá.
E sai de vez em quando, na forma de palavrões. A medicina ajuda a entender isso. Veja o caso da síndrome de Tourette. Essa doença acomete pessoas que sofreram danos no gânglio basal, a parte do cérebro cuja função é manter o sistema límbico comportado. E os palavrões saem como se fossem tiques nervosos na forma de palavras.
Mas você não precisa ter lesão nenhuma para se descontrolar de vez em quando, claro. Justamente por não pensar, quando essa parte animal do cérebro fala, ela consegue traduzir certas emoções com uma intensidade inigualável.
Os palavrões, por esse ponto de vista, são poesia no sentido mais profundo da palavra. Duvida? Então pense em uma palavra forte. Paixão, por exemplo. Ela tem substância, sim, mas está longe de transmitir toda a carga emocional da paixão propriamente dita. Mas com um grande e gordo p.q.p. a história é outra. Ele vai direto ao ponto, transmite a emoção do sistema límbico de quem fala diretamente para o de quem ouve. Por isso mesmo, alguns pesquisadores consideram o palavrão até mais sofisticado que a linguagem comum.
(www.super.abril.com.br/revista/. Adaptado.)
No texto, o substantivo palavrão, ainda que se mostre flexionado em grau, não reporta à idéia de tamanho. Tal emprego também se verifica em:
Correto
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Incorreto
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Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(IBMEC SP Insper/2008)
GRUNHIDO ELETRÔNICO
L. F. Veríssimo
Ouvi dizer que é cada vez maior o número de pessoas que se conhecem pela Internet e acabam casando ou vivendo juntas – uma semana depois. As conversas por computador são, necessariamente, sucintas e práticas e não permitem namoros longos, ou qualquer tipo de aproximação por etapas.
As pessoas dizem que houve uma revolução sexual. O que houve foi o fechamento de um ciclo, uma involução. No tempo das cavernas o macho abordava a fêmea, grunhia alguma coisa e a levava para a cama, ou para o mato. Com o tempo desenvolveu-se a corte, a etiqueta da conquista, todo o ritual de aproximação que chegou a exageros de regras e restrições e depois foi se abreviando aos poucos até voltarmos, hoje, ao grunhido básico, só que eletrônico. Fechou-se o ciclo.
Talvez toda a comunicação futura seja por computador. Até dentro de casa. Será como se os nossos namorados de quermesse levassem os alto-falantes para dentro de casa. Na mesa do café, marido e mulher, em vez de falar, digitarão seus diálogos, cada um no seu terminal. E quando sentirem falta da palavra falada e do calor da voz, quando decidirem que só frases soltas numa tela não bastam e quiserem se comunicar mesmo, como no passado, cada um pegará seu celular.
Não sei o que será da espécie. Tenho uma visão do futuro em que viveremos todos no ciberespaço. Só nossos corpos ficarão na terra porque alguém tem que manejar o teclado e o mouse e pagar a conta da luz.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e discussões. No terceiro parágrafo do texto, aparece o composto alto-falantes, no plural. Qual das alternativas abaixo contém substantivos compostos com plurais incorretos?
Correto
Parabéns! Siga para a próxima questão!
Incorreto
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Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(UFAM/2008)
Assinale a opção em que é aberto o timbre da vogal tônica de todos os vocábulos:
Correto
Parabéns! Siga para a próxima questão!
Incorreto
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Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(FGV /2007)
XII
Para Érico Veríssimo
O dia abriu seu pára-sol bordado
De nuvens e de verde ramaria.
E estava até um fumo, que subia,
Mi-nu-ci-o-sa-men-te desenhado.
5Depois surgiu, no céu azul arqueado,
A Lua – a Lua! – em pleno meio-dia.
Na rua, um menininho que seguia
Parou, ficou a olhá-la admirado…
Pus meus sapatos na janela alta,
10Sobre o rebordo… Céu é que lhes falta
Pra suportarem a existência rude!
E eles sonham, imóveis, deslumbrados,
Que são dois velhos barcos, encalhados
Sobre a margem tranqüila de um açude…
(Mário Quintana. In: A rua dos cataventos, 1940)
Assinale a alternativa com vocábulos que sigam as mesmas regras de formação de plural que pára-sol (verso 1) e meio-dia (verso 5), respectivamente.
Correto
Parabéns! Siga para a próxima questão!
Incorreto
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Sobre o(a) autor(a):
Anderson Rodrigo da Silva é professor formado em Letras Português pela UNIVALI de Itajaí.
Leciona na rede particular de ensino da Grande Florianópolis.
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